“Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se não puder andar, rasteje, mas continue em frente de qualquer jeito.”(Martin Luther King)

            Já fazia um bom tempo que eu não entrava ali. Antes era algo tão comum pra mim mas, agora era estranho, diferente. Segui até o elevador e apertei o botão que levava até o andar da sala de Júlia. Na noite anterior, eu havia aproveitado o fato de Ana não estar comigo e recolhido os pertences dela que ainda estavam em meu apartamento. Não queria a chance de ocasionar outra discussão ente minha loirinha e eu. Assim que o elevador se abriu Cintia olhou em direção a ele, pousando seus olhos sobre mim. Se ela já não me descia antes, depois do descaramento com minha noiva passou a descer menos ainda.

            - Bom dia Cintia! – eu disse educadamente aproximando-me dela.

            - Bom dia Patricia! – respondeu-me.

            - Eu preciso ver a Júlia. Ela está  na sala? – perguntei olhando-a firmemente.

            - Ela esta em uma reunião no momento. Quer aguardar? – disse indicando as cadeiras que tinham na área de espera.

            - Eu vou sim – respondi seguindo até lá e sentando-me. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Flávia dizendo a ela que gostaria de conversar e convidando-a para almoçar comigo amanhã. Em pouco tempo ela confirmou nosso almoço, escolheu o local e a hora. Permaneci um tempinho esperando até a porta da sala dela se abriu e um senhor muito bem vestido saiu de dentro dela. Levantei-me caminhando até a mesa de Cintia.

            - Pode ver se ela pode me receber agora? – disse a ela.

            - Claro. – pegou o telefone e ligou para ela, liberando minha entrada na sequencia. – Pode entrar. – disse me olhando com um ar de desagrado e colocando o aparelho no gancho.

            - Obrigada! – respondi pegando as coisas e levando-as comigo.  Assim que entrei na sala Júlia me olhou abrindo um sorriso meigo. O mesmo que ela sempre me dava quando eu aparecia por ali, na época em que namorávamos.

            - Que bons ventos te trazem aqui essa hora posso saber? – disse com a voz alegre.

            - Bom dia Jú. – eu disse.

            - Bom dia Paty. Tudo bem?  - fez sinal indicando a cadeira a frente para mim.

            - Estou bem e você?

            - Bem também. – respondeu me olhando. - E o que te traz aqui a essa hora da manhã? – perguntou.

            - Bom... eu estava arrumando as coisas lá em casa e acabei encontrando algumas coisas suas por lá. Eu achei que você pudesse quere elas de volta – disse colocando uma caixa sobre a mesa. Júlia levantou e abriu a caixa olhando-a. A primeira coisa que pegou foi o envelope amarelo que continha a gargantilha e a foto de Larissa.

            - Eu me esqueci completamente que estava lá – disse abrindo envelope e pegando a gargantilha na mão, olhando-a com carinho.

            - Eu imaginei. – respondi olhando-a. – Foi Ana quem encontrou ela nas minhas coisas. – disse e ela olhou-me.

            - Espero não ter causado problemas entre vocês – disse com um olhar realmente preocupado.

            - Nada que uma boa conversa não pudesse resolver. – sorri e ela sorriu junto comigo.

            - Que bom. Fico feliz por vocês estarem conseguindo se acertar!

            - Tem falado com sua irmã? – perguntei.

            - Falei com ela por telefone ontem a noite. Ela estava na casa da Flá bebendo cerveja! – respondeu.

            - Júlia eu respeito muito você, respeito tudo que nós duas vivemos juntas, e nesses dois anos que estive ao seu lado, eu realmente fui muito feliz. Eu me senti muito mal pela forma que você descobriu sobre nosso noivado naquele dia no parque.

            - Eu sei Paty. Eu sinto muito se fui ignorante com vocês. Eu realmente fui pega de surpresa e isso me deixou bastante... decepcionada. – olhou-me – Não pelo fato de vocês se casarem entende, mas pelo fato de que nem Ana nem você tiveram a coragem de me contar antes. E você teve essa oportunidade enquanto estávamos a sós lá. Exatamente por respeitar o que tivemos você poderia ter me dito não acha?

            - Eu sei. – respondi decepcionada comigo mesmo – Eu sinto muito! É por isso também que estou aqui hoje. – disse e ela me olhou intrigada.

