Capítulo 7 - Enfim, paixão
Verificou mais uma vez se tudo estava certo. Havia preparado talharim ao molho pesto e filé mignon grelhado. Não se considerava boa na cozinha, mas seus amigos sempre gostavam quando ela fazia esse prato.
Foi até o quarto pela décima vez na noite. Olhou-se no espelho e ajeitou mais uma vez os cabelos.
Ouviu o interfone tocar e correu para atendê-lo:
-- Oi... Sim, pode deixá-la subir.
Abriu a porta e ficou aguardando. Tentava controlar a ansiedade.
O elevador se abriu e Helena surgiu sorrindo. Tinha uma garrafa de vinho na mão. Raquel se deteve por alguns segundos olhando a beleza da mulher que caminhava em sua direção. Usava um vestido na altura dos joelhos e tinha os cabelos soltos.
-- Boa noite.
Beijaram-se no rosto. Helena tinha borboletas no estômago. Sentiu-se, de repente, deslocada, sem saber como agir, o que fazer.
-- Boa noite. Entre, por favor.
Helena entrou e entregou a garrafa de vinho:
-- Conforme prometido.
-- Obrigada Helena.
Raquel levou a garrafa até a mesa.
-- Sente-se Helena, fique à vontade.
Helena foi até o sofá, mas não se sentou.
-- Que lindo! Você tem um gatinho! – Aproximou-se de Madonna que correu para o quarto antes que Helena tivesse a chance de tocá-la.
-- Ei! Mais respeito! Uma gata linda. O nome dela é Madonna.
-- Sempre gostei de bichinhos, mas com a vida corrida que levo não consigo ter nenhum.
-- Ela é minha grande companheira.
-- Muito linda mesmo.
Helena se sentou no sofá e olhou para Raquel que tentava, a todo custo, disfarçar o nervosismo que sentia. A anfitriã abriu o vinho e serviu duas taças, entregando uma delas a Helena.
-- E como vão as coisas no trabalho? Você disse que estavam passando por mudanças...
-- Sim, estamos. Mas são mudanças positivas. Conseguimos uma grande conta. Isso é ótimo, mas precisamos redobrar o trabalho e a atenção.
-- Deve ser muito complicado isso tudo. Jamais conseguiria trabalhar nessa pressão.
-- Você nasceu para a fisioterapia, posso dizer como cliente.
-- Ahhh, então me avaliou Srta. Medina?
-- Sim, avaliei muito. Tem um 10 comigo Raquel.
Ao dizer isso, Helena enrubesceu.Raquel encarou os olhos negros por alguns segundos. Teria ela dito aquilo com uma segunda intenção? Não conseguiu permanecer ali por muito tempo. Levantou-se e caminhou até a cozinha a pretexto de buscar o jantar:
-- Venha, sente-se. Vamos jantar e depois podemos ver um filme.
-- Nossa, que lindo. Deve estar ótimo!
-- Espero que sim né. Mas se estiver horrível podemos pedir uma pizza.
Serviu Helena e ficou esperando.
-- Está divino Raquel. Que delícia.
-- Tem certeza? Você só quer me agradar!
-- Eu quero te agradar – Helena mantinha o olhar diretamente nos olhos de Raquel – mas está mesmo muito bom. Parabéns.
Raquel apenas fez um sinal com as mãos, pedindo que Helena aproveitasse a refeição.
Continuaram o jantar conversando sobre coisas impessoais. As duas aproveitavam a companhia uma da outra como se fossem amigas de longa data. Mal se lembravam que se conheciam a apenas pouco mais de um mês. Tão logo terminaram, sentaram-se no sofá para a escolha do filme. Haviam tomado a garrafa de vinho que Helena trouxera e uma segunda garrafa já estava quase pela metade.
-- Você vai escolher ou não?
-- Helena, eu não sei. Já disse que gosto de todos. Você vai ter que fazer a escolha.
-- Não é justo! Eu trouxe, você escolhe. É bem sensato dessa forma.
Madonna chegou silenciosa, passeando pela sala.
-- Não vou falar alto e nem tentar agarrá-la. Helena sussurrava enquanto Raquel ria da brincadeira.
-- Quem sabe se fingir que não vai agarrá-la, você consiga agarrá-la.
-- Isso. Vou fingir até que ela se aproxime mais. – Helena sussurrava bem próximo ao ouvido de Raquel que sentia um calor lhe percorrendo o corpo.
-- Achava que minha gata era mais esperta. Fugir para não ser agarrada por você não é uma atitude inteligente. – Olhava fixamente para Helena esperando que ela retribuísse sua aproximação.
