Capítulo 31 -final da primeira parte. 

 

-- Olá senhor Clark...

 

-- Daniela... Que bom que veio... Preciso da sua ajuda. 

 

-- Estou sempre a sua disposição senhor. 

 

-- Preciso que você fale com minha filha... Ela está trancada no quarto há dois dias. Não anda se alimentando bem... Será que poderia tentar falar com ela? 

 

Daniela abriu um lindo sorriso. 

 

--  Claro senhor... Gosto muito da sua filha e me dói saber que ela está sofrendo... 

 

-- Isso logo passa... Mas eu não quero que ela fique sozinha nesse momento. 

 

-- Eu entendo, senhor Clark... Bom, eu vou subir para vê-la. 

 

-- Obrigado pelos conselhos menina... Eles foram bem úteis. 

 

-- De nada... Sempre quero o bem da Rebecca - disse sorrindo. 

 

Daniela seguiu em direção ao quarto da ruiva. Para sua sorte a porta não estava trancada. As cortinas estavam fechadas e tudo estava escuro, mas Daniela conseguiu enxergar Rebecca no meio daquele breu. Andou em direção às janelas e abriu todas as cortinas, deixando que o sol invadisse o quarto da ruiva. 

 

-- Me deixem em paz! Eu só quero ficar quieta! Fecha isso! - Rebecca resmungou com a voz abafada, pois o travesseiro estava sobre o rosto. 

 

Daniela aproximou-se da ruiva, sentando em sua cama e a observando. Rebecca percebeu que não eram seus pais e retirou o travesseiro do rosto. Seus olhos de mel encararam a morena, que sorria para ela. 

 

-- Daniela... 

 

-- Oi sua linda... - disse fazendo carinho nos cabelos ruivos. 

 

-- O que você está fazendo aqui? - perguntou sussurrando. 

 

-- Seus pais estão preocupados com você... O que aconteceu Rebecca? - perguntou cínica. 

 

Rebecca encarou o teto branco e suspirou. 

 

-- Acho que você já sabe... 

 

-- Sim... Eu já tenho uma ideia do seja... Uma hora isso acabaria acontecendo. 

 

A ruiva a encarou curiosa. 

 

-- Como você pode saber disso? 

 

-- Rebecca, por favor, né... - disse irônica - Ana Luiza nunca iria levar isso adiante... Ela não presta... Eu tentei te alertar tantas vezes, mas você nunca quis me ouvir... - Daniela envenenava a ruiva contra Luiza. 

 

-- A Luiza sempre me pareceu tão sincera - falou com os olhos úmidos pelas lágrimas. 

 

-- A Ana Luiza te enganou direitinho... A culpa não foi sua, você estava apaixonada. Ela que usou você... Luiza não presta... Ela sempre saiu com várias meninas... Usou a Érika, a Bia e agora você... Ela quer apenas diversão e isso ela consegue fácil. 

 

-- Eu não acredito que a Luiza seja capaz disso. 

 

-- Rebecca não seja cega... Vocês que são apaixonadas por ela que a enxergam com toda essa perfeição... Você e a Érika... Ana Luiza consegue enrolar as duas... Esse amor que vocês sentem por ela, deixam vocês cegas... Enxergue a verdade que está diante de você, Rebecca... Você foi apenas um brinquedo para Luiza, assim como a Érika... Sei que isso dói, mas é melhor você sofrer agora... Esquece a Luiza. 

 

Rebecca chorava. 

 

-- Isso é tudo que mais desejo no momento.... Esquecê-la. 

 

Daniela abraçou a ruiva apertado. 

 

-- Eu estou do seu lado nesse momento.... 

 

-- Obrigada Daniela... Eu estava precisando desabafar com alguém mesmo... Isso está me sufocando. 

 

-- Eu sei, minha linda... Estou com você... Sempre - disse a apertando cada vez mais. 

 

Daniela ficou o dia todo ao lado da ruiva, tentando distraí-la. 

 

**************

 

-- Luiza abre essa droga de porta! - Carol berrava esmurrando a porta do quarto da irmã - Não adianta fugir pra sempre... Sei que tá acontecendo alguma coisa entre você e a ruiva... Luhhh deixa de ser teimosa... Diz pra mim o que aconteceu entre vocês duas - a baixinha ficou esperando alguma resposta - DROGA LUIZA! ABRE ISSO LOGO! - gritou estressada. 

 

-- Carol deixa a Luiza em paz - Érika falou aproximando-se da baixinha. 

 

-- Mas ela não quer me falar o que tá acontecendo Érika... Pô, eu tô preocupada com ela. 

 

-- Eu também estou preocupada, mas nesse momento não adianta ficar enchendo sua irmã... Ela quer um tempo e devemos respeitar o tempo dela. 

 

-- Não devemos respeitar nada... Ela vai falar o que tá acontecendo agora mesmo... 

 

-- Carol... - Érika a repreendeu. 

 

-- Ok... Eu deixaria ela em paz por um tempo, mas a Luh precisa me dizer muita coisa... Isso tá muito estranho. 

 

Carol caminhou em direção ao seu quarto e se trancou. Érika ficou um tempo olhando para a porta do quarto de Luiza. Estava perdida em pensamentos. 

 

"Carol precisa esquece essa história. A Luiza nunca vai ter coragem de contar qualquer coisa para ela... Poderia ter outra alternativa.... Mas isso é o mais coerente no momento"

 

************

 

Daniela conseguiu convencer Rebecca a ir ao colégio, seria como uma despedida. As duas caminhavam lado a lado. Rebecca tinha uma expressão serena e às vezes até sorria. O sorriso da ruiva morreu no mesmo instante que seus olhos se fixaram na entrada do colégio. Daniela estranhou a mudança da ruiva e olhou na direção que a mesma estava com os olhos fixos. 

 

Luiza conversava com Érika. Estava de costas e não enxergou a morena e Rebecca. Luiza havia ido pegar alguns documentos na escola e Érika a acompanhou. A loira observou as duas garotas e suspirou. 

 

-- O que foi Érika? - Luiza percebeu o desconforto da prima. 

 

A loira estava escorada no muro de braços cruzados. Encarou a prima seriamente. 

 

-- Não queria te dar essa notícia, mas como não tem jeito. A Daniela e a Rebecca estão vindo aí.

 

-- O que?! - Luiza perguntou se virando. Seus olhos verdes cruzaram com os mel dos de Rebecca, que a encarava friamente. 

 

Luiza sentiu o peso daquele olhar e desviou rapidamente. Olhou para Daniela que tinha um sorriso vitorioso nos lábios. Virou-se novamente para encarar a prima. Érika percebeu a angústia naqueles olhos verdes. Aproximou-se de Luiza tocando levemente em seu ombro. 

 

-- Calma Lu... Já estamos indo... 

 

Daniela avistou Virgínia e caminhou em sua  direção, segurando a mão da ruiva, que havia travado. 

 

-- Virgínia - a morena a chamou. 

 

-- Oi Dani... Pensei que você nem vinha mais para o colégio. 

 

-- Eu realmente não vinha, mas decidi fazer companhia a Rebecca que veio se despedir do povo... 

 

Virgínia encarou a ruiva. 

 

-- Você vai viajar quando? 

 

-- Depois de amanhã - a ruiva respondeu forçando um sorriso. 

 

Outros alunos vieram falar com Rebecca que foi simpática com todos. Luiza havia ido a diretoria e Érika a esperava no portão. Rebecca não entrou no colégio e não demorou para ter uma turminha em volta da ruiva. Marcelo chegou no momento em que todos conversavam animados e aproximou-se de Rebecca sorrindo simpático, a abraçando e beijando seu rosto. A ruiva sorriu para o amigo, seus olhos teimavam em observa a entrada do colégio. Viu quando Luiza voltava e rapidamente desviou o olhar.

 

-- Então... Amanhã é minha festa de aniversário e todos estão convidados - Marcelo disse para todo o grupinho em volta. 

