Mais um capitulo..Agradeço desde já todas que me acompanham.
Amanhã vou tirar o dia só para ler e responder os comentários
Essa é quem eu sou agora
– Querida, espero que não esteja chateada pela minha ausência – Me beijou.
– Não, imagina...está muito divertido aqui conversando com o..
– Ricci, prazer monamour! Se apressou em se apresentar.
– Prazer é todo meu, me chamo Christien – Estendi as mãos.
Andrea tomou alguns goles de chapangne, se despediu... o nome Ricci não saía da minha cabeça, já tinha ouvido em algum lugar.
– Então, você teve uma noiva? Me conta mais!
– Namoramos durante todo o tempo de faculdade, fomos o primeiro um do outro, ah você entende?!
– Sim, claro.
– No começo eu gostava dela mas como amiga, sabe? Mas ai minha família estava desconfiada que eu era gay, e eles são muito religiosos, enfim. Pedi ela em casamento, ela gostava de mim. Eu não era nem sombra do eu sou hoje, era bonito, o tipico garoto que tinha porte atlético e todas as menininhas da faculdade gostavam. A riquinha e o mauricinho, era o casal perfeito, eu tentei gostar dela, de verdade. Marcamos o casamento, ela organizou a festa, convidamos amigos, a família, professores da faculdade, mas ai um dia antes eu terminei com ela. Não conseguia mais viver essa mentira, mas também não precisava ter esperado tanto tempo. O namorado que eu tinha na época, não queria me assumir, apesar de eu ter tocado várias vezes no assunto, mas a culpa foi minha. Mesmo depois de eu ter terminado com ela, ele não quis me assumir, fiquei arrasado, mas tenho certeza que ela sofreu ainda mais.
– E como ela se chama? Perguntei com medo da resposta.
– Agnês – Confesso que fiquei chocada com a resposta, mas tentei não esboçar nenhuma reação.
– Três meses depois, eu comecei a passar muito mal, achei que fosse alguma coisa que eu tivesse comigo, mas aquela mal estar não passava. Manchas começaram a aparecer em meu corpo, fui ao médico e ele me encaminhou para um infectologista. Aí veio a surpresa: HIV positivo, pensei em me matar, fiquei desesperado, mas no momento eu tinha que fazer a coisa certa. Peguei o carro e fui atrás da Agnês, ela fechou a porta na minha cara, uma reação meio óbvia, tendo em vista o que eu fiz. Levei ela à força para fazer o exame, e por um grande milagre deu negativo. Ela repetiu, depois de trinta e sessenta dias, e continuou negativo. O risco dela ter sido infectada foi totalmente descartado, mas ela mudou totalmente, até onde eu sei, ela nunca se casou e nem teve um relacionamento sério.
Olhei para o visor do celular e já era sete da manhã, eu estava meio alta e precisava de um tempo para assimilar toda a conversa que tive com Ricci. Não acredito que ele foi o responsável por ter deixado a Agnês daquele jeito. Me despedi dele, e fui rumo a saída, a boate ainda estava lotada, minha cabeça tinha começado a doer, fui desviando das pessoas até encontrar a entrada. Fazia sol em pleno inverno norueguês, o que era um completo milagre, e ficar de frente com o sol, depois de ficar horas e mais horas a meia luz, fez eu ter uma reação automática de vampiro. Dei sinal para um táxi e fui ao hotel, apesar de ter bebido bastante, precisava da minha boa e velha cerveja. Precisava digerir a nova informação; Peguei três long neck's no frigobar e fui para o terraço.
Depois de ter bebido a terceira garrafa, Andrea chegou, me abraçou por trás. Eu não fui muito receptiva com o abraço, afinal : Ela tinha me deixado sozinha praticamente a noite inteira e feliz não era bem a palavra que descreveria meu estado de espirito naquele momento.
– Você está chateada com algo? – Perguntou ela ao perceber minha frieza.
– Você me deixou sozinha a noite inteira. Ah, isso não é tão legal assim.
– Eu te avisei que não poderia te dar muita atenção, amor. Você sabia disso.
– Eu sei, não estou chateada com você, e sim com a situação. Mas vamos deixar pra lá, me conta, a boate bombou do jeito que você esperava?
– Superou todas as expectativas, se continuarmos assim em menos de um ano, vou pagar tudo que eu investi. Ficou muita gente pro lado de fora, e pessoas que só conseguiram entrar a hora que eu estava vindo embora.
