Capítulo 7
- Aí caramba. – Ouvimos aquela voz e imediatamente nós soltamos. Amanda, em uma atitude covarde, abaixou a cabeça.
- Paloma... Eu... É...
- Não precisa me explicar nada mana, sorte sua que sou eu, pois a Nicole estava doida pra vim. – Ela olhou para Amanda. – Vamos e disfarcem essas caras de culpadas.
- Obrigada mana. - olhei para o lado. – Vamos, Amanda?
- Vamos... – foi só o que ela disse, saindo na nossa frente. Na certa deve estar morrendo de remoço.
Voltamos para a mesa e o clima só piorou. Nicole me lançava olhares de interrogação, em casa com certeza viria o interrogatório. Amanda não tinha mais para onde olhar, Nicole percebendo que não dava mais, inventou uma desculpa qualquer para irmos embora e eu agradeci internamente por isso. Decidimos entrar em uma ótica antes de ir embora, a três conversavam amenidades tentando sempre me fazer participar da conversa, porém eu não conseguia pensar em mais nada a não ser nela.
Eu estava apaixonada pela minha professora! Sim, eu admito e não fazia a menor ideia do que ela sentia por mim, se é que sentia alguma coisa.
Será apenas atração?
- Flávia? Estou falando com você. – Paloma passava a mão em frente ao meu rosto.
- O que disse? – voltei pra terra.
- Se vai querer alguns óculos... Olha esse combina com você. – Ela segurava um Ray Ban.
- Claro! Escolhe, você sabe meus gostos. – falei dando um sorriso sem humor.
Estávamos na avenida que nos levaria pra casa, eu estava no carona, Paloma e Cássia atrás, Nicole dirigia e estava concentrada no que fazia. Eram duas da tarde e uma leve chuva caia. Coloquei os fones e uma música. Encostei a cabeça e fechei meus olhos para curtir melhor meu drama.
“ impossible – Shontelle”.
“I remember years ago
Someone told me I should take
Caution when it comes to love,
Did, I did
And you were strong and I was not
My illusion, my mistake
I was careless, I forgot, I did
And now, when all is done,
There is nothing to say
You have gone and so
Effortlessly
You have won, you can go
Ahead, tell them
Tell them all I know now
Shout it from the roof tops
Write it on the sky line
All we had is gone now
Tell them I was happy
And my heart is broken
All my scars are open
Tell them what I hope would be
Impossible, impossible
Impossible, impossible…”
Chegamos em casa e fui pro meu quarto, queria tomar banho e relaxa, pois aquela manhã havia sido cheia até demais, Paloma ficou na sala com a Cássia, Nicole foi para o quarto. Como sempre, fui espalhando minhas roupas pelo quarto, me pus debaixo do chuveiro e fechei os olhos ao sentir a água correr por todo meu corpo, toquei meus lábios e sorrir ao lembrar daquele beijo tão gostoso. Essa mulher me deixa sem juízo, me faz alcançar o céu e numa velocidade quase surreal o inferno.
- Flávia, eu vou entrar. – Era Nicole, para me tirar de meus pensamentos.
- Já entrou. – Sorri e ela mostrou a língua. – Desembucha logo. – Desliguei o chuveiro e ela me estendeu a toalha.
- Cubra-se logo.
- Não aguenta tanta beleza? – dei uma risada.
- Convencida. – Ela me beliscou.
- Aí, sua bruxa... Isso dói. – Passei a mão aonde ela tinha apertado.
Saímos do banheiro, Nicole sentou na cama.
- Senta aqui. – Sentei bem a sua frente. – Eu te amo Flávia, sei que não devo me meter em sua vida, mas me preocupo com você maninha e não quero ver aquela tristeza em seu olhar. – ela segurou minha mão. – Me diz o que se passa entre você e aquela lá.
Respirei fundo, dei um sorriso murcho. Comecei a contar tudo desde o primeiro dia até o que se passou hoje no banheiro do shopping, vi Nicole mudar sua expressão diversas vezes.
- Poxa, Flávia. Eu sinto muito. – Ela fazia carinho com o polegar no dorso da minha mão.
- Não queria que fosse assim, mas infelizmente essas coisas não se tem controle.
- O que senti de verdade por ela, mana? – baixei a cabeça, fixei em uma pinta que tenho em minha mão direita, próxima ao meu dedo do meio.
- No início, era atração, ou acho que era. Agora posso dizer com toda a certeza que estou apaixonada por aquela mulher. – segurei o choro. Nicole me abraçou forte e beijou o topo da minha cabeça.
