Capítulo 7 - Decisões
-- Cuidar de mim? Como assim?
-- Dalva queria vir, mas pedi que me deixasse. – Respondeu com um sorriso e se aproximou da cama – Estava lá quando conversava contigo e fiquei preocupada. Não estás muito bem, o que tens?
-- Apenas uma dor. – Fez uma expressão de dor quando sentou.
-- O que foi? Onde está doendo? Posso ajudar? – Perguntou de uma só vez sem dar tempo para Manuela reagir.
-- Calma! – Passou a mão pela cabeça – Tu não estás ajudando muito.
-- Desculpa! – Pediu, sentando-se a cama da moça. – Só quero que fiques bem. – Passou a mão por seu rosto, com carinho.
-- Isabela... – tentou se esquivar.
-- Não gostou de ontem? – Estava um pouco receosa com a resposta.
-- Não é isso.
-- O que então?
-- É difícil...
-- Manu, por favor, relaxa. – Sorriu. Pegou sua mão e beijou.
-- Isabela... Eu não vou resistir.
-- Quem disse que eu quero que resista? – Continuou beijando a mão de Manuela e subiu pelo braço até o rosto.
-- Isabela, o padrinho não vai gostar...
-- Vovô não tem nada com isso. – Olhou-a nos olhos - Acho que somos adultas.
-- Não entende que posso te machucar?
-- Assim como eu também posso fazer o mesmo.
-- Isa...
-- Adoro o som rouco de como pronuncia meu nome – disse de forma sensual - mas prefiro quando usa a boca para isso. – Beijou-a. Manuela não resistiu e a puxou para si, quando Isabela lhe fez uma carícia nas costas ela gem*u com a dor. – Eu te machuquei?
-- Não. – Segurou a dor.
-- Deixa ver isso. – Tentou levantar a camisa da morena, que lhe segurou.
-- Não precisa, estou bem.
-- Manuela... – foi mais rápida e levantou sua camisa, vendo suas costas. – Isso parece arranhões de unhas. – Estava admirada e passou a mão sobre um dos ferimentos – Esse parece outra coisa... – olhou melhor e depois olhou para morena – Brigou ontem?
-- Claro que não. – Estava visivelmente envergonhada. Isabela se levantou irritada.
-- Não acredito que depois do que nos aconteceu, tenhas ido para o Camafeu. – Foi mais uma constatação do que pergunta.
-- Espera aí. – Levantou-se com o cenho fechado – Quem te falou sobre o Camafeu?
-- Não foi preciso. – Respondeu no mesmo tom. Foi em direção a porta, mas Manuela a segurou.
-- Como sabe sobre ele?
-- Ontem, quando estive na cidade e sentei na lanchonete, conheci duas das tuas amigas. – Jogou.
-- Quem?
-- Não importa. – Afastou-se irritada. – Como pode dizer que não fica comigo, nos beijamos e tu sai à noite para ficar... Ficar com...
-- Não é isso. – Tentou se aproximar da loira – Eu posso me explicar... Droga Isabela! – Chutou um banco, o que deixou a loira assustada. – Eu só queria a companhia de alguém.
-- E por que não me procurou?
-- Eu não quero te magoar...
-- De que? Como?
-- Não entende? Eu não consigo fazer ninguém feliz. – Voltou a sentar em sua cama – Eu não sou a pessoa que tens em mente.
-- Não sabe o que penso.
-- Mas sei que não condiz com a realidade, e que não deve pensar em ter alguma coisa comigo.
-- Por que?
-- Porque sim.
-- Ah, vamos começar tudo de novo. – Jogou a cabeça e sentou no banco que antes havia sido chutado pela morena.
-- Isabela, eu tenho um currículo de tragédias pessoais... Pessoas que ficaram magoadas comigo.
-- Explica, fala para mim.
-- Não tem o que explicar.
-- Então eu não tenho mais nada o que fazer aqui. – Levantou-se para sair – Desculpe tomar teu tempo, não irei mais te incomodar.
-- Isabela. – A loira parou no meio da porta. – Não vai. – Ela se virou e as duas se olharam nos olhos.
-- Eu fico aqui agora, e depois tu vais procurar as meninas do Camafeu? – perguntou ressentida.
-- Esquece isso. – Levantou-se e foi até a loira.
-- Não Manuela. Quer ficar comigo? Ficaremos, mas não vou aceitar essa... Essa coisa de ficar comigo e com outras, não vai rolar.
-- Não quero te magoar.
-- Então vamos fazer coisas de forma certa. – Pediu de um jeito carinhoso que fez Manuela querer abraça-la.
