Capítulo cheio de tensões!!!
Capítulo 18 - Rupturas
- Como assim? Você me chamou aqui para me dizer que não está preparada para ficar comigo? – Seus olhos marejaram. Não tinha jeito. Nunca havia conseguido camuflar suas emoções.
- Eu me enganei e com o passar dos dias eu entendi que não era amor. Era só tesão. – Por dentro estava destruída, mas mantinha o semblante frio. Precisava convencer Natália.
- Tesão? É isso? – Natália estava pasma e aflita. Sentou-se no sofá e colocou a cabeça entre as mãos. Sentia-se perdida. Novamente via-se traída por alguém a quem havia se entregado. – Eu acreditei em você, Raquel. Eu acreditei em nós.
A policial sofria. Mas, não podia dar margem para que Natália desconfiasse do real motivo do término. Pensou em dar um tempo, abrir o jogo com ela referente ao que acontecia. Mas, ela trabalhava no hospital, tinha amigos e não podia dar margens para que a médica fosse utilizada seja por alguém que fizesse parte do esquema de corrupção ou pelo Santos que não via mais problemas em demonstrar sua animosidade já que estava confiante de estar tirando-a de seu caminho.
Não conseguia imaginar sua vida sem aquela morena teimosa e petulante. Pensou muitas vezes a forma de abordá-la. Mexer com seu orgulho seria provocar novamente sua raiva. Esta raiva a manteria em segurança.
Sentou-se no sofá próximo ao dela.
- Me desculpe, Natália. Eu nunca quis te magoar, mas eu não quero um relacionamento. Você vai encontrar alguém legal que a queira. – Tentou alisar sua perna, mas a médica se afastou. Vê-la destruída e a comparando com seu ex-noivo a machucou.
- Só me explica uma coisa... Por que brincou comigo? Por que me fez pensar que queria tanto quanto eu?
- Porque naquele momento eu quis. Mas, agora não quero mais. Não foi uma brincadeira.
As lágrimas correram soltas pelo rosto da médica. Não se humilharia mais. Levantou-se secando o rosto e respirando fundo.
- Ok, Raquel. Eu já entendi. Não se preocupe não a incomodarei mais.
Natália não olhou para trás. Deixou a casa de Raquel e uma policial desolada. A loira desabou num choro por se ver magoando a mulher que amava e se privando de estar ao seu lado.
“Eu amo você, Natália. Só espero que consiga desfazer esse teatro a tempo de recuperar nosso relacionamento”.
Natália saiu da casa de Raquel ligando para Raul. Foi direto para a casa dos amigos. Precisava desabafar e extravasar.
- Amor, a Naty está vindo para cá. Alguma coisa aconteceu.
- Deve ser a primeira briga entre elas. – Gargalhou Alan saindo do colo de Raul.
Pelo horário, Raul se apressou em fazer uma massa para receber a amiga.
***
- Então, doutores o que acham?
- Hum! O produto parece ótimo. Mas, como teremos certeza de que o transporte será feito em segurança. - O médico perguntou incerto.
- Para isso estou aqui, doutor Marcelo. Asseguro que meus melhores homens transportarão a mercadoria.
- Perfeito, Santos. Nem preciso dizer que necessito do máximo de cuidado. Não é mesmo? – Marcelo perguntou passando a mãos na sedosa barba que se dividia entre o castanho e o grisalho.
- Fique tranquilo. O único empecilho já está sendo descartado.
- Aquela investigadora de merd* que tentou derrubar o José Oliveira? Ela anda visitando o hospital com muita frequência. É muito amiga da doutora Natália.
Santos lembrou-se de Natália, a linda médica do dia do resgate.
“Será que Reis se interessaria por ela? Vou observar.”
***
- Bruna, eu quero mais. Sempre te disse que não queria ser a outra.
Bruna chorava. Não acreditava no que estava acontecendo. Sentia como se seu coração estivesse sendo arrancado do peito.
- Amor, me escuta. Ainda está difícil. Mas, eu vou tentar.
- Bruna, você não quer terminar seu relacionamento. E nem deve se o seu coração não lhe pede isso.
- Meu coração pede isso o tempo todo.
- Se pede, se separa e vem ficar comigo.
- Eu tenho dois filhos. Como direi para eles que estou deixando o meu marido, o pai deles, para ficar com uma mulher? – Paula sempre achou que esse era o maior medo de Bruna, mas ouvi-la declarar este medo doeu fundo.
- Várias mulheres se apaixonam por outras mulheres e criam seus filhos, adotam, fazem inseminação e muito mais. É uma questão de assumir o amor.
Bruna a abraçou.