            - Então tem mais novidades?

            - Eu não sei se Ana Cecília te contou ou não, mas mesmo assim vou arriscar. Nós já escolhemos uma data para o casamento. Será no dia 07 de agosto. – eu disse e ela se manteve séria por um tempo, diluindo minhas palavras para depois abrir um sorriso contido.

            - Ufa – disse suspirando – Achei que você fosse me dizer que já estava gravida outra vez e eu seria tia de novo. – soltou de um jeito leve me fazendo abriu um sorriso matreiro.

            - Deixa de ser boba Júlia – eu disse relaxando mais meu corpo na cadeira.

            - Vocês pretendem ter um bebê não é? – perguntou me olhando. Ela estava mais solta, mais relaxada com nossa conversa, como se fosse a Júlia de antigamente, aquela que me ouvia de vez em quando.

            - Mais futuramente – respondi e ela gargalhou.

            - Se eu conheço bem minha irmã esse futuro não deve demorar muito – sorriu.

            - Posso te perguntar algo? – eu disse e ela balançou a cabeça concordando. – Você ainda guarda muita magoa de mim?

            - Não muita. – respondeu com sinceridade na voz -  Eu estaria mentindo se te dissesse que não guardo mais nenhuma mágoa, eu ainda estou me reerguendo, curando meu coração aos poucos, e sei que esse processo é demorado. Mas a maior parte daquele sentimento já se dissipou aqui – disse apontando o coração.

            - Que bom – eu disse dando um sorriso contido a ela – Eu espero de verdade que um dia a gente possa retomar nossa amizade... não espero que tudo volte a ser como antes pois muita coisa mudou entre nós, mas espero pelo menos que possamos conviver bem juntas.  Você foi e sempre será muito especial pra mim Júlia. E pra Valentina também.

            - E por falar nela – Júlia sorriu – Ainda está de pé a proposta de ela passar o final de semana comigo?

            - Claro que sim Júlia. – respondi sorrindo também – Ela só falou nisso a semana toda. Está ansiosa para chegar amanhã.

            - Fico feliz por ouvir isso. Também estou ansiosa para poder ficar com ela. Sinto muito a sua falta – disse com um tom saudoso na voz.

            - Eu vou deixar as roupinhas dela separadas numa outra bolsa e assim que eu deixa-la na escola amanhã de manhã, avisarei a Camila que você irá busca-la pode ser?

            - Pra mim está ótimo. – Júlia disse.

            - Bom eu preciso ir – disse me levantando e colocando meu óculos escuro no rosto – Se você se lembrar de mais alguma coisa que esteja faltando não deixe de me avisar ta bom? – disse me referindo as suas coisas na caixa.

            - Obrigada! – ela disse chamando minha atenção e tocando com os dedos a gargantilha que estava sobre a mesa. – Ela é muito importante pra mim. – fitou-me.

            - Eu sei – respondi dando-lhe um sorriso amistoso, cumplice. – Ate mais Jú.

            - Espera, eu te acompanho até o elevador – disse levantando-se da cadeira.

            - Não precisa Júlia – eu disse e ela parou onde estava – Você deve ter muitas coisas pra fazer e eu sei bem o caminho – respondi sorrindo. – Valentina sai as 17:30hs – lembrei-a.

            - Eu a levo pra você no domingo – falou – Obrigada outra vez Paty. Por me deixar ficar com ela.

            - Ela é sua afilhada Júlia. Pode ficar com ela sempre que quiser. Tchau – disse abrindo a porta.

            - Tchau Paty. – respondeu e sai de lá. Passei em frente a mesa onde Cintia estava e me despedi dela com educação.

            - Tchau Cintia. – eu disse.

            - Tchau Patricia. – eu estava quase chegando no elevador quando ela voltou a falar. – Mande lembranças pra Ana por mim – usou uma voz que beirava a provocação. Parei de caminhar e voltei até sua mesa apoiando minhas mãos sobre ela, levantei meu óculos e e olhei-a de cima para baixo.

            - Sabe de uma coisa Cintia – eu disse com a voz baixa – Se você acha que Ana Cecília não me contou sobre a gracinha que fez quando ela esteve aqui, na segunda, está muito enganada. Minha noiva – frisei bem a palavra noiva – não tem motivos pra esconder nada de mim.   Aliás enquanto você só pode observar aquela perfeição toda com os olhos, eu posso aprecia-la de todas as maneiras. – disse olhando-a e ela levantou-se da cadeira me encarando. Acompanhei seu olhar numa batalha. 

