- Esse vai ser o seu quarto, Jaque... – ela observou cada canto, sorriu.

 

- É muito bonito, Nicole...

 

- Entra... – ela estava um pouco envergonhada, mas entrou. – Banheiro logo ali, tem tudo o que você possa precisar...

 

- Preciso mesmo de um banho... – ela sorriu.

 

- Do teu lado esquerdo, fica o meu quarto, o da Flávia é o do direito e essa porta aqui em frente... – disse apontado para fora. – É o quarto da Paloma... Os do meus pais e no fim do corredor... Vou deixar você tomar banho...

 

- Obrigada. – ela continuava observando tudo.

 

Eu estava muito nervosa, convidei a Isa, para conversarmos aqui em casa, e agora ela estava lá, me esperando na sala. Me olhei no espelho do meu quarto umas dez vezes, eu definitivamente não estava me reconhecendo.

 

- Oh, Isa... Que poder é esse sobre mim? – passei a contar passos no corredor, até chegar na escada. Com medo de tropeçar em meus próprios pés, desci devagar, por fora super calma, por dentro uma guerra nuclear.

 

- Tudo bem? – ela me perguntou assim que me aproximei, ficou de pé.

 

- Sim... – Não, mas eu tinha que ir até o final. – Vamos para o jardim?

 

- Vamos... – andamos em silêncio até o jardim, fiz a Isa, sentar na borda da piscina comigo, enquanto os nossos pés brincavam com a água que estava gelada.

 

- Estou me sentindo meio boba... – confessei, ela me olhou e os olhos verdes rasgaram os meus.

 

- Estou da mesma forma... – rimos.

 

- Eu quero mesmo tentar, Isa... – saiu e não pude prender. A mão direita dela buscou a minha esquerda, que estava a poucos centímetros uma da outra.

 

- Tem certeza? – ela analisou cada milímetro do meu rosto. Meus olhos fitaram os seus lábios rosados e cheios, o desejo de prova-los foi devastador. – Não precisa...

 

Não pude conter a vontade que eu estava daqueles lábios, os apertei, com a ajuda da minha mão que se perdeu entre seus fios macios e sedosos, contra os meus. O ar parou de entrar, mas mesmo assim, quis ir adiante e passei a sugar de leve os lábios e a textura era muito melhor do que eu imaginei. A mão da Isa, segurava firme o tecido da regata que eu estava usando, enquanto a outra segurava a minha nuca. Eu estava com o corpo arrepiado, meu coração não sabia o que era calma e aquele famoso frio no estomago. Nossos lábios se afastaram por poucos centímetros, o ar rasgava o peito, abri meus olhos e vi que ela estava da mesma forma que eu.

 

- Responde a tua pergunta? – ela sorriu e eu mais ainda.

 

- O que foi isso? – ouvi a voz da Paloma, Isa levantou, estava envergonhada. Ela ficava fofa demais daquele jeito. – Essa piscina tem um imã... – não entendi, Isa pareceu saber do que a Paloma, falava e apenas sorriu. – Finalmente...

 

Ela passou por nós e se jogou na piscina, voltamos a sentar na beirada, um pouco mais próximas uma da outra. Isa, me pegando de surpresa, beijou demoradamente o meu rosto, depois se afastou e sorriu.

 

- Gostei da resposta... – rimos, ela tocou o meu rosto. – Isso não te parece surreal?

 

- Muito... – ri, ela deitou ali mesmo e pousou a cabeça sobre as minhas coxas, olhava fixamente para mim, enquanto a sua mão esquerda brincava com a água. – Mas, eu quero... Sei que tenho muita bagunça na minha vida... Você mesma viu hoje... – ela concordou com a cabeça. – E você tem a sua, mas eu estou disposta a virar essa página e viver cada segundo do que estou sentindo... E quero te ajudar a fazer o mesmo, Isa... – meus dedos brincavam com os seus cabelos.

 

- Você já está fazendo isso, Nick... – ela sorriu. – Eu sei que outra pessoa estaria surtando com tantos acontecimentos, tanta informação de uma vez só... Mas, eu tenho a sorte de ter vocês... De ter meus pais, tornando isso tudo bem mais fácil de se lidar... Confesso, que quando parei para analisar, quase tive certeza que iria acabar sofrendo... – eu entendo totalmente o que ela está dizendo. – Mas, depois de hoje... Eu quero tudo, eu quero você...

