- Elas estão atrasadas...

 

Rebecca olhava pela vigésima vez as horas, já estávamos no shopping a quase cinquenta minutos. Olhei em meu celular e não havia nem uma mensagem, Paloma brincava com o Nandinho, enquanto Marcela e Amanda, conversavam.

 

- Calma, Becca... – ri. – Logo elas estão chegando...

 

- Isa, essas meninas estão aprontando... – eu também achava que sim. – Não mandaram uma mensagem...

 

Ao longe vimos as meninas que pareciam discutir, Nick estava muito emburrada, ela correu para me abraçar, enterrou o rosto no meu pescoço. Olhei para cada uma, Flávia se escondeu nos braços da namorada, Emi e Cássia fizeram o mesmo. Nando correu para os braços da Jaqueline, que abaixou para pegá-lo no colo.

 

- O que aconteceu? – Marcela perguntou.

 

- Não vai acreditar no que elas fizeram... – a voz da Nick saiu abafada.

 

- O que elas aprontaram? – perguntei.

 

- Mostramos para a Nicole as diversas formas de dar prazer a uma mulher... – Juliane falou sem vergonha nem uma. Amanda, Marcela, Becca e eu ficamos de olhos arregalados. – Pornozão!

 

- Que vergonha... – Nick resmungou.

 

- Oh, Nick... – consegui não ri.

 

- Vocês fizeram uma coisa dessas sem mim? – Paloma falou brava.

 

- Você é a última pessoa que deve ver isso, Paloma... – Emi falou debochada. Essas meninas não tem jeito.

 

- Sabe mais que nós todas juntas... – Flávia falou. – Vamos ter uma conversa depois...

 

- Ih... – foi somente o que ela disse.

 

- Vamos fazer o que viemos fazer... – Amanda se pronunciou.

 

- Ótimo... Amanda, Marcela, Isa, Nick e minha linda namorada... – Emi deu uma piscada para Becca. – Vocês ficam com a parte chata...

 

- E vocês? – perguntei.

 

- Vamos atrás dos brinquedos! – Flávia respondeu animada.

 

- Não se preocupa, Marcela... – Jaque falou. – Vamos cuidar bem do Nandinho... – ela sorriu para a loirinha que sorriu de volta.

 

- Tudo bem... – olhou para o filho. – Confio em vocês...

 

- Ótimo... Vamos garotão... – Jaque falou animada.

 

- Até depois, amor... – Flávia beijou o rosto da namorada.

 

- Até, amor... – elas são um lindo casal.

 

- Nos vemos na praça de alimentação, amor... – Emi beijou o rosto da Becca.

 

- Não se atrasem, amor... – devolveu o carinho.

 

As meninas saíram, enquanto andávamos a procura de uma loja de moveis, estava grudada no braço de Nick, enquanto ela fazia um carinho em minha mão que segurava o seu braço. A cada momento que passava a certeza que estava apaixonada por ela aumentava, queria dizer isso a ela, mas achava cedo demais.

 

- Vamos entrar nessa aqui... – Becca chamou.

 

- Menina... – Marcela tentou falar.

 

- Não se preocupa com nada, Marcela... – Amanda falou, tentando acalmar a loirinha que não estava tão a vontade em receber os presentes.

 

- Tudo bem... – ela sorriu.

 

- Como foi com os teus pais? – sentamos em um sofá. – Espero não nos expulsarem... – ri com ela.

 

- Eles querem uma conversa... – ela abriu um sorrisão. – Tudo bem pra você?

 

- Tá tudo ótimo... – beijou o meu rosto. – Quando?

 

- Pode ser no sábado? – aquela animação dela me deixou tão feliz.

 

- Perfeito.... Quero te beijar... – acho que fiquei vermelha, meu coração bateu depressa. – Desculpe, é mais forte que eu...

 

- Também quero te beijar... – segurei a mão dela, que sorriu. – Mas, acho que ai sim seremos expulsas... – rimos.

 

- Gosto muito de você, Isa... – ela levou a minha mão até seus lábios. – Muito mesmo...

