Capítulo 3 - Chegando mais perto...
- Reis, passe naquele hospital que é a caminho daqui. Você não está bem. É uma ordem.
Sabia o quão teimosa aquela mulher podia ser. Por isso, nunca vacilava com ela. Sempre ordenava. A conhecia desde a adolescência. Anderson era o melhor amigo do pai de Raquel, serviram o exército juntos e criaram uma grande amizade. Ficara muito triste quando soube da morte precoce do casal de amigos num acidente de trânsito. Acompanhou de perto o crescimento das duas filhas do casal, e Raquel Reis era uma das pessoas que ele mais admirava. Determinada, esforçada, dedicada e muito amorosa. Mas, somente com a sobrinha. Com os demais era um grande pedaço de mármore.
Ela havia se ferido numa lança correndo atrás de um bandido após um trabalho disfarçado. Tentava estancar o sangramento, mas parecia um pouco mais profundo do que ela tinha imaginado. Não teria outro jeito, provavelmente necessitaria de pontos naquela região. Já tinha tomado um analgésico, mas a dor persistia.
Entrou naquele hospital foi até a recepção. Abriu a sua ficha. Explicou o motivo e a atendente deu sinais de que a passaria na frente. Pediu que aguardasse.
Do outro lado, Natália que passava com Raul no momento em que a policial entrara no hospital, estranhou ela estar sozinha. Mas a mão da outra constantemente no abdômen fez com que percebesse a mancha de sangue. Enquanto se despedia de Raul com o objetivo de ir até a policial Natália a perdera de vista.
Caminhava a procura da sala 15. Já estava impaciente e começando a se arrepender de estar ali. Deveria ter ido para casa. Ninguém naquela porcaria de corredor para lhe ajudar a não ser doentes à espera de atendimento. Praguejava mentalmente quando alguém saindo de um cruzamento de corredores esbarrou em si.
- Oh, merd*! – Gem*u de dor.
- Perdão. Não foi minha intenção.
As mulheres se olharam. Natália estava a sua procura.
- Tudo bem. Não foi nada. – A dor aumentou. Gem*u novamente.
- O que foi isso?
- Me ajude a chegar à sala 15, por favor? – A súplica na voz da policial fez com que Natália agisse por impulso.
- Venha por aqui. Eu posso cuidar disso.
Raquel seguiu a médica rapidamente. Ao entrarem na sala, Natália indicou a maca para que a policial se deitasse.
- Antes de se deitar tire a camisa e coloque aqui na cadeira.
Sem cerimônia, Raquel arrancou a blusa e percebeu que a calça já estava cheia de sangue. Tirou também a faixa que havia passado na cintura na tentativa estancar o sangramento.
- Então, me diz o que houve? – Perguntou a médica enquanto observava o ferimento da policial.
- Eu fui atrás de um indivíduo que tentou me passar a perna na hora que lhe dei voz de prisão. Ele pulou um muro e eu tentando ganhar tempo passei o abdômen na lança de um portão. Mas, só notei quando o capturei.
- Porque a adrenalina começou a baixar. Entendi. Isso aqui está feio. Tem sangue seco aqui. Desde que horas está ferida?
- Tem cerca de três horas.
- Você enlouqueceu? Por que não veio antes?
- Doutora, eu só vim porque vi que necessitaria de ponto. Do contrário teria ido para casa. – Disse sentindo dor ao ter seu ferimento sendo higienizado pela médica. Aquele doutora dito com sarcasmo tirava Natália do sério.
- Natália. Meu nome é Natália. – Disse encarando a policial.
Raquel entendeu aquele olhar. A médica a estava ajudando e ela ainda estava sendo grosseira.
- Desculpe-me, eu não quis ser mal educada. O meu é Raquel.
De repente a muralha que havia entre elas se transpôs. E, Natália se sentiu mais a vontade.
- Vou suturar. Vai doer um pouco.
- Tudo bem. Sou treinada para suportar isso.
Raquel fechou os olhos esperando pelo pior. Natália se perdeu ao observá-la. Tinha traços bonitos. Era uma mulher bonita e aquele ar durão lhe conferia elegância e altivez.
Raquel abriu os olhos e encontrou os da médica fixos nela. Lembrou-se do sonho que tivera com ela e se sentiu corar.
Não conversaram durante a sutura. A médica mais uma vez agindo por impulso e se solidarizando com a dor da policial passou as mãos pelos cabelos dela e sussurrou.
- Prontinho, garota.
Raquel se sentou na maca e Natália observou a parte descoberta do corpo daquela mulher que tanto lhe irritava. Tinha um corpo bonito e bem definido.
- Obrigada, doutora... Digo, Natália. – Raquel disse colocando a camisa suja de sangue.
