Capítulo 4
... A MONTANHA VEIO ATÉ MAOMÉ...
Marina não conseguira falar com Callie, de jeito nenhum. Uma semana havia se passado. Ela não atendia as suas chamadas, nem retornava as mensagens do whatssap. Por isso, não sentira a menor vontade de comparecer ao outros eventos, e hoje, era o encerramento das festividades: O baile. Na segunda-feira pela manhã, ela iria assinar o documento da colação grau na reitoria da faculdade e, de noite, viajaria para casa da irmã. Marina já havia decidido viajar e... Não compareceria a este baile de jeito nenhum!
Callie estava parada naquele terraço há muito tempo. Quanto, ela não sabia dizer. Havia chegado cedo. Cansara do barulho do salão principal e subira para o 1º andar. Descobrira aquele local isolado e lá ficara. Estava encostada na mureta de um dos terraços do andar superior da casa de onde estava sendo realizado baile dos formandos. Observava a movimentação dos veículos chegando ao local, e até agora, não reconhecera o carro dela chegando. Pressentia que ela não viria. Olhou o visor do celular pela milionésima vez e não viu mais nenhum aviso de chamada não atendida ou mensagem recebida há mais de dois dias. Ela parara de insistir. Devia sentir alívio, mas não era isso que estava sentindo...
- Amor... Vamos dançar...! Hoje é seu dia! Nosso dia! Vamos comemorar! – A voz de Roger chegou aos seus ouvidos. Percebeu que estava enrolada, denunciando que ele já bebera além dos limites – Ele tentou abraçá-la, mas Callie não permitiu. Odiava quando ele ficava nesse estado.
- Pára, Roger! Não estou a fim de dançar... Nem a fim disso também! – Ela o empurrou quando ele tentou tocá-la nos seios.
- Que i-is-so minha prin-princesa! Você pro-procurou-ou esse local n-não foi pra gente na-namorar?
- Claro que não, Roger. Você sabe que gosto de privacidade pra namorar!
- É... Você é uma san-santinha... M-mas uma san-santinha gos-gostosa! Ha ha ha ha.
Callie bufou! Odiava quando o rapaz tinha atitudes como aquela. Já ia manda-lo sumir quando uma mulher loira adentrou no terraço. Seus olhos não pudiam acreditar no que viam... “Sofia. Mas que inferno! Hoje não era seu dia mesmo!” – pensou ela irritada.
- O-olha a-amorr... N-não é-é aquela gos-gostosa am-miga daque-la su-sua ou-utra amiga, a esqui-esqui-quisita?
Mediante o comentário, Sofia olhou o rapaz de maneira tão séria, que Roger se encolheu. Ela o estava repreendendo apenas com o olhar, e ele reagiu conforme uma criança. Pediu licença, e saiu quase tropeçando, parecendo intimidado. Se essa situação tivesse acontecido em outra ocasião, Callie teria caido na risada, mas não hoje, não nesse momento.
- Boa noite, Carlota.
- Não sei de Marina – Ela não respondeu ao cumprimento inicial. Não queria prolongar a conversa com essa mulher. Sofia a olhava de forma penetrante, como das vezes anteriores, como se soubesse o que realmente se passava em seu íntimo. A sensação agora era de “De já vu”. Sofia riu, como se adivinhasse seus pensamentos, e se aproximou até ficar ao lado dela, que estava apoiada displicentemente na mureta.
- Qual é a graça? – Callie a olhou de lado, e continuou apoiada sobre os cotovelos. Depois voltou a observar a entrada dos veículos no estacionamento.
- Porque não admite logo de uma vez que quer vê-la e vai procurá-la?
- Não tenho nada pra admitir, nem nada pra dizer a ela e muito menos, desejo revê-la – A mentira descarada não convenceu a nenhuma das duas mulheres.
- Hum... Certo então. Melhor pra mim – Callie se endireitou na mesma hora, fazendo Sofia rir mais uma vez.
- Se veio aqui pra dizer algo, diga logo. Não gosto de rodeios, Sofia.
- Como quiser – Sofia respirou profundamente e começou a falar. Sua voz era firme, mas triste – Eu cometi um erro, e só me arrependo porque Marina está me ignorando tanto quanto você está ignorando ela, mas creio que as razões sejam diferentes – Callie, se recusava a olhar para a loira.
- Ainda não estou entendendo aonde você quer chegar. Seja mais objetiva.
