Meu turno estava quase acabando, faltava apenas meia hora para eu voltar para casa. A ultima ronda seria no centro da cidade, passei e frente a escola e vi um carro diferente parado, e pelo modelo já desconfiava de quem se tratava. Foi quando eu vi ela saindo, segurando uma pilha de papéis. Minha primeira reação foi dar ré, para ir embora mas algo me impediu. Ela se curvou para acomodar os papéis no banco de trás, meu sangue ferveu. Era como se não fosse eu, só queria te -la e não pensei em nada, nada e em ninguém. Ela estava tão distraída que não percebeu minha aproximação. Só pensei em como seria bom senti sua boca novamente e quando assustei, já estava em seu carro, sendo masturbada por ela. Mas alguém tinha que ser sensata nessa história, e esse alguém seria eu. Depois da noite de sex*, algumas coisas teriam que ser ditas, algumas feriadas tocadas, mas não fazia a menor ideia de onde começar.

Estávamos na pista de rally , eu sentada no capô do seu carro, ela estava no meio das minhas perna, virada para a frente fumando. Não posso deixa ela fazer o que quiser, não sou dessas, ela já fez isso uma vez; e farei tudo que for possível para não fazer novamente. Ela veio tentar me beijar, mas eu não deixei.

– Eu acho que devemos conversar, você não concorda?

Ela foi beijando meu pescoço, eu com todas as forças tentando resistir, ao seu toque. Fomos nos beijando até o carro, ela abriu a porta, me empurrou contra o banco do motorista, procurando a alavanca para abaixar o banco, o ziper do meu macacão já estava aberto.

– Pára, por favor! – Disse eu desesperada.

– Eu te machuquei? Disse Agnês preocupada.

– Não, de forma alguma. Mas eu acho incrível sua capacidade de fingir que não temos nada para conversar.

– Eu sei a sua resposta para o meu pedido, então não me resta nada a não sei aproveitar você antes de eu ir embora! Você não faria o mesmo?

– Não Agnês e essa é justamente a grande diferença entre eu e você.

– Ok, você conseguiu estragar o clima – Ela disse enquanto fechava o ziper do seu macacão.

– Você não sabe o esforço que eu estou fazendo, para não fazer amor com você aqui mesmo. Faz um ano e meio Aggy, que eu sonho com esse momento, e agora que ele chegou eu não sei como reagir, estou deixando uma espécie de piloto automático tomar conta de mim. E não é assim que as coisas funcionam.

– Pára de agir como se o sofrimento nessa história fosse exclusividade sua.

– Olha, sugiro irmos para outro lugar, onde não tenha cama, nem banco de carro, nem nada que encerre esta conversa na cama. Será que podemos?

– Ok, o que sugere?

– Sugiro trocarmos de roupa. Eu vou primeiro, e depois você vai!

– Ok, vai lá.

Fui até o vestiário e troquei de roupa, quando cheguei ao carro, Agnês estava afastada fumando.

– Agora você pode ir.

– Vou só terminar o cigarro – Disse em tom ríspido.

Então vi ela se afastando rumo ao vestiário. Enquanto isso pensei em lugar que pudéssemos conversar. Quando ela voltou eu já tinha pensado em algo.

– Olha, tem um lugar que eu sempre ia com o meus pais quando era criança, a comida é boa, a cerveja artesanal. Posso te levar lá?

– Claro – Ela respondeu me jogando a chave do carro.

Já no carro, fui contando um pouco sobre o lugar onde íamos. Se tratava de um bar temático, uma espécie de taverna Viking. Lá é tudo rústico, mas a comida é uma delicia, eles fazem o melhor javali assado que eu comi em minha vida. Precisávamos de um lugar neutro para conversar, algo para nos distrair.

Quando chegamos, ela ficou algum tempo olhando como se tivesse criando coragem para entrar.

– Algo errado, querida?

– Não, é que eu acho que já estive nesse lugar.

– Então, vamos entrar?

– Vamos, claro!

Escolhemos uma mesa ao canto, meia luz. No fundo tocava um som ambiente : Uma música Viking, que por força maior, de tanto ouvir quando meu pai escutar quando ele estava em casa; acabei aprendendo.

Sentamos uma de frente para outra, veio o garçom e eu pedi uma caneca da melhor cerveja, javali e legumes assados. Aggy pediu apenas um suco de laranja e me acompanharia no javali.

