- Dona Emily, aqui estão os documentos que a senhora me pediu. – Ana Paula é uma estagiaria, não tem mais que dezenove anos.

 

- Ai, Ana... – ela franziu o cenho. – Pelo amor de Deus, mulher... Para de me chamar de velha... – ela riu.

 

- Desculpe, às vezes esqueço que já me pediu isso umas quinhentas vezes... – ela balançou a cabeça.

 

- Pronto... Leva esses documentos para o setor financeiro... – ela pegou e sorriu.

 

 - Ah, a Rebecca ligou... Disse que te espera para o almoço.

 

- Obrigada, Ana... Agora vai logo comer, mulher...

 

- Sim, senhora... – ela debochou. Revirei os olhos e ela saiu rindo da sala.

 

Peguei o blazer preto de cima da mesa, eu sempre largava tudo de qualquer jeito sobre ela, peguei a bolsa e me apressei para poder ir o mais rápido possível para casa. Já estava dentro do carro, no estacionamento da empresa, quando o meu celular que estava sobre o painel começou a tocar. Olhei para a tela e o nome da minha mãe piscava, fechei os olhos, eu não queria atender, o celular parou, mas logo em seguida voltou a tocar.

 

- Oi, mãe...

 

- Emily, finalmente... – a voz dela era embargada.

 

- O que aconteceu? – me preocupei.

 

- Estou com saudades, filha... – ok! Por essa eu não esperava.

 

- Mãe... – o que eu iria dizer?

 

- Quase quatro meses, Emily... Esperei ao menos uma ligação... – tirei o celular do ouvido, olhei para a tela, querendo me certificar que de fato eu estava mesmo falando com a Juliana Bittencourt.

 

- Nossa última conversa não foi exatamente uma troca de palavras de amor, mãe... – ri nostálgica.

 

- Eu sei, filha... – Deus, o que está acontecendo? – Precisamos conversar pessoalmente, Emi... – a voz dela estava doce, como era quando criança. Eu quis mesmo chorar, mas me segurei... Fazia tanto tempo que ela não me chamava de ‘Emi’. – Vou para o Brasil, semana que vem... Vai me receber?

 

Fiquei em silêncio, simplesmente não sabia o que pensar, olhei para cada canto do meu carro, como se ele pudesse me dá alguma resposta.

 

- Claro... Eu te espero... – por fim, saiu.

 

- Ótimo, filha... Obrigada... – ouvi um soluço abafado. – Eu vou sair, mas será que posso ligar mais vezes?

 

- Pode, mãe... A hora que quiser... – meu peito estava apertado.

 

- Até breve, filha...

 

- Até, mãe...

 

O celular mostrou que a ligação foi encerrada, nem percebi quando aconteceu, mas ao tocar o meu rosto, ele estava molhado. Fiquei mais alguns minutos ali, olhando para o celular, querendo entender o que aconteceu.

 

“Amor, me encontra na casa da Flávia, por favor... Eu te amo”

 

Sai do estacionamento, a minha casa ficava bem próxima à casa da Flávia, mas eu precisava ir até ela. Dirigi com muita pressa, ouvi o barulho do celular, era mensagem da Becca, não podia ler, então apenas segui em frente. Depois de quarenta minutos, eu estava entrando no condomínio, estacionei o carro.

 

- Oi, Emi... – Paloma me beijou o rosto, quando eu entrei na sala.

 

- Oi, linda... – ela analisou o meu rosto. – A Flávia tá ai?

 

- Acabou de chegar... A Becca tá com ela... – ela segurou a minha mão. – O que houve?

 

- Vem, te conto no quarto da Flávia...

 

Subimos às pressas, Flávia e Becca estavam sentadas na cama e se assustaram quando entramos, minha namorada correu para me abraçar.

 

- Emi, o que aconteceu? – Flávia me olhava assustada.

 

Ela me levou para a cama, me pós entre Becca e ela, Paloma sentou à frente de nós, Flávia segurou a minha mão, me beijou de leve no rosto.

 

- Estamos aqui pra você... – acariciou a minha mão com o polegar. – Respira e conta o que aconteceu...

 

Fiz o que ela pediu, olhei para a minha namorada e contei do dialogo que tive com a minha mãe, cada palavra que ecoavam insistentemente em minha cabeça. Elas ficaram surpresas, principalmente Paloma e Flávia, que conheceram a minha mãe. Acabei chorando, eu não sabia o porque, mas não pude evitar. Rebecca me acolheu em seus braços, beijava os meus cabelos com calma.

 

- Juliana conseguiu me surpreender... – Flávia estava com o cenho franzido. – Ela não falou nada do teu pai?

 

- Nada... Só o que contei... – Becca me apertou em seu peito.