Sofia em vez de responder, abriu a pequena bolsa que tinha nas mãos e retirou de dentro, um pequeno pedaço de papel e um cartão que é utilizado como chave em apartamentos de luxo. Colocou a bolsa na mureta, segurou e puxou o braço Callie. Virou a palma da mão para cima e depositou nela os dois objetos. A jovem ruiva fechou a mão por instinto, mas a olhou sem entender.
- Com este cartão você terá acesso ao apartamento de Marina.
Callie arregalou ou olhos. Primeiro por saber que a loira era íntima o suficiente para ter acesso próprio a residência de Mari, e depois, porque não entendia a razão dela estar lhe entregando aqueles objetos. Ela tentou devolver, mas Sofia se afastou dando dois passos para trás, balançando a cabeça negativamente.
- O endereço, está no papel. Vá até lá e converse com ela. Do quê você tem medo?
- Primeiro, eu não vou invadir a casa de ninguém. Principalmente, sem ser convidada – Callie lembrou nas inúmeras vezes que pediu para conhecer o local onde Mari morava, mas ela sempre negava, inventando alguma desculpa – E segundo, não há razão alguma para eu sentir medo dela!
- Não será invasão, por que você possui o cartão. E se você afirma isso, então vá até lá. Além do mais, se você conversar logo com ela, vai definir de vez qual é o relacionamento das duas.
- Já disse que não há nada para ser definido, nem há um “relacionamento” dessa natureza que você e ela... Têm ou tivera. O que eu... Sinto por ela é... Era só amizade, pelo menos da minha parte! – Callie respondeu agressivamente, apesar da voz falhar em alguns momentos.
- Hum... Certo então. Melhor pra mim, como já disse – Callie, mais uma vez, se endireitou mediante a frase repetida pela loira, que continuou falando calmamente – Mas se você acredita realmente nisso, então não haverá problemas. Marina nunca foi de forçar sua presença a ninguém. Nunca precisou, sabe? Ela tem um quê, sei lá... Que chama a atenção tanto de mulheres quanto de homens – Callie imediatamente se lembrou da primeira vez que a vira, e intimamente concordou com Sofia, que continuava a falar – Mas isso não vem ao caso... O que importa é que eu quero voltar com ela, e você não quer ficar com ela, certo? Então é perfeito, mas infelizmente, enquanto vocês não se acertarem suas diferenças, isso não ocorrerá, pois ela continuará me evitando.
- Não tenho nada a ver com... Com o relacionamento de vocês duas!
- De certa forma, tem sim. Mas isso será temporário! - Sofia a olhou seriamente, pegou a bolsa e se dirigiu a porta por onde havia entrado.
- Ei, eu não quero isso! Tome, pegue de volta! – Callie, gritou, mas nada adiantou. Ela já tinha ido. A jovem não resistiu a curiosidade, olhou o cartão, e em seguida, abriu o papel para ler o endereço. Novamente seus olhos se arregalaram... Apesar de ser um bairro de classe média, havia neste local, alguns poucos edifícios cujos apartamentos eram altamente privativos e valiosos! - "Nossa!, Mari tinha tanto dinheiro assim?! Porque escondera isso dela?"
Callie não sabia o que fazer. Há dias que Marina tentara falar com ela, mas como não permitira nenhuma aproximação, ela parara. Apesar de sentir muita falta da companhia feminina da amiga, não! ex-amiga!, não conseguia atender aos pedidos da morena para conversarem.
Agora a situação se invertera... Será que Mari iria aceitar vê-la depois de tanta negativas?
Lembrava como Marina sempre se mantinha reservada com todos, menos com ela. Callie descobrira nela uma pequena fissura na “armadura” por onde sempre conseguia penetrar. Mari foi a pessoa mais interessante com quem já fizera amizade. Por isso prezava tanto o elo entre elas. Seu horror inicial quando ficara sabendo da verdade a deixara cega, preconceituosa e intolerante, algo que nunca fora, entretanto, após o sossego do tumulto interior, sentiu que algo dentro de si estava sendo libertado depois daquele triste episódio ocorrido no dia da missa. Estava confusa com suas reações, mas estranhamente sentindo leve e ansiosa. Começava a aceitar a insinuação de Sofia, mas ainda não acreditava ser verdade, mesmo após o sonho que tivera. Nele, ela estaria no lugar de Sofia no beijo flagrado no estacionamento no dia da missa ecumênica. Entretanto, acordara antes de beijar Mari, suando frio, muito agitada e... Excitada. Sim, tinha de admitir. Excitada ao pensar na possibilidade de tocar a sua boca na dela... O que estava acontecendo com ela afinal?! Nunca havia sentido nada parecido por nenhuma mulher! Era hetero!
