O elevador subiu direto para a cobertura sem nenhuma parada, todo o tempo em que estiveram dentro dele as duas permaneceram abraçadas, era involuntário e Jasmine não queria soltar Fernanda não que a editora realmente quisesse. Mas, ao chegarem no pequeno hall de entrada, elas tiveram que se separar; Fernanda tinha que achar as chaves do apartamento na pequena bolsa de mão. Mas ao tentar colocar a mão dentro da bolsa seus dedos encostaram nas laterais e ela, involuntariamente, se retraiu não podendo disfarçar o desconforto causado pela dor.

Sem pedir permissão a fotógrafa pegou a bolsa e, ela mesma, achou as chaves que Fernanda pegou colocando na fechadura e abrindo a enorme porta de madeira. As duas entraram, Jasmine passou a chave para o lado de dentro e trancou a porta, então deixou as bolsas delas numa pequena mesa que havia ao lado da porta, embaixo de um suporte onde ficavam penduradas algumas chaves. Quando se voltou para dentro do apartamento viu Fernanda parada encarando-a com um olhar preocupado.

- Vamos pra cozinha – disse a fotógrafa num tom gentil e acompanhou a editora que seguia na frente mostrando o caminho.

Agora que estavam ali, dentro de sua casa, Fernanda não sabia o que fazer ou como reagir. Não sabia se aproximava-se da fotógrafa ou ficava distante. Quanto a Jasmine, ela mal reparou nos detalhes do luxuoso apartamento, tamanha a bagunça de pensamentos que lhe percorriam a mente. Quando chegaram na cozinha Jas pediu dois panos de prato e Fernanda foi pegá-los, depois a fotógrafa foi até a geladeira e colocou pedras de gelo enroladas pelos panos de prato.

Havia uma bancada de mármore branco de frente ao fogão onde tinham 4 bancos altos, Jasmine colocou Fernanda sentada num desse bancos, de costas para a mesa de 6 lugares que ficava ali também. Delicadamente a fotógrafa colocou as mãos da editora espalmadas no balcão e, depois, colocou o gelo por cima delas. Fernanda estava desconcertada com aqueles cuidados e ficou encarando suas mãos cobertas pelos panos que impediam que o gelo tocasse diretamente sua pele. Sentiu mais do que viu quando a fotógrafa se sentou no banco ao lado do seu depois de aproximar os dois acentos. Uma mão delicada lhe tocou o ombro desnudo fazendo os olhos escuros se virarem na direção dos castanhos mais claros.

- Vamos deixar esse gelo ai por alguns minutos, ok? – disse a voz suave enquanto a mão fazia um carinho inconsciente no ombro da editora.

Quando a morena concordou com um menear da cabeça o olhar de Jasmine vagou pelos braços da outra notando as marcas vermelhas que as unhas de Fernanda haviam deixado em seus próprios braços. A mão escorregou pelo ombro e braço até que os dedos da fotógrafa tocaram de leve as pequenas marcas avermelhadas; as unhas de Fernanda quase haviam atravessado completamente a pele bronzeada, mas eram apenas arranhões.

- Vão sumir logo – disse a voz um tanto instável da morena ao notar o que a outra estava notando, quando os olhos castanho chocolate fitaram os seus ela sentiu-se um tanto desconfortável com a intensidade daquele olhar e voltou a encarar suas próprias mãos – As marcas – explicou ela, mesmo sabendo que a outra tinha entendido antes – As marcas no meu braço não vão demorar muito pra sumir. Me desculpe ter agido daquela forma, eu não devia ter me exaltado tanto.

- É preciso um pouco mais pra me assustar – falou a fotógrafa tocando de leve o rosto da morena que fechou os olhos enquanto sentia os dedos finos colocarem uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha – Mas confesso que você me surpreendeu bastante. E preocupou – disse Jasmine deslizando os dedos pelo rosto de Fernanda até o queixo da mesma trazendo o olhar da morena para o seu novamente – Me preocupa você ter se machucado – ela disse encarando os olhos escuros de Fernanda com intensidade.

- É um hábito antigo – murmurou Fernanda com um sorriso fraco e sem jeito – Socar coisas quando fico muito frustrada – explicou abaixando o rosto para desviar o olhar.

