Preparem seus corações por que agora é só chumbo grosso...
enjoy ^^
Terceira Fase -Capítulo 12
Elise estava lá na minha frente sorrindo, fiquei imediatamente sem reação. Ela estendeu a sua mão pra mim e ficou aquele clima esquisito. Marc olhou pra gente já entendendo tudo.
- Vocês se já conhecem? Olhei pra ele e respondi.
- Sim, nós nos conhecemos há muito tempo. 9 anos atrás, no Arkansas, pra ser mais específica
- Na verdade perdemos o contato – falou Elise me interrompendo. Abaixou sua mão e eu fiquei completamente sem graça. O clima da mesa estava péssimo. Elise encava o vazio quando o Chefe Henrique cortou o clima.
- Ora, mas isso é uma oportunidade única. Isso pode ser um sinal dos céus. Nossa parceria pode sim fazer muito sucesso, já temos até laços de amizade antigos! - Com aquela frase ele acabou de quebrar o gelo, e todos os convidados começaram a se sentir à vontade novamente. Marc e o seu namorado se levantaram.
- Bom, nós chamamos vocês aqui para agradecer por esse grande banquete que nos foi oferecido. É com muita alegria que eu afirmo que a nossa parceria vai durar muitos anos. E com esse pequeno discurso espero ter agradecido à altura, porque já estamos nos retirando. Foi muito bom nos conhecermos - O chefe Henrique meneou a cabeça e agradeceu.
-Eu que agradeço, Sinto muito prazer em servir. Eu e minha equipe sempre estaremos de braços abertos para servi-los. – com isso apertaram as mãos e se despediram. A maioria das modelos se levantaram também, menos Elise eu estava me perguntando o porquê dela estar ali, e minha cabeça não conseguia entender como mais uma vez ela tinha conseguido me encontrar. Fiquei imaginando se aquilo teria sido coincidência, se ela estava novamente me perseguindo, o que não me deixou triste, nem mesmo assustada. Me deixava... Contente. Ela ainda me desejava. Pela primeira vez ela me passava uma atitude completamente diferente do que era Elise antes. Aquela pessoa agressiva, meio que selvagem. Os seus olhos agora tinham mudado, pareciam transmitir paz e calma, mas mesmo assim era a Elise ali na minha frente, e isso fez com que meu coração acelerasse novamente.
Ela parecia querer me dizer algo, e eu queria muito ouvir. Marc já quase saindo, olhou para Elise.
-Você vem com a gente? - Elise que estava me encarando respondeu sem ao menos olhar na direção de Marc.
- Não, eu tenho alguns assuntos a tratar com a senhorita Rockfeller.
-Tá tudo bem, claro. - respondeu ele já abraçando o seu namorado, que por algum motivo esqueci o nome. Todas as modelos os acompanharam. Pareciam uma comitiva da realeza, e lá estava Elise me encarando. Os dois chefes me olharam e perceberam que precisávamos de um tempo. Nossa sincronia na cozinha era tão grande que apenas com um olhar já sabiam que alguma coisa muito séria estava acontecendo.
- Certo - disse Henrique - O seu trabalho já está feito, se quiser pode ir. - devolvi seu gesto com olhar de gratidão. Os dois enfim saíram, e lá estavam nós duas, Elise e eu .
-Olha, Elise...
- por favor sente-se - me interrompeu ela - Eu preciso muito, muito conversar com você.
- tudo bem - Respondi eu. Arrastei a cadeira e me sentei. Ela estava com uma expressão de incógnita no rosto, parecia bem mais madura e completamente diferente, e eu a queria pra mim, mesmo com toda loucura eu a queria, e eu a teria aquela noite independentemente daquilo que ela me falasse.