 

- Casal? Não querendo ser estraga prazer, mas acho que você deveria levar a Isa, mana... Está ficando tarde e é perigoso... – caramba, não havia pensado nisso.

 

- Deus, que horas são? – Isa, levantou e me ajudou a fazer o mesmo. – Você tem razão, Paloma...

 

- Esperem ai... Eu vou com vocês... – minha irmã saiu correndo para trocar de roupa.

 

- Desculpe, eu nem percebi... – falei sem graça.

 

- A culpa não foi sua... – o vento que soprou trouxe com ele o aroma de seus cabelos, fechei os olhos e quando os abri, Isa, me encarava com um sorriso.

 

- Já virou mania... – a abracei de lado, enquanto andávamos para dentro de casa.

 

- O que? – a mão dela apertava a minha cintura.

 

- Ficar com cara de babona... – ela acabou gargalhando. – Já parou para pensar o quanto elas vão nós zuar por conta disso?

 

- Elas já fazem isso... – mordeu o próprio lábio. – Agora, a tendência é piorar...

 

- Isa... – paramos no meio da sala. – Posso te fazer uma pergunta? – abaixei a cabeça envergonhada.

 

- Claro... – ela segurou o meu queixo e ergueu a minha cabeça. – Qualquer coisa...

 

A olhei por uns segundos, me perguntando se deveria ou não fazer essa pergunta, mas eu queria muito a resposta, depois do que ela disse: “Eu só senti atração por uma mulher em toda a minha vida. E só beijei essa mesma uma vez”.

 

- Você e a Flávia... – limpei a garganta. – Foi ela a pessoa que você beijou...

 

O rosto da Isa, ficou muito vermelho, mas ela não desviou o olhar do meu, me arrependi de ter feito essa pergunta e ter deixado ela visivelmente sem graça.

 

- Sim... Foi ela... – ela disse por fim.

 

- Desculpe... – tive vontade de me estapear.

 

- Tudo bem, Nick... Você pode me perguntar o que quiser... – ela sorriu, me deixando menos envergonhada.

 

- Já vai, Isa? – Jaqueline, descia com a Paloma.

 

- Já, mas amanhã estaremos todas aqui para ajudar com a festa da Flávia... – Jaque, a abraçou.

 

- Eu não tenho palavras para agradecer... – ela olhou para a Isa, depois para Paloma e eu.

 

- Fica tranquila, Jaque... – Paloma, a abraçou de lado. – Não precisa agradecer. – concordei com a cabeça.

 

- Se precisar conversa... Não pense duas vezes em me chamar. Ok? – Isa, sorriu carinhosamente para a menina.

 

- Ok... – elas se abraçaram mais uma vez.

 

- Jaque, vamos deixar a Isa, mas fica à vontade... A Marcinha e a Lili, já foram, mas se você quiser pode fazer algo para comer... – ela pós a mão sobre o estomago.

 

- Nossa, só agora que lembrei que não comi nada... – rimos. – Vou fazer algo...

 

Ela e Isa, se despediram e logo estávamos saindo do condomínio, no rádio uma música lenta tocava, Paloma acompanhava a música, enquanto Isa e eu falávamos sobre nossas faculdades, ela me contou sobre o dia em que Cássia e Flávia, foram até a faculdade para vender bombons. Os assuntos eram leves, eu me sentia leve, inegavelmente feliz, cada gesto ou palavra transbordava isso.

 

Alguns minutos depois, chegamos em frente a casa da Isabela, descemos do carro, esperei Paloma fazer o mesmo, mas não aconteceu.

 

- Não vou ficar de vela... – ela revirou os olhos. – Se despeçam, eu vou ficar aqui dentro... – ela então subiu a janela de vidro do carro, que era escuro.

 

- Como se ela não pudesse ver de lá de dentro... – revirei os olhos e Isa, acabou rindo. – Amanhã passo para te buscar... As duas, tá bom?

 

- Está perfeito...

 

Ficamos nos olhando um por um tempo, como estávamos bem em frente a casa dos pais dela, decidi não ser ousada demais e beija-la. Ela se aproximou, para a minha surpresa, me envolveu em seus braços, depositou um beijo leve e demorado em meus lábios. Sorrindo, se afastou por alguns centímetros, sem tirar os braços da minha cintura.

