Posso dizer que minha vida nunca foi difícil, mas eu sempre me enrolei nela. Por motivos banais concordo, mas nunca foi algo pensando, apenas um acontecimento após o outro que foi gerando coisas gigantescas. Não dar para explicar muito porque simplesmente é difícil me defender.

 

Conhecer Aux foi a melhor coisa na minha vida e perdê-la a pior, muitas escolhas erradas havia feito.

 

Antes não sabia o que era certo ou errado, muito menos os efeitos destes.

 

Quando Almir avisou que Aux estava lá embaixo, tive que criar alguma estratégica, era uma das poucas oportunidades que teria sozinha com ela.

 

Fui ao banheiro rapidamente e molhei-me, mas Aux demorava a chegar no quarto então fechei a porta.

 

Ela bateu na porta, corri mais uma vez para o banheiro e joguei água sobre meu corpo, parecia que tinha saído do banho.

 

-- Entra! -- falei saindo do banheiro e ficando estrategicamente de costas me enxugando, sabia que ela amava meu corpo.

 

Senti o olhar dela um pouco quente, mas conhecendo Aux como conheço ela iria sair correndo do quarto, e não foi outra.

 

-- Vou esperar lá na sala! -- disse saindo.

 

Peguei um roupão e me vesti, mas não desisti. Sai para a sala também.

 

 

Ela estava sentada, olhando para um cinzeiro em formato de violão que estava sobre o centro. Mesmo sem nenhuma das duas fumarmos, compramos em uma viagem apenas por ser bonito.

 

Fui me aproximando dela, sentei-me ao seu lado e segurei em suas mãos. Gesto que ela logo afastou, mas não desgrudei.

 

-- Eu te amo! -- falei olhando em seus olhos.

 

-- Ama nada! -- levantou-se, de certa forma brava.

 

-- Não vim aqui para conversarmos, vou pegar as minhas coisas e ir embora.

 

Ela voltou para o quarto. Sempre foi difícil quando estava irritada. Aux tinha motivos de sobra para me odiar, mas não, ainda tentava ser ela mesma.

 

Voltei para o quarto.

 

-- Você não pode me deixar só um minuto? -- ela falou calmamente -- Não quero nada seu, nem todas somos iguais sabe?! -- uma leva ironia no final.

 

-- Assumo que dei um golpe em você! -- cruzei os braços.

 

-- Nossa, isso muda tudo agora! -- falou sem nem ao menos me olhar, a função de guardar umas camisetas na mala era muito mais importante.

 

-- Não fiz tudo isso em vão, tentei te proteger.

 

-- De que por exemplos?

 

-- Não posso contar -- não podia mesmo.

 

-- Ah, claro! Você deve participar de uma quadrilha que o foco principal é acabar casamentos e negócios honestos, não?!

 

-- Aux, dar para me olhar?

 

-- O que você quer? -- ela parou e me olhou.

 

-- Quero você de volta! Como antes!

 

-- Não der uma de louca Natália, pois isso é a última coisa que você é.

 

-- O que sinto por você é de verdade!

 

-- Imagina se fosse de mentira?! Você deveria está gravando para mostrar a sua mulher essa cena ou ainda não planejou a separação com ela ainda?

 

-- Eu não tenho nada com ela, ela apenas faz parte do negócio que não posso contar.

 

-- Olha Natália, essa conversa não tem sentido! Por que você não vai dar uma volta? Não levarei nada seu, fique tranquila.

 

-- Pode levar o que quiser, ou melhor, fazer o que quiser! -- abri o roupão, joguei um pouco baixo, mas ela bem que me olhou diferente.

 

-- Não faz isso! -- ela deu dois passo para trás.

 

-- Pela última vez!

 

-- Não! Você teve todas as vezes que quis, agora é tarde!

 

-- Eu sei que você ainda me deseja! -- insisti.

 

-- Não te desejo, é apenas um corpo bonito! Administrar é diferente de querer tocar.

 

-- E por que se afastou?

 

-- Natália saia do quarto, por favor!

 

-- Ok! -- sai desfilando nua.

 

 

Deitei no sofá, cruzei as pernas, não tinha paciência de ficar parada sem fazer nada, voltei ao quarto. Aux estava muito resistente, mas ainda não tinha desistido.

 

 

-- Que demora! -- entrei no quarto falando.

 

-- Deve está preocupada né? Sua mulher deve chegar a qualquer momento.

 

-- Não tenho nada com ela, já falei.

 

-- Então naquele dia que peguei vocês na cama era armação?!

 

-- Foi uma armação sim e você precisava cair!

 

-- Ótima atrizes então!

 

-- Para com isso, um dia você vai acreditar em mim.

 

-- Talvez um dia eu acredite, mas não agora! Por favor, deixe-me pegar as louças que ganhei da minha mãe.

 

-- Poder ir, estão no mesmo lugar de sempre.

 

Aux puxou duas malas e saiu do quarto rumo a sala mais uma vez. Para variar fui junto. Ela abriu o armário e pegou o conjunto de xícaras.

 

-- Você tem jornal? -- ela perguntou.

 

-- Não, você vem outro dia pegar -- sugeri.

 

-- Sem graça!

 

-- Na gaveta tem revista, pode pegar.

 

Ela pegou mesmo e embalou xícara, por xícara! Oh, paciência!

 

-- Vou deixar no carro e depois venho pegar as melas.

 

-- Eu te ajudo! -- ofereci-me, sou um amor.

 

-- Não muito obrigada e lembrando... Você ainda encontra-se nua.

 

Dessa vez ela tinha ainda estava nua, nem lembrava desse pequeno detalhe.

 

Ela saiu e eu fui me vestir, do jeito que ela estava não aconteceria nada mesmo, realmente a loira tinha criado algum laço muito forte com ela.

 

Acho que não tinha muito o que fazer, ela iria continuar o plano de ter uma família, agora sem minha presença.

 

A única saída era me afastar de todos, inclusive dela. Resultado da minha escolha. Mas queria apenas um despedida.

 

 

-- Voltei! -- ouvi ela gritar da sala.

 

 

Fui até a sala, já vestida e ela me encarou mais do que deveria.

 

-- Daqui a pouco vou achar que é um convite para eu tirar a roupa -- falei entendo perfeitamente o que aquele olhar.

 

-- Já estou indo, só estou pensando como tudo acabou, parecíamos felizes.

 

-- E éramos na verdade.

 

-- Não, não éramos! Não quero mais falar sobre esse assunto, acabou tudo aqui.

 

-- Não esqueça que eu te amo.

 

-- Se um dia você lembrasse, talvez eu não esquecesse.

 

Ela apenas me olhou e não falou mais nada, saiu.

 

Fiquei pensando em qual seria meu destino.

 

Fim do capítulo