- Olha Vic, tem uma coisa que tá me incomodando muito. Eu preciso te contar isso, eu sei que você deve morrer de raiva de mim, mas eu queria te dizer que tudo mudou pra mim. Eu costumava ser uma pessoa muito imatura, eu acho que eu acabei estragando tudo. Fui uma completa idiota, eu nem sei porque que a gente tá aqui, que loucura! - ela falou arrumando os cabelos com aquele gesto que eu adorava - Eu jamais imaginei te encontrar aqui, aliás tantas coisas que eu jamais imaginei que iria acontecer... a vida é uma loucura mesmo .
-Sim Elise, a vida é uma caixinha de surpresas - olhei –a mostrando que eu estava completamente disponível, e que ela não precisava fazer nenhum tipo de joguinho. Eu estava ali pra ela. Já que a vida me deu essa oportunidade.
- Vic, eu gostaria mesmo de te pedir perdão por tudo aquilo que eu te fiz, porque eu sei que eu fui uma desgraça na sua vida. eu jamais devia ter feito tudo aquilo que eu fiz. Eu sou louca, uma desvairada... E você teve que fugir de mim de todas formas... – Ela parecia estar meio desesperada atrapalhando-se com as palavras.
- Shh, não fala nada, por favor. Isso já é passado, muita coisa mudou. A gente só era duas pirralhas. Esquece isso vai. - ela olhou pra mim e sorriu mais uma vez parece que meu coração deu um chilique. Tive que retribuir --Que bom que acha isso, há muito tempo eu não conseguia viver em paz, sabe, imaginando o quanto terror que eu causei em você. Eu só preciso saber, antes de sumir da sua vida por completo... – Aquilo me feriu - Como você está? – Ela continuou - Você tá feliz?
-Sim, eu tô feliz, na verdade nunca me senti tão feliz na minha vida. Eu trabalho aqui, um dos melhores restaurantes do Rio e ganho muito bem pra isso.
- Mas você não precisa de ganhar dinheiro, Vic, seu pai eu é um dos caras mais ricos da América, o que você quer trabalhando?
- Até parece que você não me conhece, Elise. Eu não conseguiria viver debaixo das asas do meu pai pra sempre, eu quero ter minha liberdade minhas coisas conquistadas com meu suor. - ela deu aquele riso de canto de boca que eu adoro .
-Sim Isso realmente a sua cara, Vic.
- você poderia me explicar essa loucura que você veio fazer no Brasil?
- Bem, história muito longa, acho que você não tem saco pra ouvir.
- por favor, me conta, afinal você disse que essa é a última vez que vai me ver. - aquilo era pra ser só uma frase que mexesse com Elise, mas ao pronunciar aquilo, meu coração sentiu uma dor muito forte. E eu não tive dúvidas Elise conseguia mexer comigo completamente. Novamente ela me encarou com cara séria.
- Tudo bem, eu até posso te contar, mas você vai ficar entediada.
- Tudo bem, eu posso aguentar. - Respondi rindo. Aquilo pareceu ter dado uma melhorada no clima daquela conversa.
- Depois de ser presa aquele dia, e ter passado muito tempo atrás das grades. eu não tinha mais nenhum ânimo pra viver, na verdade, já tinha até mesmo tentar algumas vezes me suicidar... - Aquilo machucou por dentro de uma forma... eu jamais imaginava que aquilo passasse por sua mente. – Até mesmo meus tios não quiseram mais ficar comigo, mas recebi ajuda de gente muito boa no abrigo - ela riu - porque tudo depois disso contribuiu pra que eu renovasse minha esperança pessoal e tivesse fé no meu próprio futuro, enquanto meus tios não quiseram mais nem papo comigo. ficaram extremamente chateados com aquilo que eu tinha aprontado com você... – então ela deu uma longa pausa como se estivesse relembrando uma vergonha, mas eu sabia que estava lembrando do episódio do celeiro, ela suspirou - Eu fui muito ingênua, muito louca....
- Por favor, não começa esse assunto de novo. Não se martirize, por favor você só tava seguindo o seu coração - ela fez uma expressão muito triste.