- Acho que devia ter sido policial para ter um corpo assim... – Pensou alto a médica e logo se arrependendo ao perceber que a outra a encarava com o semblante sério.
- Preciso ir. – Raquel pulou da maca ao observar o relógio.
- Volte para tirar os pontos.
Ela assentiu e saiu pela porta. Natália ficou olhando na direção da porta e perdida em pensamentos. “Devo ter quebrado uns dez protocolos.” Observou quando a policial voltou e constrangida passou a mão pelo cabelo.
- Me desculpe sair assim. Voltei só para agradecê-la.
Natália assentiu. E estranhou a sensação que a outra lhe provocou ao retornar daquela maneira inesperada. “Talvez ela não seja tão ogra assim...”
Raquel que já estava saindo quando sua consciência gritou que ela deveria retornar a sala da médica e agradecer. Percebeu que isso pegou a morena de surpresa. Não conseguiu evitar um sorriso ao sair do hospital com o pensamento que lhe ocorreu “Se esta mulher soubesse o tipo de sonho que já tive com ela...”
***
- Gente, vou pegar uma bebida no bar. Alguém quer? – Paula estava ofegante. Nada como uma dança agitada para aliviar o estresse da semana pesada no hospital que tivera.
- Eu vou contigo, amor. – Raul segurou a mão de Paula enquanto tentavam vencer a multidão que agitava a pista.
Alguém abordou a infectologista a segurando pelos ombros.
- Olá, Paula.
- Cristina. – Paula sentiu a pulsação acelerar. A troca de olhares foi intensa.
- Oi, Cris. – Raul se aproximou e a beijou.
- Quanto tempo Raul. Como você está?
- Bem. Vou ali pegar as bebidas. – Raul percebeu que sobrou ali.
As duas ainda se olhavam quando Cristina falou próximo ao ouvido de Paula, com a desculpa do som alto.
- Que delícia saber que você frequenta este lugar.
A outra estava arrepiada. Alguém que de longe observava se aproximou segurando a mão de Paula.
- Amor, vamos dançar? – Bárbara percebeu o olhar de Cristina para sua Paula e tratou de ir até elas mostrar que a infectologista não estava sozinha.
Paula havia entendido a fala de Cristina mas ainda se recusava a acreditar. Saiu sendo arrastada por Bárbara. Foi para a mesa.
- Quem é aquela mulher? – Bárbara percebeu que Paula tentava procurar alguém naquela multidão.
- É a Dra. Cristina. Trabalhamos no mesmo projeto de workshop em medicina.
- E ela sempre dá em cima de você como vi hoje?
- O que? Não. Nem imaginava que ela fosse lésbica ou bi, sei lá.
Raul chegou trazendo as bebidas e a conversa na mesa tomou outro rumo. Paula estava presa a imagem de Cristina. Percebia que a mesma olhava sempre em sua direção.
- Paula você vai passar a noite toda olhando essa mulher? – Bárbara a olhou indignada.
- Bárbara... – Paula perdeu a fala quando viu Cristina se aproximando.
- Oi. Posso falar contigo um minuto. – Cristina parecia não entender quem era Bárbara ao lado de Paula.
- Pode falar, Cristina.
- Preciso de uma ajuda aqui no banheiro. Não conheço mais ninguém a quem pudesse pedir ajuda.
- Claro. – Paula se virou para a mesa e falou alto. – Gente, já volto.
Seguiu Cristina até o banheiro.
- Paula, entra na cabine comigo. Soltou o feixe.
- Claro. – Paula tentava articular uma frase, mas se via totalmente sem jeito perto de Cristina. Achava a mulher sensual demais.
Era nítido que o espaço era pequeno para duas pessoas. Acabaram ficando muito próximas e Paula pode sentir de perto o cheiro daquela mulher que tanto lhe atraía. O olhar de Cristina dizia algo que a infectologista insistia em não entender.
- Em que posso te ajudar, Cris? Qual é o seu problema? – Estava tentando se segurar ao máximo para não dar bandeira.
- Para te ser sincera o meu coração tem sido o meu maior problema. Você pode me ajudar salvando ele.
Paula perdeu o chão. Será que aquilo era uma indireta ou a ginecologista só queria que ela a ajudasse com um coração partido? Estava sem saber como agir. Encostou na porta e tentou descontrair.
- Como poderei salvar seu coração, doutora? – Tentou demonstrar uma tranquilidade que não sentia. Aquela mulher muito próxima turvava seus discernimento e aguçava-lhe os sentidos.
Cristina chegou muito perto e segurou a cintura de Paula sussurrando.
- Ah, garota! Me dá seu sorriso, essa boca... Acorda comigo amanhã, depois e depois... – Paula mal teve tempo de processar a informação quando sentiu Cristina beijar-lhe com vigor. Era tudo o que estava fantasiando há tempos.
Paula caiu em si e lembrou-se da namorada.