- Não me deixe! – Suas lágrimas rolavam sem pudor.
- Eu te quero livre. Livre para viver esse amor comigo. Se não for assim, eu não quero mais.
Paula também chorava. Chegar àquela decisão não fora nada fácil. Mas, estava cansada daquela situação. De ter um terço de Bruna. Enquanto estavam abraçadas lembrou-se do episódio que foi o estopim e as levou ter aquela conversa.
Durante a tarde estava no hospital acompanhando a coleta de sangue de Helena, havia tido certo trabalho para convencê-la a fazer o exame naquele dia. Sabia do nervosismo dela. Quando Bruna adentrou a sala.
- O que vocês duas tanto fazem juntas?
Berta, Paula e Helena se viraram para Bruna, uma arrogante médica que Paula naquele momento desconheceu.
- Estou acompanhando a coleta de sangue dela. – Paula disse contrariada. Nada justificava a entrada de Bruna daquela maneira e muito menos sua abordagem.
- Por favor, me acompanhe até a minha sala. – O autoritarismo de Bruna continuou.
- Assim que terminarmos o procedimento eu irei. – Não se deixou vencer por aquela postura odiosa de Bruna.
Helena e Berta ficaram somente assistindo aquela troca. Helena pensou ter visto ciúme na médica mais velha, mas pelo que parecia ela era esposa do irritante doutor Marcelo. Percebeu o quanto Paula ficou tensa depois da saída da médica.
Segurou na mão de Paula e disse-lhe tentando transmitir uma segurança que no fundo não sentia.
- Pode ir. Não dá mais para fugir deste exame. Ficarei bem. – Paula sorriu. Seu sorriso pareceu cansado para Helena.
- Eu só irei quando acabarmos. Ok? E, hoje, você dorme lá em casa.
Ficaram mais alguns minutos até o término da coleta. O exame só ficaria pronto em dois dias, devido ao pedido de urgência.
Bruna esperava ansiosa pela chegada de Paula. Cada minuto lhe parecia uma hora. E quando viu a porta se abrir começou a despejar.
- O que você tem com aquela mulher? O Marcelo me contou que ela é lésbica.
- Como assim o que eu tenho com ela? – Paula ficou perplexa com a abordagem da médica mais uma vez.
- Vocês vivem juntas aqui no hospital. Até acompanhando exames desnecessariamente você estava. O que está rolando?
- Bruna, qual é o motivo da cobrança? – O olhar de Paula transmitiu indignação à médica.
Bruna entendeu o recado. Afinal, ela era uma mulher casada. Não podia e nem devia cobrar nada da Paula. Mas, a amava. Adorava o que tinham. Havia se transformado numa nova mulher, cheia de vida, de amor...
- Eu sei que não posso lhe cobrar nada. Mas...
- Não tem MAS, Bruna. Você acabou de mencionar o seu marido para falar de Helena. Isso é, no mínimo, bizarro.
Bruna passou a mão pelos cabelos num gesto característico de nervosismo.
Neste momento Marcelo adentrou a sala da esposa sem bater, mas a tempo de perceber o clima tenso entre elas.
- Interrompo alguma coisa?
- Não, Marcelo. – Bruna se antecipou tentando desfazer o semblante carregado. Paula viu o médico se aproximar da esposa e beijá-la. Aquilo a fez estremecer. Bruna lançou-lhe um olhar tenso. Tentou evitar o contato com o esposo na frente de Paula, mas ele fora mais rápido.
Marcelo associou a mudança da esposa à aproximação de Paula. Sabia que devia afastá-las desde o dia em que a viu em sua casa. Lembrou-se de não ter gostado da forma como ela o enfrentou para defender a infectologista. A aproximação das duas o incomodava cada vez mais. Inúmeras vezes, Bruna saia de casa dizendo ir ao apartamento da infectologista para orientá-la em sua pesquisa. Mas, algo no clima que estava na sala o incomodou. Havia algo errado entre elas. O que poderia ser?
- Querida, passei aqui somente para lembrá-la do jantar com o José Oliveira e sua esposa esta noite.
- Ok!
- Quem sabe esticamos a noite? – Suas intenções foram claras. Paula sentiu-se mal e fez o movimento para sair da sala.
- Doutora, não precisa sair. Eu vim de passagem. Podem continuar a conversa de vocês.
Marcelo retirou-se deixando uma Bruna visivelmente sem graça e uma Paula extremamente enciumada.
- Me desculpe, Paula. Eu não queria...
- Não precisa se desculpar. Ele é seu marido e eu não sou ninguém.
- Não fala assim... – Bruna foi de encontro à médica. – Você é a mulher que eu amo.