-- Assim como não é inteligente fechar os olhos para algo bom que acontece na nossa vida. – Helena já estava com os lábios muito próximos da boca de Raquel.
-- Sejamos pessoas inteligentes então.
Dizendo isso, Raquel encostou levemente seus lábios nos de Helena. Ficaram por alguns segundos apenas aproveitando a sensação agradável de sentir a respiração uma da outra.
Helena entreabriu os lábios levemente e sentiu a língua quente e macia de Raquel entrando delicadamente em sua boca. Retribuiu oferecendo a sua própria que passeava pelos lábios de Raquel buscando reter para si uma parte daquela que há dias povoava seus pensamentos mais secretos.
-- Helena, eu senti sua falta.
Raquel falava em frases curtas, voltando rapidamente ao delírio da boca de Helena.
-- Meu desejo por você só cresceu desde a última vez em que estivemos juntas.
Helena não falava nada, apenas beijava Raquel com intensidade. Sem separar seus lábios dos de Raquel, inclinou-se sobre ela no sofá e passou a explorar seu corpo com a mão direita. Raquel arfava com o toque de Helena. As carícias que começaram suaves nos seios de Raquel, passaram a se tornar mais vorazes. Helena apertava as coxas de Raquel e a percebia se movimentando sob seu corpo para que o contato se tornasse mais íntimo.
Colocou a mão entre as pernas de Raquel, por cima da bermuda. Raquel deu um gemido contido e puxou o vestido de Helena para cima, fazendo-a tirar a peça. Olhou o corpo de Helena apenas de lingerie:
-- Você é linda demais Helena. Eu quero você! Eu a quero inteira pra mim. Quero tudo de você!
Forçou Helena a sair de cima dela. Levantou-se e segurando sua mão, caminhou até o quarto. Ao entrar virou-se de costas pra cama, ficando de frente para Helena, e tirou a camiseta e a bermuda que usava.
Helena olhava enfeitiçada para o corpo perfeito de Raquel. Quis beijar cada pedacinho dele e descobrir cada curva daquele corpo que a deixava fora de si, mas aguardou que Raquel terminasse o espetáculo. Devagar Raquel tirou as peças que restavam ficando completamente nua na frente de Helena. Deitou-se na cama. O olhar que lançou foi o suficiente para que Helena atendesse ao convite.
Tirou sua própria lingerie e colocou seu corpo nu sobre o de Raquel. Ao sentir o contato tão íntimo, ambas estremeceram. Helena deixou escapar um gemido que foi abafado pela boca de Raquel na sua. Passou a beijar os seios da fisioterapeuta. Não pensou em como aquilo tudo era novo, apenas deu vazão ao desejo que sentia.
Helena se levantou um pouco e abriu as pernas encaixando Raquel entre elas. Raquel então se posicionou sob o corpo da publicitária, colocou as duas mãos na bunda de Helena e a puxou para si, fazendo com que os sex*s se encontrassem. Ambas gem*ram alto com aquela nova sensação. Podiam sentir a umidade uma da outra e aquilo só aumentava o prazer das duas.
Não falavam nada. No quarto escuro ouvia-se apenas a respiração ofegante e os gemidos.
Instintivamente as duas faziam movimentos cada vez mais rápidos com o corpo, sentindo um prazer nunca experimentado antes. Raquel colocou as duas mãos na cabeça, entregando-se ao prazer daquele momento. Helena aproveitou para segurar-lhe os pulsos acima da cabeça. Queria senti-la sua, totalmente entregue. Continuaram nessa dança até que Raquel sentiu um espasmo no corpo de Helena que a apertou mais forte.
Ao mesmo tempo em que Helena deixava escapar um gemido mais alto e longo, Raquel sentiu o líquido escorrendo em sua coxa. Isso foi o suficiente para que ela fosse também dominada por um orgasmo intenso que a deixou tremendo por alguns minutos.
Com o corpo ainda em tremores, Helena escorregou para o lado e beijou ternamente a Raquel. Ficou olhando os olhos cor de mel enquanto as duas tentavam diminuir o ritmo da respiração.
Helena passou lentamente a ponta dos dedos nos lábios de Raquel e os beijou de maneira carinhosa. Não entendia direito que sentimento era aquele que a ligava a ela, mas queria aproveitar cada segundo do tempo juntas.
Raquel colocou a cabeça no ombro de Helena, sentia o perfume que tanto gostava.
Adormeceram assim abraçadas. Não houve dúvidas e nem palavras, havia apenas um sentimento inebriante ao qual ainda não sabiam dar nome.
Fim do capítulo
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