- Me perdoe, mas quando eu vi que ninguém mais se importava comigo, a defensoria da União finalmente mandou um advogado pra poder me defender, mas seu pai foi um carrasco. E mesmo depois de três meses de lutas eu não consegui sair. Na verdade, quando eu saí da prisão, já era maior de idade e com antecedentes criminais aberto, manchando qualquer carreira que quisesse, pra sempre. Assim que eu completei 18 anos ainda na cadeia a advogada, que foi contratada pro meu caso, me indicou para um amigo dela, que era fotógrafo. e ele acabou se interessando por minha imagem, e fizemos uma sessão de fotos no primeiro dia que saí. - eu ri involuntariamente, e ela pareceu ficar surpresa com a minha expressão - porque você tá rindo? Nunca conseguiu me imaginar como modelo? Foi então que eu comecei a participar de pequenas campanhas publicitárias na região, o que foi muito bom pra mim - eu ri de novo.
- Eu não consigo te ver como modelo, é sério.
- não me acha bonita o suficiente? – perguntou erguendo uma sombrancelha.
- Sim –Respondi, eu te acho linda, maravilhosa se eu pudesse... Pensei comigo mesma - Não é isso, é porque você tem esse seu jeito... todo... Você sabe....
- Masculino?
- Alguma coisa diferente que as modelos não têm. - Ela deu uma leve empurrada no meu ombro e novamente o clima esquisito havia se desfeito. - Foi então que eu fui pra Londres pela primeira vez. Aquilo foi uma loucura total, mas tão divertido... Participei de uma campanha de solidariedade onde a gente distribuia comida na rua, às vezes com cenas mais impactantes como a cena do chocolate... Você precisava ter visto, a reação das pessoas... foi hilária, ainda mais com eu jogando chocolate pra todos os cantos... - isso deu um giro na minha cabeça... então quer dizer que ela não estava lá por minha causa? e sim por causa de uma campanha então imediatamente me senti uma idiota completa, e ela percebeu pela minha expressão que alguma coisa estava estranha.
- O que foi, Vic? Você tá bem? - E fez uma cara de preocupada.
- Não é nada, eu só lembrei de uma coisa.
- ah, tudo bem... Ah meu Deus que horas??? são é quase 23:00. - olhei no meu relógio de pulso e ela estava certa. Só que minha mente ainda estava presa nas revelações que ela tinha acabado de me fazer. Ela não estava me perseguindo naquele dia, ela nem mesmo tinha me visto eu tinha interpretado tudo errado. - Eu tenho que ir Victoria, eu moro num lugar muito longe e eu não posso chegar tarde lá.
- Você tá morando aqui no Rio? – perguntei.
-Eu não, é que eu me mudei pra cá há uns 6 meses, a trabalho, na verdade , depois de ser modelo por quase nove anos e resolvi me aposentar e passar pro outro lado das lentes, eu vim pro Rio pra retratar a forma de vida nas favelas, aonde eu tô morando, no complexo do Alemão, e eu não posso chegar tarde. Na verdade, eu acho que é melhor eu ir pra um hotel. Vou chamar aqui um táxi pelo celular. - Diante de Todas aquelas informações, minha cabeça acendeu uma luz imediata.
- Claro que não precisa chamar um táxi, eu mesmo te deixo no hotel. Qual você quer ficar? - perguntei já dando pinta de segundas e terceiras intenções.
- Não, não tudo bem. Vic, que não se importe comigo, eu pego um táxi chegou, rapidinho a gente tá pertinho dos hotéis da Zona Sul.
- Imagina, eu não vou deixar você ir sozinha, tá muito perigoso. Eu te deixo em casa, quer dizer, te deixo no hotel - Ela parece ter estranhando um pouco, mas acabou aceitando.
- Tudo bem, Vamos, eu acho que eu vou ficar em Copacabana.