 

Não foi um ‘eu te amo’, mas meu coração e aquele frio na barriga agiram como se fosse, suspirei, confesso.

 

- Não tem ideia do quanto eu sinto mesmo... – a vontade de beijá-la só aumentou. – Muito...

 

- Meninas... O que acham desse guarda-roupa? – Becca perguntou, sorrimos uma para outra e voltamos para as compras.

 

Tudo foi escolhido em cores azuis e brancas, o guarda-roupa escolhido tinha uma figura enorme do Capitão América. Becca comentou que o pequeno ficava muito fofo com cueca do personagem. Rodamos mais um pouco e várias peças de roupas foram compradas e depois de quase duas horas e meia, subimos para o último piso do shopping, escolhemos uma mesa na praça de alimentação, apesar de ser quarta, estava lotado. Logo avistamos as meninas, cada uma com quase cinco sacolas cada, Nandinho estava todo sorridente sobre os ombros da Cássia, elas nos viram.

 

- Meu Deus! Quanta sacola... – Marcela estava surpresa, todas estávamos. – O que é isso?

 

As meninas sentaram ao lado de suas namoradas, deram de ombro para o exagero, Flávia pegou e pós sobre a mesa o que Marcela perguntou.

 

- É um violão... – ela disse sorrindo. – Ele tem jeito pra coisa, sabia Marcela?

 

- É verdade... – Paloma confirmou. – Ele leva jeito... – sorriu para o pequeno.

 

- Eu não sabia disso... – apertou o pequeno que já estava em seu colo.

 

- Agora temos mais um aluno para as aulas... – Paloma deu pulinhos na cadeira.

 

- Elas vão estragar teu filho... – Juliane falou e levou olhares mortais de Emi, Flávia, Cássia e Paloma. Começamos a rir. – Eu também..

 

- Vamos comer, minha gente... – Cássia falou. – Minhas vermes estão fazendo rebelião...

 

- Falou e disse, dotosa... Aiii... – Paloma a beliscou. – Pervertida...

 

- Como se você fosse uma santa... – Paloma retrucou.

 

- Que história é essa? – Nick tirou o rosto do meu ombro.

 

- Vamos pedir... – Emi tratou de mudar o foco do assunto.

 

Depois que os pedidos chegaram, passamos a conversar assuntos leves, Nicole olhava desconfiada para as meninas e eu fazia o meu melhor para não morder aquele bico tão lindo que estava em seu rosto.

 

- Jaque? – olhei para a dona da voz, haviam três meninas. – Nossa... Faz tempo que não te vejo...

 

- Sofia... – ela levantou. – Nossa... Que surpresa... – se abraçaram, olhei para Marcela, que abaixou a cabeça.

 

- Que saudade... – elas se soltaram. – Oi, meninas...

 

- Oi... – respondemos em coro.

 

- Essas são... – e foi nos apresentando.

 

- Prazer, meninas... – a ruiva era simpática.  – Essa é a Mariana... – apresentou uma menina baixinha, que usava uma touca. – E essa é a Angélica... – essa era um pouco mais alta e tinhas os cabelos grandes e encaracolados.

 

- Prazer... – dissemos juntas.

 

- Que gracinhas... – ouvi Juliane dizer. Acredito que se ela fosse homem, filho é que não faltaria espalhados pelo mundo.

 

- Queria muito te roubar por umas horas, Jaque... – sorriu para uma Jaqueline igualmente sorridente. – Faz tempo que não conversamos...

 

- Claro, Sofia... – olhou para a Marcela, que dava suco para o Nando. – Vamos aonde?

 

- Vamos lá pra casa... Eu te levo em casa depois... – Jaque abriu um sorriso enorme.

 

- Está com aquela moto super louca? – perguntou animada, apenas observamos a conversa.

 

- Sempre... Vamos?

 

- Claro...

 

- Meninas, foi um prazer... – atracou no braço da Jaque.

 

- O prazer foi nosso... – dissemos.

 

- Nick, Flávia, Paloma... – olhou para as três. – Tudo bem eu chegar um pouco tarde?

