Capítulo 5 - A Arte de se permitir...
Nunca havia se sentido assim... Era devorada com uma fúria por sua parceira insaciável. Já havia goz*do três vezes, estava exausta, mas a outra ainda queria mais. Sentia seu corpo se arrepiar a cada toque. Sentia-se explorada em cada centímetro de seu corpo.
- Seu cheiro me enlouquece, sabia? – Cristina sentia o cheiro do pescoço de Paula. Era uma amante possessiva.
- Menina, você quer me matar? – Sussurrou após mais um gozo.
- Teria coisa melhor do que morrer assim? – Elas gargalharam. – Fica comigo, Paula?
- Estou aqui!
E a noite era uma criança.
***
- Oi. – Estava visivelmente alterada. Não desejava mostrar tamanha ansiedade. Mas, vê-la naquele final de dia revitalizava suas forças. – Que bom ver você aqui.
“Mas, que merd*. Como assim que bom ver você aqui??? De onde você tira tanta asneira quando devia ficar calada?” Brigou consigo por se mostrar tão contente. As palavras de Paula não lhe saíam da cabeça. Definitivamente precisava de um descanso.
- Eu precisava vir. Tirar os pontos. Lembra? – A policial ainda estava séria. Ficou sem jeito com a recepção da médica. Com certeza, coisas do coração não era sua especialidade. Não podia negar que a médica estava linda. Aquele semblante um tanto cansado lhe dava um ar que inspirava cuidado e massagem.
“Massagem? Desde quando eu penso nisso? Se esta mulher imaginar o que pensei agora fará um escândalo”
- Venha comigo. – Entraram na sala de atendimento. – Tire a blusa. – Enquanto Raquel tirava a blusa Natália não conseguiu ser discreta na observação. Ao cair em si, viu os olhos da policial postos em si com um semblante interrogativo. – Ual, cicatrizou rápido, né?! – Foi a primeira pérola que lhe ocorreu para fugir do flagra. Mas, não conteve se aproximar e passar a mão sobre o corte.
Os olhares se prenderam. Natália suspirou. A aproximação da médica, o perfume suave que ela usava e aquela mão deslizando em seu abdômen entorpeceram Raquel. Que se permitiu aquele contato por poucos segundos.
- Eu preciso que você seja rápida. Pois, preciso ir embora. – Sua grosseria habitual foi a “saída rápida pela direita” de uma policial totalmente sem tato.
O pequeno clima que foi surgindo acabara de ser rompido. Natália novamente assumiu sua postura profissional se sentindo totalmente sem graça pelo corte da policial. Mesmo sem ter total consciência de onde pretendia chegar com aquela aproximação. Raquel se sentiu, para variar, uma ogra. Mas aquela mulher estava colocando em xeque toda uma situação que em sua cabeça já estava resolvida.
Berta bateu na porta e entrou.
- Doutora Natália precisamos de você. É urgente. O senhor Alberto, paciente da Onco, desceu para a U.T.I.
Natália pediu licença à policial e correu para a Unidade de Tratamento Intensivo. Berta assumiu a retirada de pontos da policial estranhando o fato da médica se predispor a fazer o papel destinado a enfermagem naquele hospital. Para cortar o silêncio daquela sala, a enfermeira disparou.
- Menina, a doutora Natália deu tanto duro por este paciente. Ela estava tão otimista na recuperação dele. E de repente ele desce para UTI.
- Hum! – A policial era monossilábica.
- Bem na hora da saída uma emergência. Na área da saúde é muito difícil descansar. Esse hospital não pára. Você tem como amiga uma das médicas mais dedicadas deste hospital, sabia? Ela é um amor. E super ética.
- Amiga? – Perguntou mais para si do que para a enfermeira.
- Eu não vejo muitos médico se dando ao trabalho de suturar pacientes e retirar pontos quando não se trata de ato cirúrgico.
- Entendi. – Raquel que não era o ser mais paciente do mundo mal via a hora de enfermeira tagarela encerrar o procedimento para que pudesse sair dali. Mais alguns minutos...
- Prontinho. Está liberada.
A enfermeira levantou-se e se retirou da sala. Raquel pulou da maca e virou-se de costas para porta. Observou a marca do corte. Mais uma cicatriz para a coleção. Lembrou-se da mão da médica deslizando naquele lugar.
Não teve tempo de vestir a blusa. Assustou-se com uma batida de porta e quando virou-se para ver o que acontecia viu a médica vindo rapidamente em sua direção e a tomando num abraço iniciando um choro descontrolado. Se a policial não fosse forte naquele momento teria caído sobre a maca. A médica agarrou-se a seu corpo semi nu como um refúgio. Parecia querer se fundir a ela.
