Conjuração por Angribbons
Capítulo 4
O Brasil era um país quente, porém não tão diferente da África. Entretanto quando se passa o dia em pé, presa pelas mãos , no sol, sem comida e sem água piora tudo. Já era noite quando ouvi passo vindo por trás, meu coração acelerou por medo de ser Marieta
- Shiara, me perdoe eu não fiz por querer, não sabia o que você escondia — era Blanka, falava enquanto passava um pano molhado em meu rosto
- Some daqui Blanka, quer que te coloquem presa também? Você não teve culpa Blanka, não se martirize por isso.
- Olhe, eu trouxe um pouco de água e um pouco de galinha que peguei escondida na cozinha da casa grande — Blanka, além do engenho também ajudava a noite na cozinha
- Tá maluca, mulher? Você nem devia tá falando comigo, os outros escravos podem se rebelar contra você, não quero te meter nisso
- cala a boca e come rápido, com os outros eu me entendo —mastigava de forma rápida, a fome naquela altura já me consumia
- Blanka —ouvimos uma terceira voz, engoli rápido e Blanka logo escondeu o osso
- sim sinhá
- você não devia estar aqui com a negra, pode ir.
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Fiquei preocupada com Shiara, não gostava de violência, mas sabia que era merecido. Já no escuro da noite ouvi vozes vindo da parte detrás da casa e logo vi Blanka ajudando-a, se meu pai soubesse ficaria as duas presas ali. Peguei o pano que antes estava com Blanka e comecei a passar no rosto de Shiara, retirando o sangue do supercílio que havia secado
Deu um leve gemido pela dor — perguntou meu nome no porto para me chamar de negra?
Estávamos próximas, eu concentrada no que fazia e sua pergunta me fez olhar em seus olhos, ela me encarava. Shiara era uma escrava linda, bem cuidada, sem marcas de trabalho ou violência, os olhos profundos, abatidos e negros.
- eu sei seu nome...Shiara — com um leve sorriso de lado, conclui — mas posso chama-la do que eu quiser .
- sim sinhá — respondeu com descaso.
- esse não é meu nome, me chamo..
- com todo respeito que a minha condição me obriga a ter, eu não perguntei e nem quero saber seu nome — ri, a negra era ousada, continuei a passar o pano em seu rosto e costas
- você não parece escrava, é bem cuidado, me conte de onde veio
- não pareço porque não sou
- agora é — voltei a olha-la nos olhos. Um pequeno prazer havia despertado em mim ao tirar Shiara do sério
- Você não precisa saber minha história, já lhe sirvo, não sirvo? Não sou sua escrava, sinhá? Então não há mais o que saber
- não seja tão afrontosa! Estou tentando conversar com você
- pois saiba que com seu povo eu faço o que me for obrigada. Sou obrigada a conversar com a senhorita? Pois conversarei, mas não ache que quero isso, que pretendo ser sua amiga e se quer saber, eu não isso o mínimo do agradável — enquanto falava era percebido o ódio
- arhf! Eu sou extremamente agradável! E estou sendo benevolente demais com alguém que está dando prejuízo ao engenho no seu primeiro dia, devia me agradecer!
- então recolha sua benevolência e vá ser agradável longe daqui, na sua leitura da tarde com suas amigas fresquinhas, no seu chá. — continue calada — benevolente? Eu estou amarrada ouvindo você me dizer que sou sua escrava! O que você está fazendo? — enquanto Shiara estava sendo histérica, deixei o pano úmido que agora só passava em suas costas, e comecei a massagear suas mãos —
- pela Corte, cala-se Shiara! A corda está prendendo seu sangue, assim circulará melhor —por fim, graças aos céus, calou-se e me deixou continuar
Fim do capítulo
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