O garçom trouxe minha cerveja e o suco, tomei o gole da coragem e fomos conversar sobre tudo que aconteceu no ultimo ano.

– Você sabe que eu não posso aceitar seu pedido para irmos embora, certo?

– Sei, não sei o que me levou a te perguntar, mas saiba que independente de você ter aceitado ou não , eu vou.

– Do que está fugindo agora?

– Nada! O que te levou a pensar isso? Que estou fugindo de algo?

– É que temos um históricos. Não foi você que acordou as 5 da manhã, pelada. Achando que a pessoa que você mais amou em toda a vida estava ao seu lado. E só encontra o travesseiro. Nenhuma ligação, nenhum bilhete, e aparentemente nada que justificasse a total falta de respeito.

– Desculpa, eu não sabia que iria ficar chateada.

– Aggy, faz quase dois anos que você é a primeira pessoa que eu penso quando acordo, e eu não sei quase nada sobre você. Tudo é confuso, é estranho, achei que odiasse crianças e quando te vejo novamente você é mãe de uma garota de 5 anos com tatuagem e tudo.

– Você quer mesmo saber sobre mim?

– Claro, acho que é por isso que eu estou aqui.

– Então lá vai. Sou leonina ( acho que isso deve explicar muita coisa), a única coisa que sei fazer bem na cozinha é café e bebo aproximadamente 6 xícaras por dias desde que acordo até a hora que vou dormir. Odeio lavar meu rosto quando eu tomo banho sempre acho que vou afogar, minha cúlinaria preferida é a brasileira, pretendo um dia visitar o lugar que a minha mãe nasceu, está na minha lista de 1001 lugares para visitar antes de morrer, eu sempre choro assistindo De repente 30. Tive um surto quando soube que você estava casada, o Eduardo precisou me ajudar. Hoje em dia eu percebo que odiei te amar desde que te vi pela primeira vez. Eu atropelei minha filha antes de adota – la, foi difícil me acostumar com o jeito dela, era como se eu estivesse me vendo. Eu pensei em desistir dela quando descobri que ela era soropositivo, mas achei que seria covardia demais desistir mais uma vez de alguém que você já ama mais do ama a sí mesma. Antes do meu pai morrer, ele foi em Londres me ver; jantamos, conversamos.. Foi o meu melhor dia com ele. Dois meses depois ele estava morto. Me tranquei no banheiro por quase doze horas com uma garrafa de Absinto, não tive coragem de ir no velório e meus tios ficaram muito chateados comigo, queria me lembrar dele vivo, rindo para mim. Eu mudei tanto depois que adotei a Júlia que eu entendo o fato de você não querer ir comigo para Islândia. Mas eu preciso ir, preciso encontrar um lugar no mundo mesmo que esse lugar eu nem saiba pronunciar o nome da capital. E eu não fugi de você, eu pretendia voltar, iria comprar os cigarros e voltaria antes que você percebesse, mas ai eu encontrei um amigo seu.

– Quem? Perguntei assustada com a avalanche de informações.

– Kolbie, ele me disse que não pegaria bem você ter caso com a herdeira de metade da cidade... Aquilo me assustou! Não queria atrapalhar sua vida.

– Ele é um babaca, filho da puta! Uau, estou chocada, eu não sei o que te dizer.

Ela deu um gole no refrigerante, e quando fui beber a cerveja eu percebi que tinha secado o caneco. Pedi outra, que veio junto com a nossa refeição.

– Agora que você entende que eu não sou FILHA DA PUTA como imagina, acho que também tenho direito de saber o que aconteceu com você durante esse tempo que eu fiquei fora.

– É justo! – Respondi rapidamente entre um gole de cerveja e outro – Bom, me casei. Conheci ela em Oslo em treinamento que tive lá.

– Treinamento do que? – Nesse momento o celular dela tocou, uma ligação-- Oi? Ah desculpa, não deu de te avisar, mas não vai dar para eu ir, desculpa mesmo..Quando eu voltar a gente marca de novo , ok?

– Quem é? Perguntei mesmo sabendo que não era da minha conta.

– Uma garota holandesa com quem eu pretendia trans*r a noite inteira, mas como bem vê não deu certo!

– E qual o motivo de não ter dado certo?

– hahahhaa,É sério que você está perguntando isso? Você está com ciúmes? – Não respondi, a resposta parecia bem nítida – Não sou eu que sou casada aqui, você não pode me cobrar nada.