 

-- Será na sua fazenda? - Virgínia perguntou animada. 

 

-- Não, aqui na cidade mesmo - respondeu o rapaz - Você vai não é, Rebecca? - perguntou na expectativa. 

 

-- Eu não sei... - disse indecisa. 

 

-- Ela vai sim Marcelo - intrometeu-se a morena - Nem que eu tenha que arrastá-la. 

 

Marcelo abriu um lindo sorriso. 

-- Sua presença é muito importante para mim. 

 

Rebecca apenas sorriu sem saber o que falar. 

 

Luiza aproximou-se da prima rapidamente. Érika observava a conversa da turminha. 

 

-- Vamos Érika, já peguei todos os documentos - disse ansiosa. 

 

-- Vamos... - a loira concordou. 

 

As duas deram alguns passos, mas escutaram Marcelo chamá-las. Ele aproximou-se delas sorridente.

 

-- Ei Érika.... Luiza... Vocês estão convidadas para minha festa amanhã. Vão lá... Faz tempo que não nos vemos né Érika. 

 

-- Pois é... Se der... A gente vai sim - disse a loira sorrindo. 

 

-- Beleza então.... Oi Luiza - falou simpático. 

 

-- Oi Marcelo... 

 

-- Agora precisamos ir... Temos algumas coisas para resolver - disse a loira. 

 

-- Entendo... Vou esperar vocês. 

 

Marcelo voltou para o meio do grupinho e as duas foram para a casa. 

 

******************

 

-- Você gosta desses tipos de filmes hein - Lia disse olhando para a televisão. 

 

-- Não gosta de filme de terror? - Carol perguntou divertida. 

 

-- Não tenho nada contra. 

 

Carol desligou a TV,  pois o filme já havia terminado. 

 

-- Quer alguma coisa? 

 

-- Não, obrigada. 

 

A baixinha estava pálida e ficou um tempo observando Julia que sorriu sem graça. 

 

-- O que tá olhando Carol? 

 

-- Você sabe o que tá acontecendo com a Luiza? 

 

Lia ficou um tempo pensativa. 

 

-- Sim eu sei... Mas é uma coisa dela, Carol.  Melhor você não se meter. 

 

-- Não vai me falar nada né? 

 

-- Não posso, isso é coisa da sua irmã - respondeu abaixando a cabeça. 

 

-- Então eu vou direto a fonte - Carol falou ficando de pé. 

 

-- Onde você vai? - Lia também levantou-se. 

 

-- Vou conversar com uma certa pessoa... 

 

-- Carol... 

 

-- Pera aí - disse passando as mãos na roupa e arrumando o lenço já na cabeça - Vamos! 

 

Carol não esperou por Julia que teve que praticamente correr para alcançá-la. A baixinha disse para a garota voltar para casa. Lia relutou, mas acabou cedendo mesmo que estivesse preocupada. 

 

***************

 

Luiza estava sentada e observava o copo de suco, que estava com o líquido intacto. Érika olhava para a prima preocupada. 

 

-- Não acredito que ela estava com a Daniela... 

 

-- A Daniela não iria perder tempo Luiza. Sei que você está mal... 

 

-- Mal não... Eu tô péssima. 

 

-- Você sabia que isso ia acontecer Luiza... É apenas o começo. 

 

-- Nossa que belo consolo hein Érika. 

 

-- Não estou aqui para te consolar... Estou te mandando a real... É difícil, mas é necessário. 

 

-- Eu sei... - falou triste. 

 

-- Não fica assim Luiza - disse pegando na mão da prima - Um dia isso vai passar... 

 

-- Se passar pra mim... Também irá passar para ela... 

 

-- E você não quer isso? 

 

-- Eu não sei... Não queria que ela me esquecesse...

 

Érika ficou um tempo em silêncio. 

 

-- Mas eu acho que isso é o melhor pra vocês duas. 

 

Luiza ficou pensativa. 

 

-- Talvez... 

 

*******************

 

Daniela conversava com Rebecca em frente à casa da ruiva. Carol enxergou as duas de longe e estranhou aquela aproximação. A baixinha aproximou-se das duas lentamente. 

 

-- Rebecca... 

 

A ruiva virou-se para encarar a baixinha. 

 

-- Carol.... - sorriu sem ânimo. 

 

-- Será que nós podemos conversar um pouco? 

 

-- Não tá vendo que ela está falando comigo garota! -  Daniela. 

 

-- Eu não lembro de ter falado com nenhuma cria do demo...

 

-- Hahaha... Mesmo doente não perde esse seu jeitinho ridículo hein Ana Carolina... 

 

-- Rebecca você escutou esse capeta falando... Essa é a verdadeira voz do demônio viu... Não esquece... - disse debochada. 

 

-- Escuta aqui sua doente nojenta...

 

-- Não fala assim com ela,  Daniela! - a ruiva falou secamente. 

 

-- Mas você viu como ela me tratou antes...

 

-- Você sabe que isso é apenas o jeito dela. 

 

Daniela encarou a baixinha que mostrou língua para ela. Bufou. 

 

-- Bom, estou indo pra casa - beijou o rosto da ruiva - Até depois... 

 

Carol esperou a morena se afastar para poder voltar a falar. 

 

-- Podemos conversar? 

 

-- Claro - Rebecca sorriu carinhosamente e passou a mão no lenço da baixinha - Você está linda. 

 

-- Olha quem fala né ruivis gata! 

 

-- Vem vamos entrar...

 

As duas seguiram para o quarto da ruiva. Carol pediu um pouco de água, pois estava cansada. Rebecca ficou preocupada com a menina que estava pálida, mas a baixinha tratou de acalmá-la. 

 

-- O que aconteceu entre você e minha irmã? 

 

Rebecca desviou o olhar e ficou em silêncio por um tempo. 

 

-- Eu não sei. 

 

-- Como não? A Luiza se trancou no quarto e só saiu hoje e eu não sei de nada, porque ela não quis me falar. 

 

-- Sua irmã disse que não me amava mais e terminou tudo comigo - disse amargurada. 

 

Carol arregalou os olhos. 

 

-- Não pode ser.... 

 

-- Eu estou esperando que ela se arrependa Carol... Achei que estivesse apenas confusa, mas até agora... Nada mudou - a ruiva estava triste. 

 

-- Vou ter uma conversa séria com a Luiza - disse a baixinha ficando de pé - Agora eu preciso ir ruivis...

 

Rebecca também levantou-se e abraçou Carol apertado. 

 

-- Gosto muito de você Carol - disse em meio ao abraço. 

 

A baixinha sorriu. 

 

-- Também gosto muito de você Rebecca - falou se afastando - Bom...  Vou indo... 

 

-- Melhoras. 

 

-- Obrigada. 

 

Carol se foi deixando uma menina triste para trás. Rebecca deitou-se em sua cama e ficou pensando em Luiza. 

 

"Não consigo deixar de pensar em você... Luiza... Como você é linda... Meu coração quase saiu pela boca apenas em te ver hoje... Você parece tão bem e eu aqui sofrendo por ti... Por que você fez isso comigo?... Tá doendo tanto... Eu só queria que isso fosse apenas um pesadelo e que eu pudesse despertar a qualquer momento ... Preciso fazer alguma coisa... Preciso! 

 

*****************

 

-- Hmmm... Onde a senhorita vai toda gata assim hein Lia? - Bia perguntou beijando o rosto da amiga e sentando no sofá. 

 

-- Vou passar o dia com Carol - falou com um sorriso bobo. 

 

-- Alguém tá gostando da pirralha - Bia debochou. 

 

-- Para né Bia... A garota só tem 14 anos... Nada a ver isso. 

 

-- Nossa e você é uma velha né... Uma velha de 16 anos... Uau.

 

-- Isso nunca vai dar certo... Entenda. 

 

-- Agora deu pra prever o futuro... Vidente. 

 

-- Cala essa boca Beatriz! 

 

-- Tudo bem... Mas eu acho que isso ainda vai dar namoro. 