– Fico muito feliz por você meu amor, acho que eu já disse isso – Dei um abraço e fui tentar voltei para o quarto para tentar dormir.
De volta em Trondheim, minha vida voltou em sua rotina, com o trabalho e com as crianças. Com muito custo consegui concluir o curso e era oficialmente uma Sniper de elite. Estava pensando em me mudar para capital, assim Andrea ficaria mais perto da boate e eu seria mais útil servido em Oslo . A andrea quando estava em casa, ajudava minha mãe a cuidar dos meninos, cuidava da casa, uma pessoa dedicada. Cada dia que passava me afeiçoava mais com a minha vida, a nova integrante da família. Era muito bom chegar e ter uma companheira esperando em casa, sentir – se desejada, ser amada. O sex* com a Andrea já era bom, muito bom pra dizer a verdade, me adaptei as formas de seu corpo, não tinha absolutamente nada do que eu reclamar da minha vida. E com o passar do tempo, as coisas foram ficando cada vez melhores, fui ficando cada vez mais apaixonada por ela , e olhava cada vez menos a foto da Agnês. Acho que o sentimento que eu tinha por ela foi aos poucos sendo apagados. ''Liberdade emocional'', é como eu costumo descrever para mim mesmo meu desligamento da Agnês.
Cheguei em casa, e Andrea preparava o jantar, me cumprimentou secamente, estranhei o clima, tomei um banho e vesti apenas camiseta e calcinha e desci para o jantar. Ela ficou monossilábica o tempo todo. Coloquei as crianças para dormir, como faço todas as noites, e fui me deitar. Ela já estava na cama deitada, ainda sem querer falar direito comigo.
– Então, vai querer me contar o que está acontecendo? Perguntei assim que deitei.
– Você esqueceu o seu celular hoje em casa!
– Certo, e justamente hoje foi o dia que eu mais precisei dele, mas fiquei sem tempo de vir buscar.
– Eu não queria invadir sua privacidade, mas eu mexi nele e sem querer vi a foto de uma mulher. Acho que é daquela mulher que você me dizia ter se apaixonado.
– Certo, eee?
– O que você ainda faz com uma foto dela em seu celular Crhis?
– Bom, pra começar mexer nas coisas que não te pertence é feio, eu ainda gosto de ter um pouco de privacidade. Eu esqueci de apagar, pra falar bem a verdade, eu nem me lembrava que ainda tinha essa foto. E se tanto te incomoda, eu apago, sem problema nenhum.
– Você ainda sente algo por ela? Nesse momento fiquei perplexa com a pergunta, que nem eu mesma tinha coragem de me fazer.
– Ela é passado e deve ficar exatamente no lugar onde está.
– Você ainda não respondeu a pergunta.
– Não, não gosto mais – Tentei passar convicção.
– Ok, confio em você, desculpa se eu fui desagradável, mas é que eu tenho tanto medo de te perder, que só de ver a foto dela, fiquei super assustada.
– É com você que eu estou casada, e pretendo ficar por muitos e muitos anos, só que tem que confiar em meu sentimento por você.
– Peço desculpa mais uma vez, eu fui uma completa idiota.
– Você fica ainda mais sexy ciumenta, sabia?
Nos beijamos e a quase briga que tivemos serviu para apimentar um pouco as coisas.
***
Acordei as sete da manhã, tomei uma ducha coloquei minha roupa de acadêmia e desci, estou sem beber faz alguns meses , bebo meia taça de vinho uma vez ou outra durante o jantar, mas é muito raro. Nunca mais paguei ninguém para trans*r, mas isso não significa que eu fiquei sem sex*. Estou mais tranquila, tanto meu emocional como a minha vida, na medida do possível o incurável foi saindo do centro das atenções com o passar do tempo. Parei de cortar meu cabelo todo o mês, e ele está maior do que eu me lembrava. Só não consegui parar de fumar, mas diminui a quantidade drasticamente. Estava muito focada nas aulas da faculdade, e aos poucos outras faculdades estavam disputando por mim. Meu contrato na faculdade de Londres duraria um ano, e eu não pretendia sair de lá.