            - Uma pena que ela escolheu alguém como você! – disse baixo – Ela merecia alguém melhor. Não soube fazê-la feliz antes, não soube nem fazer  a Júlia feliz mas continua ai, cheia de pose achando que é a ultima bolacha do pacote.

            - E quem você pensa que é pra dizer algo sobre a minha vida Cintia. Você não é ninguém pra julgar  que fiz ou deixei de fazer. Não foi mulher nem pra manter Ana Cecília na sua cama enquanto ela estava ao seu lado e vem querer me dar lição de moral. – disse elevando um pouco minha voz.  Ia voltar a falar quando fomos interrompidas por Júlia que abriu a porta da sala.

            - O que está acontecendo entre vocês? – perguntou olhando de uma para outra.

            - Não está acontecendo nada Jú – eu disse olhando diretamente para Cintia, mantendo a classe, eu não queria uma escanda-lo ali - Eu nunca esqueço uma pessoa Cintia... mas no seu caso ficarei feliz em abrir uma exceção! – disse  dando um sorrisinho sarcástico para ela – E só mais uma coisa... – continuei -  Mantenha seus olhos bem longe da minha mulher. – disse taxativa. – Bom trabalho pra você! – Coloquei meu óculo escuro novamente e voltei para o elevador, que não tardou a  chegar. Sai de lá morrendo de raiva. Eu poderia esganar aquela sonsa. Em minha mente eu pensava em milhares de coisas que eu gostaria de fazer com ela, e nenhuma delas era agradável.

            Já passava das 19:00hs quando Júlia apareceu em meu apartamento naquele dia. Assim que abi a porta dei cara com minha morena, espetacularmente linda no seu estilo social,  escorada no batente da porta e segurando seu blazer atrás do corpo, com um sorriso amplo e lindo em seu rosto.

            - Boa noite – eu disse ao abrir a porta.

            - Melhorou agora – ela respondeu se aproximando me puxando para junto de seu corpo.

            - Esse é o melhor abraço do mundo – disse sentindo seu corpo apertar o meu e inspirando profundamente seu perfume.

            - Mesmo?  - afastou-se me olhando terna – Posso saber o que o torna tão bom assim?

            - É o abraço do meu amor! – respondi sorrindo com doçura e os olhos dela brilharam intensamente, agitando meu coração no peito. Júlia abriu ainda mais o sorriso e em seguida seus lábios buscaram os meus para um beijo doce. Ela não tinha apenas o melhor abraço, tinha o melhor beijo, o melhor toque, aos meus olhos ela tinha o melhor em tudo.

            - Como você consegue ser sempre tão apaixonante? – ela disse ao interromper nosso beijo e me empurrar para dentro do apartamento fechando a porta atrás de dela. Encostou seu corpo na porta e voltou a puxar-me para junto dela. Sua mão que segurava o blazer soltou a peça de roupa, deixando-o cair ao chão, e delicadamente pousou sobre minhas costas, deslizando por ela num carinho suave.

            - Eu pratico na frente do espelho – respondi divertida e ela riu alegremente.

            - Ainda bem que só na frente do espelho né? – disse me olhando – Eu ficarei muito brava se você gastar seu charme com outra mulheres além de mim.

            -  Pra azar de todas as mulheres do mundo... meu coração já tem dona! – sorri.

            - É só meu né! – ela disse me dando um selinho, feliz como uma criança que ganha um presente tão desejado.

            - Todo seu! – eu disse devolvendo o selinho que ela me deu. – Já jantou? – perguntei olhando-a e ela negou com a cabeça. – Quer comer alguma coisa? – Júlia voltou a balançar a cabeça, dessa vez afirmando positivamente.

            - Posso comer a sobremesa primeiro? – falou com malicia me fazendo rir de seu descaramento.

            - Nem pensar mocinha! – disse me afastando de seus braços e ela começou a caminhar em minha direção.

            - Só uma mordidinha! – ela disse apressando os passos e eu corri para trás do sofá.  Balancei a cabeça negando e sorrindo, atiçando ainda mais sua vontade de me pegar.