 

-- Aham... Vai pro aniversário do Marcelo?

 

-- Claro que sim... Vou ganhar um extra lá... Tocar pra aquele povo metido... Tu vai? 

 

-- Acho que não... Devo ficar com a Carol...

 

-- Hmmm tudo cheia de amor hein... 

 

-- Ahh Cala essa boca... Fui! - disse abrindo a porta e saindo. 

 

***************

 

-- Carol ainda está te enchendo muito? - Érika perguntou tranquila. 

 

-- Ontem ela veio me fazer muitas perguntas... Disse que foi falar com a Rebecca... Eu fugir de todas. 

 

-- Hum..

 

-- Vai pro aniversário do Marcelo? 

 

-- Eu acho que não... Vou ficar estudando. 

 

-- Provavelmente a Rebecca vai estar lá... 

 

-- Sim... A tia já saiu? 

 

-- Já... A Lia foi junto... É bom que a Carol se distrai um pouco. Ela anda tão cheia de todo esse tratamento. 

 

-- É bom mesmo...

 

As duas escutaram baterem na porta. Érika levantou-se para abri-la.

 

-- Vick... 

 

-- Oi Érika... A Carol já foi? - perguntou ansiosa. 

 

-- Sim... Tem alguns minutos. 

 

-- Ah tá... - disse desanimada. 

 

-- Pensei que você fosse sair com seu namorado. 

 

-- Não... Ele teve que ir pra outro lugar...

 

-- Oi Vick! - Luiza falou alto cumprimentando a prima. 

 

-- Oi Lu... - Victoria entrou e abraçou a prima -  Vocês estão estudando? 

 

-- Sim... Vestibular tá próximo - Luiza disse fazendo careta. 

 

-- Verdade... A Carol foi com a tia? 

 

-- Sim e com a Lia também... 

 

-- Ah tá... - ficou pensativa - Vão pro aniversário do Marcelo?

 

-- A gente não... Você vai? 

 

-- Também não - fez uma careta - Tenho que voltar pra casa, depois eu venho aqui falar com a Carol. 

 

-- Tá bom... Dá um abraço na tia Suzana. 

 

-- Uhum, vou dá... Boa sorte aí - disse sorrindo. 

 

-- Valeu - Luiza. 

 

*****************

 

A festa de Marcelo estava animada. Havia apenas jovens ali. Bia animava a galera com sua banda. Todos bebiam e conversavam de forma animada. Rebecca observava as pessoas ao redor. Marcelo estava ao seu lado com o braço rodeando os ombros da menina de modo possessivo. A ruiva tinha aceitado algumas bebidas que haviam oferecido a ela. Suas bochechas estavam coradas e a garota estava sorrindo de tudo. Às vezes ela observava alguma menina que se parecia com Luiza e se xingava mentalmente por isso.

 

Marcelo não queria desgrudar da ruiva. Sabia que ela iria viajar no outro dia e queria aproveitar o máximo o tempo com ela. O menino estava feliz e sorridente, sua atenção era toda de Rebecca. No outro dia iria aproveitar a festa com os pais. 

 

Daniela observava os dois de longe. Ela estava acompanhada de Virgínia. 

 

-- Acho que hoje o Marcelo consegue o que sempre quis... - Virgínia comentou maliciosa - Nunca é tarde né... Afinal a esperança é a última que morre. 

 

-- Vamos ver isso... 

 

-- O que vocês duas estão cochichando aí? - Paula perguntou sorrindo. 

 

-- Nada que seja da sua conta, Paula - Daniela disse arrogante. 

 

-- Sempre amorosa hein Daniela - falou irônica. 

 

-- Aff... Não vou perder meu tempo com você. 

 

A morena afastou-se e seguiu em direção a Marcelo e Rebecca. 

 

*************

 

-- Não entendo porque vocês duas estão aqui... Se eu pudesse já estaria na festa do Marcelo comendo doces de graça - Carol comentou enquanto assistia o filme - Olha como o negócio está bom... Tô ouvindo som daqui... 

 

-- A gente está sem vontade - Luiza disse sem tirar os olhos da TV. 

 

-- Bom eu vou me arrumar - Érika falou levantando-se - Estou precisando me distrair um pouco. 

 

-- Você vai Érika? - Luiza perguntou surpresa. 

 

-- Sim... Não quer vim comigo? 

 

-- Não... Eu vou me deitar um pouco... Estou com um pouco de dor de cabeça. 

 

-- Você tá é com medo de encontrar com a Rebecca - Carol falou direta. 

 

-- Não enche Carol. 

 

-- Pensa que me engana. 

 

-- Vou pro meu quarto - Luiza disse se levantado antes que Carol começasse a enchê-la. 

 

Lia apenas observava a conversa das garotas. Érika seguiu Luiza. 

 

-- Luiza acha que me engana - Carol bufou. 

 

***************

 

-- Aff... Essa festinha tá devagar hein - Bia resmungou bebendo um pouco de refrigerante. 

 

-- Você tem razão - disse uma Thaís desanimada e olhando fixamente na direção de Karina que estava na rodinha de Daniela e Rebecca. 

 

Bia percebeu o desânimo da amiga. 

 

-- Ihh mana... Esquece esse encosto... É o melhor pra você. 

 

-- Falar é fácil né. 

 

-- Por isso eu sou vida louca... Esse negócio de amor e pros fortes e eu sou fraca mesmo... Quero distância disso. 

 

-- Ninguém manda no coração, Beatriz.

 

-- Eu mando no meu. 

 

-- Haha... Vai sonhando. 

 

-- O Marcelo está muito atirado para cima da ruiva hein e pelo visto ela já tá no brilho - Bia comentou observando os dois. 

 

-- Verdade... Vai que ele consiga algo hoje né... Afinal a Rebecca está carente e ele é gatinho.

 

-- Hmmm... - Beatriz ficou pensativa -  Já sei como resolver isso - disse pegando o celular -  Vamos colocar essa festa pra esquentar. 

 

*****************

 

Luiza olhava fixamente para o violino que estava sobre a cama. Desde que havia terminado com Rebecca não tinha mais tocado nele. Seus olhos estavam úmidos e as vezes passava as mãos pelo rosto secando as lágrimas. Estava sendo muito difícil para ela, mas a garota sabia que tinha que ser forte. Luiza escutou o celular tocando e se levantou para atender. 

 

-- Oi Bia - disse sem ânimo. 

 

-- Olá amor da minha vida - falou animada. 

 

Luiza escutava o barulho altíssimo da festa. 

 

-- Você não tinha que está tocando Bia? 

 

-- Sim... Mas eu liguei porque preciso da sua ajuda. 

 

-- Hmm - Luiza ficou desconfiada - O que aconteceu? 

 

-- A Thaís tá morrendo de dor de cotovelo e acabou bebendo demais - Thaís que estava ao lado de Bia deu um soco em seu braço - Aiiii porr*! - berrou. 

 

-- O que houve Beatriz? - Luiza perguntou preocupada. 

 

-- Nada... Eu apenas tropecei... Então, a Thaís tá muito louca e não tem ninguém aqui pra ficar com ela e eu preciso voltar a tocar... Tem como vc vim aqui pegá-la e levá-la para casa?

 

Luiza mordeu os lábios nervosa. 

 

-- Tem certeza que não tem ninguém que possa fazer isso? 

 

-- Claro que não né... Vem logo! Estou esperando, beijos! - disse desligando. 

 

-- Mas Bia... Aff, desligou na minha cara... - Luiza respirou fundo - Era o que me faltava mesmo. 

 

Luiza correu em direção a quarto de Érika. Por sorte a prima ainda estava por lá. Luiza disse para ela esperá-la. Érika ficou surpresa, mas concordou. Luiza se trocou rapidamente e as duas seguiram para a festa de Marcelo. 

 

*****************

 

-- Como você inventa uma mentira dessas... E ainda coloca meu nome no meio... Tu é louca viu. Putz! 