Cheguei em casa hoje mais cedo que o habitual, fiquei na sala assistindo TV, Mariáh tinha ido ao mercado e Eduardo ainda estava no serviço. Não tinha nada de interessante passando na TV, não tinha provas para corrigir, não tinha aulas para preparar ( estava tudo pronto). Calcei meu chinelo e fui arrastando até meu quarto, no caminho vi a adega , mas resolvi não beber. Mas fui até a sacada fumar um cigarro, o ultimo da noite. Checo meu celular, nada de novo, nenhuma mensagem, nenhum e-mail. Silêncio quase que mortal. Lá em baixo a cidade continuava agitada, como sempre. London Eye, brilhante e imponente lá no horizonte; Joguei a bituca no cinzeiro e finalmente fui para o meu quarto, acho que preciso arrumar um namorado. Preciso me relacionar sério com alguém, arrumar um cara legal, me dar uma chance de me apaixonar novamente. Me cansei de ficar ''sozinha''. Tirei o roupão, me deitei e peguei no sono rápido, acordei no meio da madrugada. Devo ter tido algum pesadelo, sei lá, o sono dispersou do nada. Fui andando pelos corredores do apartamento e vi a porta do quarto da Mariáh aberta, ela estava sentada na beira da cama, com um terço na mão. Bati na porta de vagar, com medo de atrapalhar.
– Incomodo? – Fui logo perguntando.
– Imagina filha, pode entrar. O que faz acordada uma hora dessas?
– Fui dormir muito cedo, sei lá...perdi o sono.
– Vem senta aqui ao meu lado – Ela bateu a mão na cama.
– Sabia que cada dia que passa, você está mais parecida com a sua mãe?
– Já me disseram isso uma vez.
– Sua mãe era uma mulher muito bonita, e te amava muito minha filha. Por isso ela tinha ciúmes de você passar tanto tempo comigo! Uma vez quase fui demitida, você só queria ficar em meu colo, só não fui demitida por causa do seu pai.
Fiquei conversando com Mariáh até quase amanhecer, acabei pegando no sono e dormindo junto com ela. Quando acordei, já as 9 da manhã ; ela já não estava mais na cama. Da cozinha veio um cheiro de café inebriante, fui para a cozinha logo pegando uma xícara.
– Eduardo já saiu Mah? Perguntei enquanto desgustava um tantão do liquido negro.
– Sim minha filha, saiu bem cedinho, mas eu fiz um café para ele também.
– Vou tomar meu café e dar uma saída também, estou em cima da hora.
Tomei um banho, peguei chaves do carro, bolsa e fui rumo a garagem. Fui até o centro comercial de Londres resolver algumas coisas no banco; Era hora do almoço e o trânsito estava bem congestionado. Liguei o som na rádio para distrair um pouco a cabeça, quando de repente, algo ou alguém passou na frente do carro, não deu tempo de ver o que era, eu bati em algo!! Liguei os pisca alerta, e saiu correndo, aos poucos as pessoas foram se aglomerando. Me aproximei e o que vi me deixou mais desesperada ainda : Uma menininha caída no chão.
– Eu não vi ela, foi sem querer...ela estava correndo – Gritei atordoada.
– Nós vimos, entra entrou correndo na frente do carro, o sinal estava vermelho para pedestre, não foi culpa sua.
– Alguém chama uma ambulância – Uma outra mulher gritou.
Fui até o carro, e peguei minha bolsa; onde o celular estava. Disquei o numero da emergência, a todo momento a moça que atendeu pedia para eu me acalmar, passei o endereço e fiquei aguardando.
Fui para perto de onde a menina estava estirada, com medo muito grande dela estar morta.
– Ela está viva? Perguntei relutante.
– Sim, está moça..Tenta se acalmar – Respondeu um homem que estava abaixado ao lado dela.
Me abaixei e fiquei olhando para a criança, uma menininha...não devia ter mais de 5 anos, cabelo longo e cacheado, castanho claro, morena. Uma criança muito bonita, mas estava muito suja, com as roupinhas rasgadas, parece que não tomava banho fazia algum tempo. A ambulância e um carro de policia chegou, enquanto eu conversava com os policias, ajeitavam ela na ambulância.
– A senhora pode nos acompanhar até o hospital? – Perguntou um dos socorristas.
– Claro, claro, você só espera um segundo; vou tirar o carro do meio da rua.
– Não pode senhora, tem que esperar a pericia chegar. Deixa a chave conosco, e quando terminarem a pericia, tiramos ele da rua.
– Ok.
Subi na ambulância, e me sentei ao lado da maca. Eu tremia por dentro, se algo acontecesse àquela garota, não sei do que eu seria capaz; Peguei o celular e liguei para o Eduardo, nunca tinha passado por uma situação dessas.