A policial não entendia o que estava acontecendo. Mas entendia de sofrimento e era perceptível que a médica sofria. Compadeceu-se e correspondeu ao abraço. Ao fazer isso percebeu que a médica extravasou ainda mais o choro. Permaneceram abraçadas. E Raquel percebeu quando Natália começou a se acalmar, a respiração desacelerava, mas o abraço ainda continuava apertado. Uma das mãos da loira começou a percorrer os cabelos longos e castanhos da médica enquanto a outra continuava a lhe demonstrar segurança em sua cintura.
- O que houve Natália? – A pergunta da policial próximo ao ouvido da médica a arrepiou. Natália sentiu-se protegida naqueles braços firmes. Contudo, percebeu que abraçava a mulher que lhe provocava reações estranhas e esta estava sem blusa. Somente com um sutiã preto. Sentiu o perfume da policial, seu toque em seu cabelo, aquela pele quente e macia contra si e tremeu. Começou a se desvencilhar.
- Me desculpe Reis. Eu acabei de perder um paciente querido. Eu o acompanhava na Onco e fiquei perturbada. Embora essas perdas façam parte da minha profissão eu ainda me pego aflita.
- Ei. – Raquel segurou-lhe o queixo fazendo com que Natália a encarasse. – Você fez o que pode. Infelizmente, nisso você não manda. Chegou a hora dele. Sinto muito.
- Eu sei. Desculpe o momento de fraqueza. Já passou.
- Não precisa me pedir desculpas. Você brigou por este paciente. É normal nos sentirmos assim. Não é fraqueza.
“Meu Deus, se esta mulher continuar me consolando assim farei uma besteira. Acho que preciso sair com alguém. Devo estar muito carente mesmo”.
Natália sorriu entre lágrimas. Isso encantou Raquel que por mais durona que fosse se sentiu sensibilizada pela angústia da médica ao perder seu paciente.
Afastaram-se somente para que Raquel pusesse a blusa. Percebendo que a médica começava a se recompor a loira sinalizou ir embora. A médica concordou, mas seu olhar demonstrou tristeza e receio de ficar só. A policial então agiu por impulso.
- Seu plantão já acabou. Você está de carro? – Raquel disparou a pergunta e só depois pensou.
- Eu? Não... Não estou de carro. – Na verdade a pergunta da policial a pegara de supetão. Mesmo que estivesse de carro naquele momento não saberia o que dizer...
- Vem comigo. Jantamos e eu te deixo em casa. – Não tinha mais como recuar.
A policial coçou a cabeça. Enquanto tentava entender o porquê daquela impulsividade viu a médica se arrumar e pegar a bolsa.
- Você se incomoda se pegarmos algo para comer no caminho e jantar em meu apartamento?
- De jeito nenhum.
***
- Eu não sei, Raul. Eu diria que sexu*l*mente não tenho do que reclamar. Mas, fora da cama somos totalmente incompatíveis.
- Querida, encontrar alguém compatível na cama já é um lucro formidável.
- Seu bobo. Ela é uma delícia. Mas, pensa em sex* o tempo todo. Com a Bárbara havia estabilidade, mas não havia sentimento. Não éramos super amantes. Com a Cristina há tesão, envolvimento, ela me desperta todos os sentidos. Mas, parece que ainda falta algo. Entende?
- Não. Vocês começaram há tão pouco tempo e já está faltando algo?
- Eu não sei explicar.
- Falta sentimento? Paixão?
- Sei lá... Na cama somos demais. Eu duvido que alguém aqui tenha tanto prazer quanto temos juntas.
- Hum! Já vi que o João e eu precisamos tomar umas aulinhas com vocês. – Ele disse em deboche.
- Você é terrível. Eu estou falando sério, Raul. Fora da cama parecemos amigas. Quando estou longe não fico pensando nela. Quando estamos perto nossa atração fala mais alto do que qualquer coisa. Mas depois que saciamos tudo parece que não temos assunto.
- Que estranho. Eu pensei que você estivesse apaixonada por ela.
- Eu também.
- Aonde iremos neste final de semana que se aproxima?
- Irei viajar com a Cris. Iremos para um hotel fazenda para um curso de aperfeiçoamento.
- Toma vitaminas... Não te quero desnutrida.
- Pervertido. – Eles riram.
***
- Como sabe que eu moro aqui?