Callie engoliu seco e disse em voz alta, tentando se convencer:
- Sofia tem razão. Eu tenho que resolver isso, não há porque demorar, e já sei muito bem como. – Decidida, saiu do terraço onde se encontrava, passou pela sala principal, pegou um taxi e entregou o papel com o endereço ao motorista, que tomou o caminho solicitado. Ninguém, no baile, notara sua saída. Seus pais já haviam ido pra casa, e Roger, bêbado como estava, nem notaria sua ausência.
Marina bebericava o café apoiada no balcão da cozinha do seu apartamento. Não conseguia dormir. Ela vestia um roupão branco longo, por cima do baby-doll curto na mesma cor. Seus pensamentos estavam em Callie. Quando acabou de beber o líquido fumegante, decidiu trabalhar um pouco. Ela colocou a xícara na pia, suspirou e se dirigiu ao escritório que montara, passando pela ampla sala de estar, e entrando num corredor estrategicamente oculto por plantas decorativas.
A mesa estava repleta de papeis que esperavam por sua leitura, correção e assinatura. Novamente suspirou. Sentando-se numa cadeira confortável, colocou os óculos de grau, e tentou ser absorvida pela leitura de informes, dados estatísticos e contratos.
Oitenta minutos depois de sentar-se, ela ouviu o interfone tocar. Ergueu-se e foi até a sala, atendê-lo.
- Henri... Sei que você é novato, mas não lhe informaram pra não interfonar aos moradores neste horário? A menos que seja uma emergência?
- Desculpe-me incomodá-la a esta hora senhora, mas a mulher insistiu em lhe ver, e quando eu estava tentando me comunicar com a senhora, como estou fazendo agora, ela aproveitou e subiu sem permissão. Sei que a senhora deixou ordens expressas para que não deixasse ninguém subir e ...
- Tudo bem Henri, eu resolvo aqui – Cortou e desligou impaciente. Marina ficou irritada. “Sofia vinha tentando voltar com ela desde o bendito beijo roubado no estacionamento. Se a situação persistisse, seria obrigada a romper o contrato de trabalho com ela” – Voltou ao escritório – “Iria aproveitar a presença dela para discutir negócios. Assim, talvez ela entendesse que seu interesse era apenas profissional, como ela mesma sugerira no dia em que encerraram o caso”.
Callie tentava controlar o nervosismo enquanto pensava “O porteiro já deve ter alertado Mari sobre sua subida intempestuosa. Será que ela a receberia mesmo assim?”
As portas do elevador recuaram, e ela adentrou num pequeno hall silencioso. A luz se acendeu ao detectar sua presença. Callie caminhava observando os detalhes. O edifício era moderno, equipado com tecnologia recente, o que indicava que os moradores possuíam um alto padrão financeiro.
“Porque Marina nunca comentara sobre sua fortuna?” – Postou-se diante de uma porta trabalhada em madeira. Parecia ser um trabalho manual, com riqueza de detalhes entalhados cuidadosamente. Ao lado da porta havia uma caixa metálica, com uma luz miúda e vermelha.
“E agora? Entro assim, sem mais nem menos ou aciono a campainha?” A dúvida persistiu por dois segundos. Não havia interruptores para este fim. Retirou então o cartão dado por Sofia da bolsa de mão e o inseriu. Um pontinho de luz verde se acendeu no local onde antes era vermelho, e alguns milésimos de segundo depois pôde ouvir um “clique” suave. A porta estava aberta.
Marina estranhou a demora de Sofia. Ela sabia que, em casa, sempre podia encontrá-la no escritório. Sem entender o que acontecia, levantou-se e foi verificar, voltando para a sala. Assim que chegou a entrada do ambiente levou um choque! Quem estava diante dela não era Sofia... Mas Callie! Ela engoliu em seco, observando-a estudar curiosamente o ambiente.
