Capítulo 5
- Está louca? – Amanda parecia ter voltando a si e me empurrou. Cai de bunda no chão.
- Ai!!! Isso doeu, sabia?! – levantei passando a mão na bunda.
- Por que fez isso, hein? – ela estava furiosa. – Eu sou a sua professora...
- Ora, eu. Você correspondeu. Professora só na faculdade. E não vem com essa, já beijou outra mulher antes não sei por que tanta... – parei, só aí me dei conta da bobagem que havia dito.
- Que história é essa? – vi o rosto daquela mulher se transformar. Deu medo. – Quem disse uma bobagem dessas?
Merda, merd*, merd*...
- Fiquei sabendo por aí... – resposta vaga.
- Eu sou noiva, gosto de homens e nunca havia beijado nem uma mulher até você me agarrar e...
- Por que está negando? – a interrompi. – Bem que você estava gostando de ser agarrada. Não cometeu nenhum crime, Amanda. Relaxa
- Relaxa? Relaxa? – ela perguntava incrédula. – Quem falou um absurdo desses? Anda, diz logo. – A mulher estava uma fera.
- Um carinha na faculdade. – Ela sentou no sofá, passou a mão nos cabelos.
- Na faculdade? O que ele disse, Flávia? – ela perguntava de cabeça baixa, doeu vê-la assim.
- Bom, que você quando era estudante havia tido um caso com sua professora, Fernanda... isso, é esse o nome. – Me ajoelhei na sua frente, segurei suas mãos. – Ei, pra que se importar? Não deveria se abalar por tão pouco.
- Pouco? – ela soltou minhas mãos e levantou. – Já imaginou o escândalo se isso se espalha por toda a universidade? O que aconteceu, ficou no passado. Eu era apenas uma adolescente confusa. – Ela andava de um lado para o outro.
- Então é verdade? – uma esperança surgiu.
- Sim, mas não é mais a minha realidade. Eu amo meu noivo e deixei isso no passado, tenho minha vida bem resolvida e não deixarei você estragar isso, me ouviu? – acho que minha esperança foi pro Havaí. Ouvir aquilo doeu. – Não teremos mais contato a partir de hoje, apenas na faculdade.
- Quer saber? Pra quem ‘’gosta de homem’’ você bem que gostou ‘’disso’’ que aconteceu aqui e quer enganar a si própria, o problema é seu. – Fiquei puta da vida, peguei minha carteira que estava em uma mesinha atrás do sofá e fui em direção à porta.
- Onde vai? Vou te levar, afinal eu te convidei...
- Não precisa. – A interrompi. – Eu pego um taxi. – Abri a porta. – Não se preocupe, professora Amanda não irei dizer a ninguém o que aconteceu, não irei estragar sua vida ‘’ bem resolvida’’. – Fechei a porta.
“Que ridículo, ela enfia a língua na minha boca e vem dar uma de hetero. Que droga!”
Sai do prédio debaixo daquela chuva que em segundos me deixou totalmente molhada, a minha sorte era de ter uma carteira de couro, se não minhas coisas estariam encharcadas. Olhei em volta e nada de taxi, andei umas duas quadras e finalmente um taxi apareceu.
- Senhor? Estou muito molhada. – falei da janela do carona.
- Entre moça, não tem problema. – Abri a porta do carona e entrei.
- Obrigada. O senhor é gentil.
- Que isso moça. Para onde?
- Condomínio green-ville. Por favor.
As ruas estavam cheias, a chuva não dava trégua. Minha cabeça doía a cada vez que as lembranças de há pouco jorravam. Segurei ao máximo o choro. Amanda não merecia nem uma lagrima minha. Entramos no condomínio, pedi o senhorzinho que parasse em frente à minha casa.
- Aqui senhor e muito obrigada.
- De nada moça.
Entrei sem fazer barulho, na certa haveriam muitas perguntas e naquele momento eu só queria tomar banho e deitar em minha cama. E foi o que fiz. Entrei no meu banheiro já nua, vestido, carteira e os sapatos ficaram espalhados pelo quarto. Debaixo do chuveiro não segurei e deixei a água quente leva minhas lagrimas junto.
“Afinal, por que o choro? Eu não sabia, simplesmente eu não sabia. Paixão? Assim, tão rápido? Não podia ser, mas por que sentia meu coração rasgado? Estou mesmo apaixonada? Eu não quero estar apaixonada. Não por essa mulher. O que faço? Não, apaixonada não.”
Depois de quase uma hora, sai debaixo do chuveiro. Parecia mais um zumbi. Olhei-me no grande espelho que havia no banheiro. Meus olhos inchados e vermelhos.
‘’Ótimo.’’ Pensei.
Peguei o roupão e cobri meu corpo nu, sentei na beirada da cama.
- ATIIIIIIIIIIM!! Que beleza, resfriada!
Busquei minha carteira pelo quarto. Tirei meu celular e não estava molhado.
‘’ Ainda bem.’’ Pensei.