Chegamos ao hospital, e pediram para eu esperar na recepção. Me prontifiquei em arcar com todas as despesas médicas, hospital e medicamentos, encaminharam ela para a ala particular. Fazia mais ou menos duas horas que tinha entrado com ela para o centro cirúrgico e eu ainda não tinha a menor ideia de como ela estava. Até que veio um médico falar comigo :
– A senhora é a mãe da garota?
– Não, eu atropelei ela, entrou na frente do carro com tudo.
– Bom, ela está fora de perigo, quebrou um braço, ainda precisa fazer alguns exames. Vou deixar ela em observação por 72 duas horas, só para ter certeza que vai ficar tudo bem.
– Nossa, que bom doutor – Um suspiro aliviado.
– Pode visitar ela se quiser, já está no quarto
– Ok, mas já tenho que ir..está tudo pago.
– Tem certeza? Estão procurando a família dela, mas até agora não acharam. Acho que seria bom para ela ter uma visita.
– Tudo bem, vou vê – la então.
Ele me levou até o quarto onde a garotinha estava, sempre odiei hospital, o cheiro de éter me arrepia a nuca, no péssimo sentido, é claro.
Ela estava deitada com o soro, quando entrei no quarto ; ela ficou me encarando, olhando das cabeça aos pés.
– Oi garotinha, como você está? Perguntei meio sem jeito.
– Acho que já estive melhor, quem é você?
– Sou a pessoa que te atropelou, você apareceu do nada na frente do meu carro.
– Eu sei! Eu estava lá – Que garotinha chata (pensei) , esse é um dos motivos de eu nunca querer ter tido filhos, mal tem idade e já se acham donos do mundo – Não precisa você se explicar.
– Ok doninha, já que você estava lá e viu tudo, por que você não viu que fui eu que te atropelei?
– Assim, eu não vi tuuuudo, tuuudo, mas algumas coisas eu vi.
– Entendi, bom..me diz cadê seus pais?
– Eu não tenho, minha mãe morreu faz uns 6 meses, e meu pai eu nem cheguei de conhecer!
–humm, você não tem avó, avô, ninguém que cuida de você?
– Não, ninguém..e era por isso que você me atropelou, eu estava fugindo da assistente social que queria me levar para um abrigo.
– Qual tua idade? Me sentei em uma poltrona ao lado dela.
– Nunca te disseram que é feio perguntar a idade de uma dama?
– Não, eu faltei as aulas de etiqueta, por isso todas as ''damas'' que eu vejo, pergunto a idade.
– Eu tenho 5 anos, meu aniversário foi ontem.
– Parabéns..Não sei seu nome..
– Julia Roberts – Não contive o riso.
– Sério, minha mãe era muito fã de cinema.
– Qual seu verdadeiro nome, sem brincadeira.
– Julia Roberts.
– Ok, Julia Roberts!
– Eu posso provar, eu tenho minha certidão de nascimento – Ela pegou um papel que estava na mesinha ao lado, era a certidão de nascimento dela, e estava escrito : Julia Roberts Baglesh, ela não estava mentindo.
– Uauu, verdade sua mãe gostava mesmo de cinema.
– Não vai me dizer teu nome e tua idade?
– Até agora você não tinha me perguntado, me chamo Agnês e tenho 27 anos – Ela deu uma risada – Do que está rindo? Perguntei com sarcasmo.
– Você não tem só 27 anos!
– Você tem razão, tenho 39.
Eu fiquei mais ou menos três horas conversando com a Júlia, ela era tão inteligente, esperta..Parecia que eu estava conversando com uma adulta, fomos criando afinidade uma com a outra. Não vi o tempo passar, tínhamos tantos assunto, quando me percebi estava ali conversando coisas do meu passado com uma garotinha de 5 anos.
– Quando você sair daqui, eu te convido para ir até minha casa comer um bolo, o que me diz?
– Você está oferecendo bolo para uma criança de 5 anos, é claro que eu aceito.
– Faz todo sentido! – Respondi refletindo sobre a resposta dela.
Veio uma enfermeira, me dizendo que o horário de visitas havia acabado, me despedi dela.. quando desci na recepção, Eduardo tinha acabado de chegar para me buscar. No caminho até meu carro, já bem mais calma; expliquei tudo o que havia acontecido; A cidade estava tranquila, quase não pegamos trânsito, fui até aonde estava meu carro e o peguei.
