Depois de ser rejeitada por minha namorada, que não queria correr o risco de ficar sozinha comigo em seu apartamento, me levou para almoçar, mas logo me deixou em casa, estava no meu quarto absorvendo o que Emily disse mais cedo.

 

- Eu queria ter a sorte que você tem, Flávia... – estávamos sentadas no terraço do edifício de Emily, estava anoitecendo e o horizonte estava de tirar o fôlego.

 

- Eu sempre vou estar com você, Emi... – a abracei de lado, ela escorou a cabeça em meu ombro. – E se quiser ter a sorte que tenho, vai ter que criar um clone seu...

 

- Eu te amo, Flávinha... – ela começou a chorar baixinho. Deitei a trazendo para pousar sua cabeça em meu peito.

 

- Eu te amo, minha Emizinha... – ela me apertou e ficamos assim até anoitecer.

 

Levantei e sentei na sacada com o meu violão, o clima era de uma possível chuva e como eu amava quando isso acontecia.

 

- Ela não vai te magoar dessa vez, Emi... – bufei. – Não vou deixar... – passei a mão sobre os meus cabelos. – E ainda tem mais essa tal de Fernanda... Mereço...

 

Amanda me contou da abordagem, fazendo o meu sangue ferver e a vontade de dá uma voadora naquela oferecida aumentar. Se aquela lá está sonhando que vai se dá bem, ela que procure tirar égua da chuva.

 

“já estou com saudades”

 

Coloquei o violão do meu lado, escolhi uma música e esperei a resposta.

 

“Eu também, amor”

 

“Sei que não deveria, mas quero muito dormir abraçadinha com você amanhã”

 

Li várias vezes para ter certeza.

 

“Amor, não brinca comigo...”

 

“É maldade!”

 

Mordi o meu lábio.

 

“Não estou brincando, quero você na minha cama”

 

Senti uma parte que não preciso citar reagir.

 

“Ai, caramba... Vou contar os segundos!”

 

Enviei.

 

“kkkkkkkkkkkkkk”

 

“Fácil demais”

 

Mas, o que?

 

“Não acredito...”

 

Bufei.

 

“Você ainda não está 100%, amor”

 

Revirei os olhos.

 

“Maldade... Vou lembrar disso, dona Amanda”

 

- Puta sacanagem... – choraminguei.

 

“Eu te amo, minha vida. Eu vou dormir e faça o mesmo. Boa noite meu amor, dorme bem”

 

Suspirei.

 

“Boa noite, meu amor. Bons sonhos, eu te amo... Minha namorada”

 

Acordei cedo, mandei a mensagem de ‘bom dia’ da minha namorada e logo recebi a resposta. Dessa vez iria sozinha para a faculdade, estacionei ao lado do carro da Cássia, mandei uma mensagem perguntando sobre o paradeiro dela, ela respondeu dizendo que estava na lanchonete.

 

- Por quê o óculos preto? – perguntei assim que sentei a sua frente.

 

- Por isso... – ela me entregou o celular. – Dá uma olhada na galeria.

 

Desbloqueei o celular dela, a senha padrão era a coisa mais fácil do mundo, procurei a galeria, abri e dei uma rolada para baixo, quando parei o olho em uma pasta. Fechei meus olhos por um segundo, só para constar que estava mesmo vendo aquilo. Abri as primeiras fotos que eram prints de conversas, passei o olho em todas as conversas, não querendo acreditar que estava mesmo vendo aquilo. Quando achei que não poderia ficar pior, vejo as fotos da pessoa.

 

- Ela tá me enlouquecendo, Flávia... – olhei para ela que tirou os óculos. – Não me deixou dormir à noite toda e olha quanta olheira.

 

- Não acredito... – balancei a minha cabeça em negativo. – O que deu nessa pirralha?

 

- Eu não sei... Cadê aquela Paloma que não tocava nem abaixo da minha cintura? Quem é essa demônia sexy... – ela tinha uma expressão de dor. – Não que eu esteja reclamando, sabe? Mas, ah... Sei lá...

 

- Vamos nos reunir na minha casa... Vou mandar uma mensagem para as meninas... – peguei meu celular.

 

“Reunião na minha casa, as duas da tarde”.

 

- Pronto... – Cássia colocou os óculos de volta. – Vamos? – ela fez que sim com a cabeça.

 

Assistimos as aulas, evitei não ter nem uma dúvida para não ter que ir até a mesa da Fernanda, mas não resisti em dá uma escapada da sala, com a desculpa que iria até o banheiro, procurei a sala em que minha loira estava, na porta havia uma pequena janela de vidro, fiquei observando a forma que ela andava, falava, gesticulava.

 

- Não deveria estar aqui, garota... – quase gritei com o susto, olhei para trás e tive a visão dos infernos.

 

- Tá louca? – estava com a mão sobre o peito. – Você também não deveria, professora. – ela se escorou na porta, olhou para dentro da sala.