 

- Claro, Jaque... – Nick falou. – Mas, toma cuidado... – vi um sorriso doce no rosto de Jaque.

 

- Pode deixar...

 

- Avisa quando chegar e quando estiver vindo, Jaque... – Flávia falou. – Pra gente saber que está tudo bem...

 

- Não esquece... – Paloma piscou.

 

- Claro... – sorriu mais ainda. – Até mais tarde...

 

- Até mais tarde...

 

Elas logo sumiram, olhei toda orgulhosa para as três, aquelas meninas eram surpreendentes e a cada dia, via um ponto inédito nelas. Passamos mais um tempo ali e quando já se passavam das oito e meia, decidimos ir. Estávamos no estacionamento, iriamos nos separar para cada carro, quando Flávia me chama.

 

- Isa... Dorme lá em casa... – pediu toda carinhosa.

 

- É amor... – Nick mordeu o lábio e meu coração disparou.

 

- Vou avisar os meus pais... – falei sorrindo.

 

- Beleza... – Flávia me beijou o rosto. – Nos vemos em casa...

 

Ela então foi em direção ao próprio carro, Nick e eu entramos no dela, ela ficou calada desde que me chamou de amor. Queria rir, mas apenas me contive e liguei para os meus pais para avisar que dormiria na casa das meninas.

 

- Quer me dizer o que aconteceu hoje, amor... – ela virou imediatamente para mim. Abriu aquele sorriso que acaba comigo.

 

- Nossa... Como é gostoso ouvir você me chamar de amor... – olhava para frente, mas o sorriso continuava lá. – Foi assim... Elas me chamaram e disseram que eu precisava de aulas... Fiquei perdida, mas depois que me trancaram lá... Vi que viria uma grande trolada... – rimos. – Elas me seguraram e me fizeram ver duas horas e meia de pornô de mulheres...

 

Impossível não ri, Nick me acompanhou.

 

- Essas coisas são tão falsas... – Nick me olhou rapidamente.

 

- Nossa... Tirou as palavras da minha boca... – sorrimos. – Acho a mesma coisa... Você sabe que é fingimento... E quando elas olham para câmera, então... – dissemos juntas e depois gargalhamos.

 

- Isso foi assustador... – brinquei.

 

- Demais... – ela segurou a minha mão e levou aos lábios. – Agora vou ficar o resto da noite ouvindo aqueles gemidos falsos... – ri da expressão fofa que ela fez. E me vi beijando o seu rosto, rápido, mas o suficiente para ganhar mais um lindo sorriso.

 

Continuamos conversando o caminho todo, ela estava toda solta e isso me deixava muito feliz, era inexplicável. Logo chegamos ao condomínio, ela me abraçou de lado como sempre fez e seguimos o barulho que vinha da piscina. Paloma, Cássia, Juliane e Flávia brincavam, aquela noite estava quente, mal nos aproximamos e Flávia correu em minha direção, mandou a Nick tirar o celular de meu bolso, me pegou com uma facilidade incrível e acabei gritando, quando ela se jogou comigo no colo dentro da piscina.

 

- Vou pegar alguns roupões e toalhas... – Nick falou rindo, quando voltei a superfície.

 

- Fica fofa com essa cara de apaixonada... – Flávia zombou e eu joguei água. – Cunhada...

 

- Boba... – ri.

 

- Boba tá você... – ela devolveu.

 

- Verdade... – Juliane gritou antes de se jogar na piscina. – Parece a Flávia quando tá perto do pedaço de mal caminho...

 

- Pedaço de mal caminho é os dedos da vovó em você, tia... – Juliane mostrou a língua. Pareciam um bando de crianças. - Paloma... – Flávia gritou, olhei e vi as duas querendo sair de fininho. – Tirá sua perereca da chuva....

 

- Merda! – ela soltou frustrada, Cássia fez o sinal da cruz.

 

- Amo vocês... – falei sorrindo.

 

- A reciproca é mais que verdadeira, cunhadinha... – Paloma respondeu.