Marina estava oculta pela plantas decorativas, e desta forma, ela podia continuar olhando a jovem sem que essa soubesse. Callie estava com o vestido do baile, muito sensual, com as alças do tecido preso atrás do pescoço por um lindo broche. O tecido de seda aderia ao corpo dela como uma segunda pele até a linha do quadril onde ele iniciava a saia solta e longa. A cor era marrom com detalhes dourados nos pequenos detalhes. Os cabelos, levemente cacheados, estavam presos num pequeno coque completando o visual. Os ombros de fora mostravam as tentadoras sardas que a jovem possuía e que Marina tanto deseja beijar. Sentiu um calor percorrer o corpo, e deve ter emitido algum som, pois Callie se virou imediatamente, localizando-a. Marina nada falou, apenas caminhou até próximo da ruivinha. Ficaram se encarando por alguns instantes, até a morena questionar:
- Como você entrou?
- Eu... O porteiro não lhe avisou que eu estava subindo?
- Sim, mas isso não explica o fato de você estar aqui dentro. Quando ele interfonou, pensei que se referisse a Sofia – Marina percebeu que Callie ficou rígida ao ouvir o nome da loira.
- Foi ela quem me deu o cartão de acesso a este apartamento.
- Quando? – Marina estava tentando entender o que acontecia.
- Hoje, cerca de duas hora atrás. Ela foi ao baile e nós conversamos.
- Sei... E de repente vocês ficaram amigas, e ela lhe deu o cartão do meu apartamento, assim sem mais nem menos?
- Não somos amigas. Mas ela não me deu, empurrou-o, praticamente me desafiando a vir aqui.
Marina respirou profundamente e pensou decepcionada – “Então era isso? Um desafio? Muito bem, Carlota, sinta-se desafiada...” – Ela esticou o braço, com a palma da mão para cima, pedindo silenciosamente, o objeto. Callie obedeceu. Calculadamente, Marina segurou o cartão junto com os dedos da jovem.
Callie a olhou surpresa, pois desconhecia esse olhar que lembrava um predador pronto pra caçada, e depois, porque Marina segurava-lhe a mão de um jeito firme enquanto acariciava com o polegar o torso da sua mão de forma suavemente delicada e sensual. Sentiu os pêlos da nuca ficarem eriçados diante do toque em sua pele.
Os olhos de Marina ora se fixavam nos olhos ora na boca macia de Callie. Notou que a ruivinha entreabrir os lábios, passando a língua involuntariamente sobre eles e as narinas se dilatando indicando a respiração acelerada. “Que vontade de beijá-la!” – Marina pensava enquanto se controla a muito custo, mas se aproximando lentamente.
Marina sabia como excitar uma mulher, pois neste jogo sua experiência era maior. Mas de repente, ela se deu conta que “brincar” com Callie era por em risco a si própria. Quem sairia machucada, seria ela. Recuou, rompeu o contato físico e visual com ela de maneira brusca. Percebeu que poderia seduzi-la se quisesse, mas não o faria, pois não adiantava já que Callie não correspondia aos seus sentimentos. Sentindo-se cansada, sentou-se no sofá em “L” logo atrás de si.
Callie ficou confusa. Permaneceu de pé, enquanto tentava entender o que acontecera – “Marina a acariciara de uma forma incrível. Sentira um calor gostoso percorrer seu corpo, acelerando seu coração e sua respiração. Gostara das sensações. Ficara em expectativa quando ela se aproximava, mas de repente ela mudou, voltando a ser a velha Marina de sempre, reservada e fria”. Um silêncio constrangedor se instalara, até a dona do apartamento voltar a falar.
- Já que venceu o desafio lançado por Sofia vindo até aqui, concluo que não temos mais nada o que conversar, então será que poderia ir embora? Já é bastante tarde e como você está vendo, eu estava pronta pra ir dormir... – Marina tentou parecer despreocupada para que a jovem não percebesse a mentira.
Callie não podia acreditar... Marina a estava pondo pra fora? E ainda nem pusera em ação o que planejara no caminho do baile até o apartamento...! Marina parecia que ia ajudar no plano sem saber e agora queria enxotá-la? Não, não! Isso não iria acontecer – Inspirando pra criar coragem, disse:
- Ainda preciso fazer algo – Marina ficou olhando e esperando, sem nada dizer – Preciso que me beije. A mulher mais velha riu, achando que não ouvira direito, mas quando olhou para Callie, viu que ela estava falando sério e desmanchou o sorriso.
- Olha aqui garota, se pensa que estou aqui para brincadeiras, engana-se. Trabalhei muito hoje, e não tempo para piadas. Portanto, acho melhor ir embora – Marina havia se erguido, mostrando sua irritação. Agora as duas estavam se encarando a um passo de distância uma da outra.
