Valentina

O domingo correu tranquilo, até de mais, depois de ir no mercado com a Becca e ter que controlar aquela maluca porque se não essa casa só teria doces, salgadinhos e congelados, voltei pra casa e desde que cheguei estou aqui na frente desse computador e desse cursor do word que fica piscando nessa tela em branco, parece até que esta tirando uma com a minha cara, então como cansei de olhar pra ele e não consegui escrever absolutamente nada, decidi que precisava de ar.

Levantei, coloque uma roupa mais confortável e fui dar uma volta no calçadão da praia (Não falei né, mais moro no litoral, mesmo nunca indo a praia, ao menos não durante o dia, não gosto muito de praia). O tempo esta gostoso, nem frio, nem calor, coloquei o fone de ouvido e sentei em um banco virado para o mar, olhar essa imensidão se juntar com o céu em um azul tão claro como os olhos da Theo. Epa de onde veio isso? Mas esta ai, descobri como descrever aqueles olhos que ficaram grudados na minha mente, é o mesmo tom de azul que vejo agora aqui na minha frente.

Seria bom vê-la novamente, não sei senti uma coisa gostosa ao estar perto dela, a forma como ela fala, com aquela voz rouca e com uma calma, acho que ela seria uma boa amiga, mas pelo que a Becca falou talvez ela só tenha me tratado bem por não saber quem eu sou, perguntei tanto a Becca o que meu irmão tem a ver com a Theo mais aquela lá não soltou uma palavra.

Bom la se vai minha tarde de domingo, em pensamentos em uma mulher que nem deve lembrar de mim e que por algo que nem sei porque vai me odiar assim que descobrir quem eu sou e um dia a menos nesse bendito prazo desse livro, que até agora não existe, pois não escrevi uma linha se quer.

Levantei daquele banco irritada, irritada por não conseguir fazer o que mais amo que é escrever, irritada por estar pensando em uma mulher que mal conheço, irritada por ter que ficar escutando cobranças da editora e mais irritada ainda em saber que se eu não conseguir vou ter que ouvir da minha família que eles estavam certos, que tenho que esquecer essa coisa de escritora.

Sai tão irritada dali, que tudo que queria era chegar logo em casa, que nem prestei atenção e acabei esbarrando em alguém no que resultou em um banho de suco em mim e na pessoa, já ia levantar a cabeça xingando até a ultima geração daquele ser quando dou de cara com aqueles olhos que estava pensando a minutos atras.

• Nossa Theo me desculpa te molhei toda, estava tão distraída que nem te vi. - Disse olhando pra ela que estava com um top e uma bermuda.

• Imagina Valentina, eu também não estava prestando atenção, acidentes acontecem. - disse sorrindo – Como você esta? Desculpa perguntar mais tudo bem com sua amiga? - Perguntou me encaminhando de volta ao banco em que estava antes.

• Eu estou bem e não precisa pedir desculpas, a Becca tá bem, nos conversamos e nem ela sabe direito o que deu nela, mas teve a cara de pau de falar que perdeu muito tempo, que deveria ter beijado uma mulher antes. - Disse sorrindo ao lembrar da maluca da minha amiga.

• Bom sou suspeita pra falar, mais que bom que vocês estão bem. - Sorriu se levantando – Bom eu vou indo que estão me esperando.

• Nossa e eu aqui te prendendo, não bastou molhar você toda. - sorri sem graça.

• Imagina você não esta me prendendo não, vou la que tenho um jogo pra jogar – Falou me dando um beijo no rosto. - Se quiser aparece por la pra assistir, até qualquer hora pequena. - e saiu andando e eu ? Fiquei ali igual a um dois de paus, com a sensação gostosa dos lábios dela na minha bochecha. Epa acorda Valentina, você não é lésbica que historia é essa, não basta ficar pensando na mulher agora deu pra ficar ai gostando de sensação de beijo, ai ai , me repreendi, mais fiquei pensando o que ela foi jogar? que eu saiba não tem nada por aqui, se bem que não sei de muita coisa, já que mal venho pra praia, fiquei curiosa e liguei pra Becca.

• Fala coisa ruiva, tá onde?

• Estou aqui no calçadão, desce aqui.

• Sério Val? Tá tão gostoso aqui na minha cama. - Fez manha.

• Para de preguiça Becca, não fica me enchendo pra sair de casa, então eu sai, vem estou te esperando aqui na frente do predio, não demora.

• Ta bom, vou colocar uma bermuda e estou descendo.

Fiquei ali esperando a Becca e por mas que tentasse não conseguia não pensar na Theo, ela estava linda, ela é linda.

• Valentina, da pra sair do mundo da lua e me falar porque me fez descer?

• Nossa mal humor, vem vamos andar. - sai puxando ela pela mão.

• Ta brincando comigo que me fez sair da minha cama gostosinha pra andar né.

• Não só pra andar, você lembra da Theo né – Olhei pra Becca que só concordou com a cabeça – Então estava aqui pensando na vida e fiquei irritada porque diga-se de passagem minha vida tá uma bosta e fui levantado pra voltar pra casa e acabei esbarrando nela. - Nisso minha amiga já ria. - Ta rindo do que? - perguntei fechando a cara.

• Amiga se te conheço, ela estava segurando alguma coisa que você com seu esbarrar derramou tanto nela quanto em você, bem que tava sentindo um cheiro de laranja. - Falou e começou a rir. - Você é muito desastrada Val.

• Ta tá já acabou? E sim eu derrubei o suco que ela carregava e nem tinha reparado em cheiro de laranja, mais isso não vem ao caso. Enfim ela perguntou como eu estava e como tinha sido as coisas com você, e depois levantou falando que ela tinha um jogo e que se eu quisesse aparecesse lá pra ver, como eu não faço ideia do que ela estava falando, te chamei pra me ajudar a descobrir. - sorri pra Becca que estava muda do meu lado, mais que logo começou a rir. - Ta rindo do que agora?

• Val tu percebeu que me fez descer pra caçar mulher no calçadão da praia?

• Não to caçando nada não, só queria saber o que ela joga. - falei olhando pra baixo envergonhada

• Ei calma tava só brincando e é fácil saber o que ela joga. - falou fazendo charme.

• Fácil como? Fala Becca.

• É só você olhar ali na frete hoo – disse apontando para algumas redes de vólei montadas.

• Vamos lá. - Falei e sai puxando a Becca.

• Calma, não precisa puxar eu to indo. - tudo isso pra ver mulher – resmungou.

Cheguei na altura onde as redes estavam montadas e logo vi ela, sorrindo e batendo bola com uma menina, parecia feliz e como é linda, não tinha reparado mais que corpo ela tem, sai dos meus pensamentos com a Becca me zoando.

• Val quer um babador? - riu – Desde quando você gosta de mulher Valentina?

• Sai dessa, sabe que não gosto de mulher, sei lá gostei dela, não sei amiga ela tem uma calma pra falar e uma tristeza no olhar que me faz ficar pensando nela. - Falei me sentando e olhando pra ela que nem percebi que falei de mais.

• Valentina, olha pra mim . - Pediu Becca toda séria, era raro ouvir ela falando assim – Amiga, olha posso não entender nada sobre gostar de mulher mas pela forma que você esta olhando pra ela e como acabou de falar não sei não amiga mais acho que se você não gosta de mulher ao menos da Theodora você parece gostar e bastante.

• Não viaja Becca, não vou mentir gostei dela, mais não assim como você esta pensando, quero tentar ao menos me tornar amiga dela, gosto de estar perto dela. - Falei abaixando a cabeça.

• Não acho que isso seja uma boa ideia. - Falou pensativa.

• Porque não Becca? - Aquele mistério todo já estava me irritando.

• Esquece Val, bom faz o que sentir vontade e se quiser saber de alguma coisa pergunta pro Alex ele que te conte, eu vou voltar pra casa, vem comigo ou vai ficar por aqui? - falou se levantando.

• Eu vou também, to melando. - Olhei uma ultima vez pra Theo que naquele momento estava olhando pra mim, dei um tchau e segui andando com a Becca pra casa, cheguei e fui direto pro banho, estava melando pelo suco que caiu em mim, sai do banho e me joguei na cama e fiquei pensando o que sera de tão grave pode ter acontecido entre meu irmão e a Theo que poderia fazer ela me odiar? Eu ia descobrir, e foi com esse pensamento que acabei caindo no sono e inevitavelmente sonhando com aqueles olhos tão lindos e ao mesmo tempo tão tristes.

Theodora

Acordei no domingo com meu celular tocando sem parar, ia matar quem quer que fosse a essa hora, atendi sem nem ver quem era.

• Fala. - Fui grossa

• Nossa trocou a ferradura foi querida. - Falou Heitor do outro lado.

• Desculpa Heitor nem vi que era você, fala querido o que te fez me ligar a essa hora. - Adorava meu amigo, o único que sempre esteve ao meu lado em todos os momentos.

• Tudo bem, dessa vez te desculpo, e nem é tão cedo Theo são quase duas da tarde, achei que já estaria acordada há muito tempo, mas enfim estou te ligando pra ir almoçar comigo pra colocarmos o papo em dia, essa semana nem te vi.

• Verdade, essa semana foi corrida mesmo, vamos almoçar sim, passa aqui em casa e me pega ou te encontro em algum lugar?

• Te pego ai, daqui meia hora to chegando e leva uma roupa que hoje tem vólei na praia.

• Nossa faz tempo que não jogo, vai ser ate bom, vou correr aqui, até daqui a pouco.

• Até linda, beijos.

Desliguei o telefone e fui direto para o banho, realmente dormi de mais, seria bom poder passar o dia com meu amigo, essa semana corri tanto tentando me inteirar de uma vez de tudo sobre a empresa que nem dispensei atenção a ele.

Terminei meu banho e decidi vestir algo despojado, conhecendo o Heitor tenho certeza que o que me aguarda é almoço no shopping onde ele vai me fazer entrar em varias lojas, sorri com esse pensamento, a quanto tempo não tinha um dia tranquilo com meu amigo sem ter que pensar em trabalho, suspirei saudosa.

Vesti um short e uma blusinha fininha, pois fazia um calor terrível e coloquei um top e uma bermuda na bolsa pra poder bater uma bolinha mais tarde.

Assim que terminei de me arrumar escuto o Heitor me chamar.

• Linda, tá pronta? Posso entrar ou vou ver algo inapropriado? - perguntou rindo na porta do quarto.

• Entra logo Heitor – sorri – Já estou pronta não vai ver nada inapropriado – disse abraçando meu amigo.

• Ai Theo que carinha é essa em? Vamos que pelo jeito temos muito que conversar.

• Temos sim amigo e também tenho uma proposta para te fazer, mas deixa isso pra mais tarde, vamos que estou com fome – falei empurrando ele pra fora do quarto.

Como esperado fomos direto pro shopping e antes que o Heitor começasse a entrar em todas as lojas já fui reclamando de fome e puxando ele direto para a praça de alimentação, como nos dois amamos comida japonesa, fomos direto para um restaurante que tinha ali e entre um papo e outro surgiu o assunto da noite de ontem.

• Heitor, conheci uma mulher ontem que não me sai da cabeça. - falei roubando um hot holl do prato dele.

• Ei para de roubar minha comida e vai me falando ai dessa mulher, como ela é? Conheceu onde? O que rolou? - disparou a perguntar.

• Calma, uma pergunta por vez, conheci ela la na boate, pra ser mais exata la no terraço. - sorri ao me lembrar dela linda olhando pro céu e sorrindo.

• Eita que sorriso foi esse? Mais como assim no terraço? La não é fechado ?

• É sim, eu tinha ido pra lá pra tomar um pouco de ar, pensar um pouco, sabe como adoro aquele lugar – ele concordou com a cabeça – um tempo depois que estava lá ouvi barulho de salto e quando olho tinha uma mulher perto do para peito olhando pro céu, cheguei e falei que ela não poderia ficar ali e quando ela me olhou eu esqueci de tudo amigo, fiquei perdida naqueles olhos verdes. - disse suspirando.

• Então quer dizer que ela tem olhos verdes, interessante, mais fala logo de uma vez o que mais aconteceu?

• Nada. - Voltei a comer.

• Como assim nada Theodora? - Perguntou me olhando assutado.

• Não acontecendo nada, conversamos um pouco, disse que ela poderia ficar la e sai quase que correndo daquele terraço.

• Pera deixa eu ver se eu entendi. - fez uma pausa e olhou pra mim – Theodora Fontes, a maior pegadora dessa cidade, a mulher mais cobiçada simplesmente virou as costas e foi embora?

• Isso mesmo meu amigo, não sei te explicar, o olhar, o sorriso, a formar como ela olhava pro céu e sorria, tudo nela me falava que aquela não era uma mulher de uma noite só, e tem outra ela é hetero meu amor e de problemas na minha vida já tenho um monte e não preciso de mais um.

• Nossa não sei mesmo o que dizer a não ser quem é você e o que fez com a minha amiga? Mais agora falando serio amiga, pela forma que você esta falando essa menina te balançou não foi?

• Balançou sim, mas como disse ela é hetero e nem sei se é solteira e não quero mais problemas e provavelmente nunca mais vou voltar a vê-la, então logo esqueço.

• Se você esta dizendo, mas e ai já acabou de comer? Quero ver umas coisinhas antes da gente ir pra praia. - Falou se levantando.

• Coisinhas, sei – sorri – já acabei sim, vamos lá.

Passamos em algumas lojas a maioria de roupas, quando estávamos saindo para poder ir pra praia encontramos com uma amiga da irmã do Heitor, que na hora perdeu toda a pose de bixa e se transformou no hetero.

• Oi Heitor, nossa que bom te ver por aqui, faz tempo que não nos encontramos – Falou a menina cheia de sorrisos abraçando meu amigo e eu? Me segurando pra não rir daquela cena.

• Nossa Clara tem tempo mesmo, realmente é ótimo te encontra esta linda. - a menina corou na hora e eu quase engasguei tentando segurar a risada.

• Imagina Heitor, mas obrigada pelo elogio. - Falou olhando para mim.

• Nossa me desculpa amor – Tomei um susto com ele me chamando assim, me segurou pelo braço e foi me puxando pro lado da menina. - Amor essa é a Clara amiga da minha irmã, Clara essa é a Theo minha namorada. - Na hora olhei pro Heitor e quando ia perguntar que historia era essa ele me deu um beliscão e eu o que fiz? Entrei na onda.

• Olá Clara tudo bem? - dei os dois beijinhos de praxe e voltei para o lado do Heitor e já que ele queria dar um de Hetero e meu namorada, passei o braço pela cintura dele o abraçando.

• Tudo sim, nossa não sabia que estava namorando Heitor, Aninha não me falou nada.

• E que é recente né amor? - concordei com a cabeça. - Preferimos não falar nada ainda.

• Entendo, nossa deixa eu ir que tenho que comprar algumas coisas, bom domingo pra você – disse dando um beijo no rosto de cada um e saiu, assim que sai do shopping, parei da frente do Heitor, cruzei os braços e falei : - Que historia é essa de namorada em? Tá louco?

• Ai Theo relaxa, essa menina vive em cima de mim e já não tinha mas desculpas, não fica brava vai amiga. - falou me abraçando.

• Porque não se assume logo Heitor? Fica nessa e ainda me coloca no meio das suas loucuras, sorte sua que ela parece não saber quem eu sou porque se não iria rir da sua cara, porque todo mundo tá cansado de saber que gosto é de mulher meu amor. - sorri indo em direção ao carro.

• Nossa é verdade né, na hora nem pensei só queria sair logo daquela situação, mais enfim já foi, vamos pra praia? - Falou entrando no carro.

• Vamos sim, que faz tempo que não jogo. - Falei sorrindo

Seguimos para a praia entre conversas bobas ate que toquei no assunto que queria.

• Heitor quero te fazer uma proposta. - Falei seria.

• Tudo bem, fala ai quem você quer que eu mate? - e sorriu.

• Para de ser bobo to falando serio. - bati no ombro dele – Como te disse no almoço, amanha vou assumir de vez a presidência da empresa e já percebi que não vai ser nada fácil, não confio em ninguém ali dentro, o que queria te propor é que viesse trabalhar comigo sei que esta a um tempo já na empresa em que trabalha, mais iria ser perfeito se pudesse vim trabalhar comigo.

• Nossa Theo, eu iria amar ir trabalhar com você, mais me fala o que exatamente você precisaria de mim?

• Preciso de um braço direito la dentro Heitor não confio em ninguém que esta ali, já percebi muita coisa errada, tanto que vou começar uma auditoria amanha na empresa, a principio o que posso te oferecer é o cargo de meu assistente, mas assim que conseguir colocar a empresa nos eixos quero você como meu vice lá dentro o que você acha.

• Ual Theo, não sei nem o que falar, bom pelo pouco que me contou as coisas vão ficar bem complicadas la quando as cabeças começarem a rolar, mas pode contar comigo, vou estar ao seu lado sem tirar que vai ser ótimo ter minha amiga de chefinha. - sorriu dando pulinhos no banco.

• Ai Heitor que bom que aceitou, me tirou um peso imenso, agora ao menos sei que posso confiar em alguém la dentro, mas não vai achando que vai ter mordomia só porque é meu amigo não em – sorri – amanha passa la na empresa e vemos como vamos resolver tudo.

• Tudo bem amiga, agora vamos deixar o trabalho de lado que chegamos. - falou parando o carro. - Olha o pessoal já esta até ali – disse apontando para nossos amigos que sempre iam a praia jogar aos domingos.

• Vai indo la Heitor, vou me trocar aqui no carro mesmo e vou ali no quiosque pegar um suco e já vou pra la.

• Tudo bem, só não demora. - disse saindo do carro.

Aproveitei que o carro do Heitor tinha vidros escuros e me troquei ali mesmo, desci e fui no quiosque que tinha ali perto, pedi um suco de laranja e enquanto esperava fiquei olhando pro mar amava o mar, sempre que podia estava na praia, fiquei perdida em algumas lembranças boas que tinha daquele lugar, dos domingos com o pessoal jogando vólei, despertei dessas lembranças com a garçonete me entregando o copo de suco, peguei o copo e fui caminhando pra junto do pessoa quando alguém esbarra em mim e derruba todo o meu suco que eu nem mesmo tinha tomado ainda em cima de mim, já ia gritar um não olha por onde anda não? Quando percebi que quem esbarrou em mim era justamente aquela que estava roupando meus pensamentos.

- Nossa Theo me desculpa te molhei toda, tava tão distraida que nem te vi. - Ela disse me tirando da minha inercia, toda sem graça, ela ficava ainda mais linda vermelhinha, para Theo, foco, me repreendi.

• Imagina Valentina, eu também não estava prestando atenção, acidentes acontecem. - Falei sorrindo, era dificil não sorrir ao lado dela e sem perceber já estava perguntado : – Como você esta? Desculpa perguntar mais tudo bem com sua amiga? - quando terminei de perguntar que percebi o que estava fazendo, já tinha encaminhado ela para um banco próximo e perguntando da vida dela como se a conhecesse a seculos, estou ficando louca só pode.

• Eu estou bem e não precisa pedir desculpas, a Becca tá bem, nos conversamos e nem ela sabe direito o que deu nela, mas teve a cara de pau de falar que perdeu muito tempo, que deveria ter beijado uma mulher antes. - Ela disse abrindo um sorriso tão lindo que por pouco não me perdi nele que falei a primeira coisa que me veio a cabeça.

• Bom sou suspeita pra falar, mais que bom que vocês estão bem. - Sorri já levantando, não podia ficar muito tempo ali, se não ia acabar fazendo uma besteira – Bom eu vou indo que estão me esperando.

• Nossa e eu aqui te prendendo, não bastou molhar você toda. - e mais uma vez aquele sorriso sem graça, se ela soubesse o quandto fica linda assim toda vermelhinha e o quanto isso me da vontade de agarra-la não ficaria assim.

• Imagina você não esta me prendendo, vou la que tenho um jogo pra jogar – Falei levantando e sem perceber já fui dando um beijo no rosto dela, como era linda meu Deus. - Se quiser aparece por la pra assistir, até qualquer hora pequena. - Fiz o convite e sai dali o mais rapido que consegui.

Como um simples sorriso e um beijo no rosto pode me deixar assim, essa menina vai me deixar louca, cheguei toda melada e sorrindo igual a uma boba perto do pessoal o que não passou despercebido pelo Heitor, comprimentei todo mundo com um beijo no rosto e quando fui pra perto do meu amigo ele já soltou: - Viu o passarinho verde foi? E cade seu suco? Decidiu tomar banho nele ao inves de beber? - sorriu

• Bobo, foi um acidente e digamos que o melhor acidente que já me aconteceu, lembra da garota do terraço que te falei ? - ele concordou com a cabeça. - Então estava saindo do quiosque quando ninguém mas ninguém menos do que a própria esbarra em mim.

• Nossa amiga isso que é conhecidencia em – falou rindo e indo bater bola com os meninos enquanto eu tentava me limpar.

Não deu pra limpar muita coisa e logo fui pra junto do pessoal e começamos a bater bola, estava tão concentrada ali que por um momento não pensei em mais nada, me sentia bem jogando, tão bem que conseguia me desligar de tudo que estava acontecendo na minha vida, até que senti aquela sensação de estar sendo observada sabe e parei e comecei a olhar em volta, foi quando eu a vi, sentada ali no calçadão ao lado da amiga que estava com ela na boate, elas conversavam alguma coisa que parecia estar deixando a ruiva irritada, me desliguei ali olhando pra ela que nem percei o Heitor parando do meu lado.

• Ei tá olhando o que ai com essa cara de boba? - perguntou olhando pra onde eu olhava. - Fala pra mim que a garota do terraço não é aquela ruiva sentada ali do lado daquela morena. - estranhei a pergunta mais respondi sem deixar de olhar pra ela – é sim Heitor, é linda não é ? - Falei toda boba, vi quando a amiga dela levantou e ela levantou logo em seguida, percebeu que eu estava olhando pra ela e me deu um tchau com a mão, quando ia me preparar pra ir atrás dela escuto meu amigo falar : - Theo você sabe quem é ela? - me perguntou com a cara seria, neguei com a cabeça vendo ela se distanciar aos poucos.

• Theo olha pra mim – olhei pro meu amigo que parecia que estava vendo um fantasma. - Aquela ruiva o nome dela é Valentina não é?

• É sim, mais como você sabe? Eu não disse o nome dela. - estranhei

• Eu sei porque ela é a caçula dos D'Niss amiga.

Aquilo foi um banho de água fria, como assim? Como?

• Fala que você esta brincando comigo Heitor, fala que eu não estou apaixonada por uma D'Niss.

• Ai amiga, não é brincadeira, mais como assim apaixonada?

Me sentei na areia, meus olhos já lacrimejaram, não podia ser, ela não, porque ela tinha que ser irmã dele, porque?

• Vem amiga, vem comigo – Heitor me levantou e me levou pro carro. - Me explica o que esta acontecendo Theo, imaginei que você só tinha ficado encantada com e menina e não que tinha se apaixonado.

• Nem eu sabia disso Heitor – Falei encostando no carro. - Só percebi quando estava com ela agora a pouco, quando tive que sair correndo de perto dela pra não agarra-la, quando fiquei adimirando ela envergonhada, senti meu coração mais leve só por estar ali perto dela, mais agora nada disso importa mais, se antes já ia esquece-la por ser hetero, agora sou obrigada a esquece-la, afinal ela é uma D'Niss, amigo me leva pra casa, quero ficar sozinha. - Pedi já entrando no carro.

• Tudo bem, mais não vou te deixar sozinha não, vou ficar la com você.

O caminho ate minha casa foi feio em total silencio, porque ela tinha que ser irmã dele, porque tinha que me apaixonar logo por ela com tanta mulher por ai? Porque ela não falou nada quando me conheceu? Fiquei ali perdida em milhares de perguntas sem respostas que nem percebi que já estavamos na frente de casa.

• Vamos amiga, chegamos.

• Vamos sim, preciso de um banho e de uma bebida. - Falei entrando em casa.

• Vai tomar seu banho, vou ver com a Marta pra arrumar algo pra gente comer e nada de beber.

Nem respondi, fui subindo para o meu quanto, entrei e fui deixando as roupas espalhadas pelo caminho até entra no banheiro, entrei no choveiro e me permiti chorar, chorar por tudo, pela minha família, pela minha vida que tinha mudado da noite para o dia, chorar por ela ser quem ela é. Fiquei ali sentada embaixo d'água chorando até que decidi parar de chorar, afinal chorar não ia mudar nada, não iria trazer minha família de volta e nem mudar quem ela era.

Sai do banho e encontrei meu amigo sentado na minha cama, olhava pra mim com carinho e eu me joguei nos braços dele, fiquei um tempo só abraçada com ele, não sabia o que falar, o que pensar.

• Sabe o que não entendo Heitor, é porque ela não disse quem era quando me conheceu. - Falei deitando na cama.

• Provavelmente ela nem saiba de nada Theo – ele se deitou do meu lado.

• Mais como ela não saberia? Afinal é a família dela. - me virei pra ele que ao mesmo tempo se virou para me olhar.

• Olha vou te falar o que sei tá bom – Balancei a cabeça. - Pelo que eu sei ela saiu de casa e veio estudar aqui, ela nunca gostou dos negocios da família e se afastou de tudo, sei que ela não usa o nome D'Niss e que prefere viver no total anonimato e evita contatos com a família.

• Mas como você sabe disso tudo Heitor?

• O Caio meu primo ficava com a amiga dela a Rebecca, e chegou a comentar que não sabia como ela podia fazer isso, enfrentar a família pra escrever um livro idiota e deixar de viver do sobrenome da família. - Foram essas as palavras que ele usou.

• Quer dizer que ela escreve? - Falei pensando alto.

• Parece que sim, mais acho que ela não te disse nada quando te conheceu por isso, ela nem deve saber quem você é amiga.

• Deve ser, mais isso não muda muita coisa, ela ainda é uma deles. - Falei levantando.

• Bom você que sabe o que faz, agora vamos descer e comer porque estou com fome.

• Vai indo, vou me trocar e já desco. - Fui andando em direção ao armario e uma ideia me surgiu na cabeça.

Assim que desci encontrei meu amigo as gargalhadas com a Marta. - Ei que festa é essa em? Me conta a piada que quero rir também, sentei sorrindo pra eles.

• Tem piada não Theo é esse menino que vive falando besteira, tá querendo me arrastar pra noitada como ele diz, falou que preciso arrumar um namorado. - a senhora falou sorrindo.

• Não inventa Heitor, vai que ela arruma mesmo e me deixa. - Falei fazendo bico.

• Imagina menina, sabe que nunca vou sair do seu lado não é ? - concordei e sorri, Marta trabalhava na minha casa desde que eu nasci, amava ela como uma segunda mãe. - Agora come que vou terminar de arrumar umas coisas, se precisar é só me chamar.

• Ta bom Marta, obrigada. - agradeci não só a comida mais o carinho dela para comigo.

Assim que ela saiu descidi começar a colocar meu plano em pratica, ia descobrir se ela sabia ou não quem eu era e se não sabia, seria a forma perfeita de me vingar do irmão dela, mesmo que isso significasse ter que sufocar o que eu sentia por ela.

•  

  • Heitor já tenho um trabalho pra você como meu assistente. - Falei olhando pra ele.

  • Não gosto quando você faz essa cara, mas fala ai o que você precisa.

  • Quero que descubra onde a Valentina trabalha, se ela escreve e como seu primo disse esta escrevendo um livro já deve ter alguma editora.

  • Sabe quantas editoras tem nessa cidade? - me olhou assustado.

  • Você da um jeito eu sei que da.

  • Mais pra que quer isso Theo?

  • Logo você vai saber meu amigo, mas antes descobre como eu encontro ela.

  • Ta bom, eu vou fazer isso mas antes vai me prometer algo.

  • O que?

  • Se você descobrir que ela não sabe de nada, não vai usar e nem machucar a menina pra se vingar da família dela. - Falou segurando a minha mão.

  • Não vou maxuca-la Heitor, jamais maxucaria mesmo se quisesse.

  • Tudo bem, amanha descubro como você encontra sua ruiva, agora vamos terminar de comer que depois vou pra casa, que amanha tenho muito trabalho pelo jeito.

  • Ja tá reclamando é ? - sorri – Mais vamos terminar sim, preciso descansar, amanha vai ser um longo dia. - Falou pensativa

Fim do capítulo