- Diante do que presenciei aqui não precisamos falar do assunto que me trouxe aqui. Correto?
- Eu não gosto dela. – Ainda tentou insistir Bruna.
- Você nem a conhece, Bruna. Estou indo para minha sala.
Bruna segurou seu rosto e beijou-lhe os lábios. Paula rendeu-se ao beijo. Mas, aquela situação a cansava cada vez mais.
***
- Ela me disse que não quer mais estar comigo.
Era a terceira vez que uma Natália inconsolável repetia essa frase para os amigos. Já havia chorado muito. Estava emocionalmente esgotada.
- Meu amor, eu imagino a dor que você esteja sentindo. Mas, foi melhor ela abrir o jogo no começo. – O sempre ponderado João se pronunciava.
- Eu a quero tanto. Eu acreditei no relacionamento que estávamos construindo. Eu acreditei que ela fosse tentar. Mas, ela disse que era só tesão.
- Tesão? Aquela safada falou isso? – Raul estava perplexo. Este não parecia ser o perfil da policial. Mas, pouco a conhecia.
- Não a chame assim. – Mesmo desolada Natália sentiu-se mal pela forma como Raul se referiu a policial.
A campanhia tocou.
Estavam chegando ao apartamento de Raul e João, Paula e Helena. Assim que a morena ligou chorosa Raul já mandou mensagem para que Paula fosse para lá. Como Helena dormiria mais uma noite no apartamento de Paula a médica resolveu levá-la consigo.
- Olá, queridos. Esta é minha amiga Helena. – Se referindo a ruiva disse - Helena daqui acho que você só não conhece o João.
Fizeram as devidas apresentações. Raul tentou deixar a ruiva o mais à vontade possível.
A noite fora longa. Já se passava das 21 horas quando Paula e Helena deixaram o apartamento dos meninos. Natália pernoitaria por ali mesmo. Estavam cansadas. Chegaram ao apartamento, com Paula explicando para Helena a história de Natália e Raquel. Tomaram seus respectivos banhos e sentaram-se no sofá para bater um papo.
- E você está bem?- A pergunta da ruiva pegou a outra de surpresa e sem saber exatamente a que se referia.
- Cansada. – A ruiva tentou então ser mais específica.
- Você saiu da sala da doutora Bruna, triste.
Paula baixou levemente a cabeça. Suspirou.
- Vai ficar tudo bem. Vamos dormir?
- Vamos sim. Antes gostaria de lhe dizer que fiquei emocionada por ter sido chamada de amiga.
Paula sorriu e abraçou Helena.
Assim que se deitaram. O interfone tocou. O porteiro avisou que Bruna estava subindo. Abriu a porta e viu a médica linda num vestido longo. Pelo jeito o jantar de fato havia sido importante.
A médica já chegou se jogando em seus braços.
- Eu precisava te ver ainda hoje. – Beijou seus lábios com sofreguidão e distribuiu beijos pelo pescoço de Paula. – Não gosto quando fica um mal estar entre nós.
- Como foi o jantar? Esticaram a noite? – Paula não se conteve.
- Eu estou aqui. São 22h30. Deu para esticar alguma coisa? – Bruna demonstrou impaciência.
- E o Marcelo?
- Foi para casa. Eu disse que precisava falar com você.
Neste momento, Helena adentrou a sala. Não havia percebido que alguém mais estava no apartamento. Foi se encaminhando para a cozinha.
- O que essa mulher faz aqui? – Bruna foi extremamente indelicada.
- Precisa de alguma coisa Helena? – Paula perguntou carinhosa.
- Não, só vim pegar água. Me desculpa atrapalhar.
Helena foi até a cozinha pegou água. Voltou para o quarto desejando boa noite. Mas, a mudança no semblante da médica mais velha era notável.
- Me explica. – Bruna cruzou os braços e a mulata explodiu.
- Eu não tenho que te explicar nada. Quer saber, Bruna. Cansei. Eu não quero mais. Eu me vejo um ser humano péssimo. Te questiono sobre sua convivência com seu marido. Isso tem cabimento? Me preocupa se você faz sex* com ele. Que é a coisa mais óbvia do mundo. Ao mesmo tempo sou questionada por andar com uma mulher.
- Você não me quer mais?
- Tudo o que eu mais quero é você. Mas, não mais pela metade.
- Por que tem que ser assim? Não podemos ficar do jeito que estamos?
Naquele momento, e todo o diálogo que já haviam tido. Paula voltou para o presente e ainda estavam abraçadas em silêncio, choravam o término de um relacionamento que reavivara as duas mulheres.
- Eu te amo, Paula. Preciso ir. - Paula acompanhou Bruna até a porta. Bruna passou a mão pelo rosto de Paula. – Você é a melhor coisa que me aconteceu.