            - Nem meia mordidinha – respondi dando a volta e deixando o móvel entre nós duas.

            - Quanto mais você fugir de mim maior será minha fome de você Flá – disse esticando o braço para tentar me segurar e caindo deitada sobre o sofá – Ai! – gem*u me fazendo chegar perto dela.

            - Machucou linda? – perguntei preocupada me abaixando e tendo meu corpo puxado sobre o dela de surpresa e ela riu olhando-me.

            - Tão inocente você amor! – Júlia disse me deixando sem palavras. – O que foi? – perguntou enquanto eu a encarava.

            - Nada eu... – fiquei em silencio. Talvez ela nem tivesse se dado conta do que havia dito. Ou simplesmente disse no automático. – Nada não!

            - Surpresa amor? – perguntou repetindo e me olhando carinhosamente. Eu não sabia o que dizer a ela. Eu sentia meu coração bater disparado, meu corpo todo se aqueceu num calor diferente, um sentimento confortável e seguro.

            - Assim não vale!  – respondi num sussurro quase inaudível. – Você trapaceou – disse olhando-a ainda totalmente estupefata.

            - No amor e na guerra vale tudo princesa! – disse tocando meu rosto com cuidado. Ajeitou uma mecha dos meus cabelos atrás de minha orelha e eu respirei fundo mantendo meus olhos nos dela. – E você vem se tornando o meu amor a cada dia Flávia. – disse me deixando emocionada – E eu espero que esse sentimento que você despertou em mim continue a crescer mais e mais, até que um dia eu possa te amar tanto ou mais do que você merece!

            - Você me deixa sem palavras Júlia – falei tocando o rosto dela – Quando você age assim, desse jeito todo doce, toda apaixonada, atenciosa, você não faz ideia do que é capaz de despertar em mim.

            - Eu espero despertar apenas os melhores sentimentos em você Flá – deslizou seus dedos em meu rosto – Tudo que eu quero é ser feliz ao seu lado e te fazer muito feliz ao meu. – puxou-me pela nunca delicadamente sem desviar os olhos dos meus, e apenas quando nossas bocas se buscaram intensamente é que a conexão entre eles foi interrompida. Nossos corações pareciam bater num único compasso, as respirações seguiam uma mesma frequência, as mãos deslizavam pelos corpos mutuamente. Afastar-me foi difícil quando tudo que eu queria era aprofundar ainda mais aquele contato.

            - Vamos comer – eu disse com dificuldade – Depois podemos continuar isso lá no meu quarto o que acha?

            - Podemos comer barrinhas de cereal que mais rápido? – Júlia disse me olhando divertida e gargalhei de sua resposta.

            - Vou preparar algo rápido – levante-me de seu colo e tive minha mão puxada outra vez por ela.

            - Só mais um beijinho e eu deixo você ir – disse colocando o dedo indicar sobre os lábios, fazendo cara de pidona. Sorri dando-lhe outro beijo e segui até a cozinha puxando-a pela mão para vir comigo.

            - Como foi o seu dia? – Perguntei.

            - Bom e o seu? – respondeu sentando-se na cadeira.

            - Tranquilo. Paty me mandou mensagem hoje de manhã. – eu disse pegando algumas coisas na geladeira e levando-as até a pia.

            - O que ela queria? – perguntou me olhando.

            - Conversar. Me convidou pra almoçar com ela amanhã. – respondi. Separei algumas folhas de alface e lavei-as bem, cortei algumas rodelas de tomate deixei separado.

            - Provavelmente deve querer te contar algo sobre o casamento dela com Ana – Júlia disse de um modo natural me fazendo virar o rosto em sua direção. – Ana te contou não contou? – perguntou com uma expressão duvidosa, franzindo a testa desconfiada.

            - Sobre a data? – ela balançou a cabeça confirmando. – Sim. Ela contou. Ela também te contou?

            - Na verdade quem me contou foi a Patricia. Ela esteve em meu escritório hoje. – disse e virei meu corpo para ela, avaliando seus gestos e expressões - Foi deixar umas coisas minhas que ainda estavam em seu apartamento – explicou-se antes mesmo que eu dissesse algo.

            - E como foi isso pra você? – perguntei parando o que estava fazendo e passando a encara-la.

            - Foi um pouco estranho no começo – disse sem desviar os olhos de mim – mas depois foi se tornando normal... sei lá.