 

-- Relaxa que hoje o negócio vai ser bom - Bia disse sorrindo. 

 

-- Eu mereço - Thaís revirou os olhos. 

 

-- Bom vou voltar a tocar, mas antes... - Bia caminhou em direção a turminha de riquinhos - Ei Rebecca... 

 

A Ruiva encarou Bia que sorria para ela. Rebecca estava corada por causa da bebida e sorriu para a garota. 

 

-- Olá Bia.

 

Beatriz percebeu que a menina estava com a voz pastosa por causa da bebida. 

 

-- Oi ruiva... Sei que você vai viajar amanhã... Bom só vim te desejar uma boa viagem.

 

-- Ah, obrigada. 

 

-- Nada... Boa sorte ruiva - disse se afastando.

 

Rebecca voltou a conversar com as pessoas. Estava animada. A bebida já fazia efeito na jovem ruivinha. Estava rindo de algo que Virgínia tinha dito quando seus olhos pousaram na figura que havia acabado de entrar na festa. Rebecca sentiu o coração acelerar e uma raiva enorme tomar conta de  si. Daniela percebeu que a ruiva estava séria e seus olhos seguiram na mesma direção que o dela. Luiza estava ali. A menina seguiu diretamente na direção do palco onde Bia estava. As duas conversaram alguma coisa. Rebecca percebeu que elas estavam discutindo. Luiza afastou-se e a ruiva conseguiu escutar o que Bia gritou. 

 

-- Lulu você precisa relaxar. 

 

Luiza a ignorou e se sentou na mesa com Thaís. 

 

-- Desculpa Luiza, mas eu não sabia que a Bia ia fazer isso... 

 

-- Tudo bem - Luiza evitava olhar em volta. 

 

-- Como você está? - Thaís perguntou carinhosa. 

 

-- Péssima e você? 

 

-- Também - disse sorrindo. 

 

Luiza também sorriu. 

 

-- Amor é tão complicado. 

 

Assim que Beatriz acabou de tocar Érika a agarrou pela manga da camisa a arrastando para um local isolado. 

 

-- Você tem um parafuso a menos garota?! - disse irritada. 

 

-- Ihh... O que eu te fiz loira?

 

-- Comigo nada, mas com sua amiga sim! Parece que não pensa! 

 

-- Só queria que a Luiza saísse um pouco.

 

-- E tinha que ser justamente no lugar onde a Rebecca está?! 

 

-- Oras, o que tiver de acontecer vai acontecer... Nada vai impedir - disse tranquilamente. 

 

-- Realmente você é retardada Beatriz. 

 

-- Obrigada... Isso pra mim é um elogio. 

 

-- Aff! 

 

Érika afastou-se da menina e caminhou na direção de algumas conhecidas que estavam por ali. Bia seguiu na direção das amigas. 

 

Luiza ainda não havia visto a ruiva e evitava olhar em volta. As três conversavam coisas amenas e sorriam uma da outra. Bia decidiu ingerir álcool já que não iria mais tocar. Thaís acompanhou a amiga bebendo tequila. Luiza preferiu água mesmo, a garota não suportava bebidas.

 

Rebecca não tirava os olhos de cima de Luiza e não fazia questão alguma de disfarçar. Já havia virado dois copos de uísque e Marcelo preocupou-se com a garota.

 

-- Acho que por hoje já está bom, Rebecca - disse tentando contê-la. 

 

-- Eu sei o meu limite! - falou arrogante e levemente embriagada.

 

Rebecca decidiu não beber mais. Se controlou o restante da noite. Daniela apenas observava a ruiva e percebia o quando a jovem estava triste. Marcelo convidou a menina para dançar. Era uma música romântica. Rebecca tentou negar, mas todos começaram a fazer um coro para ela aceitar e a menina acabou cedendo. 

 

Luiza tinha uma visão privilegiada da pista de dança. Foi a primeira vez que viu Rebecca na festa. A ruiva apesar de ser tímida levava jeito para dança. Marcelo sabia conduzir perfeitamente. Luiza não conseguiu desviar o olhar de cima da ruiva que também a encarava. Rebecca a fitava com raiva e mágoa. Queria que Luiza sentisse a dor que ela estava sentindo naquele momento, queria de alguma maneira atingir aquela menina de olhos verdes doces e mentirosos. Foi encarando a garota que Rebecca aproximou-se ainda mais de Marcelo que percebeu o que a garota queria e parou de dançar. O garoto a encarava. Rebecca olhou por mais alguns segundos para Luiza e depois desviou o olhar, encarando Marcelo e sorrindo. O jovem convenceu-se que aquilo era uma permissão e a beijou delicadamente. 

 

Virgínia arregalou os olhos surpresa, assim como vários outros ali. Daniela trincou os dentes e apertou fortemente as mãos, estava com raiva. Érika fez sinal negativo com a cabeça e caminhou em direção a prima. Thaís fez uma careta e Bia parou o copo bem perto da boca, estava perplexa. 

 

Luiza permaneceu observando toda a cena. Sentia tudo doendo dentro de si... Mas não conseguiu deixar de olhar para a ruiva. Tentava segurar as lágrimas. Érika aproximou-se da prima, sentando ao seu lado e fuzilando Beatriz. 

 

Rebecca afastou-se de Marcelo que sorria bobamente. A menina não havia sentido nada com o beijo, apenas um desconforto. Sorriu sem ânimo para o garoto, tentava disfarçar a frustração. Encarou Luiza que finalmente conseguiu desviar o olhar. Marcelo estava muito feliz. Os dois voltaram a se sentar na mesa e o rapaz grudou ainda mais na ruiva, que estava sem graça com tudo aquilo. Ninguém comentou nada sobre os dois. 

 

Luiza tentou ir embora, finalmente havia conseguido se mexer. As lágrimas insistiam em sair sem controle. Érika segurou a prima delicadamente, colocando os braços sobre os ombros da menina. 

 

-- Luiza você precisa ser forte... Se sair agora a Rebecca vai suspeitar. 

 

-- Mas eu não consigo ficar aqui Érika - disse com a voz embargada. 

 

-- Mas é necessário e você sabe disso. 

 

-- Desculpa Luiza... Eu não imaginei que isso pudesse acontecer - Bia falou sincera. 

 

-- Cala essa boca Beatriz! Eu deveria te dar uns tapas por causa disso - Érika disse grossa. 

 

Bia abaixou a cabeça e ficou em silêncio. Sabia que naquele momento estava completamente errada e se sentia culpada por ver todo o sofrimento de sua amiga. 

 

*********************

 

-- Não sabia que você tocava guitarra - Lia falou observando o objeto. 

 

-- Eu não toco... Tentei, mas o professor disse que eu não levo o menor jeito... Mas eu deixo ela aí como enfeite... Acho muito maneiro quem toca esse tipo de instrumento. 

 

-- A Bia sabe... 

 

-- Por isso eu acho a Bia muito legal - disse sorrindo. 

 

Julia reparou no sorriso da menina. 

 

-- Sei sorriso é lindo - disse completamente encantada. 

 

Carol sorriu ainda mais. 

 

-- Você acha? 

 

-- Sim... É muito lindo.

 

Carol aproximou-se ainda mais da menina e segurou a mão direita dela entre as suas. 

 

-- Eu acho o seu muito lindo também - disse olhando docemente para a garota. 

 

Julia ficou sem graça. 

 

-- Obrigada... 

 

-- Posso te fazer uma pergunta Julia? - disse sem deixar de encará-la. 

 

-- Pode - falou hipnotizada com o olhar da baixinha. 

 

-- O que você sente por mim? 

 

-- Eu não sei... - disse sincera. 

 

-- Você sabe que não posso ter qualquer tipo de relacionamento no estado em que estou nesse momento. 

 

-- Eu não ligo pra sua doença... É que eu te acho muito nova pra mim. 

 

-- Ah... Por favor, né Julia... São apenas dois anos de diferenças. 

 

-- Quase três. 