 

- Ela tá querendo concertar as coisas... – Paloma levantou, passou a andar pelo quarto. – Mas, em todo caso, fica com um pé atrás, até saber de fato o porque dessa mudança... – ela estava seria, coisa rara.

 

- Paloma tem razão, amor... – beijou minha testa. – Mas, só peço uma coisa...

 

- O que?

 

- Não sofre por antecipação...

 

- Becca, tem razão... – Flávia levantou, estava muito seria. – Porém, apesar de tudo que ela e... Seu pai fizeram, uma coisa sua mãe nunca fez... Fingir simpatia... – ela tinha toda razão. – E se ela quer te ver é porque realmente quer concertar as coisas...

 

- Flávia...

 

- Eu nunca fui a maior fã deles e eles nunca me amaram também, mas não vou ser injusta com essa atitude dela... – ela passava as mãos pelos cabelos. Ouvi uma batida na porta e logo vimos a cabeça da Nick.

 

- Tudo bem por aqui?

 

Ela entrou, me olhou fixamente, pediu explicações e repeti à ela o que havia dito para as meninas, a reação foi a mesma. Passamos um bom tempo naquele quarto, fui muito mimada e decidi não voltar para a empresa. Depois de um bom tempo ali, Becca me levou para casa, Marcela estava no quarto com o Nando.

 

- Vai tomar banho... – Rebecca me beijou os lábios. – Vou preparar um prato pra você...

 

- Obrigada, amor...

 

Fiz o que ela mandou, depois coloquei uma roupa confortável, deitei e logo Becca entrou pela porta, com uma bandeja na mão.

 

- É pra comer tudo, amor... – ela sentou ao meu lado, assistindo eu comer. – Boa menina...

 

Ganhei comida na boca também e muito, mas muito mimo da namorada mais perfeita desse mundo, depois do almoço, Rebecca entrou no banho e eu fui escovar meus dentes. Deitei na cama, logo minha namorada deitou ao meu lado, me pós sobre o seu peito e lá ficamos, a tarde toda.

 

Já se passavam das quatro da tarde, Becca e eu assistíamos um filme de comédia que já estava no fim. Ela passava seus dedos delicados na região da minha costela e foi quando uma ideia estalou em minha mente, mas antes de dizer algo...

 

- Amor, hoje encontrei o meu ex noivo... – ela soltou-me essa, sentei imediatamente na cama, Becca me olhou assustada.

 

- Como é? – ok, controla Emi.

 

- Calma... – ela segurou e minhas mãos.  – Eu encontrei ele no mercado... Ele voltou ontem e disse que foi até meu apartamento...

 

Levantei na mesma hora, respirei fundo várias vezes, estava de costa para a Becca, fechei meus olhos.

 

- O que ele quer com você? – controlei o pequeno fio de ciúme.

 

- Eu não sei, amor... – a voz Rebecca era calma. – Amor, eu não quero que isso interfira em nossa vida... – me virei para olhá-la, ela estava de pé, ao lado da cama.

 

- Mas, não vai mesmo... – me aproximei dela, lacei sua cintura, aproximei a minha boca da dela. – Você é minha...

 

Devorei os lábios da Becca, de uma forma que jamais fiz, não sei em que momento, mas quando dei por mim, estava apenas de calcinha e Becca totalmente nua. A puxei, sem desgrudar de sua boca, para o banheiro. Entramos no box, apertei-a contra os azulejos, ouvi gemidos abafados, deixando o meu corpo ainda mais louco por ela. Desci os beijos pelo pescoço, em mordidas, ch*pões, passei por seu colo até me perder em seus seios, que estavam ainda mais apetitosos.

 

- Oh, Emi... – ela segurava com força os meus cabelos.

 

Me deliciei nos seios fartos para depois descer por entre eles, mordiscando o abdômen sequinho, que deu uma leve contraída, quando a mordi com um pouco mais de força. Meu corpo estava queimando de desejo, queria possui-la se possível. Senti a mão de Becca empurrar a minha cabeça para baixo, jogando sua perna esquerda sobre o meu ombro.

 

- Amor, me devora...

 

Aquela voz me fez perder o juízo, não deixei pedir outra vez, passei a devorar a minha mulher, que gemia majestosamente o meu nome. Troquei a língua por dois dedos, enquanto sugava o seu clit*ris, sentindo que a cada estocada, o seu gozo se aproximava. Aumentei o ritmo e logo ela se desmanchava em minha boca e dedos.

 

- Nossa, amor... – ela riu, enquanto tomávamos banho. Eu lavava os seus cabelos com shampoo.

 

- Desculpe pela mordida, amor... – beijei seu ombro.

 

- Tudo bem... – mais uma risada gostosa. – Só vou cuidar pra Cássia não ver... – gargalhei.