            - Humm – resmunguei e ela levantou-se da cadeira e se aproximou de mim rodeando meu corpo com seus braços.

            - Eu e você não tivemos uma conversa sobre o que houve no domingo. Me diz uma coisa... Eu magoei você naquele dia? – disse olhando em meus olhos.

            - Não! – respondi desviando o olhar.

            - Mesmo? – insistiu levantando meu rosto e me fazendo olhar para ela – Não precisa ter medo de me dizer nada linda! Quero entender o que se passa dentro de você, como se sente e pra isso preciso que você seja sincera comigo. Assim como estou sendo com você agora.

            - Não me magoou Jú. – disse tocando seu rosto fazendo-lhe um carinho - Mas eu fiquei preocupada por ter saído daquele jeito! – falei e ela me abraçou.

            - Desculpa por ter preocupado você – ela disse ainda abraçada a mim. – E desculpa também por ter demorado tanto tempo pra termos essa conversa. – afastou-se tornando a me olhar. – Eu prometo que de agora em diante, sempre que algo me incomodar ou me magoar, eu irei conversar com você sobre isso. E quero que faça o mesmo comigo, se eu fizer algo que te magoar ou te incomodar, não tenha medo de falar isso pra mim ta bom! – disse abrindo um sorriso cativante. – Promete?

            - Prometo! – respondi sorrindo de volta. Júlia selou nossas bocas num beijo doce, carinhoso e sem pressa.

            - Tenho um convite pra te fazer? – disse ao afastar-se e eu fiquei esperando ela falar. – Eu vou passar o final de semana com a Vavá e gostaria muito que você ficasse com a gente no meu apartamento. Aceita? – perguntou com o olhar esperançoso.

            - Nem precisava perguntar – disse sorrindo – Vou amar ficar com vocês duas!

            - Otimo! – sorriu - Então eu te pego aqui amanhã depois que busca-la na escolinha pode ser?

            - Como você quiser amor! – respondi.

            - Aiii – resmungou – Adoro quando você me chama assim sabia  – disse buscando meu pescoço com sua boca, depositando beijos leves sobre ele e me fazendo arrepiar dos pés a cabeça.

            - Deixa eu terminar aqui pra gente comer e ir pra cama – pedi voltando a fazer uns sanduiches naturais pra nós duas.

Júlia foi até a geladeira e pegou uma caixinha de suco de laranja servindo um copo para ela e outro para mim. Comemos em silencio, apenas trocando alguns olhares e sorrisos uma para a outra. Deixei tudo arrumado e arrastei Júlia para tomar um banho comigo. Foi o banho mais longo e prazeroso da minha vida. Banho que é bom mesmo tomamos em 10 minutos, os outros 50 minutos foram gastos de uma maneira muito mais interessante e fogosa. Na cama não foi muito diferente. Nos amamos mais uma vez antes dela envolver meu corpo pelas costas, me fazendo sentir o calor de seus seios colados em mim, e sua respiração batendo em meu pescoço num ritmo suave e lento.

Dormimos assim. Abraçadas. Era a melhor sensação mundo ter Júlia ao meu lado. Uma mistura de tempestade e calmaria sempre que nossos corpos se incendiavam juntos, e depois nossos corações se acalmavam seguindo o mesmo ritmo, batendo num compasso só. Cada entrega era diferente, era uma nova sensação que nossos corpos descobriam. Era uma nova esperança de que nossa relação se tornaria um grande amor um dia. Na manhã seguinte, acordamos juntas quando o meu despertador tocou. Júlia ainda teria que ir porá casa dela e por isso saiu apressada de casa. Minha manhã passou voando praticamente e quando deu 12:00hs segui para o restaurante para encontrar Paty. Como meu serviço era perto dali acabei chegando antes dela. Pedi uma sakerinha de morango enquanto esperava por ela. As 13:00hs em ponto a vi entrar no restaurante. Assim que viu ela sorriu e caminhou até onde eu estava.

- Oi – disse me dando um beijo no rosto.

- Oi – respondi apontando a cadeira a minha frente. Ela sentou-se e voltou a me olhar.

- Que bom que aceitou almoçar comigo. – disse sorrindo novamente.

- Posso saber o motivo desse almoço? – perguntei e ela abriu um sorriso misterioso para mim.

Fim do capítulo