-- Vem aqui. – Esticou a mão. Isabela aceitou, mas permanecia chateada. – Eu só não quero te magoar.
-- Vai me magoar se continuar com teus passeios noturnos. – Manuela a envolveu em seus braços, estava com os olhos úmidos.
-- Não quero mais isso. – Beijou o topo da cabeça loira – Melhor ir embora.
-- É isso mesmo o que quer? – Afastou-se para olha-la nos olhos, e limpou uma lágrima que caia. – Estás quente. – Colocou a palma da mão em sua testa. – Acho que tu estás com febre.
-- Estou bem.
-- Vem deitar. – Puxou-a – Onde tem um termômetro? – Manuela apontou para um móvel. Isabela abriu e viu uma caixa de medicamentos, ela pegou o objeto e colocou. Antes que aferisse a temperatura, a morena adormeceu. – Ótimo! Febre, dormindo, três vezes o meu tamanho... O que fazer. – Falou alto.
-- Apenas pegue o remédio dentro da caixa e me dê. – Manuela respondeu quase sussurrando. Isabela fez o que foi lhe pedido, e ofereceu o remédio.
-- Manu, olha para mim, minha morena. – Segurou seu rosto – Toma o remédio. - com muito custo fez com que a morena tomasse o remédio. A colocou entre seus braços e permaneceram deitadas, até que ela também adormeceu.
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-- Dalva, a Isabela deu notícias?
-- Oh dona Joana, ainda não, mas já vou mandar um “zapzap” para Manuela.
-- Não Dalva. – Sorriu – Deixe as duas mais um pouco juntas, sem ninguém atrapalhando, quem sabe não se entendem?
-- A senhora faz gosto nessas duas? – Joana sorriu pensativa.
-- Conheço bem a nossa linda doutora para ter a certeza de que ela seria a pessoa perfeita para minha neta.
-- Eu também penso assim, e acho que o seu Antônio também. – Entregou a cuia de chimarrão para Joana – Não sei é como seu Adriano vai reagir.
-- Capaz! Nem me lembra disso. – Tomou um pouco do mate – Não sei como minha filha, criada com tanto amor e carinho casou com um traste daquele.
-- Ainda bem que as meninas saíram a essa família.
-- Ainda bem mesmo, Dalva. – As duas se olharam e sorriram.
-- Bah! Eu não consigo imaginar o que aquelas gurias andam aprontando. Não vou me segurar, vou mandar um zap para Manu.
-- Então deixa que envio para Isabela – sorriu – Também estou curiosa. – Confidenciou – Bela tem a língua mais solta, saberemos até dos detalhes.
-- Os detalhes sórdidos, aqueles que ficam escondidos na gaveta, são os melhores. – Sorriram e quando Joana enviou, o barulho do celular acordou a loirinha.
-- Celular! – Disse enquanto procurava, leu a mensagem e sorriu. Olhou para morena que permanecia dormindo.
“Vó, Manuela estava com febre, dei um antitérmico e fiquei um pouco até ela se acordar.”
“O que aconteceu com Manu? ”
“Deve ser um resfriado mesmo. A febre já baixou. ” - afirmou após sentir a temperatura do corpo da morena.
“Dalva vai mandar algo para vocês comerem. ”
“Não precisa, eu mesma farei alguma coisa para ela”. - As duas mulheres se animaram com os cuidados de Isabela.
-- Mas essa guria só me enche de alegria. – Joana confidenciou.
“Bela, permaneça aí o tempo que for necessário, e qualquer coisa nos ligue. ”
Isabela deixou o celular em um móvel, e pegou o termômetro para aferir a temperatura da morena, que se acordou e a olhou sorrindo.
-- Guria, estou te dando um trabalho.
-- Acho que é mais um investimento. – Respondeu sorrindo e Manuela se recordou do melhor momento da sua vida com Andressa. – Algum problema? Ficou distante de repente. – Ela forçou um sorriso.
-- Não. – Puxou-a – Vem aqui. – Beijou o topo da cabeça loira – Estou feliz que esteja aqui.
-- Então, isso é uma afirmação?
-- Afirmação? – Perguntou fazendo um bico que Isabela achei lindo.
-- Afirmação de que ficará só comigo, esquecer essa coisa de Camafeu. – Manuela permanecia com a mesma expressão, o que deixou a loira com mais vontade de lhe beijar. – Eu não resisto a essa boca, acho que me viciei nela. – Beijaram-se.
-- Sim. – Disse após se afastarem.
-- Sim? – Estava feliz.
-- Sim. Nada de Camafeu. – Voltaram a se beijar.
-- Então, vou pegar alguma coisa para comermos, - disse se afastando e pisco o olho.
