Capítulo 4
Entramos no carro, olhei pela janela e percebi que viria uma tempestade aquela noite de terça-feira. Amanda deu partida e logo pós um pen drive. Em seguida uma música agitada tomou conta do carro.
Olhei para Amanda.
- Que foi? – ela baixou o volume ao perceber minha expressão de surpresa.
- Adoro essa música. – Sorri. – Nunca pensei que gostasse de reggae... Pode aumentar o volume professora?
- Eu também adoro essa música... Aumento sim. – Ela aumentou e sorriu.
Depois de alguns minutos a música acabou e a professora abaixou o volume.
- Bonita sua casa. – Ela disse olhando atentamente para o trânsito.
- Obrigada. Minha mãe tem bom gosto para essas coisas. – Só então olhando para Amanda, vi um anel em sua mão direita.
Noiva? Como não vi aquilo antes? Já estava lá?
- Seus pais são empresários?
- Não, são médicos... Seu Henrique é cirurgião e dona Carolina é ginecologista. – Eu olhava para o céu nublado através da janela do carro. De repente meus olhos se encheram de lagrimas. Só podia ser sacanagem. O que está acontecendo comigo? Aquela pequena peça de ouro foi um balde de água fria.
Evitei olhar para Amanda.
– E os seus?
- Dona Kethelen é recepcionista em um hospital particular e seu Christian é delegado. – Ela deu uma pequena risada ao imitar ‘’A dona e o seu’’.
- Delegado? A quanto tempo?
- Há trinta anos... – ela falou com orgulho.
- Uma linda profissão. – Continuamos a conversar sobre nossas famílias, mas minha cabeça não pensava em outra coisa...
“Noiva, noiva...”
Depois de meia hora chegamos ao lugar da exposição. Saímos do carro e um dos vários manobristas nos deu boa noite e pediu as chaves de Amanda... Os olhares foram muitos, mas Amanda parecia não ligar, estava seria.
A galeria era de muito bom gosto, como diria minha mãe. Sorri ao lembrar de dona Carolina. Com dois andares, uma entrada com portas de vidro e com uma decoração impecável, uma música calma sendo tocada por violinos. Apesar de sempre frequentar com meus pais aquele ambiente, nunca me acostumei, achava fresco demais. Pessoas bem vestidas e de nariz em pé. E eu que por um instante pensei em vim de jeans e jaqueta.
Amanda olhava foto por foto. E eu a seguia, encantada com todas aquelas imagens. A fotografia de uma foca chamou minha atenção, a foto estava em preto e branco. Algo nos olhos me chamaram a atenção, tive a impressão que via além de meu ser.
- Gostou? – Amanda perguntou.
- Sim... Sempre achei que os olhos fossem de fato o espelho da alma de cada ser. - falei sem olha-la.
- Amanda? – uma voz feminina me fez tirar a atenção da fotografia.
- Rebecca. – As duas se abraçaram e eu apenas fiquei a observar. - Deixa eu te apresentar, esta é a Flávia, minha aluna e Flávia, esta é Rebecca Giane, a artista que capturou essas fotografias maravilhosas. – A cumprimentei com um leve aperta de mãos, a mulher a minha frente era muito bonita.
Cabelos castanhos ondulados acima do ombro e uma franja dividida de lado pouco abaixo das sobrancelhas, a pele extremamente branca que deixava sua boca carnuda e com um batom vermelho ainda mais destacados.
- Prazer. – Ela disse.
Aquele olhar. Eu conhecia bem.
Sorri de canto.
- Prazer. – Arqueei as sobrancelhas. Gostei do que vi.
- O Vitor deve estar feliz, afinal ele sempre te incentivou. – Amanda interrompeu a troca de olhares. Lançou um olhar curioso para a amiga...
- Muito feliz... Ele é um anjo. – Ela me olhava dos pés à cabeça e percebi um certo desconforto em Amanda.
Aquilo me animou.
– E o Danilo, não vem?
Olhei para Amanda, Danilo?
- Ele viajou hoje pela manhã, viagem de negócios.
- Amanda, qual é a sensação de estar noiva? Aliás, adorei o jantar... A comida estava maravilhosa. Ontem foi fantástico. – Arregalei os olhos.
Senti como se tivesse levado um soco no peito. Uma raiva estranha subiu por todo meu corpo. Antes que ela respondesse, me adiantei.
- Professora, eu vou dar uma olhada por aí. Gostaria de comprar algumas fotografias. E está... – apontei para a fotografia que a pouco admirava. – Já é minha, Rebecca. – Dei o meu melhor sorriso.
- Claro... Flávia. – Olhar de predadora. – Já é seu.
- Já volto professora...
- Tudo bem, espero aqui. – Vi algo no olhar de Amanda que não pude identificar, mas não parecia ser ruim.
Sai em direção as escadas. Apenas queria respirar e decidir ir para a parte de cima da galeria, lá havia uma sacada.
Fiquei por lá.
Na verdade, eu queria ir embora dali. Parei um garçom e peguei uma taça de champanhe.
- Não acha que é muito nova para beber? – Amanda. Não virei e ela se pós ao meu lado.
- Não sou criança, professora Amanda. E isto aqui...- mostrei a taça. - Não deixa ninguém bêbado.
- Esqueci... Senhorita adulta. – disse cheia de ironia.
Naquele momento sentir umas gotas de água tocarem meus braços. Logo em seguida milhares de gotas de chuva passaram a cair. Amanda e eu saímos da sacada. Só aí percebi que ela segurava minha mão direita. A outra ainda segurava a taça. Ela nem percebeu que estava segurando até que soltei. Pois senti meu corpo reagir com aquela mão macia. Ela me olhou e sorriu.
- Desculpe... Às vezes sou muito protetora. – Ela olhou as horas. – Já quer ir?
- Sim, mas antes vou procurar sua amiga... Quero encomendar as fotografias.
- Claro, as fotografias...
Sai à procura de Rebecca, Amanda foi ao banheiro. Encontrei Rebecca com um grupo, ela me olhou novamente com cobiça.
Veio até a mim.
- Bom, quando vou receber minhas obras? – a encarei.
- Amanhã... Deixe o endereço e mandarei entrega-las em sua casa.
Dei o endereço e fiz um cheque... Enquanto Rebecca cuidava de todo processo, Amanda se aproximou e disse:
- Fiquei sabendo que várias ruas estão inundadas...
- Posso ir de taxi. Se não der para me levar em casa. – disse.
- Claro que não, vou leva-la Flávia. – Ela pereceu se chatear.
- Prontinho. Amanhã estará em sua casa. – Rebecca me entregava um recibo. – Fiquem mais um pouco.
- Infelizmente não podemos, amanhã dou aulas e essa mocinha faculdade. – Amanda responde e deu um abraço em Rebecca.
“Agora só faltava a ch*peta”.
– Mas antes de irmos. Me de seu número, gostaria de manter contato. – falei para ver qual reação a professora teria.
- Claro... Anote aí... – peguei o celular da bolsa e comecei a discar os números, liguei em seguida.
- Esse é meu número. – Ela pegou o celular que chamava. Então desliguei. – Ligue quando quiser. – Dei um beijo em seu rosto. – Foi um grande prazer Rebecca.
- O prazer foi meu, Flávia e pode deixar, ligarei para marcar algo. – Ela virou para a Amanda que estava visivelmente desconfortável. – Amanhã à noite passo em seu apartamento, para irmos juntas a academia.
- Então te espero. - Abraçou a amiga novamente. – Até amanhã.
Chegamos na entrada e Amanda chamou o manobrista que em poucos segundos voltava com seu carro, a chuva estava muito forte e ao entrar no carro acabei me molhando um pouco. Amanda estava séria demais. Deu partida sem falar nem uma palavra sequer, o único som que ouvia eram as gotas de chuva. Eu adorava a chuva, passava horas admirando. Havia poesia na chuva.
- A chuva está forte demais, se quiser dormir em casa, com essa chuva o trajeto até sua casa pode ser perigoso. – O silencio foi quebrado. E eu fiquei surpresa com o que ouvir.
- Não me acha nova demais para dormir fora de casa, professora Amanda? – fui extremamente irônica. E ela deu uma gargalhada gostosa.
Que mulher.
- Você liga e avisa... E amanhã bem cedo te deixo em casa, pois não pode faltar aulas. – Lá vem ela de novo. - Minha casa é mais perto, mas se você não.
- Vou ligar pra ela. Só um instante. – Liguei e chamou uma, duas, três, várias veze. Ela deve ter deixado no sofá como sempre fazia. – Acho que devem estar dormindo.
- Meu apartamento é logo ali. – Olhei, vi um prédio com uma arquitetura muito bonita. Ela entrou no estacionamento que por sinal estava um pouco inundado. – Meu Deus! Está tudo cheio.
Descemos do carro e acabamos molhamos os pés, Amanda esbravejava e não contive o riso. Entramos no elevador, ela morava no quarto andar. Nossa, como estava frio. Meus pelos estavam todos eriçados. Amanda se abraçava tentando conter o frio, chegamos em seu andar.
- É aqui. – Olhei, apartamento 203. – Entre.
Amanda ia bem a frente ligando as luzes e eu apenas observava cada pedacinho de seu apartamento.
Tudo tão... Ela.
- Vou buscar umas toalhas. – Ela estava sentada no ‘’braço’’ do sofá, enquanto tirava os sapatos, não pude deixar de reparar em suas pernas. – Fica à vontade, já volto.
Ela levantou e sumiu em um corredor. Em sua sala havia uma grande janela de vidro, que dava acesso à uma sacada. Com uma vista bonita. Lá fora a chuva se fazia presente de uma forma tão intensa, algo que nunca havia visto. Aproximei mais ainda da janela.
- Nunca vi alguém admirar tanto a chuva. – Aquela voz invadiu meus tímpanos.
- Há poesia em cada gota. – falei me virando. Vi um sorriso tímido se forma naquele rosto. Ah, aquele rosto, não quero ser clichê, mas aquele rosto parecia até de um anjo, aquele sorriso aquecia meu coração. Seus cabelos moldavam sua face tão perfeita.
- Aqui está a toalha.
Ela veio em minha direção e tropeçou no tapete, tentei não a deixar cair, mas foi em vão. Em vez de ajudar, só fiz atrapalhar ainda mais e no fim as duas foram ao chão.
- Mas que droga, de novo?! – ouvi Amanda resmungar.
Bati a cabeça ao cair costas com o impulso que seu corpo me deu ao se chocar no meu, e a careta de dor foi inevitável. Amanda rapidamente veio tentar me ajudar.
- Você está bem? Flávia? – senti Amanda tão próxima que não consegui pensar. A dor ficou em segundo lugar e eu que estava de olhos fechados por causa da dor, abrir e vi Amanda me olhando com uma expressão de preocupação. – Fala comigo...
Olhei para cada centímetro de seu rosto tão lindo, olhei sua boca e senti a minha encher de água, desejo por possuir aqueles lábios carnudos me invadiu. Lentamente aproximei minha mão e com o dorso fiz carinho em sua pele macia. Amanda estava totalmente paralisada. Fui deslizando até seu queixo e com o polegar fui traçando os contornos de seus lábios.
- O que está fazendo? – a voz dela me pareceu mais um sussurro.
Fui levantando, mas sem deixar de olhar em seus olhos, segurando seu rosto, ficamos de joelhos uma de frente a outra. Minha respiração foi ficando cada vez mais pesada, senti o nervosismo de Amanda também.
- Não se atreva a fazer isso. – Ela tentou levantar, mas eu a puxei de volta fazendo seu corpo se chocar com o meu, segurei sua nunca e com a outra mão sua cintura colocando ainda mais se possível nossos corpos.
Desejo de ter aquela mulher corria por todo meu corpo. Encostei meus lábios nos dela, puxei de leve seu lábio inferior, colei nossas testas. Amanda respirava de forma descompensada e eu a essas alturas já nem respirava, não consegui prolongar mais aquela tortura e tomei seus lábios que no início não corresponderam, mas depois senti seus dedos abrirem caminho por meus cabelos, fazendo ainda mais pressão e sua boca que antes parecia não querer, agora devorava a minha.
Fim do capítulo
Vejo que não agradei... Mas vou continuar postando... Quem sabe não conquisto alguém?!
um bom dia à todas...
Letícia Corrêa!
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rhina
Em: 04/12/2016
A professora tem um noivo
e uma amiga gata que parece não aprovar este noivado
O chão de repente fugiu dos pés de Flávia
é uma ótima história autora
rhina
Resposta do autor:
A Amanda é comprometida...
mas Flávia não sai da sua cabeça.
Flávia fica arrasada quando descobre.
obrigada.
Luh.
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amandanasnuvens
Em: 03/11/2016
Como não gostar história já me prendeu estou amando lwr cada capítulo
Resposta do autor:
obrigada, continue acompanhando... rsrsrs
Bjs
Luh.
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line7
Em: 24/05/2016
Kkk..o clima esquentou, e ném pra ter uma prof assim..mas nem toda história tem final feliz( no meu caso)...kkkk.. curtindo aqui Letícia 😙 eu comentando os capítulos, lendo com muitos risos do pensamento de Flávia, ousada ela, e Amanda casada putz..😯 mas Flávia não resistiu😏
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Ariana
Em: 24/05/2016
Essa professora deve ser muito gata mesmo, eu já me ía voluntariar pra pegar mas parece que a Flávia ainda é mais rápida que eu kkkk que loka kkk eu nunca tive nada com professoras. Pena neh? kkk
Resposta do autor em 24/05/2016:
bem-vinda!!!
rs... em geral as professoras são mais discretas...
que pena kkkkkk
um grande beijo!
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