 

- Aqui amor... – Nicole voltou com muitas toalhas e roupões. – Vou colocar aqui... – pós sobre a mesinha branca.

 

- Amor... Amor... Amor... – as meninas começaram a zombar. Nicole pulou e emergiu bem a minha frente, me abraçando pela cintura.

 

- Oi... – eu disse.

 

- Oi... – sorriu.

 

Circundei o pescoço dela com as minhas mãos, nossos olhos conversavam, enquanto a minha boca desejava por a dela, seus braços me apertaram. Aproximei a minha boca da dela e a vi fechar os olhos, cobri os seus lábios com o meu, ouvindo um gemido baixo. Senti seus lábios se abrirem, suguei o lábio inferior e dessa vez foi da minha boca que o gemido saiu. Os lábios da Nick são gentis, e o beijo era calmo, eu amava aquela forma que ela me beijava, sem pressa.

 

- Tá começando a ficar frio... – falei depois que nossos lábios se separaram.

 

- Vem... – ela saiu me puxando até as escadas da piscina. Pegou um roupão e me ajudou a vestir, fiz o mesmo com ela, que sorriu. – Vamos ficar deitada? – ela apontou para a espreguiçadeira.

 

- Vamos...

 

Ela deitou, deitei sobre o seu peito, seu braço direito envolveu a minha cintura, me aconchegando mais ela. Fechei os meus olhos, sentindo aquela sensação maravilhosa e ouvindo as fortes batidas de seu coração.

 

As meninas continuavam brincando na piscina, ouvimos o ronco de motor o que pareceu ser em frente a casa das meninas.

 

- Boa noite... – era a Jaque.

 

- Boa noite... – dissemos juntas.

 

- Jaque? – Nick chamou.

 

- Oi...

 

- Me empresta o teu celular?

 

- Claro... – Jaque tirou o aparelho do bolso e entregou para a Nick.

 

- Perdeu! – Flávia veio correndo e com a mesma facilidade que teve comigo, pegou a Jaque nos braços e se jogou com ela dentro da piscina.

 

- Ela adora fazer isso com a mamãe... – Nick comentou sorrindo.

 

- Flávinha será uma eterna moleca... – falei rindo e Nick concordou.

 

- E como foi com a sua “amiga”, Jaque? – Juliane perguntou sem cerimônia.

 

- Normal... Apenas colocamos o papo em dia... – Jaque estava nas costas da Flávia.

 

- Vai dizer que não deu nem sequer uns beijos na ruiva? – Cássia perguntou.

 

- Tô falando sério... – se defendeu.

 

- E por que não? – Paloma perguntou.

 

- Não sei... – riu. – Parem com o interrogatório... Queria fazer uma proposta pra vocês...

 

- Fala ai... – Juliane empurrou a Paloma dentro da piscina.

 

- Eu queria abrir um centro cultural... – olhou para nós. – Queria muito poder contar com vocês...

 

- Mas, é claro que pode... – Flávinha que ainda estava com ela sobre as costas, falou animada. Eu gostei muito da ideia. – Já tem um local?

 

- Ainda não... – falou pensativa.

 

- Eu conheço um galpão em Ananindeua, que está a venda... – Juliane falou.

 

- Perfeito... – Jaque se animou. – Podemos ir no sábado de manhã?

 

- Por mim... Tudo bem... – Nick confirmou e me beijou a bochecha.

 

- E o que vai rolar no centro cultural? – Cássia quis saber.

 

- Teatro, música, esportes... – Jaque sorriu. – Um pouco de tudo...

 

- Caramba, vai ser muito legal... – Paloma se animou.

 

Continuamos conversando sobre o centro cultural, as meninas deram muitas ideias e nos comprometemos a ajudar em tudo. Eu estava muito feliz com a forma que a Jaqueline se encaixou, as meninas mostravam em cada gesto o carinho que vinha crescendo. Ela merecia ser amada, merecia uma vida diferente e agora, através das pessoas mais doidas desse mundo, ela tinha muito, muito amor.

 

Fim do capítulo