-- Bela! Vem aqui, não estou com fome. – Chamou, quase choramingando.
-- Não! – Voltou para beijá-la – Tu não comeu nada hoje, e eu comi faz tempo. – Antes que Manuela a pegasse, Isabela fugiu correndo.
-- Manuela, cuidado com o cambicho! – Riu com o próprio pensamento – Pior que não tem mais volta, estou realmente apegada a esta irresistível loirinha.
Isabela montou uma bela bandeja com tudo o que havia levado para o café da manhã das duas. Colocou uma rosa que colheu de uma roseira na entrada da casa e voltou para o quarto, mas Manuela havia adormecido novamente, ela se aproximou, deixou a bandeja no canto da cama e sentou ao lado da morena.
-- Ei, acorda... – Beijou sua testa -Vem comer, minha linda.
-- Acordar assim... – Sussurrou.
-- Vem comer, ou não vai melhorar dessa febre.
-- Não há relação científica para isso. – Isabela parou observando-a.
-- Vai comer ou concorrer ao Nobel de ciências? – Manuela riu e pegou um pedaço de bolo que foi dividido entre as duas.
-- O que é isso?
-- Geleia de mirtilo.
-- Dalva está ficando moderna... – lambeu os dedos – Ela nunca tinha feito isso antes.
-- Ah, mas essa não foi ela quem fez, eu que comprei ontem em uma casa de doces e compotas próximo ao Camafeu. – Manuela quase engasgou, e resolveu tomar um pouco de suco para limpar a garganta.
-- Mas... – tomou um pouco mais do suco – Tu foste ali também?
-- Ah sim. – Sorriu com ironia – Descobri que a dona era uma das meninas com quem fizeste amizade, lá no Camafeu.
-- Isabela, eu...
-- Tu não nada. – Olhou-a seria. – De Camafeu na tua vida, só lembranças, entendeu?
-- Acho que estou piorando. – Brincou.
-- Manuela, não inventa, prometeste. – A morena sorriu e puxou para um beijo.
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-- Joana, aquelas gurias já fizeram algum sinal?
-- Manuela está doente.
-- Capaz!
-- Teve febre.
-- E o que essa guria tem? Ligaram para o doutor Osório?
-- Não foi preciso, Isabela deu remédio para ela e melhorou.
-- E ela sabe cuidar de alguém?
-- Antônio!
-- Minha veia, esqueceu que nossa neta tem um dom natural de se meter em confusão? E esqueceu, também, que Manuela foi um bebê que nasceu sem paciência? Até hoje espero a cegonha trazer o pacote paciência, mas bah! Ela fez um atalho tri confuso e perdeu o saquinho de paciência daquela guria. – Completou sorrindo enquanto cevava a erva.
-- Cuida logo com essa cuia que quero beber meu chimarrão. – Saiu na tentativa de cortar o assunto, não queria que Antônio resolvesse ir até a casada da afilhada.
-- Vovó! – Alexandra chamou alto e Joana fez sinal para falar baixo. – O que foi?
-- Nada. – Puxou a menina pelo braço – Só quero que seu avô me esqueça um pouco. – Sorriu.
-- Entendi. – Beijou a mão da avó – A senhora sabe de Isabela?
-- Ela foi na casa de Manuela.
-- Isso foi pela manhã.
-- Ela não está bem, doente, precisava de ajuda e Isabela foi lá.
-- Isabela cuidando de alguém doente? Vó, minha irmã não cuida nem dela mesma, com aquela cabeça de sonhos.
-- Sim, e deixa ela quieta, por favor.
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As duas permaneceram deitadas durante toda a tarde, enquanto Isabela contava sobre sua vida, desde seu nascimento até os dias atuais. Manuela ouvia a tudo atentamente, apesar de rir muito com a tagarelice da loirinha.
-- Mas para um pouco para respirar, guria!
-- “Niaum”! Quero te mostrar toda a minha vida, até o dia que te conheci. – Manuela riu.
-- Como é que é? Repete. – Riram juntas – “Niaum”? Fala para mim. – Perguntou fazendo cócegas em Isabela.
-- Bah! Fica quieta. – Beijaram-se.
-- Mas tu não falaste de quando corria atrás de mim, sempre com alguma história ou me arremedando.
-- Não! Tu te lembras disso? – Gritou com um imenso sorriso.
-- Claro que me lembro, era eu quem sofria. – Brincou. Foi a vez de Isabela fazer cócegas na morena.
-- Eu não lembrava, Alexandra que me contou.
-- Pra ti ver como eu sofria.
-- Sofria é? – Beijou-lhe o pescoço.
-- Isabela...