 

-- Que seja isso não tem nada a ver... 

 

-- Você é quase um bebê Carol.

 

-- Tua cara! Eu não sou um bebê! Vou te provar isso - disse segurando Lia pela camisa e a beijando. 

 

Julia ficou surpresa, mas correspondeu ao beijo docemente. Gosto de remédio, mas era bom. Se beijaram por vários minutos. 

 

-- Eu estava querendo isso há um tempo - disse a baixinha afastando-se. 

 

-- Eu também... Muito... Mas... 

 

-- Shiii - Carol pôs o dedo sobre os lábios de Lia - Vamos aproveitar esse momento Julia... Sem neura... Apenas nós duas. 

 

-- É tudo o que eu quero, mas... 

 

-- Sem mas - disse voltando a beijá-la. 

 

Rosana escutou alguém batendo na porta e foi abri-la. 

 

-- Oi tia. 

 

-- Olá Victoria - disse abraçando a menina - Tudo bem com você? 

 

-- Sim tia... Eu vim ver a Carol... Trouxe uns filmes pra gente assistir - disse mostrando uma sacola com vários DVDs.

 

-- Ela está no quarto... Pode subir meu amor. 

 

-- Tá certo - falou beijando o rosto da tia e seguindo em direção a escada. 

 

Vick correu para quarto da prima e fez o que sempre fazia. Abriu a porta sorrindo e gritando. 

 

-- CAROL!! Tu não... - o restante da frase ficou presa na garganta da garota. 

 

Lia espantou-se com o grito de Victoria e afastou-se rapidamente da baixinha, mas não foi rápido o suficiente para que a menina não visse a cena. Carol estava vermelha e encarou Vick, que estava em choque. Julia ficou sem graça. Victoria havia deixado a sacola que segurava cair no chão. 

 

-- Vick... - Carol quebrou o silêncio, aproximando-se da prima - O que você faz aqui?

 

-- Eu... Eu... - gaguejava - Eu vim ver como você estava - conseguiu falar. 

 

-- Pensei que você estivesse com o seu namoradinho - disse fazendo uma careta. 

 

-- Não... Enfim, eu não queria atrapalhar... - encarou Lia que não conseguia olhar para a menina. 

 

-- Você nunca atrapalha Vivi... - Carol tentou aproximar-se da prima, mas Vick deu alguns passos se afastando - O que é isso? - perguntou olhando a sacola no chão e se agachando para pegá-la. 

 

-- Eu aluguei alguns filmes pra gente ver... 

 

-- Nossa, que legal Vick! - disse animada. 

 

-- Mas eu acho melhor deixar pra próxima... Não quero atrapalhar vocês duas. 

 

Carol percebeu que a prima estava falando de forma diferente, mas não conseguiu entender o porquê. Pensou que ela estivesse assustada com o que havia presenciado. 

 

-- Vick... Eu e a Lia... A gente tava... - tentou explicar. 

 

-- Não precisa falar nada Carol... Acho melhor eu ir... 

 

-- Mas você disse que veio ficar comigo... 

 

-- Você já está em boa companhia - disse irônica  

 

-- Mas se você quiser pode ficar. 

 

-- Não... - Vick aproximou-se da prima e ajeitou o lenço sobre a cabeça da menina. Fez um leve carinho no rosto da baixinha e a beijou docemente no rosto - Fica bem... - disse se afastando e saindo do quarto da prima. Desceu rapidamente a escada e deu um susto em Rosana quando passou igual um furacão. Despediu-se da tia sem demora e seguiu para rua. 

 

Carol ficou um pouco desanimada, queria que Victoria ficasse com ela. Lia estava sem graça, mas a baixinha conseguiu fazê-la relaxar. Colocaram os filmes que Vick havia locado e assistiram o restante da noite. Carol percebeu que era muito mais divertido assistir filme com a prima, pois as duas sempre zoavam geral. Julia era mais séria, talvez ela ainda estivesse nervosa. Não falaram nada sobre o beijo e nem tentaram qualquer outra coisa, nessa noite. 

 

******************

 

Bia, Thaís e Érika tentavam distrair Luiza, que não chorava, mas estava visivelmente abalada. Érika estava fuzilando Beatriz, que às vezes sorria para ela. Thaís não conseguia parar de olhar para Karina, que também a encarava. 

 

Na outra mesa... Marcelo sussurrava coisas no ouvido de Rebecca, que sorria sem animação. Daniela conversava alguma coisa com Adrian, a morena enxergou Fernando de longe que fez sinal para ela seguí-lo e foi isso que a garota fez. A conversa estava animada na mesa. 

 

-- Não consigo acreditar que a gostosa da Érika possa ser sapatão... Isso é um desperdício - Adrian falou irônico.

 

-- Isso é um grande pecado isso sim - Virgínia disse preconceituosa. 

 

Rebecca a encarou com deboche e a menina desviou o olhar. 

 

-- As pessoas têm o direito de amar quem quiserem - Marcelo falou tranquilo. 

 

-- Vai me dizer que não é um desperdício Marcelo? -  Arthur... Um dos amigos de garoto perguntou. 

 

-- Ela é muito bonita, mas se ela gosta de meninas nós temos que respeitar. 

 

-- Grande merd*! - Eduardo disse revoltado. 

 

-- Eduardo tá assim porque levou um pé na bunda - Arthur falou zombando. 

 

-- Cala essa boca seu filho da puta! 

 

-- Ei gente vamos manter a calma - Adrian tentou acalmar os ânimos - Só sei que a única pessoa aqui que está feliz com essa história da Érika gostar de menina é a Paula... Né Paulinha? 

 

Paula encarou o garoto. 

 

-- Pra mim é indiferente... Quem eu quero é a prima dela - disse maliciosa. 

 

-- Luiza é um tesão mesmo... Ahh se um dia eu pego essa morena - Adrian. 

 

-- Hoje eu vou com tudo pra cima dela -  Paula falou observando a menina.

 

Virgínia encarou Rebecca, que estava vermelha e apertava o braço da cadeira fortemente. A ruiva fuzilava Paula e respirava profundamente. Estava claro que Rebecca estava se corroendo de ciúme. 

 

****************

 

-- O que você quer? - Daniela perguntou sussurrando. 

 

-- Nada... Apenas te dar uns beijos! 

 

Fernando não esperou e agarrou a morena a beijando profundamente. Os dois ficaram vários minutos se agarrando sem parar. Quando o negócio estava começando a esquentar, a morena parou. 

 

-- Não Fernando... Aqui não - disse afastando a cabeça do menino de seus seios. 

 

-- Ahh... Por quê não? Sente como eu tô - disse levando a mão da menina ao seu amiguinho - Sente como tá duro.

 

-- Hmmm... Que delícia... Mas aqui não dá - disse afastando a mão. 

 

-- Aff... Que saco hein! 

 

-- Preciso voltar pra festa...

 

-- Ainda não acredito que você conseguiu separar a Luiza da Rebeca - comentou arrumando a roupa e o cabelo.

 

-- Ahh nunca duvide da minha capacidade - sorriu vitoriosa. 

 

-- É... Mas não adiantou muita coisa... Agora a ruiva está com o Marcelo. 

 

Daniela fechou a cara. 

 

-- Nem me lembre disso! - bufou - Sei que ela fez isso apenas porque está bêbada e queria provocar a Luiza. 

 

-- Essa Rebecca é espertinha hein - disse rindo. 

 

-- Ela é mesmo.

 

-- Acho que esse negócio de separá-las nem vai adiantar muito. A ruiva já vai embora amanhã. Ela ficará longe demais de você. 

 

-- Eu já pensei sobre isso também. Não estou nem esquentando. 

 

-- O que tu tá armando nessa cabeça hein? 

 

-- No momento certo você saberá - deu um selinho no rapaz - Vou indo - disse se afastando. 

 

******************

 

-- Eu preciso de algo doce... - Luiza falou se levantando. 