Cheguei em casa e aquela garotinha não saía da minha cabeça, em poucas horas de conversa com ela me vi afeiçoada, lá no hospital deixei um celular com ela e meu número, para ela ligar caso precisasse de algo. Assim que terminei de jantar o celular tocou – Era ela.
– Oi Julia Roberts, precisa de algo?
– Não!
– Então..
– É que eu estou entediada aqui, só queria conversar um pouco.
– Comida de hospital é horrível, né?
– Pelo menos tenho algo para comer – Respondeu com uma voz triste, fiquei sem saber o que falar, me deu um nó na garganta, uma vontade de chorar, mas me controlei.
Ficamos conversando até as 10 da noite, ela já estava com uma voz de sono, falei para ela ir dormi que no outro dia iria visitar, no primeiro horário.
E como o combinado eu fui, ela já estava bem mais disposta, apenas com o braço enfaixado. O médico veio falar comigo.
– Senhora Agnês?
– Sim.
– Todos os exames dela deram normais, tomografia, Raio X. Acho que ela já vai poder ir para casa amanhã.
– Que ótimo doutor, encontram alguém da família dela?
– Não encontram ninguém, acho que daqui ela vai para um lar de adoção.
– Entendi, espero que encontre alguém para cuidar dela!
Eu e Júlia ficamos conversando por mais algumas horas, mas minha vontade não era de ir embora. Quanto mais conversávamos , mais eu me apaixonava pelo jeito dela, ela estava sem os dois dentinhos da rente, o que fazia um sorrisinho de porteira. Fui para casa e não conseguia parar de pensar nela, depois da janta, peguei uma latinha de refrigerante, meu cigarros, coloquei os chinelos e fui para sacada pensar. Minha vontade era de ficar lá no hospital com ela, não conseguia ficar longe. Fiquei a noite inteira na sacada, pensando..andando de um lado para outro. Quando foi de madrugada Eduardo veio perguntar se eu não ia dormi, mas eu não conseguia..minha cabeça estava fervilhando.
Assim que amanheceu, fui até o órgão de proteção a criança, expliquei toda a situação e disse que queria ficar com ela até arrumarem uma família definitiva.
– A senhora tem certeza? Perguntou a assistente social.
– Sim , claro..tenho absoluta certeza..Eu posso dar uma vida confortável para ela , até arrumarem uma família!
– O problema não é dinheiro Senhora Agnês, é que tem uma coisa que o médico descobriu só ontem depois que a senhora saiu.
– E o que foi?
– Ele foi visita -la e percebeu umas manchas no corpo dela, pediu alguns exames e descobriu que ela tem HIV. A menina Júlia tem HIV dona Agnês, ainda sim quer cuidar dela?
Fiquei em choque, sem saber o que responder.. eu sabia muito pouco sobre o HIV, tudo que tinha lido, foi quando eu fiquei com medo de ter pegado assim que eu me separei do Ricci.
– Sim, ainda assim vou cuidar dela, não tem problema nenhum – Respondi no impulso.
– Dona Agnês, uma criança da idade dela ser adotada, é muito difícil, ainda mais com esse problema, não temos nenhuma noção de quanto tempo você vai precisar ficar com ela.
– A minha resposta continua sendo SIM.
– Bom, sendo assim..se tratando de um caso tão especial, me passa o maior número de documentos que a senhora puder : Comprovante de endereço, identidade certidão de nada consta..tudo para facilitar, vou mandar um assistente social ir na casa da senhora ainda hoje. Se estiver tudo OK, vai ajudar muito; pois os abrigos aqui estão sempre lotados. E é bom quando arrumamos uma pessoa que possa cuidar da criança, e amanhã assim que ela sair do hospital, já pode levar ela para sua casa, ok?
E assim fizemos, deixei todas as cópias de documentos, assinei uma pilha de papéis, termos de responsabilidade e tudo mais. Saí de lá e fui direto para uma loja de móveis, comprei um jogo de quarto todo rosa e vermelho, algumas bonecas, brinquedos. Ao lado tinha uma loja de roupas para crianças, na dúvida do que ela ia gostar acabei comprando quase a loja inteira peguei o celular e liguei para Máh.
– Máh , preciso urgente da sua ajuda.
– O que foi filha? Aconteceu algo?
