Percorremos o trecho até chegarmos a Lapa, pelo horário o trânsito já estava mais calmo,  respirei fundo, nervosa. Ao chegar à guarita do apartamento cumprimentei o porteiro, e ele sorriu de volta

-Uau - disse Elise, entramos portão adentro.

- Gostou do meu condomínio?

- Sim, eu já esperava algo do tipo. -  ela sorriu, mas ficou séria no mesmo instante. Estacionei na minha vaga e peguei minha bolsa.

- Pronta?

-Claro, vamos. - ela pegou suas coisas e descemos. A noite até que estava agradável, eu sentia uma pequena brisa vindo da direção do mar, que fez meus cabelos balançarem um pouco. Elise percebeu aquela cena e ficou me encarando, quando eu me virei em sua direção, ela disfarçou olhando pra baixo. Acionei o alarme, mas por dentro Eu estava sorrindo porque tinha sido uma coisa muito engraçada de se ver. Quase pude sentir os olhos de desejo de Elise sobre mim. Fomos até o hall de entrada, chegamos no elevador, então apertei pra cobertura, vi com minha visão periférica ela arregalando os olhos.

- Meu Deus! E ainda por cima mora na cobertura!!!

- Eu falei pra você que eu me viro.

-Menina, você não se vira você dá uma volta inteira ao redor da terra. -  Acabei por rir meio que sem controle. Elise realmente tinha um senso de humor fora do comum. O elevador deve ter demorado uns 5 segundos pra chegar até a cobertura, então finalmente as portas se abriram. Saímos para o hall do meu apartamento, peguei a chave e abrir rapidamente.

 Ao adentrar-nos na sala as luzes ligaram automaticamente, por causa do sensor de presença Elise parecia estar extasiada como uma criancinha quando vai na loja de brinquedos, quase Tive que fechar a boca dela.

-Elise, mais um pouco e você vai sujar meu carpete.

- Como assim?!

-De tanto babar - ela deu uma risada.

- desculpe se eu estou impressionada com suas coisas, agora entendo porque você está tão feliz. Você tem uma casa maravilhosa!!! Uma vida invejável.

- Isso não quer dizer nada.

- Se você imaginasse as condições que eu estou morando, isso aqui é quase o paraíso. Me resignei apenas a rir.

- Por favor, se senta. Gostaria de ir comer algo? beber alguma bebida?

- Não, Não, obrigada. Eu estou satisfeita com a comida do seu restaurante, é muito boa sua vida... é perfeita.

- Ah quem dera... – disse eu, minha vida seria perfeita se você estivesse nela, pensei comigo. Meu coração estava a mil. Eu não sabia como começar aquela conversa, só eu sabia como ia terminar. Eu tinha que procurar alguma forma, algum jeito de seduzir Elise... tentei improvisar.

- Você gostaria de algum banho antes de dormir, Elise? - ela me olhou com uma cara meio dúbia, pensou por alguns segundos e consentiu.

- claro, eu gostaria sim só que eu não tenho nenhuma roupa pra me trocar.

-Não se preocupe com isso, eu vou fazer como nos velhos tempos, lembra?! - Elise olhou pra baixo e pude ver seu rosto ficando vermelho.

-Como esquecer aquela noite, eu completamente molhada, correndo até sua casa... Que bom que me deixou entrar. Aquela noite eu tinha brigado feio com os meus tios, E eu não tinha nenhum lugar para fugir, às vezes imagino se você não tivesse sido minha amiga na hora que eu mais precisei eu não teria suportado a dor de ter perdido os meus pais...- pausou - Eu te agradeço muito por ter cuidado de mim. - Elise olhou-me nos fundo dos meus olhos, eu pude sentir toda sinceridade, igual àquela noite que parecia tão distante no passado. Me aproximei vagarosamente e me ajoelhei na sua frente, ela olhou pra mim com os olhos cheios d'água e por um momento meu coração se transbordou de um sentimento que eu jamais imaginava que eu ia sentir. Era um sentimento tão intenso tão arrebatador, a vontade enorme de protegê-la de cuidar, impedir que qualquer coisa de mal acontecesse com ela.

A abracei com toda força que eu tinha, ela retribuiu aquele abraço e não existia mais nada ao nosso redor. só eu, Elise e nossos corações batendo acelerado. Não pude medir a duração daquele momento, mas agora parece que durou por uma eternidade, e mesmo quando eu fecho meus olhos, esse momento ainda existe aqui tatuado pra sempre na minha alma.

 Quando nós desfizemos nosso abraço, as duas estavam chorando mas Elise tinha um sorriso no rosto, e aquilo foi a coisa mais bela que eu já vi na minha vida. Eu poderia beijar-la naquele momento, mas eu não queria estragar o momento eu teria antes que dizer tudo aquilo que estava guardado há tanto tempo...