 

-- Se quiser eu pego pra você - Érika também ficou de pé. 

 

-- Não precisa - sorriu para a prima - Eu estou precisando andar um pouquinho. 

 

Luiza caminhou lentamente em direção a mesa que estava repleta de doces. Sorriu quando viu aquela muitas guloseimas e lembrou-se da irmã. Pegou um docinho e comeu se deliciando. Sabia exatamente onde Rebecca estava junto com Marcelo. Conseguia sentir vários olhares sobre si, mas ignorava todos. A menina bebia um refrigerante quando sentiu alguém se aproximar. 

 

-- Gostando da festa? - Paula perguntou suavemente. 

 

Luiza encarou a garota e sorriu levemente. 

 

-- Não muito... Não curto muito essas coisas... 

 

-- E porque você veio então? - disse pegando um docinho e comendo. 

 

-- Vim acompanhar minha prima. 

 

-- Ah sim... A Érika - olhou na direção da loirinha que parecia bater boca com Beatriz - Muito linda ela... Não imaginava que ela curtia também. 

 

-- Pois é... Pra algumas não é tão fácil né. 

 

-- Realmente... Imagino que a família dela não deve ser fácil... Fiquei sabendo que ela foi expulsa de casa. 

 

-- É... 

 

-- Desculpa, eu não queria que vc me achasse uma fofoqueira... Estou longe disso... É que... É que o povo comenta sabe... Ai eu fiquei sabendo e... - se atrapalhava na hora de explicar. 

 

-- Tudo bem, eu já entendi... Sei que o povo comenta mesmo... Eles amam comentar sobre mim... Mas eu nunca liguei pra opinião deles. 

 

-- E nem eu - disse sorrindo - Sabe Luiza... Eu sempre te achei interessante... 

 

Luiza ficou desconfiada. Paula aproximou-se ainda mais da garota. Colocando os cabelos de Luiza atrás da orelha. 

 

-- Eu te acho muito linda - sussurrou bem perto da orelha e beijou o rosto de Luiza - A gente podia sair qualquer dia... O que acha? Apenas pra conversar... - segurou a mão da garota. 

 

Luiza ficou assustada e visualmente tensa. Estava paralisada sem saber o que falar. Nunca nenhuma menina havia sido tão direta quanto Paula. Arregalou os olhos quando viu que Rebecca se aproximava das duas. 

 

A ruiva não havia tirado os olhos de cima de Luiza durante toda a festa. Viu quando ela se levantou para comer alguma coisa e a seguiu com olhar. Percebeu quando Paula aproximou-se da menina e sentiu a face esquentar de raiva. Sabia que não tinha o direito de sentir ciúme, mas esse sentimento era incontrolável. Trincou os dentes de raiva. Quando Paula aproximou-se ainda mais de Luiza e sussurrou algo no ouvido da garota, a ruiva não aguentou. Virou um copo cheio de uísque, assustando Marcelo e levantou-se cambaleando e andou na direção das duas, estava cega de ciúme e não se importou com o que os outros iriam pensar. 

 

-- Vem comigo agora! - disse grossa, segurando o braço de Luiza. A voz estava grogue. 

 

-- Rebecca você está bêbada? - Luiza perguntou surpresa. 

 

-- Cala essa boca e vem comigo - disse rebocando a menina que não tentou resistir. 

 

Paula ficou com cara de tacho. Rebecca segurava fortemente o braço de Luiza, que estava preocupada com a garota. As duas entraram na casa de Marcelo e seguiram em direção a um quarto. Rebecca tropeçou algumas vezes e foi segurada firmemente por Luiza. Entraram no quarto e Luiza fechou a porta. Rebecca se sentou na cama de cabeça baixa. Luiza aproximou-se dela preocupada. 

 

-- Está sentindo alguma coisa? 

 

Rebecca ficou de pé para encará-la. 

 

-- Você ia ficar com aquela garota? 

 

-- Rebecca, por favor... Não estamos aqui pra falar disso. Estou preocupada com você. 

 

A ruiva riu ironicamente. 

 

-- Não seja ridícula Ana Luiza! O que eu fiz pra você hein? 

 

-- Nada Rebecca... Você não fez nada... Vou pegar uma água pra você. 

 

-- Eu não quero droga nenhuma de água! Você não entende né... - disse agarrando Luiza pela blusa - Você me machuca com tudo isso... Eu sou louca por você sua idiota! Não suporto saber que você pode ficar com qualquer outra garota por aí! Isso me enlouquece! - disse afastando-se e passando as mãos no cabelo. 

 

-- Ser louca por mim não te impediu de beijar o Marcelo - Luiza tentou segurar, mas não conseguiu. 

 

Rebecca a encarou.

 

-- Isso jamais teria acontecido se você não tivesse me deixado! - falava alto. 

 

-- Melhor a gente parar com essas acusações sem sentido. 

 

A ruiva voltou a aproxima-se da menina a abraçando a apertado e beijando seu rosto. 

 

-- Vai negar que você não sente nada quando eu toco em você? - disse beijando o  pescoço de Luiza e deixando uma marca considerável - Eu te amo, meu amor... Te amo. 

 

Luiza não conseguiu mais resistir a ruiva e a beijou com todo o amor que sentia. Era uma beijo carinhoso. Rebecca se entregou por completo, sentia o coração acelerado por está novamente nos braços da garota que amava. Aos poucos o beijo foi ficando mais profundo e quente. Luiza foi caminhando com a menina em direção a cama sem desgrudar o beijo. Rebecca deitou-se na cama e Luiza ficou por cima. As duas estavam sem controle algum. As mãos se perdiam no corpo da outra. Luiza beijava e ch*pava os seios da ruiva por cima do vestido. Rebecca gemia sem controle algum. A morena foi abaixando cada vez mais e levantando o vestido da ruiva que se contorcia de prazer. Luiza sabia que devia parar, mas não conseguia. Essa talvez fosse a última vez que sentiria o amor de sua vida. Beijou toda a barriga branquinha da ruiva e tirou lentamente sua calcinha. Rebecca estava de olhos fechados e respirava com dificuldade. Luiza não esperou muito para ch*par todinha o seu amor. A ruiva gem*u alto e rebolou na boca de Luiza, que a ch*pava forte e sem controle, enfiando a língua o quanto podia na entrada da garota. 

 

Não demorou para Rebecca goz*r e Luiza beber tudinho. A garota deitou ao lado da ruiva e as duas tentavam controlar a respiração. Rebecca passou todo o tempo de olhos fechados. Nenhuma queria falar qualquer coisa. Ficaram em silêncio por longos minutos. 

 

-- Acho que agora você está satisfeita - disse a ruiva se levantado, vestindo a calcinha e arrumando o vestido. 

 

Luiza a encarou confusa. 

 

-- Como? 

 

-- Você conseguiu exatamente a única coisa que quis comigo Ana Luiza... Sexo - disse friamente arrumando o cabelo sem encarar a menina. 

 

-- Isso não é verdade... Eu não quis apenas isso de você... 

 

-- Chega dessa enrolação! - Rebecca já estava bem mais sóbria e encarou Luiza - Essa foi a última vez que você tocou em mim. Nunca mais na sua irrelevante vida você irá tocar em mim novamente. Nunca! - disse arrogante - De pessoas do seu nível eu só quero uma coisa... DISTÂNCIA! - disse abrindo a porta e saindo. 

 

Rebecca encontrou com Daniela que sorriu ao vê-la. 

 

-- Rebecca espera... Não precisa falar assim... - Luiza calou-se quando viu Daniela. 

 

-- Sabe Luiza... Você tem razão... Eu tenho que aproveitar minha vida né... E vai ser agora - Rebecca agarrou Daniela a beijando profundamente. 

 

A morena não se fez de rogada e correspondeu com o mesmo entusiasmo. Rebecca se afastou e olhou para aqueles olhos verdes. 

 

-- Eu vou te esquecer! - disse deixando Luiza sozinha com Daniela. 

