Quando abriu os olhos a primeira coisa que identificou foi a luz fraca do amanhecer, Jasmine podia dizer que era perto das 5:45 da manhã e o quarto começava a ser invadido por uma luz alaranjada. Então seus olhos captaram o resto do ambiente, o quarto era enorme, havia uma porta dupla do lado direito da cama, que provavelmente era o closet, ao lado de uma outra porta que deveria ser o banheiro. As paredes eram de brancas, exceto duas delas, a das outas portas que era azul marinho e a que estava atrás da cama cuja pintura era de um tom roxo escuro. Havia também uma ampla porta de vidro que dava visão à uma sacada do lado esquerdo da cama.

A próxima coisa que a fotógrafa registrou foi o corpo quente colado ao seu. Elas ainda estavam quase na mesma posição em que dormiram com Fernanda deitada em seu ombro e com o rosto em seu pescoço. A sensação de sentir a pele dela na sua ainda mais forte do que na noite passada. Elas estavam cobertas com um edredom até a altura dos seios da morena. Naquele instante Jasmine quis muito estar com sua câmera. A luz do amanhecer entrava pelo vidro da porta batendo suavemente contra a pele de Fernanda iluminando suas feições. A fotógrafa não resistiu e começou a deslizar as pontas dos dedos pelo braço descoberto da editora que circulava seu tronco e os ombros expostos dela.

Alguns minutos depois Fernanda se mexe apertando um pouco mais o abraço em volta da fotógrafa que não interrompe os carinhos, mas sorri discretamente ao notar que a morena estava acordada. Antes de abrir os olhos Fernanda desliza a ponta do nariz pelo pescoço de Jasmine, o cheiro da fotógrafa garante a ela que aquilo não era apenas um sonho, o corpo quente junto ao dela respirando de forma calma e constante também reforçava isso. Ela finalmente abre os olhos e ergue o olhar para o rosto da fotógrafa que sustenta o olhar dela com uma expressão calma.

- Em algum momento teremos que conversar sobre ontem a noite, não é? – perguntou Fernanda um tanto receosa e com a voz rouca por ter acabado de acordar.

- Teremos – respondeu Jasmine colocando uma mão no rosto da morena e então dando um meio sorriso – Mas não nesse momento – ela completa colando os lábios das duas e dando início a um beijo lento.

Quando Fernanda quis aprofundar o beijo a fotógrafa girou as duas colocando seu corpo sobre o da morena enquanto sentia a língua da editora brigar pelo controle do beijo. Com uma das mãos Jasmine se apoiou na cama, um de seus joelhos se apoiou no colchão entre as pernas de Fernanda e sua outra mão começou a deslizar pelo corpo despido da mulher deitada sob si. Toda a tensão da noite anterior retornando sem o fator complicador dos sentimentos confusos.

Toda a raiva e insegurança havia sido extravasada nos gritos da noite passada sobrando apenas a vontade imensa que uma sentia pela outra, uma vontade que não podia mais esperar para ser saciada. Fernanda finalmente desistiu de lutar e deixou sua boca ser invadida pela língua da fotógrafa perdendo completamente o controle da situação quando sentiu a mão de Jasmine deslizar por sua virilha. Antes que percebesse as mãos da editora estavam deslizando pelas costas da fotógrafa enquanto suas unhas compridas arranhavam de leve a pele clara deixando marcas avermelhadas.

Tiveram que respirar e Jasmine conduziu seus lábios para o pescoço da morena deixando, por toda a extensão dele, beijos e mordidas que provocavam arrepios na pele de Fernanda. As unhas de Fernanda se fincaram com mais força nas costas da fotógrafa quando Jas a mordeu e marcou perto da clavícula. Fernanda, que nunca tinha estado com uma mulher numa situação dessas, simplesmente não estava conseguindo raciocinar por sentir a pele da fotógrafa colada à sua. Enquanto isso Jasmine continuava a descer os seus beijos, sua mão arrastava suas unhas curtas pelas coxas da morena enquanto seus lábios, língua e dentes percorriam a pele bronzeada. A respiração de Fernanda já era irregular e insuficiente para que ela fizesse algo mais do que suspirar e soltar pequenos gemidos com os toques da fotógrafa.

Quando a boca de Jasmine finalmente chegou aos seios da morena a fotógrafa voltou a tocar a virilha da editora numa provocação lenta e torturante. Ao mesmo tempo em que mordia de leve o bico do seio direito de Fernanda a mão de Jasmine afastou o elástico da calcinha que a morena usava forçando suavemente seus dedos contra a intimidade dela. A única reação que Fernanda conseguiu ter foi gem*r alto e fincar as unhas nos ombros da fotógrafa que soltou um pequeno gemido de dor, mas não parou as carícias. Quando os dedos da fotógrafa se aproximaram da entrada da editora um alarme alto soou pelo quarto assustando as duas.

