Capítulo 6 - O convite
Sai do carro e nem me lembro como cheguei em casa. Não me lembro se cumprimentei o porteiro, o ascensorista, nada. Todo esse transe delicioso só foi quebrado quando ouvi a voz da minha filha, brava comigo.
- Mãe! Você demorou!
Bam! Acordei. De volta a vida real. A minha casa, meus filhos, à rotina, à tudo.
- Ei, mocinha, essa fala é minha! Sou eu que tenho que cuidar dos seus horários, e não a senhorita aí dos meus! Eu só me atrasei meia hora do nosso horário combinado. Peço desculpas por isso, mas será que foi tão ruim assim?
Ela ficou sem graça e respondeu:
- Não, mãe... não é isso... é que você nunca sai, fiquei preocupada. Alem do mais não sou babá do Juninho.
- Eu sei que não, filha, mas você disso certo, eu nunca saio, e será que você não pode me dar uma mãozinha de vez em quando? E além do mais o Junior nem dá tanto trabalho, dá?
- Não...
Eu realmente estava diferente. Não sei como consegui manter esse discurso com ela. As coisas realmente estavam mudando.
- Entao.... vocês jantaram o que eu deixei separado? - ela ia me respondendo com acenos positivos de cabeça. O Junior tomou banho? Ele já está dormindo?
- Sim, mãe, tudo certo!
Dei um beijão nela e fui pro quarto, e vi meu caçula já dormindo, tão lindo... Eu era muito sortuda em ter dois filhos tão bons quanto os meus. Dei um beijo nele também e fui pro meu quarto. Só então ouvi meu celular que apitava uma mensagem: "Renata, já estou em casa. Não precisa mais ficar preocupada. Só fique pensando em mim". Sorri sozinha depois de ler. Ela nem precisava ter escrito aquilo. Já estava pensando nela, há tempos, e agora, ainda mais, depois daquela noite. É claro que respondi a mensagem com um "Já estou. Há dias. Durma bem."
Tomei um banho e me deitei na cama. Não conseguia dormir. Só conseguia pensar em cada minuto daquela noite, segundo após segundo, num loop infinito, me demorando ainda mais nos beijos. Meu Deus, que tipo de loucura era essa, eu tinha 14 anos de novo? Que sensação mais estranha e boa ao mesmo tempo. Sensação de paquera. De flerte. Estava me sentindo viva. Mas com uma mulher? Será que sempre gostei de mulheres e nunca percebi? Ou será que eu estava empolgada com toda essa novidade na minha vida? Não sei.... tudo que sei é que aqueles beijos foram maravilhosos, e por favor, deixem-me dormir pensando nisso.
*******
No outro dia como acordamos tarde, preferimos tomar um lanche ao invés de almoçar, e só depois pude começar a preparar as minhas aulas. Julia foi estudar e combinei com Junior que o levaria ao clube mais tarde, pra ele nadar. Tinha que tira-lo daquele apartamento, tadinho. Não era fácil ficar o fim de semana todo trancado. Pelo menos quando ele está com o pai no fim de semana, eles fazem coisas diferentes. Fico feliz por isso. Não posso reclamar do Artur nesse sentido. Na verdade, não posso reclamar dele em nada. Talvez ele reclame um pouco de mim, da minha certa apatia. Sei lá. Mas também não vou ficar pensando nisso agora. Meus pensamentos foram interrompidos pelo meu celular tocando. Era ela! Ai meu Deus! Que frio na barriga!
- Alô.
- Renata?
- Oi Helena. Sou eu. Tudo bem?
- Tudo, e você?
- Também.
- Liguei pra saber se você dormiu bem....
- Dormi sim.... e você?
- Muitissimo bem. Como há muito não dormia... e levantei de tão bom humor que resolvi te ligar pra te convidar pra jantar!
Não consegui esconder meu desapontamento:
- Poxa Helena... eu adoraria... Mas esse fim de semana estou com as crianças. Ontem já saí e fica difícil sair hoje de novo....
Dessa vez foi ela que não conseguiu esconder o desapontamento:
- É verdade... esqueci... desculpa. Têm as crianças... Podemos marcar outro dia então.
De repente, tive uma idéia que saiu sem que eu planejasse:
- Quer vir jantar aqui em casa hoje?
- Sério?
- Claro. Combinei com as crianças de pedirmos pizza, você pode se juntar a nossa turma.
- Se não tiver problemas pra você, eu vou sim.
- Problema nenhum. Te esperamos as 19:00, pode ser?
- Claro. Até mais tarde então.
- Até... beijos.
Desligamos o telefone e eu mal pude acreditar no que tinha acabado de propor pra ela. Convida-la pra jantar na minha casa, com meus filhos... eu só podia estar maluca mesmo. E quer saber, sempre fui muito certinha. Vou embarcar nessa e ver no que dá.
Fim do capítulo
Olá meninas, desculpe se esse cappitulo foi meio sem gracinha, mas é que tive que dividi-lo para que ele nao ficasse muito extenso. Prometo que no próximo coisas melhores virão! e Obrigada pelos comentarios, isso faz muito bem pra gente que escreve!!! Uma boa semana a todas!
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