 

- Quanto tempo acha que vai durar? – perguntou ainda olhando para a Amanda. – Acha mesmo que ela não vai cair em si? Logo a Amanda vai perceber que você é só uma fedelha que mal saiu das fraldas... – agora ela me olha.

 

- Me economize... – dei as costas para ela.

 

- Isso... Dá as costas... Afinal, você não tem resposta pra me dar... – respirei fundo. Pedi calma à Deus! – Sabe que não é mulher suficiente para ela...

 

- Deveria ser mais profissional, professora e ir cuidar da sua vida... – iria sair novamente, mas a voz irritante não deixou.

 

- É uma fedelha, mesmo... – apertei o meu punho. – Não dou mais que dois meses.

 

- Sabe, eu já saquei qual é o seu problema... – me virei e olhei bem na lata daquela vadia. – Você está tendo uma crise de quarentona, olhando para o passado... Se questionando o porque da Amanda não ter dado um passo em sua direção...

 

- Cala boca... – os olhos dela ficaram cheios de ódio.

 

- Sendo você tão experiente, dona de si... – abri um sorriso. – Morrendo de inveja porque a pirralha que mal saiu das fraldas conseguiu o que a mulher super madura não chegou nem perto...

 

- Cala a boca... – vi que ela se controlava para não gritar.

 

- Que a pirralha aqui... – bati no peito. – Vai casar, ter filhos e ser muito, mas muito feliz com aquela loira...

 

- Cala...

 

- Cala a boca você e escuta... – ela trincou os dentes. – Não importa o quanto tente envenenar a cabeça da Amanda... – ela me olhou surpresa. – Sim, meu amor, ela me contou da patada que te deu... Eu devo admitir que é uma mulher insistente, mas não vai dá em nada... No fim, ela vai continuar sendo minha e você só uma velha amarga que deveria se concentrar na própria vida, não ficar agindo como idiota... Espero sinceramente que encontre alguém que adoce a tua vida, mas tenha em mente... Amanda não será essa mulher... Ela já tem dona.

 

Saiu tudo em um fôlego só, sai da desagradável presença, voltando para a sala, sentei em meu lugar e esperei o fim das aulas. Esperei ansiosa pelo fim, quando aconteceu, pedi a Cássia que me esperasse no estacionamento, por mais que não fossemos no mesmo carro. Segui para sala dos docentes, encontrei a Amanda arrumando seus pertences, a velha amarga me olhou feio e um professor de outro curso entortou o beiço. Dei uma piscadela pro preconceito dele, esperei Amanda ficar de frente para mim.

 

- Já estou indo... – falei depois que ela se aproximou da porta.

 

- Vamos com as meninas ao shopping? – ela sorriu.

 

- Sabe que faço tudo que me pedir, depois que me dá esse sorriso... – ela mordeu o lábio e eu arfei, balancei a cabeça para afastar os pensamentos de pornografia. – Passo no teu apartamento as quatro... Vou levar a Jaque e convidei a tia Ju...

 

- Tudo bem, amor... – ela disse baixinho. – Te vejo mais tarde...

 

- Eu te amo... – pisquei para ela. – Tchau, povo azedo...

 

“Ai vocês pensam: Flávia, tu é louca de deixar a TUA mulher perto da lambisgoia. Posso explicar, eu confio na Amanda e isso me basta”.

 

Sai antes da resposta, deixando a Amanda sorrindo, quase sai cantarolando pelo campus, andando rápido para chegar ao estacionamento.

 

- Vamos!

 

Nem dei tempo para reclamações, entrei no meu carro e cantei pneu, chegando em meu lar doce lar em quarenta e poucos minutos, Cássia chegou logo atrás. Comemos bem rápido e fomos esperar as meninas no quarto, Nick estava na transportadora e Paloma na casa de uma amiga, fazendo trabalho da escola. Meus pais estavam no hospital, deixando a casa pronta para a reunião.

 

- Você o que? – Cássia quase me deixou surda. – Minha heroína... Mostrou pra velha carcumida quem manda... – comecei a gargalhar.

 

- Nunca assistiu o chaves na vida... – ela continuava fazendo uma dança estranha.

 

- Infância de quase todo mundo... – passei a dançar aquela mistura de me remexo muito com fugidinha do Michel Telo.

 

- Chegamos, família... – Emi seguida de Jaque, Juliane, entraram no quarto.

 

- Bem-vindas, fiquem a vontade... – elas foram se espalhando pelo quarto.

 

- Uma pergunta... – Cássia levantou a mão, como se ainda fosse a turma da quinta série.

 

- Fala, amarela... – sentei na poltrona.

 

– Por que elas?

 

- Emi está sendo tua guarda-costa, Jaque  tem mais maturidade que todas nós juntas e a tia Juliane... – cocei a cabeça para pensar em algo. – Não sei...

 

- Magoou... – ela fez bico.

 

- Definitivamente não sei o porque ela está aqui... – Cássia olhava para a minha tia. – Ela nem tem namorada, como vai dizer algo decente?