-- Parece que tu adoras falar meu nome. – Sussurrou deixando Manuela arrepiada.
-- E tu... Parece que adora me provocar. – Apertou mais o abraço enquanto se beijavam. As mãos de Isabela deslizavam pelas costas da morena que resolveu ser um pouco mais ousada, levando suas carícias para baixo da camisa da loirinha. – Que pele gostosa. – A loirinha gem*u alto, o que provocou uma explosão na morena que levantou sua camisa, na tentativa de retira-la, e estava quase conseguindo quando foram interrompidas pelo telefone de Isabela.
-- É o meu pai. – Explicou-se – Oi pai... Eu não vou voltar... Não! Eu não vou falar com alguém só porque o senhor quer... Pai estou ocupada... Pai... Tá... Tudo bem... Falo para Alexandra. Beijos. – desligou e olhou para Manuela que a observava. – Meu pai quer que eu volte. – A morena ergueu uma das sobrancelhas e encarou.
-- Tu vais?
-- Capaz! Ainda mais pelo motivo que é.
-- E qual seria o motivo? – Isabela a olhou, avaliando-a, e antes que falassem alguma coisa, o celular da morena avisou que havia chegado uma mensagem. – Dalva.
“Estás melhor, guria? Fiz um carreteiro pra ti, e de sobremesa quindim. E não adianta fazer esse bico...” – neste momento, Isabela a olhou e viu o bico que a morena fazia, como se fosse superior ao assunto. – “ele não me afeta. Sabes muito bem que cara feia para mim é fome, e tu deves estar faminta depois deste dia terrível”. – foi irônica. – “Vens comer ou prefere que vá levar?”
-- Bah!
-- O que foi?
-- Vou ligar logo para ela, ou aparece aqui em pessoa.
-- Deixa ela vir aqui.
-- Vai nos interrogar, e acredite, tu vais ter que declarar as tuas intenções comigo.
-- São as piores, possíveis. – Respondeu com malícia e se beijaram.
-- Vamos comer lá e...
-- Manuela, fica em casa hoje.
-- Estás louca? Dalva vem até aqui, melhor ir até lá de uma vez.
-- Eu vou, tu ficas descansando um pouco. Pego o que ela quiser, e pego um muda de roupa.
-- Isso significa que vais dormir aqui?
-- Não queres?
-- Capaz! Isso é o que mais quero. Lagartear e ficar contigo. – As duas riram.
-- Então ficarás como minha refém por um bom tempo. – Manuela sorriu após beijá-la – E não te anima porque só vou dormir aqui, estás doente hoje, e não vai passar de uns beijos.
-- Hoje.
-- O que?
-- Tu falou hoje, depois da meia-noite já é amanhã.
-- Safada! – Manuela deu uma gargalhada e voltou a beijar a namorada.
Fim do capítulo
E então, meninas, o que será que vai acontecer com estas duas? kkkkkkk.
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Ada M Melo
Em: 15/08/2016
cara sou fã da Isabela a guria se garante a manu ja estar bem encolvida....kkkkkk autora quero mais capitulos!!!
abraço!
Resposta do autor:
Aí está mais um, Ada! Beijão!
lia-andrade
Em: 15/08/2016
😍😍😍 amei, finalmente as duas juntas..namoradas 😍😍😍 Joana e Dalva são umas figuras.. Agora o problema das duas será o pai da Isa..
Beijos 😘😘😘
Resposta do autor:
Esta questão do pai de Isabela será uma dentre as muitas que terão que enfrentar. Mas com amor tudo se vence, não é mesmo? Beijos, querida.
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Fab
Em: 14/08/2016
Então, depois da meia noite já é amanhã! Mas pena que nosso amanhã demorará mais sete dias. E a gente só na expectativa!
E prevendo problemas com o pai de Isabela. Ele está querendo que ela volte para o ex. E pelo jeito não é muito fã da morena desde uns tempos atrás.
Capítulo escrito bem carregado no gaúches, rsrs, confesso que tive que pesquisar o significado de duas palavras no Google, rsrsrs
Adivinhe quais foram, autora?
Beijo;
Resposta do autor:
Kkkkkkkkk. Tenho postado duas vezes por semana, não precisou vc esperar sete dias, Fab. Quais palavras vc não conhecia? Beijos.
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Mille
Em: 14/08/2016
O pai da Bela parece que será um problema caso ela queira mesmo ficar com a morena.
Ela com ciumes foi demais, e essas duas coviteiras e curiosas para saber se a Bela e Manu fizeram algo.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
Dalva e Joana prometem aprofundar as investigações, Mille. Kkkkk. Beijos.
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