- Precisamos conversar... Você... Não... Acha? – Estavam sentadas no tapete assistindo a um filme. Paula recostava em Bruna. Quando sentiu as mãos de Bruna vaguear para debaixo de sua blusa. Estava sem sutiã. Não costumava usar roupa íntima em casa e nem esperava visita. Bruna viera de surpresa. Isso deixou Paula radiante.

- Hum, hum. – gem*u a mulher mais velha avançando sobre seu pescoço.

Paula já se sentia incendiar. Estava apaixonada por aquela mulher e a queria para si. Este era o problema.

- É sério. Precisamos conversar. E o Marcelo?

Mordendo a orelha da mais, com uma mão apertou-lhe o bico do seio e com a outra avançou por dentro da calça de moletom que ela usava. Sentiu o quão molhada Paula já estava e deu um sorriso vitorioso.

- Fica comigo, garota.

***

- Paula há duas semanas que não sei nada dela. Eu estive na casa dela, invadi seu espaço, dei em cima ou melhor me joguei. Não vou mais correr atrás. – Natália estava inconformada e decidida. Pensou que depois de correr atrás da policial e ver o seu descontrole as coisas fluiriam com maior facilidade. Mas a loira nem dava as caras.

Paula também não entendia o problema da policial. Desde o momento em que Natália narrou os últimos acontecimentos entre elas ficou mais do que claro, para quem quisesse entender, que Natália era correspondida.

- Minha linda, eu também não a entendo.

Natália estava cansada de esperar. Definitivamente mesmo que a policial sentisse o mesmo não demonstrava interesse em vivenciar isso. E, isto era um fato que a médica teria que lidar. Não poderia forçar a barra mais do que já forçara indo até a casa da loira.

Esfregou o rosto com as mãos e respirou fundo. Olhou para a amiga que há dias estava com uma cara maravilhosa.

- Vamos mudar de assunto. E você como está? E essa carinha linda de quem está satisfeita com a vida?

Paula sorriu. De fato estava satisfeita com a vida. Tinha a mulher da sua vida em seus braços sempre que era possível. E estava vivenciando o paraíso. Bruna era perfeita. Experiente, dedicada, romântica e sedutora. O que mais poderia querer?

- Eu diria... Que estou apaixonada e encontrei alguém que me faz feliz. – A fala simples da amiga emocionou Natália que não teve como não pensar na policial.

- Eu fico muito feliz por você, minha amiga.

            Berta entrou na saleta dos médicos interrompendo o café das duas.

            - Meninas, precisarei das duas. Emergência médica com batida de carro em perseguição policial.

            As duas saltaram e acompanharam Berta até o pronto socorro.

            Três pessoas estavam ali para serem atendidas. Quem acompanhava a entrada dos feridos era o Corpo de Bombeiros e Raquel. Natália sentiu um calafrio ao avistar a policial. Mas, entendia que a outra não desejava ter nada com ela. Resolveu que não se deixaria afetar tanto com a policial naquele momento. Mesmo porque teria muito trabalho pela frente.

            Raquel a caminho do D.P. quando viu a batida na perseguição policial resolveu fazer o acompanhamento sabendo que o hospital mais próximo para encaminhar os acidentados seria o de Natália. Estava prepara para o olhar intenso da médica, mas não estava nem um pouco preparada para o olhar gélido que recebeu da linda mulher de cabelos castanhos que povoava seus pensamentos há tempos. Estava preparada para fugir da médica, mas não para ser praticamente ignorada por ela. Era melhor assim. Tentou se convencer mentalmente. Mas, a frieza de Natália mexeu com seu emocional mais do que desejava e aparentava.

            “Viu, você está certa. Ela nem se importou de você tratá-la como se não se conhecessem. Agora, o trabalho vai ser desencanar... Ela fica linda nesta postura de alerta. Nunca vi uma mulher tão sexy”.

            Na correria se perderam de vista. Quando Natália e Paula finalmente deixaram o pronto socorro Raquel já havia saído.