– Esse seu cinismo me irrita, você me faz te odiar e te amar em milésimos de segundo de tempo. Eu acho isso horrível , eu perdi as contas de quantas vezes eu tive vontade de sair correndo de perto de você, pelo fato de eu não me reconhecer quando estamos juntas. Mas ai, eu vejo sua cicatriz, o jeito que mexe nos cabelos quando está nervosa. O chão parece abrir abaixo dos meu pés, e sua voz grossa, firme entranha em meus póros. Eu não posso abandonar tudo o que conquistei, ir para um lugar completamente estranho, deixar o meu casamento. Isso não seria justo com a Andrea.

– Então a espiga de milho tem um nome.

– Pára Agnês! Sabe quem é essa mulher Agnês?

– Não faço a menor ideia.

– Ela colo parte por parte do coração que você partiu, foi no colo dela que eu chorei sem ela saber por sua casa, agora nós somos uma família, ela me me ama de verdade...Eu vejo isso nos olhos dela. Você foi a covarde de ter ido embora daquela forma, podia ter conversado comigo. Aquele cara mentiu sobre o que ele falou, mas você sempre teve tudo fácil demais. Eu te esperei por uma ligação todos os dias que você esteve fora, mas em troca eu só recebi o silêncio, o completo e total silêncio. O que me fazia pensar : Será que eu fiz algo de errado? Recapitulei quadro à quadro daquela noite e não achei nada que justificasse ter acordado sozinha. Então, eu não admito você falar dela nesse tom de deboche, mais respeito por favor – Falei quase gritando.

– Se você respeitasse tanto ela, não teria deixado eu te foder a noite inteira, não estaríamos aqui tendo essa conversa. Você não teria vindo até mim como uma cadela no Cio.

– Pára de falar assim – Eu disse chorando.

– É melhor eu ir embora, essa comida não vai me cair bem. Volta pra sua vida, e quando contar para sua esposa que transou com outra, não esqueça de mencionar que foi você que foi atrás.

Ela se levantou e pegou a bolsa, segurei no braço dela mas ela apertou minha mão para eu não segura –la .

– Por isso a gente nunca vai dar certo Agnês! : Eu não sou igual esses putos que você contrata só para foder e jogar fora. E você odeia isso!

Ela deu as costas para mim, nervosa...

– Você vai me deixar aqui? Estamos a quase 100 kilometros de casa.

– Chama um táxi – Ela jogou o cartão com o número de um taxista em cima da minha mesa..

– Você tem que parar de me magoar desse jeito Agnês! – Ela saiu e me deixou falando sozinha.

***

Cheguei em casa e já era quase meia noite, tomei um banho e me deitei ao lado da Júia que estava em minha cama. As luzes estavam acesas e ela acordou.

– Estava chorando mãe – Perguntou com voz de sono

– Não filha, a mamãe só teve um dia difícil.

– Foi por causa daquela moça loira que veio aqui?

– Mais ou menos – Me deitei abraçando ela – Agora a mamãe precisa dormir.

Lá pelas tantas da madrugada, eu acordei, Júlia estava em meus ombros. Tirei ela bem de vagar, coloquei o roupão e fui rumo ao corredor. Desci as escadarias e fui até a cozinha beber uma água.

A luz do meu celular acendeu, ele estava em cima da mesa de centro. Ao lado estava os óculos, os coloquei e vi quem ligava : Eduardo.

– Oi? Dormia? – Ele foi logo perguntando.

– A essa hora da manhã, era para eu estar ! E você, o que faz?

– Eu estava vendo umas fotos nossas no celular, me deu saudades de você. Como você está?

– Tô bem, eu já volto para casa, na quinta feita. O cara vem ver o carros amanhã e daí estou liberada.

– Sua voz está meio triste, aconteceu algo?

– Tive uma conversa bem tensa com a Chris a poucas horas atrás..digamos que eu ainda não digeri bem.

– Não vai surtar de novo não, heim? Ai ai ai !

– Não, está tudo tranquilo. Pode ficar sossegado.

– Ok, mas o que vocês falaram para brigar.

– Eu chamei ela para ir embora comigo, e ela obviamente não aceitou.

– Mas você deu algum tempo para ela pensar?

– Não!

– Tá explicado, você assustou a moça. Dá pra ver que você não entende nada de relacionamento com mulheres.