- Claro, claro, eu sou vou pegar minhas coisas.
- Tudo bem - Peguei minha bolsa rápido, e me despedi do chefe, eu queria mais que tudo Elise pra mim. Naquela noite eu iria dizer tudo que estava entalado na minha garganta, seria naquela noite que eu iria me declarar pra ela. Voltei pro salão, e Elise já estava de pé, ela pegou uma pequena bolsa
-Vamos- Eu disse e fomos até estacionamento em silêncio, novamente o clima estranho tinha se instaurado, eu queria muito arrumar alguma oportunidade pra poder dizer a ela, quem sabe se ela sentia alguma coisa por mim. Eu precisava imediatamente de alguma situação que puxasse aquele assunto. entramos no meu carro.
-Que carrão, ein?
-Obrigada – respondi no automático.
- Parece que você tem uma vida muito boa...
-Eu me viro... - ela riu. - Então senhorita, pra qual hotel que você deseja ir? – falei com toda pomposidade que ela merecia e ela sorriu como se estivesse fazendo alguma graça, e eu estava.
Partimos.
- Eu quero ir pra aquele Ibis lá do Posto 5.
- Ah tudo bem, você me diz onde é que é.
-Certo. - Novamente ficamos aproximadamente uns 5 minutos caladas, ela abriu a bolsa e começou vasculhar alguma coisa freneticamente. - Droga!!! Acabei de lembrar que eu deixei o meu cartão de crédito em casa. – parecia coisas divinas a se falar no momento.
- Tudo bem, eu...
- Droga, não sei o que faço! - Aquilo Parecia ter caído como luva, é nesses momentos que agradeço aos céus por ter tantas oportunidades, a ideia já estava na minha cabeça, mesmo se não tivesse acontecido aquilo, será que ela tinha feito de propósito?
- ué... Então dorme no meu apartamento - Ela me olhou com os olhos arregalado.
-Eu não posso dormir no seu apartamento, você tá louca? Eu já eu já te ataquei, louca!!! – e ria graciosamente - Você não pode confiar em mim! - não deixei de rir também.
- Tudo bem, eu confio em você. - Novamente aquele clima descontraído voltou pra nossa conversa.
- certo, eu só aceito com condição... se você prometer que vai trancar sua porta por dentro. - dei uma risada muito grande a piada dela Parecia ter surtido efeito.
- Claro, claro, mas isso é a primeira coisa que eu vou fazer - ela novamente ficou séria e me encarou. A paisagem do Cristo Redentor lá fora iluminado de vermelho...
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
rhina
Em: 09/06/2016
Para tudo:
Autora a Elise está dizendo a verdade sobre tudo que foi dito a Vick?
Ou é mais uma de suas jogadas? Método novo talvez?
E este cartão, ela o realmente o tem?
Por nove anos foi realmente modelo e agora é fotógrafa?
Preciso de respostas....
Beijos.
Resposta do autor:
bom Rhina, já estou começando a escrever, e estou muito ansiosa por que o final está na minha cabeça já... não gostaria de decepcionar vocês, mas é por que tentei evitar mais cliches, rs então, pode ser que... bom vamos ver no que vai dar :D
Ahh... vai ter suas respostas próximo capítulo ^^
Silvia Moura
Em: 09/06/2016
... sua demonstração de amor virá em sucessivos capitulos daqui para frente? Pois bem, louca para me ater a esse encontro em que o palco é a cama e o cenário todo, o quarto... e a cena... essa eu deixo para você... me encanta autora, estou seca de vontade de ler seus feitos... cheiro...
Resposta do autor:
Eita Silvia... eu fico imaginando você tem esse perfil tão filosófico, rs. Deixa eu advinhar, trabalha na educação ou psicologia? (se eu errar, me desculpe) Você tem um visão bem romantizada das coisas, isso é legal.
Já da estória, bem... hahhaah. vamos ver :)
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