 

- Boa noite, Nick.... – suspirei e sorri.

 

- Boa noite, Isa...

 

Esperei ela entrar, fechar o portão, mas ainda sim permaneci parada ao lado do meu carro, esperando o meu coração voltar ao normal.

 

- Mais uma canoa para o grupo... – Paloma debochou, mas eu nem liguei.

 

“Uau... A vida é muito danada mesmo. Isa, Isa....”.

 

 

 

 

 

Cássia

 

 

 

Domingo, 6 de setembro, não acredito na semana que tivemos, muita coisa para uma cabeça só, uma vida em apenas sete dias. Já se passam das nove da noite, depois que deixei Paloma, em casa, não pude resistir em deitar na minha cama, mas precisava levantar para tomar banho.

 

- Oh, preguiça dos infernos... – me despi no quarto e espalhei as roupas por ele. – Espera ai, celular... Já, já vamos entrar em ação...

 

O banho foi longo, me deixando totalmente relaxada, sai do banheiro com um roupão, ouvi o celular e me joguei na cama, desbloqueei a tela e era a Eliza, namorada do Rafa.

 

“Cássia, não sei se a Isa, mencionou, mas o Rafa está no meio do mato com alguns colegas da faculdade e não sabe o que aconteceu com a Flávia. Ele volta amanhã, então é provável que ele vá vê-la. Boa noite”.

 

- Bom, agora sabemos o porque dele não ter ido...

 

Mandei uma mensagem para a Flávia, explicando o que Eliza, pediu e ela ficou mais aliviada, afinal, sentiu falta do moreno e em meio aos problemas dessa semana, não lembrou de perguntar para a Isa. Procurei na minha lista telefônica o número da Juliane, Samantha, Camila e Jaque, peguei o número para adicionar o grupo.

 

- Dedos Mágicos –

 

_Cami Chatolina – Que merd* de nome é esse?

 

_Juliane Tarada do Quarto – Eu gostei... Mas, não é só os dedos que são mágicos... kkkk

 

_Sam made in BR/EUA – Eu também... Like...

 

_ Juliane Tarada do Quarto – Cadê a Jaque? 0.o

 

­_Nick Serial Killer de XXT – Tia, nem inventa...

 

­­_Jaque Mascote 2.0 – Olá, meninas...

 

_ Juliane Tarada do Quarto – Valeu, dotosa... pós a Jaque S2

 

_Paloma Amor Meu s2 – Tiaaaaa...

 

_Flávinha Canoa – Grupo já ficou animado... hahaha

 

_Amanda dona da Canoa – Cássia, você não tem amor a vida?

 

_Paloma Amor Meu s2 – Também acho que não...

 

_Emi Canoa 2.0 – Vão dormir, amanhã teremos que está lá.

 

_Becca dona da Canoa 2.0 – Verdade, tem que ficar tudo perfeito...

 

_Flávinha Canoa – De novo isso??? Isa, cadê você?

 

_Isa Anderson Silva – Flávia, eu não posso contar...

 

_Nick Serial Killer de XXT – Isa, melhor você desligar a sua internet, pois a Flávia, vai querer te chantagear...

 

_Isa Anderson Silva – Fui...

 

_Flávinha Canoa – Poxa... Que saco... Alguém????

 

As meninas copiaram o “Fui” da Isa, e não se manifestaram mais.

 

- Mensagem da Paloma... – abri e quase tive um enfarto.

 

Uma foto de lingerie vermelha e a seguinte legenda:

 

“Essa cor fica legal? Você gosta, amor?”

 

Eu tenho certeza que a Nicole, iria me estrangular a qualquer momento e se ela sonhar que desde a conversa que Paloma e eu tivemos, recebo fotos assim diariamente. Se o objetivo é me enlouquecer, devo dizer que ela está se saindo super bem.

 

“Amor, por tudo que você mais ama, não faz isso. A sua irmã quer ter aquela bendita conversa e eu já estou apavorada o suficiente... Colabora comigo...”

 

“Depois do meu aniversário, você não me escapa, Cássia... Tenha isso em mente”

 

Eu estaria morta antes dela completar dezoito anos, se as coisas continuassem desse jeito. Decidi ir dormir, torcendo que a Nick se acertasse logo com a Isa, e vivessem felizes para sempre e me deixasse viver feliz para sempre também, com todos os meus dedos no lugar.