– Queria que você desocupasse o quartinho da bagunça, tirasse todas as caixas de lá e levasse para a lavanderia, o Eduardo está em casa?
– Sim , está..ele trabalhou até meio dia hoje, está no quarto dele.
– Então, pede para ele te ajudar com as caixas pesadas, quando chegar em casa eu explico tudo direitinho, vai chegar uns caras ai para montar uns móveis, pode deixar subir, vai um assistente social também, vou ligar para o Eduardo explicar direitinho e ele te repassa tudo.
– Tá bom minha filha..
– Beijos tenho que desligar.
E continuei minhas compras, mesmo sem saber se a Júlia iria poder ficar comigo, comprei tudo que ela precisaria, de roupa de banho a roupa de cama.
Passei em uma lavanderia 24 horas e deixei todas as roupas que eu tinha comprado lá, me cobraram o dobro do preço para entregar as roupas no mesmo dia, e mais um pouco para levar até minha casa. Era umas 5 da tarde quando o celular tocou, era a Júlia.
– Você não vem me ver hoje? Acho que até amanhã eu já vou sair do hospital!
– Poxa querida, não vai dar, hoje e nem amanhã, estou atolada de serviço, não tive nem tempo de almoçar hoje, mas quando você sair pode deixar meu celular na recepção que eles me entrega, ok?
– Tudo bem, queria muito que você viesse antes de eu sair, mas se não deu, eu entendo.
– Que bom, você é uma menina muito compreensiva, mas agora eu tenho que desligar, tem sinal de outra ligação e eu preciso atender, beijos – Desliguei.
– Senhora Agnês?
– Sim sou eu.
– Aqui é a assistente social, que conversou com você hoje pela manhã.
– Certo, alguma novidade?
– Bom, não arrumei nenhuma assistente para ir em sua casa hoje – Dei um suspiro de tristeza – Então eu mesma fui, você mora em um apartamento confortável, grande, chequei todos os seus documentos estão ok, não tem ficha criminal, tem um emprego estável, uma situação financeira confortável. Mas não passou por uma psicologa, eu autorizo a ida da Júlia para sua casa, desde que passe por vísitas ao psicologo periodicamente, faça um acompanhamento para saber como está a adaptação e o comportamento da Júlia.
– Ok, como você achar melhor.
– Se importa em receber visitas não agendadas da nossa equipe de acompanhamento?
– Não me importo de forma alguma, eu trabalho, mas vai ter uma pessoa que vai ficar com ela na minha ausência, a Mariáh, que é uma pessoa da minha total confiança, cuidou de mim desde que eu era criança.
– Sim, eu a conheci, ela que me mostrou a casa, tinha um rapaz com ela, é seu namorado dona Agnês? Marido? Pois se for, precisaremos analisar os documentos dele também.
– Não, ele não é namorado nem nada disso, ele é como se fosse um irmão pra mim, também uma pessoa da minha confiança
– Ok, amanhã o médico vai dar alta, a eu estarei lá para esperar vocês na saída.
– Até amanhã então.
Cheguei em casa, quase 10 da noite, Eduardo e Mariáh tinham acabado de arrumar o quarto novo, a cama rosa e vermelho, escolhi a decoração toda com o tema da Pucca, brinquedo. Mariah guardou todas as roupas que a lavanderia havia entregue, o quarto parecia um sonho, fiquei emocionada com o trabalho dos dois. Contei toda a história da menina para Máh, que não se conteve e chorou várias vezes enquanto eu contava. Eu precisava ter ela Júlia perto de mim, era uma necessidade quase sul real. Precisa protege -la, dar o amor e carinho que ela nunca teve.
Tomei um banho quente, meus pés estava doendo de tanto andar, dormi rápido, queria que a noite passasse rápido.
Quando amanheceu, tomei um banho e vesti meu melhor terninho, fui até o quarto da Júlia, escolhi um vestidinho e um sapatinho , que ela sairia do hospital, coloquei na mochilinha ( também da pucca). Na garagem, escolhi a BMW sedã, não queria que ela viesse no carro que atropelou ela.
Quando cheguei no hospital e o médico explicou como ela tomaria os medicamentos contra o HIV, ela havia começando o tratamento um dia antes, me orientou sobre todas as reações, ouvi cada palavra atentamente. junto com ela. Ela estava deitadinha na na cama, e o médico deu a noticia da que ela já estava de alta.
– Oi Agnês, já vou sair, você está sabendo?