Olhei e vi várias chamadas, mensagens. Desbloqueei a tela e haviam três chamadas da Cássia, duas de Amanda e mais algumas de outros números. Olhei as mensagens e a última era da Amanda, abrir: “Me avise quando chegar na sua casa, não me sentiria bem se lhe acontecesse algo.”
Decidi não responder, eu estava extremamente magoada e se respondesse, na certa iria acabar xingando-a.
Deitei na minha cama e decidi ouvir música, acabou uma agitada e logo deu espaço para outra que naquele momento foi bem ruim. Luan Santana para dor de cotovelo
“Te falo tanta coisa enquanto tento segurar a lágrima que insiste em cair
Entro no meu carro
abro o vidro e antes de ir embora eu te digo:
” olha aqui, ainda vou te esquecer... escreve aí”.
Chego em casa, e dou de cara com sua foto
Uma ducha e um vinho pra acalmar
E eu penso” vou partir pra outra logo”
Mas quem é que eu tô tentando enganar?
Mas quem é que tô tentando enganar?
É você fazer assim
Que eu volto
É só você fazer assim
Que eu volto
Que eu volto
É que eu te amo
E falo na sua cara
Se tirar você de mim
Não sobra nada
O teu sorriso me desmonta inteiro
Até um simples estalar de dedos
Talvez você tenha deixado eu ir
Pra ter o gosto de me ver aqui
Fraco demais para continuar
Juntando forças pra pode falar
Eu volto é só você sorrir
Que eu volto
É só fazer assim
Que eu volto
Que eu volto
Que eu volto
Adormeci ouvindo aquela música, quando dei por mim, já se passavam das três da madrugada, tirei os fones e empurrei o celular para baixo do travesseiro, ainda ouvir a chuva lá fora antes de apagar novamente.
‘’Acorda gostosa, acorda delicia, acorda meu bebe.... Acooooooooooooooorda Flávia.’’
- Acordei, mas que merd*...
”Como ela sempre trocava o bendito alarme?”
Sai procurando o celular e não encontrei, só aí lembre que havia deixado debaixo do travesseiro, mas que coisinha mais escandalosa. Credo! Desliguei aquilo e fui direto para o banheiro tomar banho e escovar os dentes. Fiquei olhando no espelho, os meus olhos que continuavam inchados, iria de óculos para a faculdade. Lembrei de Amanda e senti meu coração apertar. Balancei a cabeça de um lado para o outro.
Me enxuguei e joguei a toalha no chão, entrei no closet e peguei uma calça jeans preta, rasgadas em alguns lugares ao logo das pernas. Uma blusa de alças finas, e nos pés uma sapatilha, parecia um tênis. Depois de me vestir, fui até uma gaveta aonde deixava meus óculos e escolhi um Ray Ban, modelo aviado, de lentes azuis. Desci para tomar café.
- Bom dia família. – Sai distribuindo beijos, inclusive na Lili e na Marcinha, que ajudava a Lili na cozinha.
Recebi beijos de volta.
Minha família era tudo para mim, sei o quanto meus pais deram duro para ser o que são hoje, mas sem deixar a família de lado. E o momento das refeições eram sempre especiais. Deixei a bolsa em uma cadeira e sentei. Marcinha me serviu, eu não gostava. Sempre preferi pegar a minha própria comida, mas aquelas duas me mimavam muito.
- Tira esses óculos, menina. – Brigou Lili.
- Como foi ontem minha filha? Se divertiu? – meu pai sempre curioso. Tirei aos poucos os óculos.
- Por que está de olhos vermelhos e inchados? Andou chorando? O que aconteceu? – mamãe chegou mais perto, segurando meu rosto em suas mãos.
- Prometo que mais tarde te explico, mãe. – Ela me analisou por alguns segundos.
- Espero mesmo e nem pense que não vou cobrar. – Ela voltou pro seu lugar.
- Mana, você está bem? – Nicole perguntava.
- É mana, não esconde nada. – Dizia Paloma. Fofas minhas manas.
- Prometo que mais tarde eu conto. Está bem? – elas concordaram e um aceno de cabeça, mas como eu contaria que beijei minha professora e levei um fora?
Tomamos café e seguimos cada um para o seu destino. Cheguei na faculdade e no estacionamento encontrei Cássia.
- Obrigada por ter me respondido. – Ela dizia visivelmente chateada.
- Desculpa, ontem eu não estava legal. – disse lhe dando um sorriso tristonho.
- O que aconteceu meu anjo? – ela passou o dorso da mão em meu rosto.
- Vamos para a nossa árvore e lá te conto. – falei já puxando sua mão para me acompanhar.
Ao chegarmos Cássia sentou e eu deitei em colo, narrei tudo o que havia acontecido, minha amiga ouvia tudo em silencio fazendo carinho em meus cabelos.
- E foi isso... – deixei algumas lagrimas escaparem.
- Mas que cachorra, essa, essa... Vaca. – Ela dizia com raiva.
- A culpa foi minha, como pude achar que a senhorita “HETERO” seria algo minha. - Cássia limpava as minhas lagrimas teimosas.
- Não fica assim meu anjo... – ela beijou minha testa. – Você logo esquece essa doida, sei que sim.
- Espero que não demore...
Conversamos mais um pouco, depois fomos para a sala. Hoje teria aula da Amanda e eu não sabia ao certo se queria vê-la, entramos na sala e passamos direto pro fundão. Dois minutos depois, Amanda entrou na sala esbanjando bom humor, seu olhar veio de encontro ao meu, senti meu coração bater tão forte que doeu o peito e logo em seguida ela desviou dando início a aula.
“Coração idiota, o que pensa que estar fazendo?“
Eu não prestei atenção na aula, senti meus olhos arderem e comecei a espirrar, tentei sufocar e não consegui, minha cabeça começou a doer, era sempre assim. A gripe nunca vinha só, sempre acompanhada de dor de cabeça.
- Não estou me sentindo bem, Cássia...
- Dor de cabeça?
- Sim, você sabe que piora, então vou pra casa. – levantei
- Vou com você. – Ela pegou minha bolsa e a dela.
- Onde pensam que vão? – Amanda perguntou autoritária.
- A Flávia, não está bem professora, Amanda. – Cássia respondeu por nós. – Vou leva-la pra casa.
- O que você tem, Flávia? – Amanda se aproximou e pós a mão no meu rosto, mas logo em seguida retirou dando se conta de sua aproximação. Ontem ela me esculacha e hoje vem cheia de preocupação? Sua preocupação logo deu lugar a uma expressão mais séria.
- Estou muito gripada e com dor de cabeça. – falei a olhando, mas ela não via meus olhos. Eu ainda estava de óculos por causa do inchaço e vermelhidão.
- Sendo assim, podem ir. Espero que melhore, Flávia. – Senti sinceridade em suas palavras, mas ela continuava seria.
- Obrigada, Amanda. Vamos, Cássia? – não quis prolongar aquela conversa.
Saímos da sala e pude sentir os olhos de Amanda sobre mim. Ou era o que eu queria que estivesse ocorrendo? Cássia não estava de carro, segundo ela estava na oficina. Dei as chaves para ela, eu não queria dirigir, pois sentia que minha cabeça iria explodir.
Fim do capítulo
estou imensamente feliz com a participação de vocês... suas lindas... este cap e para vocês... voltarei a postar amanhã ou na sexta... porém irei responder a cada comentario... muitissimo obrigada, nenas...
boa tarde!
Letícia Corrêa.
Comentar este capítulo:
rhina
Em: 04/12/2016
A princípio está tudo confuso e complicado
algo que talvez pensou Amanda que não fosse acontecer novamente. ....amar outra mulher
sua vida agora está firmada sob outras bases.....e remodelar .....é uma longa jornada
rhina
Resposta do autor:
poise, Amanda pensava que não fosse
acontecer novamente com ela...
mas não podemos fugir de quem somos,
por mais que tentemos...
uma grande e linda jornada ao lado de
quem se ama....
Luh.
amandanasnuvens
Em: 03/11/2016
O amor nem sempre é fácil mas no final vale a pena
Resposta do autor:
verdade, o amor não é fácil
mas se ele valer a pena....
Bjs
Leh e Luh.
[Faça o login para poder comentar]
lia-andrade
Em: 25/05/2016
Comecei acompanhar agora e o que posso dizer é que sua história é maravilhosa.. Parabéns! Estou amando.. São lindas as duas.. Cássia toda maluquinha, uma figura.
Beijos, até o próximo sem falta.
Resposta do autor em 25/05/2016:
seja bem-VINDA...
muito obrigada... fico feliz em agradar... já temos mais um... ;)
divirta-se...
um beijo e espero ler mais coments seu..
[Faça o login para poder comentar]
line7
Em: 24/05/2016
Haaaa..acabou o capítulo 😐😂 essa Amanda pelo que estou vendo vai dar uma de difícil para tristeza de Flávia 💘 Flávia coitada arrasada pela atitude da prof, e Amanda está gostando de Flávia, mas que admitir..a os país de Flávia São um amor😍 até mais LINDA e rapresetante do Norte 😊😘
Resposta do autor em 24/05/2016:
os pais da Flávia são ótimos...
graças que tenho dois bem parecidos...
representante do norte... gostei..
beijos e aguarde o proximo.... ;)
Resposta do autor em 24/05/2016:
os pais da Flávia são ótimos...
graças que tenho dois bem parecidos...
representante do norte... gostei..
beijos e aguarde o proximo.... ;)
[Faça o login para poder comentar]
Ariana
Em: 24/05/2016
Que alegria quando vi logo outro capítulo!
Foi um capítulo triste mas revelador. Os rumores sempre eram verdadeiros. Vontade de pegar a Flávia no colo
beijo
Resposta do autor em 24/05/2016:
então adota... rsrsrsrs
obrigada mais uma vez por está aqui...
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]