 

-- E eu farei questão de estar ao lado dela nesse momento - Daniela disse triunfante - Aliás, que beijo gostoso ela tem. 

 

Daniela riu e se afastou de Luiza, que não aguentou e voltou a chorar. 

 

Rebecca voltou para a mesa e sorriu como se nada tivesse acontecido. As pessoas fingiram que não viram nada e voltaram a conversar normalmente. Daniela voltou com um sorriso enorme. Rebecca não tirava os olhos de dentro da casa. Viu quando Bia entrou, sendo seguida por Érika. 

 

Bia e Érika encontraram Luiza encolhida sobre a cama, chorando compulsivamente. 

 

-- Luiza! O que houve? - Bia perguntou sentando ao lado da amiga. 

 

-- O que houve?!  Você é tampada Beatriz!  - Érika disse irritada. 

 

-- Oxe, olha a grosseria loira. 

 

-- Para de me chamar de loira, garota! - Érika aproximou-se da prima - Vamos Luiza, segura esse choro. Vamos embora - Também sentou ao lado da prima. 

 

-- Tá doendo... - sussurrou sem forças. 

 

-- Nós sabemos... Você não está sozinha Lulu... - Bia disse fazendo carinho nos cabelos de Luiza. 

 

As duas ficaram em silêncio e esperaram que Luiza ficasse mais calma, isso demorou quase duas horas, mas, enfim, a menina conseguiu ficar mais calma. 

 

-- Vamos pra casa meninas - Luiza falou ficando de pé. 

 

Rebecca que não havia tirada os olhos um só instante viu quando as meninas saíram e   ficou aliviada em ver Luiza. Bia caminhou na direção de Thaís e as quatro foram embora juntas da festa. 

 

Rebecca esperou apenas uns dez minutos e depois decidiu ir também. A verdade é que a ruiva estava apenas esperando Luiza sair da festa para poder fazer o mesmo. Queria ter certeza que nenhuma menina iria se engraçar para a garota. Daniela tentou ir junto, mas a ruiva queria ficar sozinha. 

 

A ruiva tentou dormir durante várias horas, mas seus pensamentos eram todos de Luiza. Lembrava do que haviam feito mais cedo e sentia um calor tomar conta do seu corpo. Estava frustrada, pois, apesar de ter beijado Marcelo e Daniela... Nenhum tinha causado absolutamente nada na garota. Mas era só tocar em Luiza que sentia uma descarga elétrica por todo o corpo... Sabia que ainda a amava loucamente ... Que sentia uma raiva enorme só de pensar que a garota podia ficar com qualquer vadia por aí... Era um ciúme que a sufocava e sentia vontade de gritar... Mas de uma coisa tinha certeza naquele momento... Faria o impossível para esquecer aquela menina de olhos verdes... Tudo que queria, sempre conseguia... E isso a enchia de esperança. 

 

Luiza também não conseguiu dormir... Sentia uma dor horrível dentro do peito... Seu coração estava em pedaços. Sentia-se vazia... Lembrava das palavras duras da ruiva e sentia várias fisgadas pelo corpo. Sabia que a ruiva só havia feito e falado tudo aquilo porque estava magoada... Mas isso não deixava de doer menos. Antes de deitar contou alguns detalhes para Érika, que escutou tudo em silêncio... Estava amanhecendo quando finalmente conseguiu adormecer. 

 

******************

 

Rebecca tinha acabado de acordar e olhava para a mala que estava perto da porta. Seus pensamentos estavam longe. Escutou quando alguém bateu na porta de seu quarto e ordenou que entrasse. 

 

-- Bom dia senhorita - disse a empregada sorrindo timidamente. 

 

-- Bom... - falou indiferente. 

 

-- Tem uma menina lá embaixo querendo falar com a senhorita... 

 

Os olhos de Rebecca ganharam um brilho diferente... Um brilho de esperança. 

 

-- Quem? 

 

-- É uma loirinha... Disse que se chama Érika. 

 

-- Ah sim... - falou desanimada. 

 

-- Posso deixá-la entrar? 

 

-- Claro... Diga para subir até meu quarto. 

 

-- Pois não senhorita... Com licença - disse se retirando.

 

 

"O que a Érika quer comigo?... Na certa veio defender a prima"

 

Rebecca levantou-se e caminhou em direção a janela. Ficou olhando para o jardim. A porta do quarto da ruiva estava aberta e Érika entrou, bateu levemente na porta anunciando sua entrada. A ruiva a encarou. 

 

-- Oi Érika... Fique a vontade - disse apontando a poltrona. 

 

-- Oi Rebecca... Obrigada - falou se sentando. 

 

A ruiva também sentou e ficou esperando que a loira falasse alguma coisa. Érika observou a menina por algum tempo. 

 

-- Sei que você vai viajar hoje e antes de tudo vim te desejar uma boa viagem - disse sincera. 

 

-- Obrigada Érika. 

 

-- Agora eu estou aqui para te falar algo delicado. 

 

-- Fale - disse a encarando seriamente. 

 

-- Estou fazendo isso para abrir teus olhos Rebecca...

 

-- Deixa de enrolação que você não é disso Érika. 

 

-- É... Você está certa. Eu realmente não sou assim. 

 

-- Então fale.

 

Erika respirou fundo e falou tudo o que ela é Daniela fizeram no passado. Rebecca escutava atentamente cada palavra. Érika acabou de falar respirando fundo. 

 

-- Então você convenceu a Daniela a namorar comigo, porque sabia que eu sentia uma atração por ela? - disse se levantado e caminhando de um lado ao outro. 

 

-- Exatamente.

 

-- E porquê só veio me falar isso agora? Depois de tanto de tempo. 

 

-- Porque eu não havia sentido necessidade como nesse momento. 

 

-- Por que eu acreditaria em você, Érika? 

 

-- Porque essa é a verdade. 

 

-- Você pode está inventando isso para aliviar a barra da sua priminha e queimar o filme da Daniela. 

 

-- Eu não perderia meu tempo fazendo isso... É idiotice - revirou os olhos. 

 

Rebecca parou de andar e encarou a loira. 

 

-- Eu acredito em você... Mas isso não muda muita coisa. 

 

-- Claro que muda Rebecca... Você precisa abrir os olhos em relação a Daniela - disse também ficando de pé.. 

 

-- Dela eu não quero nada. 

 

-- Que bom pra você então, mas a Daniela é insistente. 

 

-- Eu sei o que fazer... Não sou uma criancinha Érika! - falou arrogante. 

 

-- Ok... Quero te falar outra coisa também... Isso é um conselho Rebecca. 

 

-- Diga. 

 

-- Eu já tive o coração partido também e pela mesma pessoa... Acredite... Eu sei exatamente o que você está sentindo... Vou te dá um conselho que faltou pra mim no passado... Toda essa dor que eu sei que você está sentindo agora... Ela passa... Não importa o tão grande ela seja... Não faça nenhuma besteira nesse tempo Rebecca... Mas prove... Prove para todos do que você realmente é capaz, mas faça isso usando isso aqui - apontou a cabeça - Prove para Luiza, para o seu pai e para todos que um dia duvidaram da sua capacidade... Mas prove isso acima de tudo para você mesma... Faça isso por você e sinta o quanto isso é um sentimento libertador... Não guarde mágoas... Faça dela uma ponte para um conhecimento ainda maior... Mas não se feche de forma alguma para as novas oportunidades que irão sugir na sua vida... E o mais importante de tudo... Seja feliz - disse sorrindo. 

 

Rebecca aproximou-se da loira a abraçando apertado. 

 

-- Obrigada por essas palavras Érika... 

 

-- Disponha... Apesar de tudo, foi um enorme prazer te conhecer Rebecca. 

 

-- Digo o mesmo. 

 

As duas se afastaram sorrindo. 

 

-- Bom, vou indo... Acho que já fiz minha parte - disse a loira caminhando - Eu acredito que você um dia ainda se tornará uma grande mulher. 