– Falou o : Hitch : O conselheiro amoro.

– É sério Agnês, sem fazer piada. Você não pode fazer uma pessoa mudar assim, sem ao menos dar um tempo para pensar! Eu entendo que você queira mudar, que finalmente você tenha encontrado seu lugar no mundo, mas poxa..você pode namorar com ela estando em qualquer parte do globo. Basta um pouco de boa vontade.

– Não é só isso, ela está casada...É uma confusão do caralh*.

– Mas ela gosta de você?

– Eu acredito que sim.

– Então, comece pelo inicio. Peça ela em namoro, ela termina com a esposa, ai vocês namoram de qualquer canto do planeta que você estiver.

– Você já está falando besteira Eduardo.

– Posso até estar, mas eu te dei uma boa coisa para pensar.

– Tchau Eduardo.

– Quando você se (…) – Desliguei antes dele terminar a frase.

Poucos minutos depois , recebi uma mensagem de texto.

'' Quando você desliga sem deixar eu terminar a frase, eu sei que estou certo''.

 

De alguma forma muito louca Eduardo tinha razão, eu me lembro quando Ricci me pediu em casamento eu quase desmaiei, o compromisso me assustou enfim, me deu algo para pensar.

***

Cheguei em casa quase duas da manhã, tive que pedir carona para um colega de serviço. Inventei que meu carro havia quebrado. Não tinha ninguém em casa, os meninos estavam dormindo na casa da minha mãe.

Fui direto na geladeira e peguei uma cerveja, me sentei no primeiro degrau da escada, tirei o celular do bolso. Olhei a agenda e vi o número do Ricci, não pensei muito bem no que estava fazendo, apenas coloquei para discar.

– Oi, liguei em má hora?

Ouvi um barulho de som alto, pelo menos ele não estava dormindo.

– Me liga daqui 5 minutos, vou sair do barulho – Ele respondeu gritando.

Esperei os 5 minutos combinados, liguei novamente e quando ele atendeu o barulho estava longe.

– Oi, Ricci?

– Crhistien? Acredita que eu estava pensando em você hoje? Achei que nunca iria me ligar.

– Pois é , desculpa a demora. Como você está?

– Eu estou bem, acho que temos algo para conversar.

– Diga querida, do que se trata?

– Se lembra que você me disse sobre sua noiva?

– Sim, claro! Como poderia me esquecer daquela noite.

– Eu conheço ela, conheço muito bem para falar a verdade!

– Acho que não entendi...

– Ela é a mulher que eu amo, foi com ela que eu me envolvi.

– Não sabia que Agnês era lésbica.

– Hoje tivemos uma conversa bem intensa, ela quer que eu vá embora com ela.

– E você?

– Tive vontade de vir embora, arrumar minhas coisas e partir com ela e com meus filhos no primeiro avião c; para qualquer parte do planeta que ela quiser.

– Mas não faz isso por causa da Andrea?

– Exato, eu não posso magoar ela.

– E vai se privar de ser feliz com. A Andrea é linda, vai arrumar que goste mesmo dela.

Claro, vai sofrer ..ela gosta de você, mas passa. Você não pode perder a chance de ser feliz, não cometa o mesmo erro que eu cometi.

Se eu tivesse sido sincero com a Agnês, eu não estaria aqui : 42 anos, doente, solteiro, de bar em bar, de cama em cama. Destruindo a minha dignidade com todo homem que eu me deito. Não cometa o mesmo erro que eu.

– Você está chorando?! – Perguntei

– Lembrar tudo que se passou naquela época me deixa meio triste. Eu fiz ela sofrer demais, e ela não merece.

– Eu vou pensar em tudo que me disse, pode deixar. Agora tenho que desligar.

 

Fui até a geladeira e peguei outra cerveja, peguei o celular e liguei para Andrea, ela atendeu no segundo toque.

– Oi amor, aconteceu algo? – Ela foi logo perguntando, com voz de sono.

– Não, nada..como você está?

– Estou bem, melhor agora. Fiquei preocupada, não costuma me ligar tão tarde. Aconteceu alguma coisa grave?

– Onde você está?

– Eu já estou no hotel, não estava me sentindo muito bem, acho que é TPM.

– Já tomou algum remédio?

– Já sim, obrigada por ser preocupada amor.