- Estarei sempre aqui Flávia, sempre... – ela fazia carinho em minha costa.
- Eu sei mana... Eu sei.
Nicole passou mais um tempo no meu quarto, me fez jurar inúmeras vezes que quando precisasse a chamaria. Essa era ela, sempre protetora. Passei a tarde no meu quarto, dormi um pouco, a noite desci e comi pizza com a minha família, Cássia havia ido pra sua casa pois ainda estava sem graça pelas palavras nada discretas de Nicole, no shopping. Avisei aos meus pais que passaria o domingo na casa de Rebecca, eles disseram que tudo bem e então voltei para meu quarto, lugar onde eu me perdia em pensamentos. Chorei, admito antes de dormir. Olhei várias vezes pro celular, na ansiedade de receber qualquer coisa que fosse dela, mas não veio. Aquela noite sonhei com Amanda, acordei um pouco assustada. No sonho eu a beijava, ela correspondia, mas logo em seguida me empurrava e dizia que não me amava, que amava o noivo e eu fiquei parada no meio da rua chorando a vendo ir embora. Fui até a cozinha comer algo, abri a geladeira e peguei iogurte comi alguns, bebi água.
- Ai Jesus, Maria, José... – me assustei quando dei de cara com Paloma na porta da cozinha.
- Que medrosa. – ela passou por mim. – Vim só beber água.
- Na próxima, morro do coração oh visagem. Boa noite.
- Boa noite... Medrosa.
Voltei pro quarto, demorou, mas dormi. Acordei e olhei o relógio no criado mudo, 7:34 da manhã, peguei o celular debaixo do travesseiro e havia uma mensagem de Rebecca. Abri e lá estava o endereço. Joguei o celular na cama, tomei um banho e me vesti. Ouvi um barulho e era outra mensagem.
“Traga biquíni.”
Estranhei e fui olhar da sacada do meu quarto como o tempo estava e para a minha surpresa, estava lindo, depois daqueles dias chuvosos. Era sempre assim, passavam-se dias chovendo e depois sempre vinha um dia magnifico. Escolhi um biquíni nada inocente, coloquei em uma mochila junto com algumas outras coisas e desci.
Comi uma salada de frutas, a cozinha estava vazia pois Lili e Marcinha estavam de folga, a casa estava silenciosa e o único barulho que ouvia era alguns moleques correndo em frente de casa. Coloquei a mochila na costa e sair, Rebecca morava em um luxuoso edifício de Belém, cheguei em frente, me identifiquei e fui liberada para entra, dentro do elevador coloquei os óculos que a mana havia me dado ontem, subi até o último andar, a cobertura. Espero não estar fazendo nem uma besteira, por um momento parei diante daquela porta enorme.
“Será que devo entrar? Posso dizer que recebi uma ligação urgente, mas de quem? Droga, droga, droga.”
- Está tudo bem, Flávia? – me distrair que nem vi quando a porta foi aberta. Rebecca, estava bem a minha frente com um sorriso lindo, a olhei dos pés à cabeça e não acreditei em meus olhos. E recebi a mesma avaliação.
- Linda... – saiu e nem pensei direito... Ela estava toda despojada, um short curto desfiando em um tom marrom, uma regata daquelas que eu adorava vestir branca, pés descalços.
- Obrigada. Linda é você. – Ela sorriu ainda mais. – Vamos, entre. – Ela deu espaço. – Fique à vontade.
- Obrigada. – Parei um pouco para olhar cada canto daquele apartamento, sem sombra de dúvida era muito luxuoso e de muito bom gosto.
- Gostou? – ela pois a mão em meu ombro e como reação a olhei.
- É maravilhoso. – Ela deu um sorriso de canto.
- Troca de roupa e vamos curtir a piscina. – Ela pegou minha mochila e segurou minha mão. – Vem, você pode se trocar aqui.
Ela saiu me puxando e eu não me opus apenas a segui. Subimos as escadas e logo estávamos em um quarto muito grande, com uma vista mais do que bela.
- É lindo, não é?! – ela abriu os braços. Ri daquele gesto. – Vou deixar você trocar-se, mas não demora. Ah, o banheiro é ali. Te espero lá embaixo.
Percebi que ela estava bem mais contida do que quando a conheci, dei mais uma olhada e fui para o banheiro, coloquei o biquíni, porém não o deixei totalmente a mostra, uma blusa branca de pano muito leve e um pouco transparente até as coxas, olhei-me no espelho daquele enorme banheiro, peguei a mochila e desci. Rebecca estava na sala apoiada com a mão na porta que dava acesso a uma linda piscina.
Parecia distraída.
- Vista linda. – Me pus ao seu lado apoiando a mão no outro lado da porta branca com vidro.
- Muito linda... –ela ficou de frente para mim e eu me virei para olha-la também. Entendi o duplo sentindo e apenas sorri. – Vem. – ela segurou em minha mão, me levando até algumas cadeiras daquele tipo que você deita, espreguiçadeira. – Senta aqui que eu já volto.
Rebecca sumiu dentro do apartamento e então passei observar aquele lugar, de fato era belo. Um lindo jardim vertical, churrasqueira. Coloquei a bolsa em um canto próximo a cabeceira da cadeira. Lembrei de quando eu tinha apenas nove anos, quando o meu avô, pai de meu pai, apareceu em nossa primeira casa.
- É nesse lugar medíocre que você escolheu viver?
A casa tinha quatro cômodos, uma sala, um quarto, no qual dormíamos todos, uma cozinha e um banheiro. Não havia nada de luxuoso, as paredes não tinham reboco, o forro não existia e quando chovia, vários baldes eram colocados espalhados pela casa.
- É a minha casa! – meu pai tentava conter a raiva. – E só o fato de não ter sido comprada com o seu dinheiro, a torna um grande prêmio.
Eu estava sentada no sofá, minha mãe estava de plantão, Nicole e Paloma na escola, naquele dia não fui a escola, pois havia acordado com muita febre e resfriado.
- Como você se contenta com pouco. – Ele abriu os braços. Senti vontade de ch*par a canela dele, mas na certa o meu pai iria brigar comigo.
- Saia daqui! Eu não vou permitir que você tente me humilhar dentro da MINHA CASA, antes que o pouco do respeito que ainda tenho pelo senhor, acabe... Vá embora...
- Pronto. – Ela colocava uma bandeja repleta de frutas em cima da mesa branca bem ao lado de onde eu estava sentava. Sentou-se na cadeira ao lado de frente para mim.
- Adoro uva. – falei pegando uma e a mordendo. – Delícia. Que foi? – Rebecca me olhava com um sorriso de canto.
- Gosto desse seu jeito. – Corei. – Que fofa, ela ficou vermelha.
- Já deixo você para de me deixar envergonhada. – Peguei outra uva.
- Prometo tentar. Recebeu os quadros?
- Sim... Eu adorei e até os pendurei em meu quarto. Mora sozinha?
- Fico muito feliz em saber que gostou. Sim, moro sozinha desde os vinte anos. Este apartamento foi presente dos meus pais... Acho que queriam se livrar de mim... – ela riu e eu a acompanhei.
- Caramba...
- E você...
- Moro com os meus pais e minhas irmãs.
- Tem irmãs? Quantas?
- Duas! Paloma e Nicole. – Sorri ao lembrar delas. Peguei um morango.
- E esse sorrisão?
- Gosta? Mamãe quem fez. – Respondi fazendo graça. Ela deu uma gargalhada.
- Engraçadinha. Você entendeu.
- Elas são as melhores irmãs que alguém poderia querer. Impossível não sorrir ao falar delas.
Rebecca e eu engatamos um papo legal, descobri muito sobre ela e quanto mais conversávamos, mais assunto surgia, pouco tempo depois ela serviu um delicioso almoço, me senti à vontade em sua presença e por algum tempo havia esquecido de Amanda, mas ao lembrar meu coração apertou.
Tratei de disfarçar, aquele dia não queria ficar depre.
Fim do capítulo
ooooooie... por aqui novamente...
me divertindo horrores com os comentarios...
minha mãe me olha tipo: ta doida, minha filha? rindo sozinha.
mais um para voces... até o fim do dia postarei outro...
espero que gostem...
beijocas...
Letícia Corrêa!
Comentar este capítulo:
line7
Em: 26/05/2016
Kkkk...FLAGRA.. kkkkk..Paloma entrou na hora H...putz..kkkk. e essa fotógrafa vai dar o que falar, apostando que Amanda vai ficar com ciúmes 😏 só de saber da visita de Flávia na casa da fotógrafa 😊 até mais LINDA, alerta para o próximo Capítulo, se vc for ssozinha lendo os comentários imaginar a gente lendo a sua história...kkk..e o pessoal olha pra vc😒 com uma cara" essa ta viajando na maionese"...kkkkk.
Resposta do autor em 26/05/2016:
kkkkkkkkk pior que é verdade...
mamae olha e diz: tu é besta, menina?
mas é impossivel conter a risada... se pudesse ver a minha cara agora...
caps novoooooooos...
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