Jasmine tocou o rosto de Fernanda com a mão erguendo-o novamente, desceu de seu banco alto e parou quase que em frente a editora que tinha se virado levemente para o lado. A fotógrafa fez um carinho com o polegar próximo à boca de Fernanda e, então, aproximou seu rosto beijando os lábios da morena. Foi um beijo completamente diferente dos outros, era leve e delicado, um roçar carinhoso dos lábios que fez ambas fecharem os olhos. Não era curioso e desejoso como o primeiro beijo delas, nem furioso e firme como os últimos que ambas trocaram, era calmo, gentil e lento e Jasmine o finalizou com um selinho demorado antes de voltar a encarar os olhos de Fernanda que se abriram ao mesmo tempo em que os seus.

- Não faça mais isso, por favor – ela pediu colocando a mão esquerda, que não estava no rosto da editora sobre o antebraço esquerdo de Fernanda.

- Não farei – sussurrou a morena podendo, pela primeira vez, admirar o rosto da fotógrafa de perto.

Fernanda afastou as mãos do gelo enquanto girava levemente o tronco para ficar mais de frente para Jasmine. A morena levou suas mãos para o rosto da fotógrafa afastando alguns fios e acariciando a pele com as pontas dos dedos. Como se tivesse medo de forçar demais e a mulher à sua frente fugir, Fernanda foi lentamente acomodando suas mãos no rosto da fotógrafa. Depois deslizando-as pelo maxilar até ter seus dedos no pescoço de Jasmine e seus polegares acariciando o queixo dela.

Os movimentos de ambas se tornaram lentos enquanto elas aproximavam novamente seus rostos e voltavam a se beijar, ainda de forma gentil e lenta. Jasmine se aproximou ainda mais envolvendo a cintura de Fernanda com a mão que antes tocava o antebraço da editora. Os olhos se fechavam e abriam enquanto elas se beijavam ao mesmo tempo em que se olhavam; era como se precisassem da confirmação visual de que realmente estavam ali beijando uma a outra. O beijo foi encerrado com selinhos, mas elas não se afastaram.

- Passa a noite aqui – pediu Fernanda num sussurro com os olhos semicerrados enquanto sentia a respiração da fotógrafa acertar seu rosto.

Jasmine não respondeu ao pedido com palavras, ela apenas puxou Fernanda pela cintura fazendo a editora descer do banco e, então aproximou ainda mais seus corpos enquanto distribuía beijos castos pelo rosto e, depois, pescoço da morena. Fernanda entendeu aquilo como um sim e puxou Jasmine para as escadas que levavam ao segundo andar da cobertura. Não demorou para elas estarem entrando dentro do quarto da morena. Trocaram mais um beijo calmo enquanto seus pés se livraram dos saltos.

As mãos da morena subiram pelos braços da fotógrafa até os ombros e, depois, em direção à nuca de Jasmine onde os dedos doloridos conseguiram abrir o fecho do vestido. As mãos da outra também já tinham subido para os ombros da editora deslizando as alças do vestido. Nenhuma das duas usava sutiã por conta dos modelos dos vestidos e, assim que as peças deslizaram de seus corpos Fernanda segurou uma das mãos da fotógrafa levando-a para a enorme cama de casal que ocupava o centro do quarto.

Deitaram-se, Fernanda de costas e Jasmine de lado com o cotovelo direito apoiado sobre os travesseiros para manter seu rosto e parte de seu tronco por cima da morena. Beijaram-se novamente, suas mãos vagando em toques sutis do rosto até a cintura uma da outra. Mantiveram aquele beijo lento pelo maior tempo possível, depois se olharam e o beijo seguinte se iniciou da mesma maneira que o anterior. Fernanda suspirou quando sentiu Jasmine aprofundar o beijo sem precisar de uma autorização já que a boca da editora já se mantinha entreaberta esperando por aquilo.

Apesar da situação e daquele beijo ter-lhes roubado todo o fôlego elas não foram além. Era como se entrassem em um acordo mútuo de que não era a hora, de que não era exatamente isso o que precisavam ainda. Por isso, após aquele beijo, elas se encararam longamente enquanto suas mãos voltavam a distribuir delicados toques pelo rosto e pescoço uma da outra. Jasmine se deitou mais confortavelmente e então Fernanda se aconchegou ao corpo da fotógrafa sendo logo abraçada pela mesma.

Elas demoraram para dormir, mas não por falta de sono. Se mantiveram acordadas sentindo uma a outra como se não acreditassem na situação em que se encontravam. Fernanda, com o rosto no pescoço da fotógrafa, vez ou outra pousava seus lábios na pele clara, mas mantinha seus olhos fechados. Jasmine manteve os olhos abertos e desenhava círculos invisíveis com as pontas dos dedos nas costas da morena. Ficaram assim até depois da meia noite quando o cansaço finalmente fez os olhos de Jasmine se fecharem.

Fim do capítulo