 

- Não entendo a tara da Cássia por nossa vida sexual... – Rebecca gargalhou, o melhor som do mundo.

 

- Eu também não... – ela virou e me beijou. – Vou buscar a toalha...

 

Ela saiu do box, fiquei com um sorriso bobo, enquanto tirava o shampoo de meus cabelos, desliguei o chuveiro, Becca voltou vestida em um roupão branco, com os cabelos em uma toalha.

 

- Como és linda, amor... – ela sorriu, enquanto eu pegava o roupão que ela me estendia.

 

- Você que é linda, minha Emi... – ela me abraçou, aspirei o cheiro gostoso de sabonete, ela suspirou. – Eu te amo tanto, tanto... – me apertou.

 

- Eu te amo, Becca...

 

Acordei e já era noite, Becca dormia tranquilamente ao meu lado, sorri ao ver que até dormindo, sua delicadeza não a abandonava. Depositei um beijo sobre sua costa, sai da cama sem fazer movimentos bruscos, peguei o celular para ver as horas e me assustei.

 

- Nossa... Sete horas...

 

Fiz um rabo de cavalo, sai do quarto, em direção a cozinha, sorri ao ouvir a voz do Nandinho, eles estavam na cozinha.

 

- Eu gosto de chocolate gelado...

 

- Mas, não pode... Primeiro vai jantar. – o pequeno aparelho de som estava ligado em uma estação qualquer e tocava uma música local.

 

- Vim ajudar com o jantar... – Marcela que estava de frente para a pia inox, se virou sorrindo.

 

- Tia Emi... – o pequeno levantou os bracinhos para eu abraçá-lo e foi o que fiz.

 

- Garoto lindo... – dei um beijo estalado na bochecha dele, que gargalhou.

 

- Te gosto, tia... – acho que fiquei com cara de boba.

 

- Becca está dormindo? – Marcela me perguntou, enquanto cortava um tomate.

 

- Sim, como um anjo... – ela sorriu. – O que vamos fazer pra comer? – perguntei animada.

 

- Becca falou que você adora macarronada de frango com molho branco... – abri um sorrisão.

 

- Amo... – peguei a panela e enchi com água. – Vou por o macarrão pra ferver.

 

Enquanto Marcela cortava os temperos, eu cuidava da panela no fogo e desfiava o frango, Nandinho tagarelava o tempo todo, me fazendo ri. Uma música que eu gostava muito começou a tocar, aumentei um pouco mais o volume.

 

Lembro que te vi caminhar
Já havia um brilho no olhar
E junto com um sorriso seu
O teu olhar vem de encontro ao meu
E o meu dia se fez mais feliz
Mesmo sem você perto de mim
Mesmo longe de mim
Eu fico o tempo todo a imaginar
O que fazer quando te encontrar
Mas se eu fizer o que vai dizer
Será que é capaz de entender
Mesmo se não for eu vou tentar
Vou fazer você me notar
Por isso eu vim aqui te dizer

Me namora
Pois quando eu saio sei que você chora
E fica em casa só contando as horas
Reclama só do tempo que demora
Abre os braços vem e me namora
Eu quero dar vazão ao sentimento mostrar que é lindo o que eu sinto por dentro
Beleza é essa que eu te canto agora
Abre os braços vem e me namora

Eu penso estar vivendo uma ilusão
Sem saber se me quer ou não
Quem dera se a resposta fosse sim
Mas acho que já nem liga pra mim
Se for assim o meu coração sofre só sem você em vão
Bate mais triste então
Mais ele ainda pode se alegrar
Se de repente você reparar
Que com você também aconteceu
Que sente amor tão grande quanto o meu
Abre os olhos veja quem te adora
E sonha com você no mundo afora
E volta só pra te dizer

Me namora
Pois quando eu saio sei que você chora
E fica em casa só contando as horas
Reclama só do tempo que demora
Abre os braços vem e me namora
Eu quero dar vazão ao sentimento
Mostrar que é lindo o que eu sinto por dentro
Beleza é essa que eu te canto agora
Abre os braços vem e me namora

 

 

 

Estávamos as gargalhadas quando terminamos de cantar, Nandinho apenas batia palmas, olhei para a porta e parada nela, Rebecca nos olhava sorrindo, com aquele short que ela sabia que me deixava louca. Me aproximei dela, iria beijá-la na boca, mas lembrei que o Nando estava lá, então acabou sendo na bochecha.

 

- Linda... – ela sorriu.

 

- Pra você tirar mais tarde... – ela disse muito baixo, beijou o meu rosto e foi ajudar a Marcela como se nada tivesse dito.

 

“Muita sacanagem”. Sorri.

 

 

 

Fim do capítulo