- Não estou brincando Mari. Sofia insinuou que haveria entre nós mais que amizade. Não sou...Lésbica. Mas se ela achou isso, então outras pessoas também devem pensar isso de mim!
- Você não precisa provar nada para ninguém. Então deixe a imaturidade de lado, pois não tenho tempo a perder pra isso.
- Tem razão, mas se você me beijar e o ato não me agradar física e emocionalmente, estarei certa da minha opção sexual – Callie parecia confiante, mas Marina estava tão irritada, que sua vontade era, além de beijá-la, de sacudi-la para que encontrasse o juízo que havia perdido. Sofia mais uma vez se metera onde não fora chamada!
Os pensamentos de Marina agora estavam a mil. “Callie queria usá-la como um teste? Mesmo que aceitasse tal idiotice, não se conformaria com um simples beijinho...! Uma negativa sua também não adiantaria, ela provavelmente irá agir com sempre, insistindo até fazer-me aceitar. Teria que arranjar um modo de fazê-la ir embora desistindo dessa idéia maluca... e tentadora!". Marina partiu pro ataque agindo em sua própria defesa.
- Não é opção, garota. É condição. Não se escolhe nascer gay. Apenas acontece, você se reconhece, se descobre. E que tipo de beijo você acha que vai provar que é ou não lésbica? Um selinho é suficiente ou quem sabe um beijo bem molhado, gostoso, de língua? Ah, outra coisa... Será que eu poderei participar do teste ou terei que ficar imobilizada como um objeto sem vida enquanto você decide sobre sua sexualidade? E pondere sobre minha participação neste beijo, pois devo lhe avisar que nunca recebi reclamações sobre eles – Marina ironizou no final dando uma risadinha maliciosa de escárnio. Callie não se alterou.
- Na realidade, a impressão que eu tenho, é que, quem parece estar com medo do beijo, é você Mari – “Bingo!”, a morena quase responde verbalmente o que lhe passou pela cabeça. Callie pressentiu o que se passava em seu íntimo. “Hora do plano ‘B’”. Respirou fundo, soltou o ar e voltou a sentar-se no sofá, se ajeitando confortavelmente, tentando parecer tranquila.
- Não, Callie. Está enganada. Entretanto, se você quer um beijo, então venha buscar! Terá que me convencer a dá-lo a você, pois não sou eu quem precisa provar algo pra ninguém ou para mim mesma – Callie ficou sem resposta, e sentiu o rosto ficar quente, ante ao desafio, agora lançado por Marina, que continuou:
– E então? Decida: Me beije logo, se for esse seu "objetivo" ou vá embora de uma vez!
Passaram-se alguns segundos antes de Callie, finalmente sair da inércia. Ela sentou do lado direito de Mari, observando o rosto dela atentamente. A irritação da morena era visível. Os olhos estavam sérios, a narina parecia um pouco dilatada e os lábios estavam pressionados numa linha fina.
Uma insegurança repentina tomou conta de Carlota – “Mari não quer ser beijada por mim, havia deixado isso bem claro com palavras. Talvez ela esteja certa...”. Marina percebeu o momento que Callie estava prestes a desistir de beijá-la. O alívio foi tanto, que passou a língua sobre os lábios ressecados pelo nervosismo.
Callie viu quando Marina passou a língua sobre os lábios, umedecendo-os, deixando-os brilhosos. Contrariando a sua decisão anterior, e sem perceber, se inclinou imediatamente em direção a eles...
Marina paralisou-se quando Callie, inesperadamente selou seus lábios com os dela. O contato era apenas um roçar, mas o coração de ambas batia com tanta força que parecia querer sair do peito. Elas permaneciam com os olhos abertos e presos uma na outra.
Callie precisava sentir mais o gosto e a textura daquela boca que parecia um veludo! Mas Marina não facilitava, permanecendo imóvel e rígida. A ruivinha então resolver agir. Do roçar, passou a distribuir beijinhos sobre os lábios para depois sugá-los suavemente, primeiro o inferior e, em seguida, o superior.
Marina ainda resistia bravamente, mas quando ela tocou e contornou-lhe a boca com sua língua... Não conseguiu evitar, fechou os olhos e gem*u de prazer.
Callie ouviu a lamentação baixa e rouca, e sentiu em seguida, a resistente linha fina dos lábios dela se desfazer, sendo substituída por uma pequena abertura quente que foi imediatamente invadida e provada. O sabor da boca e a maciez da língua de Mari fizeram com que a ruiva também gem*sse de puro deleito mergulhando na doce sensação descoberta.