– Sim, estou e eu só vim pegar o celular – Ela rapidamente me passou o aparelho.
– Você está bonita.
– Obrigada meu bem, sabe eu vim aqui para pegar o celular e para te perguntar uma outra coisa.
– Humm, se eu vou querer comer bolo na sua casa? Claro que eu vou!
– Não é bem isso..
– Então o que é?
– Queria saber, assim..se você quer passar uns dias lá na minha casa, sabe? Até acharem uma família bacana para ficar com você!
– Daí eles não me levarão para o abrigo?
– Não, você fica lá na minha casa.
– Eu vou ter uma casa de verdade, não vou precisar passar frio e nem pedir mais comida?
– Não meu anjo, você não vai precisar pedir comida, vai ter uma caminha só para você, uma casa, e tudo mais que você precisar – Ela começou a chorar e eu chorei junto, abracei ela e o médico também chorou, não conseguia falar, nem eu nem ela.
– Toma, trouxe uma roupa para você sair daqui, não sei se você vai gostar, nunca comprei coisas para uma criança.
Ela foi correndo até o banheiro , tomou um banho e vestiu a roupinha. Um vestidinho rosa e uma sandália que combinavam com o vestido. A assistente social veio e me deu mais alguns documentos que era para assinar, perguntou para a Júlia concordava em ir para minha casa, e ela disse que sim, fomos para o carro, e a cadeirinha de criança estava arrumada no banco de trás, em todo o trajeto júlia ficava observando a cidade, e a todo momento me fazendo perguntas de como era a casa que ela iria ficar, sobre a minha vida, e assim fomos nos conhecendo até chegar em casa.
Quando chegamos no estacionamento do prédio, ela ficou impressionada de como era grande, subimos de elevador até o apartamento. Quando eu abri a porta, tinha uma mesa posta, com um bolo de aniversário, brigadeiro. Uma faixa bem grande escrita, BEM VINDA AO NOVO LAR JÚLIA. Eduardo trouxe o filho para comer bolo, e Mah também estava nos esperando, Júlia olhou tudo aquilo fascinada, emocionada, e eu também estava. Essa menina iria mudar completamente minha vida, e tenho certeza para melhor.
Fim do capítulo
Se gostou comenta, se não gostou também
:D BEIJOS MENINAS
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Muito linda sua história e essa garotinha veio pra curar as feridas de Agnes.Possivelmente ela deve ser filha do ex de Ricc. Pois ele nao tinha carater.
Bjs
Darque
mtereza
Em: 23/06/2016
Cada vez gostando mais da sua historia e esse lindo capitulo me fez sair da moita me emocionei muito com a historia da Julia com certeza ela fara a vida da Agnes completar essa mudança ja iniciada quando ela se apaixonou pela Cris bjs ansiosa pelo proximo capitulo
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Silvia Moura
Em: 23/06/2016
Autora, você foi show nesse capitulo, lindo, emocionada, chorei e queria muito que elas ficassem juntas... beijo...
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line7
Em: 23/06/2016
O capítulo deu um ar de mudanças, assim como agnês e a bomba que ela tinha um relacionamento com o cara que Cris encontrou que destino louco..rrsss..( e gay ) o destino tão destinado que ela esncontrou a esperta Júlia😍 essa menina vai mudar mais agnês e pra melhor😊. Curiosa o que vai acontecer depois dessa mudança toda, o que o destino vai pregar de novo😆. Beijo linda😏
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NayGomez
Em: 23/06/2016
Julinha vai mudar a vida da Aggy, isso era tudo que a Aggy estava precisando, precisando de ter um objetivo na vida dela, Cris tá bem e feliz com a esposinha dela agr! Bom melhor não atrapalhar neeh, deixa ela lá vamos focar na Aggy, ela precisa agora achar alguém, de preferência mulher, rs. Julinha é soro positivo, nossa isso foi um baque pra mim, pq sabemos que isso não vai ter um final feliz, aah não ser que, o vírus HIV não está ativo, Ai sim ela teria uma vida normal, mais se o vírus for ativo ai ela teria pouco tempo de vida,. Então Autora qual é a situacao da nossa Anjinha?
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vickviegas
Em: 23/06/2016
Lindo capítulo. Acompanho a história, entretantofiquei na "moita".
Massss, diante desse capítulo, não tenho como me furtar.
Espetacular.
Parabéns.
Lindoooooo.
At.te Drika.
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