            Dois dos pacientes eram bandidos que estavam sendo perseguidos pela polícia e na perseguição o carro se chocou com o de uma mulher que vinha na outra pista. Havia uma pequena escolta de dois policiais para acompanhar o processo de internação dos infratores que seriam presos logo após a alta medica. Estavam  sendo medicados. O caso mais grave era o da mulher que sofreu o acidente na colisão.

***

            No refeitório, Bruna almoçava com Marcelo. Isso começava a incomodar Paula, além do fato da médica sempre se recusar a falar com ela a respeito do casamento. Não se via em posição de cobrar nada. Mas, sabia que não sustentaria um triângulo amoroso caso esse fosse o interesse da médica.

            Paula percebeu com certo incomodo que Bruna não tirava os olhos de sua mesa, não sendo nada discreta e fazendo com que Marcelo olhasse em sua direção algumas vezes.

            - Posso me sentar?

            Era Cristina, que estava radiante como sempre.

            - Claro!

            Bruna de longe observou a aproximação da ginecologista. Ficou enciumada. Provavelmente provava um pouco do ciúme que Paula estava sentindo de Marcelo.

            - É uma passada rápida. Já almocei e terei atendimento em 10 minutos. Só vim falar um oi. – Cristina sentia muita falta da infectologista. Mas, não era mulher de ficar sozinha remoendo casos passados.

            - Por que você sumiu? – Paula perguntou realmente interessada em saber as razões do afastamento da médica.

            - Não conseguiria ser sua amiga sem te agarrar... – Deu uma gargalhada.

            Paula também sorriu e de soslaio observou que tinha a atenção total de Bruna na outra mesa.

            - A mesma tarada de sempre.

            Cristina discretamente segurou a mão de Paula e disparou.

            - Você continua linda. Ainda habita meus sonhos e é a protagonista das minhas fantasias noturnas... – Piscou sedutoramente para a infectologista.

            - A mesma sedutora de sempre.

            Bruna estava em pé ao lado de Cristina. Isso deixou Paula momentaneamente sem reação. Cristina entendendo o que estava acontecendo ali se levantou e provocou.

            - Se quiser saber os detalhes. Sabe onde me encontrar. Tchau Paula, tchau Bruna. – Cristina bateu em retirada sabendo que deixara a infectologista em maus lençóis.

            - Eu interrompi alguma coisa? – O olhar de Bruna era inquisidor. Paula estava constrangida. Não havia interrompido nada. Mas, sabia que a ginecologista fizera de propósito.

            Quando foi responder. A mão de Marcelo repousou no ombro da esposa. Deixando Bruna corada.

            - Olá, doutora Paula. Interrompo alguma coisa?

            - Olá doutor Marcelo. Não interrompe nada.

            - Vamos amor? – O jeito de Marcelo se referir à Bruna e a mesma obedecê-lo incomodou a mais nova. – Tenha um bom dia.

            Marcelo saiu com Bruna a tiracolo. Paula se controlou para não chorar. Não desejava e nem estava em posição de cobrar nada da mais velha. Mas, de coração esperava que ela não a quisesse somente para passar o tempo.

            ***

            “Por que eu ainda estou pensando nessa mulher? Eu fiz de tudo para que ela não nutrisse nenhum tipo de expectativa por mim. Ela finalmente se tocou que não quero nada com ela. Pronto, missão cumprida. Mas, por que me sinto tão triste? ”

            Raquel passou a tarde tentando se convencer que havia seguido o caminho certo. Que se afastar da médica tinha sido a decisão mais acertada. Mas, o vazio que estava sentindo a deixava desnorteada. Estava inquieta em sua sala. Não conseguia preencher a papelada referente o seu último caso.

            Viu Anderson entrar rápido em sua sala.

            - Raquel. Estamos com um resgate em andamento.

            - Que merd*, Anderson. Em qual presídio? – Raquel já estava de pé a esta altura da conversa.

            - Aí é que está o problema. O resgate é no hospital. Um grupo armado de oito homens acabou de adentrar o hospital para buscar os dois acidentados de hoje cedo. Já mandei um grupo especializado para lá. Mas, precisava te avisar...

            Raquel ficou pálida quando entendeu a gravidade da situação.

            - Natália. Eu estou indo para lá.

            Pegou sua jaqueta e saiu correndo da sala a caminho do hospital

Fim do capítulo