 Ela se levantou e foi pegar sua bolsa.

- Desculpe, eu ouvi meu celular tocar. -  Realmente o celular dela estava tocando. - Ela olhou pra o identificador de chamadas e desligou o celular.

-Alguma coisa importante? - perguntei eu.

- Sim - ela respondeu  - mas agora não é o momento certo pra isso. - dei um sorriso discreto, se eu tivesse entendido bem aquilo significava que ela realmente queria algo aquela noite. -  E aí? Vai me emprestar aquela roupa? Estou muito cansada preciso banhar.

- claro, claro, você vai adorar  a minha banheira de hidromassagem...

- Não brinca!!! -  ela falou - me diz o que é que você não tem???

-hmm, você vai ter que descobrir – falei num tom bem sexy intencionalmente, pareceu funcionar pois Elise estremeceu.

-Eu acho que... –Ela deu uma interrompida, completamente desconcentrada – Eu vou banhar.

-Claro, pode ir enchendo a banheira eu levo a roupa emprestada agorinha.

-Obrigada, Vic... você é simplesmente demais.

-De nada, eu faria tudo por você. – Aquilo a deixou ainda mais aturdida, ela pegou apenas o celular. – O banheiro é naquele corredor à direita.

-Ahh, obrigada – ela se virou e eu fiquei esperando ela sumir pelo corredor e abrir a porta. – Uau até o banheiro é lindo – ouvi ao longe e não deixei de rir, fui ao meu quarto e abri o guarda roupa. Eu precisava de uma roupa especialmente provocante pra vestir, escolhi aquela camisolinha preta meio transparente e uma lingerie bem ousada, que queria provocar em Elise as sensações mais intensas, peguei pra ela um baby doll curtinho, nem prestei atenção, minha intenção era retirá-lo logo... fui até o banheiro e a porta estava entreaberta, vi pelo espelhinho do canto Elise sentada no vaso com a tampa fechada, estava vidrada no celular e só com a roupa de baixo, ela coçou a cabeça e deu um sorrisinho pra tela do celular, ela ficava fofa daquela forma, completamente natural, limpei a garganta fazendo um barulho, ela olhou pra fenda da porta e eu estendi as roupas sem demonstrar que eu estava a observando, ele nem viu o espelhinho, agarrou as roupas.

-valeu,  Vic – pra minha decepção assim que tirei o braço da fenda da porta ela fechou... fiquei alguns segundos parada esperando que algo acontecesse... mas nada.

-tá tudo bem, Lizzie? – ela riu, a água está ótima, obrigada. – Aquilo me desapontou, eu estava esperando que rolasse algo quando nossos olhares se cruzassem naquela cena tão inusitada... mas...

-Nada, vou tomar banho, ok? – Ela podia ter fugido de mim, mas depois que eu tomasse banho, ela não iria aguentar, tudo que estava em minha mente.... sorri por dentro.

-tá – ela disse – fui até meu quarto e tomei o banho mais caprichado possível, ainda bem que estava bem depiladinha, aquilo ia facilitar muito... corei só de imaginar, Aquela era minha primeira vez, pelo menos com uma mulher, todas as vezes anteriores eu me sentia obrigada a fazer e sempre que tudo terminada me sentia insatisfeita e vazia... Aquilo parecia ser o oposto, só de imaginar, um arrepio corria minha espinha fazendo o tesão aumentar. Escovei os dentes, eu precisava estar perfeita. Quando terminei já devia ter se passado uns 20 minutos, fui até a sala, Elise estava deitada no sofá de costas pra mim, ela estava... hipnotizante, o babydoll vermelho destacava com sua pele clarinha e seu cabelo escuro, vê-la daquela forma me fez querer tomá-la ali, dei um passo num extremo silêncio.

-Certo, mas estou quase terminando – Ela falou bem alto me assustando, fiquei quieta por alguns segundos, Elise estava com a mão no rosto, devia estar falando ao celular, estava conversando em Inglês. – claro, claro... logo estarei ai, MEU AMOR. – várias ondas de choque me invadiram de uma só vez, parecia uma miragem, alguma mentira deslavada, alguma pegadinha de mal gosto, Elise tinha acabado de chamar alguém de meu amor, ou eu tinha entendido errado?! Mas ela continuou – você também... Eu te amo, meu bem, beijos bem gostosos – e continuava rindo, meu corpo estagnou, eu não tinha nenhuma reação, ela desligou o celular e continuou mexendo, nem sei quanto tempo fiquei ali, só lembro de ir me arrastando pro meu quarto... meu mundo tinha desmoronado.

Fim do capítulo