O beijo que até então havia começado como um “teste” virou uma declaração de desejo explicito das duas. Callie foi puxada para cima do corpo de Mari, pois esta queria que a ruivinha aprofundasse o contato explorando a sua boca livremente.
Quando Callie tentou se afastar, parando o beijo momentaneamente pra poder respirar, Mari ergueu as duas mãos segurou e puxou o rosto feminino para juntar suas bocas novamente. Sem hesitar, invadiu-lhe a boca fazendo as línguas dançarem num entrelace envolvente delicioso.
Marina diminuiu o ritmo do beijo, passando agora a saborear os lábios que tanto desejara. Soltou a boca para explorar a linha do queixo, as orelhas, o pescoço e os ombros. Callie gemia a cada toque molhado. Uma das mãos de Marina ganhou vida própria e foi acarinhar o seio direito dela. Mesmo por cima da roupa, ela podia sentir o volume e o bico já eriçado. Afastou rapidamente o tecido, e abocanhou gulosamente, sugando-o.
A onda de calor que sentiu foi tanta, que fez Callie perceber que iam acabar fazendo amor ali, naquele sofá. E o que ela achara que não ia afetá-la, acabou por mostrar que estivera completamente errada sobre sua própria sexualidade e desejos. Estava completamente excitada! Sentiu a mão de Marina descer em direção a barra do seu vestido erguendo-o, e tendo acesso a frente da sua calcinha já totalmente molhada evidenciando o prazer que estava sentido. O toque sobre a peça despertou em Callie pânico em relação ao que estava acontecendo... Não era isso que queria... ou era?!
- Não! – Callie empurrou Marina, rompendo o contato da mão e da boca dela com seu seio. Desajeitadamente, ela se levantou do sofá, baixou a saia enquanto cobria o bico sensível e úmido. Não conseguia olhar para Marina que ficara na mesma posição, olhando-a incrédula. Deu-lhe as costas, colocando as duas mãos sobre o rosto e caindo num choro compulsivo.
Marina respirava com dificuldade enquanto Callie chorava. Quando o beijo se aprofundou, perdera o controle emocional e avançara faminta sobre a ruivinha. Agora tinha que corrigir o erro que cometera... Ela se ergueu do sofá, indo abraçar a jovem por trás. Ela tentou se afastar, mas Marina não permitiu e a ruiva acabou cedendo. Virou-a de frente, continuando abraçada carinhosamente a ela, deixando-a desabafar num choro confuso. Quando Callie pareceu se acalmar mais, conduziu-a ao sofá sentando-se ao lado dela. Segurou-lhe as mãos, enquanto falava suavemente.
- Você está bem agora? – Ela apenas balançou a cabeça concordando. Ainda evitava olhar para Marina – Quero que me desculpe, não pelo beijo, mas por ter me descontrolado. Eu te assustei, e essa, não era a minha intenção.
- Eu preciso ir embora.
- Não fuja do que está sentido, Callie. Sei que está assustada, mas admita, foi bom, e você gostou de tudo o que fizemos e sentimos.
Ela não respondeu. Apenas ergueu-se do sofá sacudindo a cabeça negativa.
- Você tinha razão. Esse beijo não prova nada – Marina suspirou impaciente. Callie revertia a seu favor o argumento que usara anteriormente – Eu vou para casa – Marina se ergueu se aproximando e ficando muito perto, mas sem tocá-la. Callie deu a impressão que iria afastar-se, mas não o fez.
Marina deixou os rostos de ambas tão próximas que elas podiam sentir a respiração acelerada uma da outra. Marina a olhava abertamente, mostrando o brilho do seu desejo.
- Você me beijou por que eu te desafiei. Depois, eu te beijei por que não consegui me controlar. Agora, Callie, eu quero te beijar. E quero ser beijada por você, mas só vou fazê-lo se você disser que o quer também – Callie sentiu seu desejo crescer a cada palavra pronunciada por Mari em sussurro. Esta esperava pacientemente a ruiva responder. Callie entreabriu os lábios e gesticulou um “sim” com a cabeça. Mas Mari queria tudo as claras – Não ouvi sua resposta, Callie. O que é que você deseja?
CONTINUA....
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
lia-andrade
Em: 08/08/2016
Adimita logo Callie que que quer...😍 amei o capítulo.
Beijos
Resposta do autor:
Rsrs será???? 😊
Sábado saberemos! Xero respeitosamente no coração bonitinha!
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