Obrigada a todas que leram e comentaram... vou tentar postar com frequência, e continuem comentando, é bom ter um feedback!
Capítulo 2 - Prazer em conhecer
Era bem isso. Não sei porquê, mas Helena não me saia da cabeça. Era estranho gostar da sua tão pouca presença ao meu lado, que se resumiam a conversas furtivas nos intervalos das aulas. Essa sensação estranha me fez lembrar da minha adolescência, quando eu fazia uma nova amiga e fazia de tudo pra ficar do lado dela. Pra encontrá-la, pra conversar, pra agradá-la. Mas isso funcionava bem quando eu tinha 14 anos, e não agora, já nessa idade. Já tinha amigas o suficiente, poucas, é verdade, mas boas amigas. Mas com Helena era diferente. Ela tinha uma presença marcante, um certo ar de independência, sei lá, que me fazia querer ser igual a ela.
Ela não era alta, nem tinha uma beleza exuberante, mas tinha algo que atraía a minha atenção. Ela tinha um jeito de conversar com os alunos, como se ela fosse um deles, mas mantendo o respeito. O domínio que ela tinha do conteúdo, a maneira como ela se relacionava com os colegas de trabalho, a cultura geral que aparentava ter. A maneira de se vestir. A maneira de andar. Tudo. Em uma semana, Helena ganhou uma fã: eu.
A verdade é que eu mantinha essa admiração meio de longe, não tínhamos estreitado nossos laços na escola, até que um dia, após uma reunião pedagógica, eu fazia um lanche na cantina, ela pegou um suco e se sentou na minha mesa:
-Posso? -falou isso e fez menção de se sentar. Eu assenti com a cabeça.
- E aí, o que achou da nossa primeira reunião?
- Ah... achei produtiva. Se todo mundo colocar em prática o que foi falado, será bom para o colégio.
- Reuniões... o dia em que alguma resolver alguma coisa, entrará pro livro dos recordes. Sempre acho um saco. Intermináveis e improdutivas.
Ela disse isso e eu ri encabulada. Também pensava a mesma coisa sobre reuniões, mas achei melhor não falar nada pra ela, com vergonha.
- No meu escritório não faço reunião nunca! Se é preciso que resolver alguma coisa, chego direto com a pessoa e falo, sem enrolação! É verdade que já participei de muitas reuniões pra ter essa opinião, mas agora não faço mais.
Não prestei muita atenção no que ela disse no fim, porque meu pensamento ficou fixo em uma palavra:
- Escritório?
-É, escritório. Desculpa, esqueço que você é nova por aqui. Eu sou arquiteta, na verdade. Mas também gosto de dar aulas. Fiz as 2 faculdades em paralelo. Sabe cdf, como eles dizem.
Uau! Duas faculdades ao mesmo tempo. Sabia que ela era diferente.
- Que bacana! E consegue conciliar as duas coisas?
- Sim, consigo. Só tenho 20 aulas aqui, que consegui porque sou amiga da diretora. Há 3 anos atrás queria fazer uma coisa diferente, sair um pouco do escritório e conversando com ela resolvi mandar meu currículo. E deu certo, gostei da molecada, gosto de ficar perto de gente jovem! - ela sorriu ao dizer isso. E você, sempre quis ser professora?
Agora foi a minha vez de sorrir. Sorri e baixei meu olhar, como se tivesse com vergonha. Ela insistiu na pergunta:
- Sempre quis?
Tomei um fôlego e resolvi contar um pouco da minha história.
- Bem, na verdade, quem me quis professora foi a vida. - Ela sorriu de novo, achando engraçado minha colocação um tanto dramática.
- Nossa, a vida? E por que?
- É uma história longa. Você quer ouvir?
Ela me olhou bem dentro dos olhos e respondeu:
- Agora mais do que nunca! - disse isso e sorriu. Acho que do meu drama.
- Então, na verdade, eu queria ser médica. Aquele sonho bobo que toda criança tem. Até entrei na faculdade, mas no segundo ano engravidei do meu namorado. Primeiro namorado, diga-se de passagem. - eu falava e ela me olhava interessada - e resolvemos ter o filho. Minha mãe havia falecido um ano antes, e meu pai jamais aceitaria cuidar da minha filha pra que eu pudesse continuar, mesmo porque, o Artur, meu marido... quer dizer, ex marido, continuaria estudando. Resumindo, decidimos nos casar, eu larguei a faculdade e tive a Julia. O Artur se formou, as coisas melhoraram pra gente e tivemos mais um filho, o Junior. Depois que o Ju nasceu, eu decidi que era hora de voltar a estudar, não mais medicina, mas um curso que eu pudesse também cuidar dos meus filhos. Acabei fazendo biologia, depois entrei direto pro mestrado, e depois, bem, depois me separei. - essa era minha vidinha chata, bem menos interessante que a dela, achava eu, que já deveria ter escalado o Everest, visitado todos o continentes, dado a volta ao mundo de veleiro, sei lá. Ela parecia ter feito tudo isso.
Ela me olhava chocada. Acho que pela naturalidade com que eu falei essa última frase.
- Desculpa se te assustei.
- Não, não me assustou não. É que separações sempre são tabus, e você parece encarar a sua com naturalidade. E além do mais, mestrado não é pra qualquer um. Eu mesmo morro de vontade de fazer. Quem sabe um dia, né? - ponto pra mim, Helena 1000 x 01 Renata.
- Olha, nenhuma separação é fácil, ainda mais quando se tem filhos, mas chega uma hora que você tem que dar um basta numa relação morna. Eu e o Artur, no fim das contas percebemos que éramos só amigos, só isso. O casamento tinha acabado. Eu não gostava mais dele, e ele também não gostava mais de mim - se é que um dia gostei dele, pensei - . Tivemos uma conversa franca, e decidimos nos separar, assim, sem brigas. Ele merecia alguém que tivesse paixão por ele, e essa não era eu. - meu Deus, o que estou fazendo? Contando segredos meus pra essa estranha! Onde estou com a cabeça? Mas a verdade é essa, Helena me deixava confortavelmente segura. Como uma velha amiga.
- Se todas as separações fossem assim...
Eu percebi que ela também queria me contar algo. Talvez esse sentimento de velha amizade fosse recíproco:
- Você não teve uma boa experiência com isso?
- Não, não tive. E baseada nela, acho que não quero ter nunca mais. - eu estava cada vez mais curiosa:
- E filhos? Vocês tiveram?
Ela sorriu aberto e disse que não.
- Melhor assim. Mas os meus filhos até que aceitaram bem. A Julia já está mais madura, tem 17 anos, entendeu melhor. O Ju é que deu um pouco de trabalho, tem 8 anos, é muito apegado ao pai, mas o Artur compensa isso passando todos os finais de semana com eles.
- E faz tempo que vocês estão separados?
- Seis meses.
- É pouco tempo.
- Sim, mas as feridas já vão cicatrizando. E você, há quanto tempo está separada?
Eu percebi um certo desconforto da parte dela, e tentei me corrigir: - eu e essa boca aberta!
- Desculpa, mas se não quiser falar, vou entender.
- Imagina, é que é tudo muito recente. Tem dois meses que nos separamos.
Eu percebi que ela estava desconfortável e decidi mudar de assunto e me despedir:
- Acho que já te aluguei demais com as minhas histórias. É melhor eu ir porque combinei de levar o Ju e um amigo ao cinema hoje a noite pra verem um desses filmes do Harry Potter ou de vampiros, não sei ao certo. Programão!
- Ah, mas deve ser legal.
Num impulso, falei:
- Você não quer vir com a gente?
Fim do capítulo
Queridas leitoras, só agora no final do capítulo que venho agradecer mais uma vez aos comentários e dar de certa maneira um spoiler, principalmente para aquelas que falaram que sentiram uma certa falta de intensidade na leitura: essa era realmente minha intenção. Para vcs sentirem como estava a vida da Renata, bem sem gracinha. Aguardem!
Comentar este capítulo:
line7
Em: 24/05/2016
E as duas cada vez mais próximas..rsss..a o convite de Renata total atitude, gostei! Isso aí mulher toma iniciativa pra animar ou reanimar o seu coraçãozinho que está precisando...😂 e sobre a intensidade assim que eu estou me sentido tudo no automático é chato, nada como uma aventurar (amor )a sair da mesma coisas não é mesmo Renata. .rsss..e Helena a mulher moderna, gostei como vc citou Lena, pelas característica interior a sua perssonalidade e não de sua belela, e no fato que Renata está gostando dela por isso, na verdade Renata está procurando beleza anterior e não exterior, e a beleza não é pra sempre, infelizmente..rss. Até mais linda😊😙
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