Alicia e Enzo, os nomes que escolhemos para os nossos filhos, o feminino Pilar escolheu e significa “de qualidade nobre”, já o masculino eu escolhi e o significado é “príncipe do lar”.

Descobrimos em uma ultrassonografia o sex* dos bebês e em comum acordo decidimos os nomes.

Minha mãe é uma entusiasta que participa de tudo, nos acompanha nas consultas, vai conosco fazer compras e diariamente vem até a nossa casa, só para ter a certeza de que esta tudo bem com suas ‘filhas’ e seus netos.

Em um final de semana também recebemos a visita dos meus sogros e do meu cunhado, que prometeram retornar após o nascimento das crianças.

Nossos filhos ainda nem nasceram e já estão unindo toda a família.

Pilar ficou muito mais dorminhoca durante a gravidez, então me habituei a fazer ginástica, organizar a casa e levar café da manhã na cama para ela, que agora acorda só depois das dez da manhã.

- Amada! Bom dia!

- Bom dia! Nossa tenho sentido tanto sono.

- É porque você esta dormindo por três.

- E comendo por três também, estou enorme, já engordei uns dez quilos. Vai continuar me amando?

- Deixa de ser boba e eu te amo muito.

- Amor, eu fico muito envergonhada com este incômodo que venho sentindo, isso não acontecia antes.

- Já te falei que isso é bobagem e nossa médica também avisou que é comum para algumas grávidas a prisão de ventre ou gases.

- Você fala assim naturalmente e eu fico morrendo de vergonha.

- Pilar pudera. Você entra num sexy shop como se fosse uma farmácia e nem fica ruborizada. Agora por conta de uma flatulência boba você fica assim toda tímida. Deixa disso mulher.

- Sua palhaça e estou com saudade de voltar no sexy shop sabia...

- Só depois que os bebês nascerem.

- Hoje eu estou com um pouco de dor nas costas, deve ser este peso extra.

- Vai querer fazer acupuntura?

- Boa ideia! Vou sim. Será bom.

Após a sessão de acupuntura, almoçamos em um restaurante na companhia dos meus pais.

- Pilar, hoje seus pés estão mais inchados (minha mãe comentou quando deixávamos o restaurante).

- Nossa, estão enormes, quando ela acordou não estavam assim (informei).

- Será que é do calor? (Pilar questionou).

- Pode ser (minha mãe concordou).

- Amor, vamos para casa você descansa e logo o inchaço diminui.

- Vamos sim e hoje sete meses (Pilar revelou sorridente).

- Como passa rápido (afirmei). Dona Duda esta ficando velha hein (resolvi provocar).

- Rúbia seja mais educada e menos indelicada. Rubens olha sua filha!

- Pronto agora é só minha (meu pai respondeu dando risada).

Quando a noite chegou Pilar reclamou da forte dor de cabeça. Nossa madrugada foi agitada, ela acordou bastante, sentiu câimbras e não conseguiu dormir até tarde.

- Rúbia, eu quero ir ao médico, minha visão esta embaçada. Não estou me sentindo bem e minha cabeça dói um pouco.

- Amor, vamos tomar um banho, nos trocamos e saímos, pode ser?

- Sim (consentiu).

 Sabe aquela história de que mãe sente as coisas e que sabe de tudo que acontece com seus filhos?! Nós estávamos chegando à clínica quando a senhora Maria Eduarda ligou para saber de nós, pois acordou aflita querendo notícias. Expliquei resumidamente e ela disse que logo estaria ao nosso lado.

Pilar foi submetida a vários exames e outros tantos cuidados. Nossa médica nos garantiu que tudo estava sob controle, informou que não seria possível dar à luz naturalmente e que o melhor para o nosso caso é a cesariana. Também esclareceu que além dela, que é a nossa obstetra, a equipe médica também vai contar com um anestesista, um pediatra e uma enfermeira obstétrica para cada bebê.

- Existe o risco de parto prematuro, portanto é fundamental o repouso absoluto e neste caso específico por conta da hipertensão eu não posso prescrever medicamentos que ajudam a atrasar o trabalho de parto. Mamãe, vamos fazer repouso absoluto? (disse Antônia, nossa médica).

- Sim, farei repouso absoluto e não estou abusando em nada (Pilar garantiu).

- Ótimo. Então você pode voltar para casa e te aguardo no final da semana para realizarmos novos exames. Aqui esta meu número particular, caso precisem podem entrar em contato (ela falou entregando um cartão que guardei no meu bolso).

Já em casa Pilar ficou bem e não voltou a apresentar nenhum sintoma indesejado. Ela é muito obediente e cuidadosa, seguiu a risca o repouso absoluto.

Próximo do final da semana outro susto, um bebê estava mexendo normalmente já o outro nem sinal. Eu fiquei apavorada, mas precisei manter o controle para não amedrontar a Pilar.

- Rúbia, porque desde cedo só um bebê se mexe e outro fica tão quietinho?

- Meu amor, eu não sei, mas hoje no final do dia temos uma nova consulta, vamos perguntar para médica, ok?

- Será que eles estão bem? (perguntou com os olhos cheios de lágrimas).

- Minha linda, vamos fazer assim, nós vamos mais cedo para à clínica, logo depois do almoço e não fique nervosa, sua pressão não pode subir.

- Eu fico preocupada.

- Eu sei meu bem e eu também fico.

Tentei acalmá-la, fiz massagem nos seus pés, porém no meu íntimo o desespero era excessivo. Será que perdemos um dos nossos filhos? Como que funciona agora? Rezei muito, liguei para o consultório e reagendei a consulta para o início da tarde.

A nossa médica nos tranquilizou e alertou que isso pode ocorrer dependendo do posicionamento dos bebês. Logo que ela começou a fazer os exames ouvimos o coraçãozinho do Enzo e depois de muita tentativa, lá se foram quase uns quinze minutos, conseguimos ouvir o coração da Alicia. Que alegria! Ser mãe de gêmeos é vivenciar inúmeras emoções.

Fim do capítulo