 

-- Olha quem fala né... Boa sorte, Érika. 

 

-- Pra você também. 

 

Érika se foi deixando uma ruiva pensativa. 

 

******************

 

Luiza acordou com uma cara nada boa. Arrumou-se e saiu sem rumo, nem percebeu que Lia ainda estava por ali. 

 

-- Hoje a ruivis vai embora... Aposto que ela tá mal por causa disso - comentou a baixinha.

 

-- Pode ser... 

 

-- Estou tentando ligar para a Vick desde a hora que acordei, mas só dá caixa postal! Aff! - Carol falou brava. 

 

-- Ela deve está ocupada. 

 

Carol olhou as horas. 

 

-- Você me acompanha? 

 

-- Claro que sim. 

 

Rebecca observava o motorista colocar as malas no carro. Mais cedo já havia se despedido de Marcelo e Daniela. Estava distraída olhando para o nada, quando escutou alguém lhe chamando. 

 

-- Ei ruivis surda... - Carol disse aproximando-se. 

 

Rebecca correu para abraça-la apertado. Se tinha alguém que a ruiva iria sentir falta seria da baixinha. Seus olhos de mel se encheram de lágrimas. 

 

-- Carol... - sussurrou. 

 

-- Não poderia deixar você ir sem antes a gente ter uma prosa. 

 

-- Verdade.... Oi Lia - Rebecca disse sorrindo e a abraçando também.

 

-- Oi Rebecca... 

 

A ruiva se afastou e encarou as duas. 

 

-- Como você está se sentindo Carol? 

 

-- Triste... Você está indo embora. 

 

-- Uma hora isso ia ter que acontecer né... 

 

-- Senhorita tudo pronto - disse o motorista. 

 

-- Ok... Já estou indo.

 

-- Rebecca sei que você já precisa ir - a baixinha segurou as mãos da ruiva - Eu só vim aqui te desejar tudo de bom na sua vida... Desejar que sua vida seja maravilhosa e cheia de amor... Seja feliz -  a abraçou novamente. 

 

Rebecca estava emocionada. 

 

-- Obrigada Carol... Eu desejo o mesmo para você... Espero que consiga vencer essa doença... Que você tenha uma saúde perfeita... Desejo muito amor também... Você é maravilhosa - disse com a voz embargada. 

 

As duas ficaram um tempo abraçadas e se afastaram lentamente. Carol passou a mão no rosto da ruiva enxugando as lágrimas. 

 

-- A gente se esbarra por aí qualquer dia... - Carol falou sorrindo -  Ahhh... - falou enfiando a mão no bolso da calça e tirando um pequeno papel - Eu escrevi pra você - entregou para a ruiva - ler depois. 

 

Rebecca pegou o papel e sorriu.

 

-- Agora eu preciso ir... - disse se afastando e olhando para as meninas -  Tchau Carol, tchau Lia... 

 

-- Rebecca espera! 

 

Victoria correu em direção a ruiva e a abraçou apertado. Estava vermelha e ofegante. Beijou o rosto da ruiva antes de se afastar. 

 

-- Putz, pensei que não fosse dar tempo - falou. com dificuldade. 

 

-- Victoria é um prazer vê-la. 

 

-- Digo o mesmo ruiva. 

 

O celular da ruiva passou a tocar e ela viu que era o pai ligando. Não atendeu. Encarou as meninas e sorriu tristemente. 

 

-- Preciso ir... Foi um enorme prazer conhecer todas vocês. 

 

Todas sorriram. abraçaram a ruiva que chorava muito. Rebecca entrou no carro e ficou olhando para atrás. Até não poder mais enxergar as meninas.

 

-- Onde você estava Vick? Te liguei o dia todo... - Carol perguntou brava. 

 

-- Eu saí com o Gustavo e acabei perdendo a hora. 

 

-- Carol eu vou pra casa... Você faz companhia a ela, Victoria? 

 

-- Claro Julia - disse seriamente. 

 

-- Então tá bom - beijou o rosto da baixinha - Falo com você depois... Agora eu preciso ver a Bia. 

 

Lia se foi, deixando apenas as primas.

 

-- E aí... Assistiu os filmes? - Vick perguntou caminhando ao lado de Carol. 

 

 

-- Nada... A Lia é muito sem graça pra isso... Que tal uma sessão de filme hoje? -  perguntou sorrindo. 

 

-- Deixa eu pensar se não tem algo melhor para eu fazer - Vick fingiu ficar pensativa - Claro que quero... Você faz pipoca! 

 

-- Eu tô doente e fraca... Não posso ficar fazendo esforço. 

 

-- Desculpa esfarrapada hein... Pessoa preguiçosa viu... Tudo bem eu faço. 

 

Victoria colocou o braço sobre o ombro da baixinha. Carol a abraçou pela cintura e as duas conversaram animadas o restante do caminho. 

 

***************

 

Luiza estava escondida olhando a partida do amor da sua vida. Seu coração estava apertado. Seus olhos banhados em lágrimas. Observou até o carro sumi de sua vista. Sentou-se no chão e colocou as mãos sobre o rosto. 

 

-- O amor é para os fortes hein Ana Luiza. 

 

Luiza reconheu a voz, mas não estava disposta a olhar para a garota. Daniela agachou-se perto de Luiza. 

 

-- Eu vou ficar com ela e não importa o que eu tenha que fazer pra isso - sussurrou. 

 

-- Me deixa em paz Daniela - disse com a voz embargada. 

 

-- Ahh tadinha... Tá doendo? Espero que esteja doendo bastante mesmo... Você merece sofrer Ana Luiza - falou maldosa. 

 

-- Cai fora Daniela! - Érika disse friamente. 

 

A morena levantou-se para encarar a ex melhor amiga. 

 

-- Ora vejam só... - disse irônica - A traidora. 

 

-- Cala essa boca e some daqui... Acho que você não quer ficar mau falada né. Imagina o que as pessoas não vão comentar com qualquer escândalo que acontecer aqui e falta bem pouquinho pra minha pouca paciência terminar e eu partir sua cara em duas. 

 

-- Ok... Eu odeio esse tipo de baixaria mesmo - disse superior - Tchau para vocês duas. 

 

Érika a ignorou e aproximou-se da prima preocupada. Não falou nada, apenas a abraçou apertado. Luiza se aconchegou nos braços da prima e chorou dolorosamente. 

 

***************

 

Duas semanas haviam se passado e Rebecca estava sentada naquele banco no central Park. Aquele vento frio que a deixava encolhida. Seu olhar distante... Distante dali... Ela precisava ser forte, mas estava sendo difícil. Pegou o bilhete que Carol tinha lhe dado e abriu. 

 

"Rebecca, primeiro de tudo "revela" meus erros... Queria dizer que você é uma pessoa maravilha... Não tenha medo de viver sua vida... Viva profundamente... Erros são normais, todos erramos e é com eles que aprendemos, portanto não tenha medo de errar... Você irá descobri que algumas vezes a vida é feita de escolhas... Certas ou erradas, mesmo assim uma escolha... Ame novamente e conquiste o mundo, como conquistou todos aqui. Aproveite as coisas novas... Conheça outras pessoas. Eu te desejo toda a felicidade do mundo... Se eu nunca mais voltar a vê-la saiba de uma coisa... Eu nunca vou te esquecer... Vamos lá ruiva força! Você é muito mais do que essa boneca de porcelana... Você é a Rebecca! Confio em você. Um grande beijo pra tu"

 

A ruiva sorriu e apertou o bilhete contra peito. Sentiu o celular vibrando e viu que era o pai. Levantou-se e caminhou Tranquilamente. Voltando para a casa. 

 

"Eu serei muito mais que a boneca do meu pai... Eu juro... E juro que vou te esquecer Ana Luiza.. Vou conhecer o mundo... Vou viver intensamente e nunca mais vou deixar alguém me fazer sofrer novamente "

 

Rebecca tinha um sorriso leve no rosto. 

 

 

Fim do capítulo