 

- Ei... Não fale assim... – minha tia fez cara de ofendida. – Eu não tenho agora, mas estava pensando... Sabe? Em deixar de levar essa vida de sex* e mais sex*... De mulheres nuas em minha casa, na minha cama... – ficamos mudas, todas olhamos para a Juliane.

 

- Sério? – perguntamos juntas.

 

- É claro que não! – ela começou a ri. Reviramos os olhos. – Absurdo... – e continuou rindo.

 

- Voltando ao motivo pelo qual estamos aqui... – Jaque falou.

 

- Ah, sim... – olhei para Cássia. – Como estamos em família, queríamos compartilhar umas coisas com vocês...

 

- Deixa eu adivinhar... – Emi olhou para Cássia e eu. – A Cássia está desesperada porque a Paloma quer de todas as formas ter os dedos da nossa amarela e você, dona Flávia... Tá subindo pelas paredes, porque a loira não te dá brecha...

 

Fiquei de boca aberta, Cássia estava do mesmo jeito, Jaque e Juliane prendiam o riso, de repente não sabia mais o que dizer.

 

- Puta merd*... – Cássia olhou para as meninas. – Não vão dizer nada?

 

- Eu não sei o que dizer... – Jaque estava vermelha de tanto prender o riso.

 

- Que ótimo... – bufei.

 

- E a Nick? – Cássia nos olhou.

 

- O que tem ela? – minha tia levantou a sobrancelha.

 

- Bom, todas que estão aqui já tiveram experiência com mulheres... – olhei para a Emi. – A Nick e a Isa, não...

 

- Aonde quer chegar? – perguntei animada.

 

- Vamos mostrar algumas coisas pra ela! – os olhos da amarela brilharam.

 

- Que coisas? – Jaque perguntou com as sobrancelhas erguidas.

 

- Ainda tem aqueles filmes que te dei, Flávia? – sorri.

 

- Estão no meu closet... – ela levantou da minha cama e foi atrás, logo voltou com uma caixa de sapatos em mãos.

 

- Jaque, chama a Nick... Ela já deve ter chegado... – Jaque levantou e saiu.

 

- Prepara o dvd... – minha tia esfregava as mãos. – Isso vai ser histórico.

 

- A Nick vai pirar... – Emi falou com a mesma cara de alegria.

 

- Ela tá vindo ai... – Jaque sentou na cama.

 

- O que querem? – Emi correu para fechar a porta, colocou a chave no bolso. – Que merd* vocês estão fazendo?

 

- Senta ai... – tia Juliane empurrou minha irmã para sentar ao lado da Jaque.

 

- Que...

 

- Sossega ai... – Cássia a interrompeu. – Queremos te dar umas dicas, então presta atenção...

 

- Ai meu Deus... – Nicole passou as mãos pelos cabelos. – Vou me ferrar...

 

Escolhi um dvd, coloquei no aparelho, esperei a página inicial aparecer para ver o terror tomar conta do rosto da minha linda irmã.

 

- Não vou ver isso nem a pau... – ela tentou levantar.

 

- Pode sentar aqui... – Emily a segurou pela cintura, enquanto minha tia abraçou as pernas da minha irmã.

– Me solta... – Cássia e Jaque nem se atreveram a se aproximar.

 

- Vai assistir sim... – dei play. – É bom para praticar depois...

 

- Eu vou matar vocês... – ela tentava a todo custo se soltar.

 

- Mata depois... – tia Juliane decretou e Nick se deu por vencida.

 

- Merda... – ela fechou os olhos por uns segundos, mas depois abriu. – Tudo bem...

 

- Ótimo... – Emi falou vitoriosa. – Mas, mesmo assim vamos continuar te segurando...

 

Minha irmã murchou, passou a olhar para a televisão, as partes mais fortes ainda não começaram. Permaneci ao lado da tv, queria ver cada reação da Nicole, eu estaria ferrada depois, mas ia aproveitar enquanto podia.

 

 

 

Dois filmes e meio depois...

 

 

 

- Eu tô chocada... – parei o terceiro filme, já estávamos atrasadas para o shopping. Nick estava paralisada.

 

- Vamos... Acho que já é o suficiente por hoje... – falei rindo, tia Juliane e Emi soltaram a minha irmã.

 

- Ih... A Nicole tá em um momento “to na lua”. – Cássia passava a mão na frente do rosto da minha irmã.

 

- Tenho que ir... – ela levantou, Emi abriu a porta e a Nick saiu igual a um zumbi.

 

- Acho que pegamos pesado com tanta informação... – Jaque nos olhou.

 

- Iiiih... – Cássia coçou a cabeça.

 

- Só uma coisa... – Nicole apareceu na porta. – Vocês não vão mostrar essas coisas para a Isa, não é?

 

Balançamos a cabeça negativamente.

 

- Obrigada... – e saiu de novo.

 

- Não vamos? – Juliane perguntou.

 

- Nem pensar que vou mostrar essas coisas para a olhos bonitos... – desliguei tudo, empurrei a caixa para baixo da cama. – Vamos, as meninas estão esperando no shopping.

 

- Vamos...

 

 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo