Valentina

Dizem que existe o tempo certo para amar, não aquele amor dito comum o que se tem vários por ai espalhados pelo mundo, mais aquele amor que te arrebata, aquele amor capaz de te fazer perder o ar, esquecer que o mundo existe e que só existe você e a outra pessoa.

Bom eu não acredito nesse tipo de amor, sou meio cética, não acredito naquilo que nunca vi e esse tipo de amor, nunca vi, nunca senti e nem nunca vi ninguém que eu conheça sentir, só li mesmo sobre ele e pra mim nada mais é que um grande conto de fadas.

Devem estrar se perguntando o porque estou dizendo tudo isso, bem é ai que a historia começa.

Meu nome é Valentina, tenho 25 anos e estou tentando e muito fazer meu sonho se tornar realidade e por mais incrível que possa parecer para poder alcançá-lo eu preciso escrever sobre o amor... irônico não.

Mais como escrever sobre algo que você não tem ideia do que seja? Ai esta a grande pergunta.

Trabalho em uma grande editora e quero muito poder escrever sobre o que gosto, ficção, ação, mais para isso acontecer preciso escrever sobre o tal amor.

Para conseguir ao menos tentar fazer esse trabalho como todo bom escritor vou precisar pesquisar e nada melhor do que minha melhor amiga Rebecca, afinal toda semana a escuto dizer que esta apaixonada por alguém, alguma coisa ela pode saber.

Com esse pensamento fui para casa, já sabia o que ia encontrar, Rebecca jogada no sofácom o computador no colo procurando a próxima balada onde inevitavelmente ela vai encontrar o amor da sua vida, dito e feito, abro a porta e la vem ela...

• Amiga, hoje você tem que ir comigo na nova balada que abriu, vai estar cheio de gatinhos lindos e com certeza um deles vai ser o meu príncipe encantado. - fala toda sorridente.

• Você fala isso todo fim de semana Becca, mais dessa vez vou com você. - falei sem dar muita importância indo para o meu quarto.

Becca veio logo atras, já esperava por isso. - Amiga você esta doente? Bateu a cabeça ? O que aconteceu? - me olha assustada

• Claro que não Becca por que isso?

• Como porque Val, você nunca aceita sair comigo, sempre enfiada nesse quarto, olhando pra essa tela em branco e agora simplesmente fala que vai?

• Só vou porque preciso colocar algo nessa tela em branco, esse livro esta me dando mais dor de cabeça do que poderia imaginar, maldita hora que resolvi escreve-lo, preciso descobrir o que é esse tal de amor então vou começar com você – sorri – afinal você se apaixona toda semana.

• Engraçadinha – Falou jogando um travesseiro em mim. - Mais esta certa, nunca vai descobrir mesmo o que é o amor enfiada dentro desse quarto, nem lendo esses livros todos então pode ir se arrumando que a gente sai as onze e como a senhorita é a santinha vai dirigindo. - risos – porque eu pretendo me acabar hoje.

• Tudo bem Becca, agora cai fora que vou terminar algumas coisa é me arrumar.

Assim que Becca saiu fiquei pensando se essa seria realmente a melhor alternativa, mais bem já estava sem saída e com o prazo para entrega do rascunho do livro a bater na minha porta, mal não faria certo?

Era o que eu pensava.

As onze em ponto estava na sala esperando a minha amiga e como sempre não estava pronta sentei e fiquei assistindo ela correr de um lado para o outro se arrumando, assim que ela parou aquela correria e me olhou só revirou o olho e foi logo dizendo: - A não Val você não vai vestida assim. - Olhei para mim e não entendi o porque daquela reação, estava calor como sempre nessa cidade então estava com um vestido preto simples, uma sandália com um salto médio já que sou um pouco baixinha e os cabelos soltou com uma maquiagem bem leve. - Qual o problema da minha roupa Rebecca?

• O problema minha querida é que você é linda e fica se escondendo nessas roupas que não te deixam nem um pouco atraentes, como quer conseguir um amor sendo que vestida assim o maxímo que vai conseguir e que peçam sua identidade na portaria, tá parecendo uma adolescente. - Ela acabou comigo.

• Nossa menos vai, e eu não quero um amor, só quero ver como ele é, como as pessoas se portam o que sentem.

• Ta tá já entendi, mais comigo você não sai vestida assim vamos trocar essa roupa agora.

De volta ao meu quarto Rebecca revirou o meu armário e me obrigou a colocar a roupa que escolheu pra mim, uma bermuda que nem sei porque tinha pois sempre a achei muito curta, uma blusa social branca, um sapato com um salto mais alto do que o que eu estava e mudou completamente minha maquiagem, fazendo uma mais escura que de acordo com ela realçava meus lindos olhos verdes e um batom vermelho que provavelmente era dela porque eu mesma jamais compraria um.

• Agora sim amiga, vai arrasar corações, agora precisamos ir. - sorriu e foi indo para a sala pegar sua bolsa.

Fiquei um tempo ali me olhando no espelho e não reconheci aquela pessoa que estava ali, sempre fui tímida, nunca gostei de chamar atenção, sei que sou bonita, mais nunca quis que ninguém me enxergasse apenas por isso.

Esta ai a primeira lição que estou aprendendo sobre o tal amor, se você quer achar um comesse pelo lado de fora, afinal você tem que ser vista, e pela forma que minha amiga me vestiu vão ver ate coisa de mais.

Saímos de casa perto da meia noite e dentro do carro Becca ia falando em como a balada devia estar cheia de gatinhos e em como aquela noite prometia e eu estava ali só pensando onde estava me metendo, não sou nenhuma santa tá, gosto sim de sair as vezes mais baladas nunca foram meu forte, prefiro um bom vinho, uma musica suave, um bom papo as vezes acho que já nasci velha.

Chegamos a tal balada e a principio pela fachada e pela fila na entrada já me senti a velha, só tinha molecada, sai do carro e já estava indo para o fim daquela fila quando sinto Becca pegar no meu braço rir da minha cara e começar a me puxar para a entrada.

• Ai amiga só você mesma toda certinha pra ir pegar fila né – e ria mais de mim.

Não estava entendendo nada mais fui atras dela e assim que o segurança a viu, já foi abrindo a fita para ela passar, ela deu um abraço no cara que acho que se chama Roberto, nem prestei muita atenção e foi me puxando pra dentro, pegamos nossas comandas, passei por uma revista um tanto quanto constrangedora, afinal ate dentro do meu sutiã a segurança procurou por algo mais nada disse, finalmente estava dentro da quela balada com a Becca que não parava de olhar pra tudo quanto é cara que passava, mais o que me deixou mais intrigada foi ver dois caras aos beijos encostado em uma parede, na mesma hora olhei assustada pra Becca.

• Becca sera que você pesquisou antes pra saber que essa é uma balada gay criatura?

• Claro né amiga.

• E que gatinho você quer pegar aqui Rebecca? Olha em volta os caras nem vão olhar pra você criatura.

• Ai que você se engana amiga, nem todos são gay, tá bom a grande maioria, mais sempre tem um amigo hetero que vem só pra acompanhar.

• Não acredito que você me trouxe a uma balada gay Rebecca – Fechei a cara na hora, nunca ia conseguir fazer pesquisa nenhuma ali, olhava em volta e só via pegação, mais fazer o que já estava ali ia ao menos tentar me divertir com a minha amiga.

• Vamos pro bar que se vou ficar aqui vou precisar ao menos de um pouco de álcool.

Rebecca me olhou assustada, afinal não sou muito de beber, um vinho as vezes e olhe la, mais ela nada disse, fomos para o bar e adivinhe só, nada de vinho, minhas opções eram cerveja, vodka, tequila, wisk e pinga e nenhuma delas me atraiam então com muito esforço pedi uma vodka e um energetico, porque cerveja não desce, enquanto isso minha amiga já munida de sal e limão esperava a sua tequila.

• Serio Becca, tequila? Vou ter que te carregar no fim da noite?

• Relaxa e aproveita amiga, você tá ate tomando vodka. - e riu da minha cara.

Apos pegarmos nossas bebidas ela foi me mostrar o lugar, tinha três ambientes, um com musica eletrônica onde tudo que eu via eram corpos suados e pessoas alucinadas pulando, o outro era um ambiente pop mais que no momento estava tocando uma sequencia de funck que só conseguir ver o porque era inutil lutar por direitos de igualdade já que as mulheres se rebaixavam a cantar aquelas letras machistas e ficar rebol*ndo até o chão.

O terceiro ambiente já era algo mais ao meu gosto, tinha uma banda tocando alguns pufs espalhados pelo local, onde o pessoal parava para conversar acho que para tentar se conhecer, em um canto tinha uma galerinha comemorando alguma coisa e mais a frente tinha uma escada que eu não sabia onde ia dar.

• Becca, aquela escada ali no canto, vai para onde? Outro ambiente?

• Não sei não amiga, nunca fui la, mais já vi muita gente subindo, acho que deve dar pro terraço, bom eu vou voltar la pra prista de eletrônica, vi uns gatinhos lindos la, você vem comigo ou vai ficar por aqui.

• Vai la, vou dar um tempo por aqui.

• Ta qualquer coisa você me acha la tá bom. - me deu um beijo e saiu quase correndo atras dos gatinhos dela.

Fiquei ali um tempo, sentei em um puf munida da minha vodka que já dava sinais do seu efeito olhando tudo em volta, a maioria das pessoas que estavam naquele lugar eram mulheres, na sua maioria conversando, trocando uma caricia ou outra, achei aquilo ate bonito, aquela atenção, aqueles carinhos involuntários, os toques das mãos e fiquei imaginando é assim que se começa algo que assim que se procura o amor?

Fui tirada dos meus pensamentos quando vejo alguém subir aquelas escadas que tanto me deixaram curiosa, sem perder mais tempo eu e minha curiosidade foram subindo, ao chegar na porta no final da escada tive um certo receio de abrir e descobrir o que tinha do outro lado, mais bem eu já estava ali não.

Abri a porta e tudo o que vi foi o céu que aquela noite estava lindo, estrelado, sim aquela porta dava para o terraço.

Dei alguns passos e não vi ninguém por ali, encostei na mureta que tinha próximo ao para peito e procurei meu cigarro na bolsa, quando escuto alguém falar bem próximo ou meu ouvido.

• Desculpa mais você não podia estar aqui. - aquela voz um pouco rouca fez com que eu me arrepiasse toda, provavelmente devido ao susto que senti no momento, afinal achei que estivesse sozinha, me virei e dei de cara com uma mulher linda, branca como a neve, com seus cabelos loiros e um olho tão azul que fiquei alguns segundos sem nada dizer.

• Desculpa não sabia que não podia subir ate aqui, queria sair um pouco do barulho la em baixo e fumar um cigarro, disse mostrando o maço na minha mão.

Ela sorriu para mim e aquele sorriso era lindo. - Tudo bem eu entendo, mais realmente não é permitido ficar aqui, afinal não é seguro, mais pode ficar e fumar seu cigarro, também subi pra tentar limpar um pouco a cabeça, desculpa te assustei e ainda por cima te repreendi por estar aqui e nem mesmo me apresentei meu nome é Theo, ela disse estendendo a mão, o meu é Valentina ao apertar a mão dela senti uma coisa estranha, como se tivesse levado um choque só por toca-la.

• Então Theo se não é permitido vir ate aqui, porque você esta aqui? – perguntei sorrindo.

• Bom como dona tenho minha regalias. - sorriu – e aparentemente você não gostou muito da minha boate não. - sorriu

• Não é isso, parece ser um lugar legal mais não gosto muito desse tipo de festa, estou aqui mesmo acompanhando uma amiga que inventou que vai achar o gato dos sonhos dela aqui hoje – sorri.

Ela deu risada e que risada gostosa – Bom ou sua amiga esta um pouco desinformada ou esta querendo fazer gay voltar a ser hetero. - e mais uma vez sorriu e eu? bem eu sorri junto.

• Realmente achei estranho a escolha dela, mais ela enfiou na cabeça que vai achar um hetero lindo aqui dentro, o que posso fazer né, já que fui ser louca por sair com ela. - sorri

• Bom mais já que esta aqui porque não aproveita a festa?

• Como disse não gosto muito desse tipo de festa nem mesmo sou muito de beber e já esta sendo um sacrificio ter que beber vodka já que entre as bebidas que tinham no bar é a única que consigo gostar um pouquinho – sorri.

• Entendo, bom eu preciso descer, ver como tudo esta, não posso ficar muito tempo longe, mais como já vi que você não é nenhuma bebada suicida fica a vontade, quando descer só bater a porta tudo bem?

• Claro e obrigada por me deixar ficar mais um pouco aqui.

Me despedi daquela estranha com um sentimento estranho, acho que já tinha bebido vodka de mais, fiquei um bom tempo ali em cima olhando aquele céu estrelado, as ruas quase vazias ali em baixo devido ao aumentar das horas, quando desci não vi mais aquela mulher e já estava cansada, queria a minha cama e aquela noite não tinha sido nada produtiva procurei a Becca em todos os ambiente e não achei em lugar nenhum, resolvi ir ao banheiro, único lugar onde não tinha procurado e quando chego la dou de cara com ela atracada com uma garota na porta, minha reação? Bom eu fiquei ali dura estática com a boca aberta e olhos arregalados, se isso fosse um desenho animado com toda certeza meu queixo teria ido parar no chão.

Só sai daquele momento inercia quando escuto mais uma vez aquela voz rouca atras de mim – Bem parece que sua amiga achou não seu gato mais sua gata e sorriu.

Nem respondi, simplesmente dei dois passos para frente e bati no ombo da minha amiga...- Becca eu to indo, vai comigo ou vai ficar. Só nessa hora ela largou a menina e me olhou assustada.

• Não amiga vou contigo,vai indo pra fila que já te encontro la fora.

Bom eu o que fiz? Nada só virei as costas e fui andando sem rumo, não estava entendendo nada, desde quando a Becca ficava com mulher, vivia falando dos caras que pegava, dos que ficava babando na academia, simplesmente não estava entendendo, parei na fila do caixa para poder pagar minha comanda e a mesma estava enorme, parece que todo mundo que estava ali dentro resolveu ir embora no mesmo horário e eu já não estava mais aguentando ficar parada ali, queria ar puro, queria sair dali, queria entender as coisas, o que estava acontecendo, o mundo estava virando de cabeça pra baixo e só eu não percebi? Perdida nas minhas incontáveis perguntas senti um toque sutil no meu ombro, quando virei para ver quem era dou de cara com a Theo, ela me olhava com uma cara de quem parecia estar entendendo tudo que se passava na minha cabeça, ela não disse nada, simplesmente pegou minha comanda, entregou ao segurança e me levou para o lado de fora.

Assim que sai dali encostei na parede, respirei fundo e olhei pra cima, o que estava acontecendo?

• Valentina certo ? - ela perguntou, só ai lembrei que ela tinha saído comigo

• Sim, ai me desculpa estava tão desnorteada que nem mesmo paguei minha comanda – fui falando já abrindo minha bolsa para pegar minha carteira quando ela segurou minha mão me impedindo. - e mais uma vez senti aquele choque vindo do seu toque.

• Não se preocupe com isso, você nem ao menos aproveitou a festa passou a noite la em cima – como ela sabia disso eu não sei e nem mesmo pensei na hora sobre isso. - Olha sobre sua amiga sei que deve ser difícil descobrir assim, e as vezes nem lésbica ela é, pode ter bebido muito e acabou acontecendo, não julga ela não, conversa com ela com calma e tenho certeza que ela vai te contar tudo.

• Obrigada de verdade e não a julgo não, só me assustei mesmo, estão tão acostumada a ouvi-la se vangloriar dos caras que conquista, dos que ela fica de olho na academia que foi meio que um baque ver ela ali agarrada a uma menina.

• Eu entendo, realmente não deve ser uma coisa fácil de se ver, bom ela já deve estar vindo, foi um prazer recebe-las e espero que volte, nem que seja só para ficar no meu terraço, - sorriu

• Você tem um belo terraço – sorri de volta. - Obrigada mesmo, boa noite – disse dando um leve abraço nela, ela tinha um cheiro gostoso mesmo depois de ter passado a noite ali dentro daquela balada.

• Imagina, sempre que precisar, boa noite pequena e vai com cuidado ok. - dizendo isso ela se afastou e entrou novamente e eu permaneci ali olhando pro céu esperando a Becca sair o que não demorou muito a acontecer.

  Rebecca não sabia onde enfiar a cara, estava mais vermelha que tomate de fim de feira, e eu como boa amiga que sou só consegui gargalhar na cara dela.

• Que gatinho em amiga... - e ri ainda mais.

• Poxa Val eu aqui achando que você ia falar um monte de me ver agarrada com uma menina e tudo que você faz é rir da minha cara.

• Você me conhece a vida toda Becca, quando foi que me viu ter qualquer tipo de preconceito? Não é porque eu não gosto que vou te julgar, mais serio amiga fiquei de cara, fiquei parada la igual uma estatua, nunca imaginei você toda hetero, falando de gatinho pra ca, gatinho pra la toda enroscada com uma guria no banheiro da balada.

• Ai Val mais eu gosto dos gatinhos, mas não sei o que me deu hoje que quando vi já estava agarrada na menina e nem o nome dela eu sei, só sei que demorei de mais para experimentar porque amiga, que beijo e que pegada viu. - ela fala com uma cara como se fosse a melhor coisa do mundo como disse não tenho preconceitos, só não me vejo tendo interesses por mulheres.

• Mais e você em Valentina onde se enfiou que te procurei a balada toda e não te achei? - Falou entrando no carro.

• Eu descobri onde vai dar aquela escada e passei a noite la. - falei fazendo charme o que funcionou, acionou o botão curiosidade da minha amiga.

• Pode ir falando o que tem la em... ficou com alguém? Não me fala que achou um gatinho e eu não. - ri da cara dela.

• Para de bobeira, la é o terraço, nem é permitido que va para la.

• Se não é permitido como conseguiu ficar la?

• Encontrei com a Theo quando fui ver o que era, e bem ela me deixou ficar por la disse que eu não aparentava ser nenhuma bebada suicida, tanto que foi ela que me tirou da minha inercia quando te vi agarrada com a guria no banheiro e nem a comando me deixou pagar, me levou direto para fora, acho que percebeu o quando estava chocada. - Parei no sinal e percebi que minha amiga estava quieta de mais, achei que já tinha apagado, mais quando olho pro lado la esta ela me olhando com a mesma cara de desenho animado que tem o queixo no chão que olhei para ela quando a vi no banheiro com uma menina. - Que cara é essa Rebecca? - estranhei a reação dela.

• Como assim? Você conheceu a Theodora? Ela falou com você? Foi gentil? - e continuo me olhando como se aquilo fosse estranho, não estava entendendo nada.

• Não sei se o nome dela é Theodora, ela se apresentou como Theo apenas, disse que era a dona da boate, e sim foi muito gentil comigo, chegou ate a me chamar de pequena o que eu achei ate estranho mais estava em choque pra prestar atenção no momento.

• Para tudo, você não sabe mesmo quem ela é ?

• E deveria? - já estava entrando na garagem do nosso predio

• Porr* Valentina, você não lê jornal, assiste TV ou entra na internet não?

• Claro que entro Rebecca mais só olho sobre assuntos que são do meu interesse agora para desse show todo e fala logo qual o problema da Theo ter falado comigo?

• Ta vou tentar te explicar – disse se jogando no sofá – O nome dela é Theodora Fontes, considerada a mulher mais rica do Brasil depois de herdar todo o império Fontes após um trágico acidente com a sua família. Depois disso ela se fechou pra todo mundo, ninguém consegue uma entrevista com a mulher, ela visita as empresas, fala somente o necessário, só vai nas casas noturnas que ela possui quando não quer passar a noite sozinha, ela entra escolhe a sortuda da noite vai embora com a mesma e só e você me aparece chamando ela de Theo e falando que ela foi gentil com você e que ainda te chamou de pequena e quer que eu ache normal?

• Não vejo nada de mais Becca, ela deve ter percebido que eu não fazia ideia de quem ela era, por isso mesmo conseguiu agir naturalmente comigo, porque querendo ou não você sabe que eu sei bem como é quando as pessoas sabem quem você é, não da para abaixar a guarda pra ninguém, e ela provavelmente também nem saiba quem eu seja, assim como quase ninguém nessa cidade, por isso adoro viver minha vidinha quietinha e fora das balada.

• Ai amiga você provavelmente esta certa e eu estou exagerando, porque se ela soubesse quem você é teria te mandado sair de la correndo... - e riu da minha cara e eu mais uma vez naquela noite não entendi nada.

• Como assim Becca? Nunca nem ouvi falar da Theodora o que ela teria contra mim?

• Contra você nada né amiga mais contra seu irmãozinho muita coisa – falou isso e foi para seu quarto e eu? Eu fiquei ali que nem um dois de paus tentando entender, o que meu irmão mais novo que estava a quilômetros de distancia poderia ter com aquela mulher? - bom tá tarde e não vou conseguir respostas agora, e o que eu queria descobrir essa noite, não consegui porque tudo que vi foi uma hetero jogada nos braços de uma mulher e uma noite linda vista do centro da cidade.

Terminei de me arrumar e deitei afinal, amanha é outro dia e eu preciso começar a escrever algo logo, mais toda vez que fecho os olhos me vem a mente aquele olhar carinhoso que ela me deu quando percebeu que me assustei com a Becca, com aquela voz rouca. Epaaaa pode ir parando ai Valentina, que historia é essa de ficar pensando em mulher, fecha o olho e pensa nesse amor que você tem que descobrir o que é logo, porque seu prazo tá acabando. E assim eu fiz, dormi, mais não sem sonhar com aquele olhar.

Acordei mal humorada, com ressaca e querendo matar a Rebecca pelo som alto, ainda me pergunto porque moro com ela mesmo?

Cheguei na sala e descobrir a resposta, porque ela que me coloca pra cima sem a Becca eu viveria enfurnada nos meus livros e dentro de casa, a base de coca cola e cigarro. - sorri ao vê-la ali tentando fazer alguma coisa na cozinha enquanto dançava de calcinha e camiseta toda descabelada.

• Bom dia louquinha, o que vai sair dessa gororoba ai em ? - perguntei sorrindo

• Olha que se começar a ofender não come. - fez cara de brava, mais logo sorriu. - Bom dia Pequena – me zoou por causa da noite anterior – Estou fazendo seu café da manha dos sonhos então não reclama.

• Serio? - meus olhos brilharam

• Sim senhorita, ovos, panquecas e bacon, não sei como consegue comer isso a essa hora da manha mais fazer o que se foi tudo que achei na geladeira, temos que ir no mercado urgentemente.

Levantei do banco onde estava e a enchi de beijos – Você é a amiga mais linda do mundo e realmente precisamos ir no mercado, essa casa esta em petição de miséria.

Theodora

Minha vida não é nada do que eu sonhei que seria quando chegasse nos meus 30 anos, nunca imaginei que estaria sozinha no mundo, olho em volta nessa casa e tenho as varias lembranças da minha família aqui comigo, minha irmã correndo pra cima e pra baixo, minha mãe sempre centrada e resolvendo problemas da empresa, meu pai sempre ao seu lado dando apoio incondicional e eu? Eu a filha rebelde que não aguentava mais tudo aqui e sai de casa pra ter a minha vida. Como me arrependo disso, talvez se tivesse ficado ali, teria passado mais tempo com eles, talvez poderia ter feito com que eles ficassem em casa naquela noite ou até teria ido com eles e agora não estaria ali naquela casa sozinha presa mais uma vez em lembranças e arrependimentos pelo que eu poderia mais não fiz.

Minha vida mudou drasticamente após a morte deles, eu como única herdeira fiquei responsável por todo o império Fontes, não que eu não fosse capaz de gerir os negócios, afinal sempre estudei para ser a responsável por tudo um dia, mais gostava da minha vida mansa, sem me preocupar muito com nada, só curtir. Mais agora aqui estou eu em um sábado indo para a matriz da empresa para mais uma reunião enfadonha com um monte de gente que acha que eu não deveria estar ali.

Fiz o caminho ate a empresa pensando que todos ali tinham razoes para achare que eu não era a pessoa indicada para estar afrente dos negócios, afinal nunca me preocupei com eles ate que fosse necessário, mais o que nenhum deles sabia é que nada no mundo me faria perder aquele patrimônio que minha mãe e meu pai trabalharam tanto para criar.

Cheguei na empresa e como sempre mantive minha expressão fechada, via que as pessoas tinham medo de mim e era isso que eu queria ali, não estava indo para fazer amigos e sim para fazer uma empresa funcionar, entrei na sala de reuniões e como esperado já estavam todos a minha espera, sem mais delongas me encaminhei para a cadeira da minha mãe, agora minha cadeira e dei um breve bom dia a todos.

A reunião começou como sempre, cada setor mostrando seus balanços e mostrando onde poderiam melhorar, o que precisava ser trocado e assim foi indo de setor a setor, prestei atenção em cada um dos gerentes ali e percebi que alguns realmente se importavam com a empresa e queriam fazer sempre o melhor por ela, mais outros não mexiam um dedo para isso tanto que tiveram a coragem de me mostrar o mesmo relatório da reunião anterior, eu nada disse mais na minha cabeça minha decisão já estava tomada.

• Bom cavalheiros, obrigada pelas atualizações, sobre os pedido feitos hoje, eu mesma irei avalia-los no decorrer dessa semana e veremos o que é mais viável ser feito, como percebi que alguns dos senhores me acham burra o suficiente para não enxergar a falta de interesse nessas reuniões e ate mesmo na empresa me apresentando relatorias nas reuniões anteriores – olhei para eles que já estavam com olhos arregalados – sim senhores eu leio cada um deles, enfim a partir dessa semana estarei assumindo meu cargo como diretora em tempo integral das empresas Fontes, e eu mesma vou fazer um levantamento de cada setor e aquele aqui que não se acha bom o bastante para essa empresa por favor pode se levantar e se retirar, caso contrario quero ver serviço e não ternos engomados. Por hoje é só, tenham um bom dia senhores. - Falei me levantando e saindo da sala, sei que comecei uma caçada as bruxas naquela sala, assim como sei que na segunda quando começar a fazer auditoria em cada um dos setores aqueles que se achavam mais espertos vão cair, pois vão tentar esconder tudo durante esse final de semana, o medo faz com que se cometa erros.

Cheguei em casa cansada como sempre, ter que lidar com aqueles caras era sempre cansativo, eles acham que por ser mulher e nova sou burra, doce engano, subi pro meu quarto e como sempre a Marta é meu anjinho e já deixou minha banheira preparada, a água na temperatura que eu gostava., fiquei um tempo ali tentando não pensar em nada, aquela semana tinha sido extremamente cansativa, tive que visitar as varias filiais da empresa e algumas casas noturnas, se bem que nas casas noturnas ate me diverti – sorri ao lembrar – mais o dia ainda não tinha acabado, a pouco mais de um mês tinha inaugurado mais uma casa noturna o nome em homenagem a minha irmã Alice chamava pais das maravilhas e era para lá que ia hoje.

Quem sabe beber um pouco, dançar e beijar algumas bocas não me relaxem, foi com esse pensamento que fui descansar ate dar a hora de me arrumar e me encaminhar para a boate, cheguei la e como sempre a fila estava grande, passei direto e fui para a minha sala no andar superior, vi alguns relatórios de mercadorias sobre a mesa, mais não tinha ido la para isso hoje, sentei no sofá que tinha ali e peguei uma garrafa de vinho, enchi minha taça, e tomei enquanto olhava as pessoas entrando pelo vidro da minha sala.

Logo percebi uma cena um tanto quanto engraçada, vi uma garota ficar toda vermelha apenas por ser revistada na entrada, e não sei o porque ela me chamou a atenção, mais logo percebi que ela não estava sozinha, devia estar com a namorada claro.

Fiquei mais um tempo ali só olhando os corpos suados a se agarrar no andar de baixo e decidi dar uma volta.

Imagina a minha surpresa ao ver a menina que estava toda tímida na entrada sozinha em um puf analisando tudo a sua volta, como se estudasse cada gesto de cada pessoa ali, não parei muito pra prestar atenção a ela, precisava de ar e fui logo subindo as escadas que davam para o terraço, cheguei ali, era meu paraíso, silencioso, vazio e ninguém sabia quem eu era, ninguém queria nada de mim, era só eu e o céu, eu não precisava ser a Theodora Fontes ali em cima eu era só a Theo e isso me fez sorrir.

Meu sorriso morreu quando ouvi um barulho de salto se aproximando do para peito, só essa que me faltava nem ali eu teria paz, mais olhando com mais atenção percebi que quem estava ali era a mesma menina do andar de baixo.

Cheguei próxima a ela e disse: - Desculpa mais você não podia estar aqui. - Ela se virou e foi quando eu me perdi, que olhar era aquele, aquele verde que me fez perder a noção de onde eu estava, foi quando eu ouvi ela falando, me tirando da minha inercia.

• Desculpa não sabia que não podia subir ate aqui, queria sair um pouco do barulho la em baixo e fumar um cigarro, disse mostrando o maço na mão.

So consegui sorrir para ela, estava ainda em reação, ela era linda. - Tudo bem eu entendo, mais realmente não é permitido ficar aqui, afinal não é seguro, mais pode ficar e fumar seu cigarro, também subi pra tentar limpar um pouco a cabeça, desculpa te assustei e ainda por cima te repreendi por estar aqui e nem mesmo me apresentei meu nome é Theo, disse estendendo a mão, o meu é Valentina ela respondeu - ao apertar a mão dela senti uma coisa estranha, como se tivesse levado um choque só por toca-la.

• Então Theo se não é permitido vir ate aqui, porque você esta aqui? – Perguntou me dando um sorriso lindo.

• Bom como dona tenho minha regalias. - sorri – e aparentemente você não gostou muito da minha boate não. - sorri, parecia que tudo que conseguia fazer era sorrir.

• Não é isso, parece ser um lugar legal mais não gosto muito desse tipo de festa, estou aqui mesmo acompanhando uma amiga que inventou que vai achar o gato dos sonhos dela aqui hoje – ela deu um sorriso sem graça que a deixava ainda mais bela.

Dei uma gargalhada assim que ouvi aquilo, gato dos sonhos em uma falada gay, meio difícil não – Bom ou sua amiga esta um pouco desinformada ou esta querendo fazer gay voltar a ser hetero. - e mais uma vez sorri e ela sorriu comigo.

• Realmente achei estranho a escolha dela, mais ela enfiou na cabeça que vai achar um hetero lindo aqui dentro, o que posso fazer né, já que fui ser louca por sair com ela. - então ela é hetero, isso me desanimou na hora.

• Bom mais já que esta aqui porque não aproveita a festa?

• Como disse não gosto muito desse tipo de festa nem mesmo sou muito de beber e já esta sendo um sacrificio ter que beber vodka já que entre as bebidas que tinham no bar é a única que consigo gostar um pouquinho – sorriu

•  

  • Entendo, bom eu preciso descer, ver como tudo esta, não posso ficar muito tempo longe, mais como já vi que você não é nenhuma bebada suicida fica a vontade, quando descer só bater a porta tudo bem? - Não precisava descer e nem ver nada, se pudesse passava a noite ali só vendo ela sorrir, ainda mais que parecia que ela realmente não sabia quem eu era, mais minha vida já andava complicada de mais pra querer agora inventar de conquistar uma hetero.

  • Claro e obrigada por me deixar ficar mais um pouco – Ela sorriu, a se ela soubesse que por aquele sorriso eu deixaria ela fazer o que quisesse, sai dali o mais rápido que pude, não podia deixar essas emoções tomarem conta de mim, não tinha tempo e nem cabeça para isso, fiquei rodando pela balada, vi varias mulheres me olhando e me seguindo para onde quer que eu fosse mais nem dei atenção, ainda estava com aqueles olhos verdes presos na minha memoria, dei mais algumas voltar e percebi que ela ainda estava la em cima, subi e abri a porta devagar para não fazer barulho e tive uma visão linda, ela sorrindo olhando para o céu, como se nada mais no mundo existisse só aquele momento, não iria tirar isso dela, voltei a fechar a porta e fui para o bar, estava na metade do meu segundo copo de wisk quando a vejo passar por mim, vi que deveria estar procurando a amiga pois olhava para todos os lados e bom eu fui andando atras, porque eu fiz isso? Ainda não tenho ideia, mais ainda bem que fiz, assim que ela chegou no banheiro se deparou com a amiga agarrada em uma menina, percebi que ela estava em choque e mais uma vez cheguei bem perto dela

  • Não amiga vou contigo,vai indo pra fila que já te encontro la fora.

  • Valentina certo ? - Perguntei mesmo sabendo que sim, não esqueceria o nome dela, parece que só ai ela se lembrou que eu estava ali com ela.

  • Sim, ai me desculpa estava tão desnorteada que nem mesmo paguei minha comanda – Ela já foi disparando em falar, eu dei um leve sorriso, não estava nem ai pra comanda alguma, toquei na sua mão impedindo que ela pegasse o que fosse na bolsa - e mais uma vez senti aquele choque vindo do seu toque.

  • Não se preocupe com isso, você nem ao menos aproveitou a festa passou a noite la em cima – Deixei escapar sem querer mais parece que ela não prestou atenção nisso na hora. - Olha sobre sua amiga sei que deve ser difícil descobrir assim, e as vezes nem lésbica ela é, pode ter bebido muito e acabou acontecendo, não julga ela não, conversa com ela com calma e tenho certeza que ela vai te contar tudo. - Tentei ajuda-la.

  • Obrigada de verdade e não a julgo não, só me assustei mesmo, estão tão acostumada a ouvi-la se vangloriar dos caras que conquista, dos que ela fica de olho na academia que foi meio que um baque ver ela ali agarrada a uma menina. - Sorri, um sorriso de alivio, ela não era preconceituosa, talvez que sabem não conseguisse algo, na mesma hora afastei esse pensamento.

  • Eu entendo, realmente não deve ser uma coisa fácil de se ver, bom ela já deve estar vindo, foi um prazer recebe-las e espero que volte, nem que seja só para ficar no meu terraço, - sorri, esperava mesmo poder vê-la mais uma vez.

  • Você tem um belo terraço – Ela e deu aquele sorriso lindo - Obrigada mesmo, boa noite – disse me dando um abraço que eu não esperava mais que adorei receber, pude perceber que ela tinha um cheiro gostoso de fruta, mais não consegui identificar qual.

  • Imagina, sempre que precisar, boa noite pequena e vai com cuidado ok. - Estava com meus sentidos tão bagunçados e depois daquele abraço, não queria nem deixa-la ir embora, acabei me despedindo de uma forma um pouco mais curiosa quando vi que a amiga dela se aproximava, me afastei assim que ela chegou mais ainda pude ouvir as risadas das duas, pelo menos ela não brigaria com a amiga.

– Bem parece que sua amiga achou não seu gato mais sua gata e sorri. - Parece que foi o suficiente para fazer ela sair do choque que estava porque logo foi falar com a amiga.

- Becca eu to indo, vai comigo ou vai ficar? - Só nessa hora ela largou a menina e olhou assustada para a Valentina

Vi que ela não fez mais nada, só saiu andando sem rumo pela boate e eu preocupada fui atrás, percebi que ela não estava bem, ainda estava em choque e dava para ver nos seus olhos milhares de perguntas sendo feitas, não aguentei ficar ali vendo ela parada naquela fila sozinha me aproximei toque de leve no seu ombro ela me olhou com um olhar de me salva que eu nada disse só olhei para ela como se soubesse pelo que ela estava passando peguei a comanda da mão dela, entreguei para o segurança da portaria e levei ela para fora e como eu esperava assim que ela saiu a primeira coisa que fez foi respirar fundo e olhar para o céu, acho que o céu a acalmava, me aproximei novamente, tentando chamar sua atenção.

 Nem sei porque voltei a entrar na boate, minha cabeça já não estava ali, minha noite tinha acabado assim que aquela ruiva colocou o pé para fora e constatar isso me assustou, voltei a minha sala, peguei minha bolsa e fui para casa, queria um banho e uma boa noite de sono era isso que precisava e foi exatamente o que fiz, tomei meu banho e me joguei nua mesmo na cama, fiquei um tempo olhando pro teto, e tudo que vinha na minha cabeça eram aqueles olhos verdes e aquele sorriso que alegraria o mundo, me recriminei por estar pensando nisso ainda e me forcei a dormir.

Fim do capítulo