Fanfic inspirada no poema: Pedido (Gonçalves Dias)
2. Pietra Borges em "Pedido"
Fanfic inspirada no seguinte poema:
Pedido (Gonçalves Dias)
“Ontem no baile
Não me atendias!
Não me atendias,
Quando eu falava.
De mim bem longe
Teu pensamento!!
Teu pensamento,
Bem longe errava.
Eu vi teus olhos
Sobre outros olhos!
Sobre outros olhos,
Que eu odiava.
Tu lhe sorriste
Com tal sorriso!
Com tal sorriso,
Que apunhalava.
Tu lhe falaste
Com voz tão doce!
Com voz tão doce,
Que me matava.
Oh! não lhe fales,
Não lhe sorrias,
Se então só qu'rias
Exp'rimentar-me.
Oh! não lhe fales,
Não lhe sorrias,
Não lhe sorrias,
Que era matar-me”.
Escrevo estas palavras sem saber se um dia vou conseguir te entregar esta carta. Durante a escrita fiz várias pausas, pois precisei secar as lágrimas teimosas que escorreram pela minha face.
Quando te conheci naquele curso de curta duração, não pensei que o nosso contato ultrapassaria o coleguismo, mas você me surpreendeu, logo no primeiro dia sentou ao meu lado, começou a conversar sobre tantos assuntos interessantes, que me ganhou com uma facilidade indescritível.
Inicialmente, meu objetivo era concluir logo aquele cursinho chato do CFC (Curso de Formação de Condutores), porém quando te conheci eu passei a querer ficar mais tempo ao seu lado, se eu pudesse quadruplicaria os dias do curso, só para conseguir te ver com frequência.
Sabe aquela história de que tudo que é bom, dura pouco e foi exatamente assim, o curso acabou rapidamente. Novamente você voltou a me surpreender, pediu meu telefone e disse que me adicionaria no whats app e também no facebook. Contei os segundos, os minutos e as horas. Você cumpriu sua palavra e começamos a conversar pelas redes sociais. Nossa amizade se intensificou e em poucos meses já falávamos sobre tudo.
Na tarde que me machuquei durante um percurso que eu fazia de bike, fiquei encantada com todo o cuidado que recebi de ti, você foi tão carinhosa, fez curativo e até um chá. Além disso, eu nunca tinha recebido um cafuné tão gostoso.
Confesso que com o decorrer dos dias, comecei a confundir a nossa amizade, quando você me abraçava eu não queria mais sair de dentro do seu abraço.
No dia que você me ligou contando que queria espairecer, que estava a fim de dançar, fiquei toda animada. Infelizmente, você estava um pouco triste e com saudade do seu namorado, que estava em viagem, competindo no interior do estado. Eu fiz de tudo para te animar e eu consegui. Comemos o lanche que você adora, te levei também em uma sorveteria e finalizamos a noite em uma balada muito animada. Foi também nesta noite que você me contou sobre a sua curiosidade em beijar uma mulher e eu tentei evitar, com receio de prejudicar a nossa amizade. Porém, quando você me pediu um beijo, não consegui negar, te beijei com muito carinho e vontade. Fui correspondida e nossos beijos foram maravilhosos. Você experimentou e saciou a sua curiosidade. Depois voltamos a dançar e não tocamos mais no assunto. Até hoje sinto o sabor doce dos seus lábios.
Você não mudou nada depois do nosso beijo, nossa amizade permaneceu a mesma e você também nunca me deu nenhuma esperança.
No meu aniversário fiquei muito feliz quando você aceitou o meu convite. A confraternização simples ficou bem melhor no momento que você chegou à minha casa e para a minha sorte você foi sozinha, porque seu namorado tinha compromisso, não conseguiu te acompanhar e eu tinha um grande interesse em substitui-lo, quem me dera estar no lugar dele, é tão bom ter a sua companhia.
Minha família e amigos te adoraram, o que não me espantou, pois o seu carisma e simpatia são evidentes. A camisa que você me deu de presente é linda, azul, minha cor favorita, tenho até receio de usar, sujar ou estragar, deixo bem guardadinha, pendurada em um cabide no cantinho do guarda-roupa. Ainda no dia do meu aniversário, quando estávamos no meu quarto tentei te beijar pela segunda vez, com muita delicadeza você se esquivou e com cautela começou um assunto qualquer, fingindo que nada tinha acontecido.
Depois do meu aniversário ficamos uns dois meses sem nos encontrarmos por conta das festas de final de ano. Em seguida você viajou e deixamos de conversar com frequência, nossos diálogos se tornaram raros.
Já próximo do carnaval você me procurou e me convidou para um baile. Claro que eu aceitei, estava morrendo de saudades.
Ontem, no baile você estava radiante, porém acompanhada e com uma assustadora aliança de compromisso. Eu queria muito ter a sua total atenção, mas você não me atendeu com exclusividade e nem mesmo me correspondeu. Você estava distante, principalmente em pensamento. Então descobri que os seus olhos não me pertencem e nunca pertenceram. Os teus olhos são dele, você o ama e ele te corresponde com cumplicidade.
Sei que você já tem e que vai continuar tendo toda uma história linda ao lado dele e eu também sei que não tenho direito algum sobre você. Sou apenas uma amiga. Ah, e o sorriso que você dedica para ele é maravilhoso e único. Quando observei você sorrindo para ele senti uma apunhalada. Na companhia dele você fica ainda mais doce, mais leve, mais bela e mais completa.
Eu voltei para a minha casa chorando e ao mesmo tempo me conformando, sendo assim, decide que vou me afastar de ti. Você é apaixonante e eu preciso superar tudo o que eu venho sentindo.
Você merece tudo de melhor e espero que um dia eu consiga retomar a nossa amizade.
Encerro esta carta com um pedido: seja sempre feliz!
Com carinho,
Pietra Borges.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
rhina
Em: 10/08/2016
Olá.
Tudo bem May...
Lindo. Triste. Real.
Isso acontece.... e talvez mais vezes que imaginamos.
Um gesto... uma palavra.... um sorriso... um pensamento
Nós faz gostar... admirar... ter afinidades
CComo se algo que faltava se encaixasse....
Mas tenho que lembrar sempre existe os "os dois lados ".
Beijos linda.
Rhina.
Resposta do autor:
Olá!
Rhina, tudo em paz felizmente e contigo?
Grata por receber seu novo comentário.
Beijos e abraços, May.
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