Capítulo 11
O barulho das sirenes ainda ressoava aos ouvidos de Rafaela. Entrou no primeiro reservado do banheiro do hospital, fechou a porta a suas costas e deslizou por ela até sentar no chão e apoiar a cabeça entre os joelhos. O choro veio em profusão.
Como médica ela já presenciara diversas situações traumáticas, mas tudo que envolvia um laço afetivo, repercutia com maior intensidade. Nas últimas horas ela usara toda sua energia para manter sua postura, agora o corpo reclamava, exigindo uma pausa.
Beatriz finalmente repousava serenamente no quarto do Hospital e as cenas de horror se repetiam aos olhos de Rafa.
O toque do celular a despertara na madrugada. A felicidade interior que sentiu no primeiro instante que visualizou a identificação da chamada, morreu ao ouvir o choro de Beatriz.
Ela não se lembrava de como chegou a residência de Bia. No caminho ligou para a emergência, mas a ansiedade não permitiu que aguardasse ao lado de fora. Saber que Bia estaria em situação vulnerável, precisando dela, fez com que cometesse a imprudência de entrar no imóvel assim que chegou.
A porta da frente estava sem tranca. A medida que avançava em direção aos quartos seu batimento cardíaco aumentava. Quem quer que tivesse agredido as meninas, a essa hora já se encontrava bem longe dali, pois a casa toda estava em silêncio. Rafa encontrou Bia enrolada num lençol, sentada e encolhida num canto do quarto de Pâmela.
- Ela não acorda... – Beatriz falou num fio de voz.
Rafaela se aproximou da cama. Beatriz já havia livrado Pâm das amarras. Ela mediu a pulsação. O nariz da ruiva sangrava, dificultando a respiração. A médica pressionou abaixo do osso, para estancar o sangramento, em seguida abriu o guarda roupa e de posse de um cobertor cobriu o corpo para aquecê-la.
- Ela está respirando Bia, eu liguei para a emergência, a ajuda já vem vindo.
Com o sangramento de Pâm controlado, voltou sua atenção a Beatriz, se ajoelhando ao lado dela.
- Você está bem? Está ferida? – acariciou seu rosto e Beatriz a abraçou chorando.
- Me ajuda a tomar um banho?
- Bia eu... - Rafaela sabia que isso iria contra as recomendações da polícia, mas não estava em condições de negar nada a Beatriz naquele momento. – Vem cá.
Ajudou ela a levantar e a apoiou conduzindo-a ao banheiro. Bia deixou o lençol cair e Rafa teve que engolir o choro e empurrar tudo pra dentro, para não esmorecer diante dela. A água morna começou a cair sobre o corpo de Bia e ela desejou que aquilo pudesse lavar seu interior. Sentia-se suja...
Foi possível ouvir os sons da ambulância e da viatura da polícia chegando. Rafa deixou-a a sós por alguns minutos para receber os paramédicos. Poucas palavras trocadas, pois realmente não sabia de nada que pudesse ajudar e eles já iniciaram o socorro de Pâmela.
Ela retornou ao banheiro e Bia esfregava o corpo com força, como querendo arrancar a própria pele.
- Bia pare! Bia pare, você vai se machucar assim.
Rafaela teve que entrar no box e abraçá-la, impedindo-a que continuasse o movimento e Beatriz chorou abraçada a ela.
Minutos depois, vestida com um roupão, outros paramédicos a examinavam, enquanto policiais discutiam com Rafaela, por ter deixado a vítima tomar banho. Acompanhou ela na ambulância até dar entrada no Hospital, onde Dr. Chaniny já aguardava a chegada da noiva. Ela presenciou o beijo na testa e as falas carinhosas:
- Por Deus Bia, porque você não me ligou?
Beatriz não respondeu. Não sorria, não chorava, não conseguia externar nenhum sentimento. Sua pupilas estavam dilatadas e apesar do banho, seu corpo estava banhado de suor.
- Está com TEA – a paramédica informou.
Amim olhou para a Rafaela
- Está em choque – disse esclarecendo. – Transtorno de estresse agudo.
- Eu sei – o médico respondeu ofendido.
Rafaela suspirou e se afastou procurando informações de Pâmela. Um neurologista já atendia a ruiva. Ela acompanhou os exames. Pâm não respondia aos estímulos, continuava inconsciente. O médico a encaminhou ao RX, no caminho Rafaela foi informada que Beatriz finalmente repousava no quarto 247.