- Mas que merd* – rosnou Fernanda apertando os olhos com uma das mãos antes dela se erguer e se esticar para desligar o despertador – Inferno – ela sussurrou enquanto batia com força no botão para desligar o alarme.

Jasmine tinha se sentado de joelhos na cama e ficou olhando o corpo da morena enquanto a mesma se esticou para dar fim àquele som irritante. Depois Fernanda se sentou de frente para a fotógrafa, mas o clima de antes tinha sido completamente perdido e ela se sentia envergonhada com aquela situação.

- Você está bem? – perguntou a fotógrafa vendo que a morena não a olhava e se mantinha com a cabeça baixa.

- Desculpa – ela murmurou sem ainda olhar para a mulher à sua frente – Tenho um sono pesado, por isso o despertador tão alto. Eu tinha me esquecido completamente de que tinha que levantar cedo hoje – disse ela suspirando e começando a sair da cama.

Antes que conseguisse colocar um pé no chão o braço da fotógrafa a segurou pela cintura trazendo-a de volta para a cama e fazendo com que a morena caísse de costas em cima dela. Fernanda ainda soltou um pequeno grito de susto, mas Jasmine havia começado a rir e ela não conseguiu ficar séria depois disso e acompanhou as risadas da fotógrafa. Jas deu um beijo no ombro de Fernanda e a editora virou o rosto para poder olhar os olhos castanhos chocolate que a fitavam com um brilho lindo.

- Não fica assim – disse a fotógrafa colocando o rosto no pescoço da morena e aspirando o perfume que saia da pele dela com um sorriso no rosto – Terminamos isso em outra ocasião – ela sussurra no ouvido de Fernanda e sente o corpo menor se arrepiar com seu ato.

- Ainda precisamos conversar – falou Fernanda tentando se recuperar dos efeitos que aquela fotógrafa lhe causava, mas não conseguiu impedir que um sorriso aparecesse em seus lábios que foram logo beijados por Jasmine que continuava a sorrir.

- Tem mesmo que trabalhar? – perguntou ela ainda prendendo Fernanda em seus braços na cama – Nunca pensei que você fosse o tipo de pessoa que trabalha no sábado.

- Idiota – disse a morena fazendo uma expressão irritada – Claro que eu trabalho no sábado, e nos domingos também – ela falou dando de ombros – Tem uma matéria importante que eu estou redigindo, metade da redação vai ao escritório nos sábados, seja pela manhã ou a tarde. Eu sempre apareço, mesmo que não fique o dia todo. Tenho que supervisionar tudo.

- Certo, certo – falou a fotógrafa permitindo que Fernanda levantasse e se levantando também – Me empresta algo pra vestir por enquanto e vai tomar um banho enquanto eu faço algo para comermos – disse Jasmine procurando seus sapatos que estavam perdidos no quarto.

- Você é uma folgada – reclamou Fernanda séria enquanto abria uma das portas do closet.

- Se eu fosse folgada diria para você fazer o café pra gente e iria eu tomar o banho – retrucou Jasmine com um sorriso discreto enquanto desistia do sapato e se virava para a cama começando a arrumá-la.

Antes que a fotógrafa conseguisse estender o lençol sentiu os braços de Fernanda circundarem seu corpo e as mãos espalmadas dela sobre seu abdômen provocaram um pequeno arrepio.

- Eu pago uma empregada para fazer isso – murmurou a editora beijando o espaço entre ombros de Jasmine enquanto colava seu corpo ao da fotógrafa – E não costumo tomar café em casa – ela acrescentou colocando um roupão que parecia ser de seda sobre os ombros de Jas antes de se afastar – Acho que minhas roupas não vão te servir, então não acredito que possa levar você para tomar café comigo onde sempre vou.

- Vou dar um jeito – prometeu a fotógrafa vestindo o roupão e dando um selinho na morena antes de sair andando pela casa descalça.

Fernanda a olhou se afastar e passar pela porta mordendo o lábio inferior. Quando Jasmine saiu de sua visão ela sentou-se na cama e soltou um suspiro, depois um sorriso bobo apareceu em seus lábios e ela levantou correndo para o banheiro. No caminho ela riu sozinha pensando que sequer estava se reconhecendo. 

Fim do capítulo