- Digamos que em nossa última discussão um garoto tenha ficado de olho em você. E, quando o D.P. o soltou achei melhor ficar de olho e a observei por alguns dias.
Os olhares se prenderam e diziam coisas que as duas ainda não eram capazes de identificar.
Subiram até o apartamento da médica. Raquel se propôs a ajeitar a mesa enquanto Natália tomava seu banho.
“O que eu estou querendo? Por que ela mexe tanto assim comigo? Tudo bem que depois do André eu não tive mais ninguém... Mas, nenhuma outra pessoa me despertou dessa forma. Ela andou me protegendo, que gracinha. Mesmo com aquele sexy ar durão ela se preocupou comigo. Não é tão indiferente quanto aparenta”.
Eram muitos questionamentos. Muitas sensações. E mais uma vez as palavras de Paula lhe caíram como uma bomba.
“Será que estou flertando mesmo com ela? Mas, ela é uma mulher. Desde quando me interesso por mulheres?”
Saiu do banho e escolheu uma roupa confortável. Mas, ao se olhar no espelho sabia muito bem que a roupa escolhida tinha o objetivo de chamar a atenção da policial.
“Será que ela vai gostar de me ver assim?”
Olhou-se no espelho mais uma vez. Prendeu os longos cabelos castanhos deixando algumas mechas caídas. Aquilo lhe conferia um ar provocativo, mas inofensivo. Sorriu e deixou o quarto indo ao encontro da mulher que lhe era o primeiro e o último pensamento do dia.
No espaço entre a sala de jantar e a de estar Raquel também estava pensativa. Não enxergou com bons olhos a própria atitude impulsiva de convidar a médica para jantar e se oferecer para levá-la em casa. Pior, ainda teve que revelar que já sabia onde a mesma morava.
“Essa mulher me faz perder a racionalidade. Isso não é nada bom”.
Raramente agia por impulso. Não fazia parte de sua personalidade. Seus movimentos eram calculados, seus dias eram planejados. Detestava a sensação de perda do controle. Mas ela parecia tão frágil. Necessitando de cuidado.
“E quem vai cuidar dela? Eu? Não consigo cuidar nem de mim.”
Num rápido movimento levantou-se. Encaminhou-se até a porta. Pensou em deixar um bilhete para a médica inventando uma desculpa para uma saída repentina. Mas, nem era do seu perfil dar satisfações.
“É melhor dar o fora daqui. Tudo o que eu menos preciso na minha vida agora é me aproximar de uma mulher e ter mais motivos para fantasiar algo inadmissível. É melhor me proteger antes que isso saia do controle”.
Este era o seu perfil.
Fim do capítulo
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Anny Grazielly
Em: 26/12/2020
Eitaaaaaa.... Raquel ja toda derretida por Nat... a coitada vai lutar e perder veio.... kkkkk.... logo elas estarão mais fogosas que Cris e Paula... kkkkk... que pelo visto vai ser so umas pegadas....
Mille
Em: 08/06/2016
Paula parece que não encontrou o amor em Cristina por isso sempre falta algo.
Reis sendo prestativa é linda, ela deixa essa barreira mais a Nat está aos poucos derrubando. Espero que ela não tem saído do apartamento e que as duas consigam termina a noite se conhecendo melhor pode até nao ter beijos, e sexo porque aí sim como seria a reação da Raquel no outro dia, tudo na calma sem atropelos.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
Pois é, Mille. O beijo rolou e nossa policial durona não soube lidar muito bem com a situação... Mas, até quando será que ela resistirá???
Tem capítulo novo na área. Beijos e continue me deixando por dentro do que vc está pensando do conto.
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wood
Em: 07/06/2016
Que capítulo maraaaa ficou com gostinho de quero mais😁😁😁Aguenta a curiosidade agora será que Raquel fugiu da Naty,vou arriscar acho que elas vão cair na tentação.Parabéns Paloma sua estória está a cada capítulo mais interessante 😚😚
Resposta do autor:
Wood, vc é uma graça. Obrigada pelo carinho do comentário. Isso é sempre estimulante para tentarmos a superação.
Beijos, querida e tem capítulo novo postado.
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line7
Em: 07/06/2016
Haaaa....será que a policial saiu...???😐😯 ansiosa AQUI..pó não vai ver a tentação da Cris 😍. Kkkk.. agora Paula e Naty será só paixão? (Só tesão ) putz. O capítulo foi ótimo linda, até logo😙
Resposta do autor:
Line 7, nossa policial é durona. Mas, será que aguentará por muito tempo???
Capítulo novo postado. Dá uma conferida.
Beijos e obrigada pelo carinho.
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