– Você podia vir para casa amanhã! precisamos conversar e é uma assunto que não pode ser falado por telefone

– Ok, amanhã de tarde eu estou aí.

***

Acordei bem cedo, liguei para o Eduardo. Resolvi mudar de postura com relação a Crhistien, tomei meu café junto com Mariáh, já vestida em um tubinho preto e saltos para sair. Antes de dar partida no carro liguei para Eduardo.

– Oi – Já fui logo despejando tudo – Tem um jato para Trondheim te esperando as 9: 30, você tem duas horas para se arrumar. Acho bom se apressar.

– Ah Aggy, o que você quer ! Eu tenho uma reunião importante hoje.

– Desmarca tudo o que você tem, preciso de você aqui hoje.

– Vai me dizer o que está rolando?

– Você vai me ajudar a pedir a Christien em namoro.

– Mas qual o motivo de você pedir minha ajuda?

– Não conheço outro cara que conheça mais de mulher que você, quando chegar no aeroporto você me avisa, que eu vou te buscar, agora vou ver o comprador do carros, Beijos.

Me encontrei com o comprador dos carros, ele analisou minha proposta, gostou dos preços, e por minha família ser respeitada, disse que iria ficar com os carros. Assinamos os contratos de compra e venda, e fomos ao banco para terminar a trans*ção.

Já tinha almoçado quando Eduardo me ligou pedindo para eu busca- lo no aeroporto. Quando cheguei lá, ele estava em pé na porta de entrada, segurando uma pequena mala de mão.

– Eu sabia que você vinha – Fui logo falando!

– Jamais te abandonaria em um momento como esse, mas eu tenho que ir embora ainda hoje, amanhã eu assino os papéis do divórcio e se eu não comparecer ela vai dar entrada no litigioso.

– Então vem, vamos logo.

Chegamos no shoping, demos uma volta. Entramos em uma loja de roupa, Eduardo se sentou em frente ao provador.

– Eu quero que você me ajuda a escolher uma roupa para ela, se tem uma pessoa que vai me ajudar a pedir aquela mulher em namoro, esse alguém é você Eduardo.

– Aggy, quem vai conquistar aquela ela vai ser você, eu posso te ajudar. Mas tem que vir aqui de dentro do coração – Ele falava enquanto segurava as minhas mãos – Se você ama ela de verdade, vai saber exatamente o o que dizer quando olhar nos olhos dela .Foi assim que aconteceu quando eu conheci minha esposa : Eu olhei para os olhos dela e foi como se a minha alma pagasse fogo, eu não pensava mais em nada. Só em passar minha vida inteira olhando para aqueles olhos – Em nossos olhos escorriam lágrimas, eu nunca vi o Eduardo daquele jeito – Então vai lá Aggy , conquista aquela mulher e não faça que nem eu. Nunca magoe ela, nunca deixe de falar do quanto é apaixonada por seus olhos.

– Muito obrigada por existir em minha vida Eduardo, você é muito mais que um irmão para mim, e logo depois que ir embora , fala para sua esposa o quanto você ainda ama ela. Não deixa as coisas se acabar assim.

– Vamos lá, conquistas sua Deusa nórdica? Rimos juntos.

Levei várias roupas para o provador, o Eduardo enjeitou todas. Eu experimentava e saía do provador para mostrar para ele. Depois de quase uma hora experimentando, achamos a roupa perfeita, ele me ajudou a escolher os sapatos. Fomos até um salão dentro do shoping mesmo. O penteado e a maquiagem nos tomou mais algumas horas.

Fomos até uma floricultura, ele me ajudou escolher as flores, o presente, o vinho. Tudo minuciosamente escolhido, preparado para agradar até a mulher mais fria.

O levei até o aeroporto 6 da tarde, cabelo e maquiagem pronto, só precisava ir para casa tomar um banho e vestir a roupa e ir até a casa da Christien, leva – la para jantar.

Me despedi do Eduardo, e fui para casa, cheguei e Mariáh preparava o jantar junto com Júlia.

– Mãe, está tão linda, aonde você vai assim? – Ela foi perguntando assim que me viu.

– Vou fazer a coisa mais difícil que eu já fiz em toda a minha vida, filha!

– E o que é mamãe?

– Reconquistar o grande amor da minha vida.

– É a loira bonita ?

– Sim !

– Ela vai ficar ainda mais apaixonada por você, você não acha Mariáh?

