Beatriz ficou imóvel na porta do quarto, incapaz de se mover, até ser puxada de forma grosseira para seu interior.

- Você demorou Loira – a voz ameaçadora do homem a sua frente foi como um frio cortante correndo em suas veias. – Eu já estava cansado de brincar com sua amiguinha. 

Aquilo era um sonho? Só podia ser. Cenas como essa ela só vira em filmes. Pâmela estava seminua, inconsciente, imobilizada e amordaçada na cama. Havia alguns hematomas em seu corpo. A bagunça do quarto demonstrava que havia travado uma luta corporal.

Um grito ameaçou sair de sua boca, e imediatamente foi agarrada pelos cabelos e teve uma arma apontada para sua cabeça. Mãos ásperas e grandes taparam sua boca e aquela voz ameaçadora tornou a congelar-lhe os sentidos. Bia sentiu suas pernas fraquejarem e o suor molhando seu corpo.

- Cala a boca guria, senão você morre.  Presta atenção, eu vou te soltar, se você prometer colaborar. Você só precisa piscar se entendeu -  suas pupilas estavam dilatadas e a respiração ofegante.

Pâmela finalmente se contorceu na cama provocando um alívio momentâneo em Bia. Ela piscou os olhos. Uma, duas vezes lentamente e sentiu a pressão das mãos do seu agressor suavizar libertando-a. Instintivamente deu um passo atrás e tentou conversar:

- O que você quer? Por favor, não machuque a gente. Pode levar o que quiser.

O rapaz sorriu e diminuiu a distância entre eles novamente.

- O que eu quero, o que eu quero?... Só quero você loira... não se lembra de mim né?

Beatriz se encostou na parede a procura de apoio, o estômago embrulhou e mal conseguia concatenar algo.

- Você só precisava ter sido gentil loira..., mas não... meus amigos riram de mim, por sua causa eu fui motivo de chacota – alterou a voz gritando com ela. – eu disse pra eles que você vai ser minha garota, e eles riram, mas você, você não passa de uma vadia..., sua amiga disse que é noiva, eu vi uma foto sua com o cara de branco, e fiquei pensando aqui... porque será que você largou tudo hoje e sumiu com aquela outra? O que as duas danadinhas estavam fazendo heim?

Os dedos grossos acariciaram a face de Bia e depois apertaram sua bochecha. Ele aproximou o rosto do seu, o cabelo suado, a barba mal feita arranhando sua pele e sussurrou ao ouvido:

- Eu vou foder você loira... e mostrar para aqueles caras como se trata uma vadia.

Lágrimas escorreram pelo rosto de Bia, seu corpo começou a tremer involuntariamente e um jato de vômito saiu de sua garganta. O líquido gosmento sujou o tênis de seu agressor.

- Droga, droga – ele a puxou pelo cabelo novamente. – sua puta, vai limpar isso agora mesmo.

Beatriz foi arrastada até a lavanderia e obrigada a se ajoelhar para limpar o calçado. Sua sessão de tortura estava apenas começando. Toda vez que ela tentava um diálogo, levava um tapa. O rosto e a cabeça eram o alvo preferido.

Ele se serviu de um drink enquanto ela limpava o chão do quarto, depois a levou para o seu quarto e ordenou:

- Agora tire suas roupas.

Não tinha mais forças para aquilo. Já havia pedido, implorado, chorado e vomitado, agora estava no automático, já não obedecia mais aos comandos de seu cérebro. Ela só desejava que aquilo terminasse logo. Talvez, se colaborasse. Daria aquilo que ele queria e seria livre.

Ela tirou peça por peça, deixando as roupas caírem aos seus pés, sob o olhar atento do homem a sua frente.

Quando estava completamente nua, ele fez sinal com as mãos para que ela girasse e mordeu os lábios admirando seu corpo.

O rapaz soltou o cinto da calça e desceu o jeans na altura dos quadris.

- Quero você de quatro pra mim na cama.

Bia já não conseguia mais enxergar nada, as lágrimas banhavam seu rosto embaçando-lhe a visão. Fez aquilo que lhe foi ordenado e ficou esperando.

Ele se aproximou e a massageou.

- Perfeito! Vou enterrar até minhas bolas em você. Oh baby, vou adorar isso! – em seguida ele tirou seu membro para fora da cueca, massageou um pouco o mastro e esfregou em sua pele. Beatriz já começava a soluçar.

A dor foi cortante na penetração, mas ela não conseguiu gritar... Tentou fugir daquele contato, mas as mãos fortes prenderam na pelos quadris, impedindo que ela se movesse. A pélvis pressionando contra sua bunda. Então ele girou um pouco o corpo e repetiu o movimento. De novo, e de novo, até manter um ritmo frenético buscando sua libertação.

Lá fora a tempestade castigava a janela com pingos grossos e ventos fortes. Relâmpagos e trovões se alternavam numa sequência assustadora, ora iluminando o céu, ora estremecendo a rua com barulhos ensurdecedores. Beatriz tentou se concentrar no barulho da chuva, até ser empurrada e sentir seu corpo espremido no colchão, sentiu dificuldade para respirar e subitamente foi arrastada para escuridão.

Acordou horas depois. O silêncio imperava no ambiente. Os olhos inchados demoraram um pouco para focar alguma imagem. O corpo todo doía. Lembranças da violência que sofrera lhe aterrorizaram impedindo que se movesse. Todos seus sentidos se aguçaram na tentativa de ouvir algum barulho e permaneceu imóvel por alguns minutos.

Levantou com dificuldade, as pernas tremiam, o corpo todo tremia. Alcançou sua bolsa e vasculhou a procura do celular. O aparelho trepidava em sua mão, ela mal conseguia coordenar seus movimentos.

- Alô – ao ouvir a voz de Rafaela não conseguiu segurar o choro, e as palavras saíram entrecortadas pelos soluços.

- Rafa. Eu. Preciso. De. Você! 

Fim do capítulo