- Foi preciso de uma dose extra de sedativo, mas ela vai ficar bem.
Ainda no corredor, Rafaela observou policiais vindo em sua direção. Ela entrou no banheiro, tentando evitar novamente aquele interrogatório. Já estava ali a algum tempo, incapaz de controlar suas emoções.
- Porque coisas ruins aconteciam com pessoas boas?
Sua cabeça doía e o estômago embrulhava ao se lembrar de Bia. Não ouviu Sabrina entrar no banheiro.
- Dra. Ferraz, está tudo bem?
Rafaela não respondeu. Sabrina se ajoelhou do outro lado da porta ao visualizá-la sentada ao chão pela fresta e lhe informou:
- O Dr. Gusmão acaba de voltar do RX. Pâmela será encaminhada para o quarto. Ele disse que irá mantê-la sob sedativos por alguns dias, e que a lesão não foi grave. Provavelmente não precise de intervenção cirúrgica.
Rafaela conseguiu respirar aliviada com a notícia e colocou as mãos no chão. Sabrina repousou a sua sobre a dela confortando-a:
- Vai dar tudo certo Rafa, fica calma.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Luh-Castro
Em: 24/08/2016
Caramba.....como a Bia e a Pâm sofreram...
Vão precisar de muito apoio pra tentar amenizar essa dor.
Espero q esse bandido pague pelo q fez.
Capítulo tenso dona Lara :)
Beijos querida.
Resposta do autor:
Tarde Luh
Obrigada por comentar.
Comentário de número 100 e vamos continuando, 100 muitas pretensões, apenas com o intuíto de nos divertir e emocionar o leitor.
Bjos lind@
line7
Em: 24/08/2016
Nossa eu atualizei hj a história e o capítulo anterior puta tensoooo..deu vontade da uma surra nesse cueca covarde, bater só aonde o sol não bati..😠😠 minha kinda transmitiu todos os sentimentos dos perssonagens, deu raiva, pura emoção..rss.infelizmente é o q acontecer com muitas mulheres, adolecentes isso é muito revoltante. E agora graças q Pâ está bem, claro q as meninas vão ficar com traumas mas esse covarde vai ter q ser preso..nossa sinta a raiva da leitora..kk abraço minha linda 😘🌷
Resposta do autor:
Bo@ tarde line7
Pois é, as coisas ficaram tensas por aqui. Infelizmente a mulher ainda é vítima desse tipo de violência e nem sempre o responsável é punido como deveria. Eu vou ajudar as meninas como posso... ops... Rafaela fará isso. (Não sei porque estou insistindo em dizer que eu vou ajudar as meninas... hehe ) Momento autor incorporando a personagem... Faz parte ;)
Bjos minha querida
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rhina
Em: 21/08/2016
Olá.
Boa noite Lara.
Capítulo impecável.
A vida muda em um instalo. Em fração de segundos situações que nunca imaginarmos acontecer.... tira nosso chão. E você questiona porquê... para quê. Não existe resposta que amenize a dor... a raiva... a revolta que se instala na alma com tendência a crescer a medida que respostas você não encontra.... . O inconformismo alimenta os dias que seguem...
O ato de respirar que caracteriza a vida continua.... mas não há mais vida em si.
Como lidar cim isso... como superar....
Como viver.
Suspiros.... Suspiros.
Olhar perdido além do que não se vê ainda que fixo em um ponto qualquer.
Parabéns linda Lara.
Beijos.
Rhina.
Resposta do autor:
Bo@ tarde Rhina, minha leitora com alma de poeta... rs
Obrigada por comentar e registrar com palavras toda a sua emoção. A.D.O.R.O.
Beijos carinhosos
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lia-andrade
Em: 21/08/2016
Caramba, que situação difícil. Bia e Pam precisarão se todo o apóio da Rafa.😭😭😭
Beijos autora linda😘😘😘
Resposta do autor:
Tarde lia sua querid@
Rafaela vai ter trabalho com as meninas agora. Muito carinho para nossa Beatriz...;)
Bjos e obrigada por comentar.
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Mille
Em: 21/08/2016
O dia foi tão lindo e terminou nessa cena de horror, esperar que as meninas de a voltar por cima e vençam.
Amim acho que não terá paciência com a Beatriz restará a Rafa ser o suporte para ela e para a ruiva.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
Tarde Mille
Satisfação em ler seus comentários minha querid@. Vou cuidar das meninas... ops... Rafaela fará isso com certeza.
Bjos querida
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