– Filha, se está no seu destino ficar com essa moça..então vá em frente , eu não entendo muito dessas coisas. Mas se duas pessoas tem que ficar juntar, nada pode mudar isso. Dei um abraço em Mariáh e subi as escadas correndo, eu tinha pressa. Pressa em dizer para ela o quanto a amo, se ela aceita namorar comigo morando Trondheim, a distância supera tudo, ou até moraria aqui, se for importante para ela, que se nos amamos tinhamos que ficar juntas, que eu precisava dela ao meu lado. Ela despertou o melhor de mim, eu sinto vontade de ser uma pessoa melhor quando ela está por perto, sou apaixonada pelo seus olhos e que eu não me via mais um dia sequer sem ver seus olhos esmeraldas me encarando.

Tomei um banho, evitando molhar o cabelo, sequei meu corpo com delicadeza, passei hidratante de lavanda ( o cheiro preferido dela), coloquei a meia arrastão preta a lingerie vermelha, vestido de escote cruzado preto, retoquei a maquiagem e o batom. Borrifei o Bvulgari Omnia em mim, o cabelo estava maior, 4 dedos abaixo do ombro, e combinou com o visual. Coloquei os saltos por ultimo. Peguei as flores em cima da cama, chaves do carro e desci as escadas, Júlia e Mariáh me esperava ao fim da escadaria como quem espera uma noiva para o casamento.

– Como estou – Perguntei assim que desci as escadas.

– Está linda mãe, minha mãe é linda.

– Você está linda minha filha, mas leva um casaco eu sei que é verão mas é sempre bom ter dentro do carro. Que Deus ajude você nessa conquista filha, você merece ser feliz – Ela estava chorando.

– Eu sei Má, eu tenho certeza disso, agora eu tenho que ir.

Me despedi das meninas e fui para a garagem, com o buquê de rosas na mão, chaves de carro e a caixa de presente em outra mão. Liguei o carro, minha cabeça rodava, eu não podia desistir, se é para lutar por ela..então eu iria eu iria lutar.

Senti um frio na barriga, liguei o carro e fui dirigindo tranquila até a casa dela, estava muito nervosa. Eu não sabia como ela iria reagir. Eu havia ligado para a delegacia e me disseram que ela estava em casa, a esposa dela não estaria em casa..ela me disse que Andrea chegaria só no domingo. Então era o dia perfeito..Parei em uma conveniência comprei um cigarro, precisava fumar, encostei no carro e acendi. A fumaça me acalmava, aliás ...era a única coisa que me acalmaria naquele momento. Pensei em desistir, mas não vou fraquejar desta vez, estava pronta para o que der e vier, terminei um cigarro e fui logo acendendo outro. Olhei para as palmas da minha mão e elas tremiam, terminei o segundo cigarro e entrei no carro novamente.

Dirigi mais um pouco e deixei o carro um pouco antes da casa dela, do outro lado da rua. Olhei para as janelas e as luzes estavam acesas, bom sinal! Ela estava em casa. Desci do carro e fui até o banco de trás pegar as rosas, fechei a porta e fui olhar o visual no espelho retrovisor.

Quando olhei, vi um táxi se aproximando. O carro parou bem em frente a casa dela, e a esposa dela desceu. Entrei novamente no carro, minhas pernas tremiam, não faz sentido..ela não devia estar aqui.

Fiquei de dentro do carro acompanhando a cena, ela estava também com um buquê de rosas na mão, minhas pernas ainda tremiam. Ela tocou a campainha e a Crhistiem a recebeu com um beijo e abraços, as duas riam...pareciam felizes. Estava sorrindo como poucas vezes eu a via rir, principalmente quando estava comigo. Foi aí que eu percebi a ''Moral da história'' : Nós duas combinamos perfeitamente quando o assunto ou a falta de assunto está relacionado a cama. Fora disso, não conseguimos ficar 5 minutos sem brigar. Acho que estava na hora de por um ponto final nisso, deixar para lá. Ela parecia estar feliz e isso para mim é importante, olhando para cima para não chorar... é ,eu perdi, essa foi a minha conclusão. Pelo menos eu vi ela sorrindo, isso foi sadicamente bom. De coração eu desejo que ela seja feliz..Segurei firmes os volante, respirei fundo, minha cabeça girava.

 

Essa seria a ultima vez que eu a veria antes de tudo acontecer!

 

 

Fim do capítulo