- Se achar que vale a pena. Lute por isso. – Paula sorriu entre lágrimas.
- Eu vou lutar. Te admiro muito. Você é alguém por quem vale muito lutar. Não esquece nunca que eu te amo.
Selaram a despedida num último e triste beijo.
Fim do capítulo
Obrigada pelos comentários... Vocês são perfeitas!
A estória se encaminha para a reta final. Acredito que mais três ou quatro capítulos.
Continuo contando com os comentários de vcs!
Beijos
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rhina
Em: 22/07/2016
Olá.
Grandes emoções...
Grandes conflitos...
Grandes decisões...
Eita que está tenso.
Como vai autora.
Beijos.
Rhina.
Resposta do autor:
Oi, Rhina. Eu vou bem e vc?
As coisas ficaram tensas para nossas meninas. Tomara que sejam fortes para enfrentar os obstáculos.
Beijo
line7
Em: 22/07/2016
Nossa, que confusão; tretaaa.. kkk..tá difícil para os casais, Naty sofrendo muito, e Raquel também, Paul a e Bruna o relação difícil, sentido na pele a situação.. torcendo pro Marcelo se preso.. kkk.. Até mais linda😘😍
Resposta do autor:
Oi, Line!
Bruna está numa situação delicada. Paula se enfiou numa relação complicada. Bora torcer!!! Raquel vai encarar concorrência... As coisas vão esquentar...
Beijo
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Ada M Melo
Em: 21/07/2016
vixi Raquel depois dessa vai ser dificil reconquistar a Nathe.... a coitada ta sofrendo demais.... eu acho que a Dra Bruna não vai deixa o marido pela a Paula e a mesma deve partir pra outra e Helena me parece uma otima pessoa espero que role sentimento entre as duas....
Resposta do autor:
Pois é, Ada. A Bruna passa por uma situação complicada. Se ela quiser ficar com a Paula terá q ter coragem. Qto a Raquel, eu espero q consiga desfazer o estrago sem danos colaterais.
Beijo
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Silvia Moura
Em: 21/07/2016
Autora, estou arrasada com esse capitulo, me deixou bem triste, mas sei que muitas coisas acontecerão daqui pra frente para que o amor dessas mulheres se encaixem... se encontrem em definitivo... boa sorte nos proximos capitulos e abraço fraterno...
Resposta do autor:
Oi, Silvia.
Vc está certíssima. Essa tristeza é um mal necessário. Bruna precisa se decidir e Raquel precisa proteger Naty!
Bora acompanhar o desenrolar.
Beijo
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Mille
Em: 21/07/2016
Tadinha da Naty mais será melhor para evitar que algum mal acontença com ela, já que Santos pode querer usa-la para fazer a Raquel desistir.
Essa operação terá um ponto positivo além de desmascara o Santos e Marcelo, Bruna não terá mais o marido para impedir de viver a Paulinha, pois só assim para ela vive livre dele já que não tem a coragem de pedir o divórcio.
Helena encontrou em Paula uma amiga e acho que a ruiva ainda irá nos surpreender.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
Oi, Mille
A Helena é tão fofa qto a Paula. Será q terá chance de conquistar o coração da infectologista? Ou Bruna irá lutar?
E Santos será aue terá alguma chance c Naty?
Beijo
Resposta do autor:
Oi, Mille
A Helena é tão fofa qto a Paula. Será q terá chance de conquistar o coração da infectologista? Ou Bruna irá lutar?
E Santos será aue terá alguma chance c Naty?
Beijo
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NayGomez
Em: 21/07/2016
Que chato Bruna e Paula eu torcia muito por elas, mt mesmo só espero que elas não desistem uma da outra, agora eu chorei com Raquel e Natália deu uma dosinha da Naty, poxa ela não merecia isso, só espero que Raquel acabe logo com a farça de Santos . Preciso da Raquel dizendo que Ama a Naty. 😢
Resposta do autor:
Oi, Nay
Este é um momento tenso mesmo. Espero q dê para resgatar o relacionamento. Santos vai atravessar o caminho.
Beijo
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Meirecris
Em: 21/07/2016
Quanta emoção nesse capítulo! A Dra Bruna tem uma difícil decisão a tomar.
Espero que a alegria retorne logo ao coração dessas lindas mulheres.
Querida autora, muito obrigada pelo retorno!
Estava esperando o cap. 18 para me entregar ao Morfeu...rsrsrs
Resposta do autor:
Oi, Meire!
Espero q a alegria volte logo mesmo. Até eu tô ficando na bad, rsrrs.
Beijo.
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