- Cristina... Eu não entendi... – A excitação de Cristina era visível em seus olhos.
- Eu quero você para mim. Está mais claro agora? – Cristina se apossou do pescoço de Paula que já se via perdida novamente. – Você me desperta as fantasias mais indecentes, sabia?
Paula sentia seu corpo inteiro pulsar. Aquela mulher lhe agarrando daquela maneira,
“Paula reage. A Bárbara não merece.”
Tentava a todo custo ser racional. Mas aquela mulher bagunçava tudo.
- Eu preciso ir, Cristina.
- Te espero na minha casa amanhã às 22 horas. E se prepare porque vou te virar do avesso.
Paula nunca imaginou isso de Cristina. Sua calcinha que naquele momento já estava molhada, encharcou de vez. Mas, precisava ser racional.
- Eu não... – Paula simplesmente não conseguia articular uma frase.
- Será que aguento até amanhã? – A ginecologista prensou a outra na porta e suas mãos passearam pelo corpo da médica. – Vamos sair daqui?
Quando as mãos da ginecologista tomaram seus seios por cima da roupa Paula sentiu que precisava escapar dali. Se Cristina avançasse mais um pouco estaria entregue à exploração da outra.
- Não.
Cristina percebeu que a assustou. Mas, não perdeu a pose e nem o jeito de predadora.
- Te esperarei amanhã... A-N-C-I-O-S-A-M-E-N-T-E.
Cristina saiu do privado, deixando uma Paula desestabilizada tentando se recompor. Ao sair do privado deu de cara com Bárbara que a esperava apoiada na pia.
- Você pode me explicar isso, Paula? – Estava com os braços cruzados.
- Eu não posso. – Seu ar era derrotado.
- Que merd*, Paula. Eu tinha tantos planos para nós.
- Me desculpa.
- Desde quando isso está rolando? – Quando Paula tomou ar para responder Bárbara tomou a frente. – Deixa para lá. Vai para o inferno e não me procure nunca mais.
- Bárbara, eu não queria que terminasse assim. – Realmente estava triste.
- Vai para o inferno.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
rhina
Em: 20/06/2016
Traição.
Foi isso que a Paula cometeu??
Quando se esta namorando se tem compromisso. Então se alguém da relação fica com outra pessoa (ainda que seja por breves momentos ) esta cometendo traição ??
Agora se vc e ficante de alguém ou tem um rolo e de repente vc fica com outra isso é traição ???
Quando e porque se deixa de gostar. Tipo vc tem um relacionamento sério e estável e então cruza com uma nova pessoa pronto seu coração dispara... isso faz parte do ser humano ou dá para controlar ???
Paula pensando que estava neste barco sozinha se supreende si olhar para o lado e vê Cristina. Mais do que isto indo em sua direção pronta para o impacto...
[Faça o login para poder comentar]
rhina
Em: 20/06/2016
Traição.
Foi isso que a Paula cometeu??
Quando se esta namorando se tem compromisso. Então se alguém da relação fica com outra pessoa (ainda que seja por breves momentos ) esta cometendo traição ??
Agora se vc e ficante de alguém ou tem um rolo e de repente vc fica com outra isso é traição ???
Quando e porque se deixa de gostar. Tipo vc tem um relacionamento sério e estável e então cruza com uma nova pessoa pronto seu coração dispara... isso faz parte do ser humano ou dá para controlar ???
Paula pensando que estava neste barco sozinha se supreende si olhar para o lado e vê Cristina. Mais do que isto indo em sua direção pronta para o impacto...
[Faça o login para poder comentar]
Silvia Moura
Em: 02/06/2016
...estou gostando dessa estória, dois nucleos bem interressantes, vamos quem vencerá o primeiro lugar no meu coração.... beijos
[Faça o login para poder comentar]
Mille
Em: 02/06/2016
Oia que Raquel e Natália se entenderam um pouco, hummmmmm sera que vai durar por um bom tempo.
E a Paulinha quase cai de tanta excitação e depois ainda sendo pegue pela namorada. Cristina vai acabar com ela no outro dia.
Ainda bem que ela não falou a tão famosa frase "não é aquilo que você está pensando", gostei da atitude dela.
Bjua e até o próximo
Resposta do autor:
Oi, Mille. Desculpe a demora em responder... Foram dias corridos.
Que bom que você está gostando. Fico feliz.
Continue acompanhando e aguarde surpresas...
Beijo
[Faça o login para poder comentar]
line7
Em: 02/06/2016
A policial e a médica é o meu casal mais querido😍 "até que ela não é tão ogro' a frase que eu mais escutavar..kkk.. a Paula agiu mal, apesar de Bárbara não ser umas das melhores pessoa mas ninguém merecer ser traido😊 o clima esquentou 😉até logo linda👏😙
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]