 

“Eu vou dormir, amor... Como amanhã é feriado, vou dormir até um pouco mais tarde, mas depois do almoço, estarei ai. Eu te amo...”

 

Esperei poucos segundos, e a resposta chegou.

 

“Boa noite, amor... Bons sonhos. Eu te amo, muito.

 

ps. Tenho uma coisa para contar rsrs”.

 

Dormir com um sorriso de orelha a orelha.

 

Assim como havia dito, depois do almoço, me arrumei e coloquei dentro de uma mochila algumas roupas, desci as escadas e encontrei meus pais na sala.

 

- Vai para a casa da Paloma, filha? – mamãe perguntou, dei um beijo nela e outro em meu pai. – Que coisa gostosa... – ela sorriu.

 

- Vou sim, mãe... Vocês vão estar lá mais tarde? – perguntei animada.

 

- Vamos sim, filha... Às seis estaremos lá... – meu pai garantiu.

 

- Então nos encontramos lá... – dei outro beijo neles. – Amo vocês... Até mais tarde...

 

- Te amamos filha...

 

- Até e juízo...

 

Deixava sempre o meu carro em frente à minha casa, pois morria de preguiça em por na garagem e ter todo um trabalho para retirar novamente. Dei partida, liguei o som e uma música que eu gostava muito, primeira da minha playlist, começou a tocar.

 

Give it to me, I'm worth it
Baby, I'm worth it
Uh huh I'm worth it
Gimme, gimme, I'm worth it
Give it to me, I'm worth it
Baby I'm worth it
Uh huh I'm worth it
Gimme gimme I'm worth it

I tell her bring it back like
She left somethin?
Bring it bring it back like she left somethin?
In the club with the lights off
What you actin' shy for?
Come and show me that you're
wit it wit it wit it wit it
Stop playing now you know I'm
wit it wit it wit it wit it wit it
What you actin' shy for?

Just gimme you, just gimme you
Just gimme you, that's all I wanna do
And if what they say is true
If it's true, I won't get mad at you
I may talk a lot of stuff
Guaranteed, I can back it up
I think I'mma call your bluff
Hurry up, I'm walkin' out front

Uh huh see me in the spot like
'Ooh I love your style
Uh huh show me what you got
Cuz I don't wanna waste my time
Uh huh see me in the spot like
'Ooh I love your style?
Uh huh show me what you got
Now come and make it worth my while

Give it to me, I'm worth it
Baby I'm worth it
Uh huh I'm worth it
Gimme gimme I'm worth it
Give it to me, I'm worth it
Baby I'm worth it
Uh huh I'm worth it
Gimme gimme I'm worth it

It's all on you, it's all on you
It's all on you, so what you wanna do?
And if you don't have a clue
Not a clue, I'll tell you what to do
Come harder just because
I don't like it, like it too soft
I like it a little rough
Not too much, but maybe just enough

Uh huh see me in the spot like
'Ooh I love your style
Uh huh show me what you got
Cuz I don't wanna waste my time
Uh huh see me in the spot like
'Ooh I love your style
Uh huh show me what you got
Now come and make it worth my while

Give it to me, I'm worth it
Baby I'm worth it
Uh huh I'm worth it
Gimme gimme I'm worth it
Give it to me, I'm worth it (know what I mean?)
Baby I'm worth it (give me everything)
Uh huh I'm worth it
Gimme gimme I'm worth it

 

 

 

Depois de algumas músicas, me aproximei do condomínio, enquanto esperava alguns moradores entrarem com seus carros, abaixei a janela, olhei em volta e vi na calçada, a menos de vinte metros, uma menina loirinha, segurava a mão de um menininho, também muito loirinho. O garotinho era muito fofo, me distrai olhando, quando um cara de chapéu passou por eles e arrancou a bolsa da garota, que ficou desesperada, vendo o cara indo embora. Sai do carro, para ajuda-la, o menininho chorava muito e ela estava muito assustada.

 

- Calma... – me aproximei e o garotinho se agarrou em minhas pernas, eu não esperava por isso.

 

- Meu Deus, o que vou fazer agora?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo