Capítulo 2
A aula acabou e não contive meu “facho” como diz a Cássia e a arrestei até a mesa da professora Amanda.
- Oi, professora. – dei um sorriso cafajeste.
Ai, preciso parar com isso.
- Me chamo Flávia e essa é a Cássia.
- Oi, Flávia. Oi, Cássia. – ela deu um sorriso lindo, que lábios lindos.
Que mulher linda. OMG!
- Bom, só queríamos dizer: bem-vinda!
- Oh, muito obrigada moças. – ela disse sincera. A olhei e pude ver mais de perto seus olhos e que olhos lindos... azuis.
- De nada, professora. Até amanhã professora...Tchau professora.
- Até meninas. – ela sorriu... Deus, que linda!
Levei Cássia direto para o banheiro, era lá que costumámos fofocar.
- Tu não prestas mesmo, não é dona Flávia? – ela dizia com uma falsa expressão séria e com as mãos na cintura.
- Às vezes é mais forte que eu, ela é linda... não reparou? – perguntei com uma das sobrancelhas arqueada.
- Claro! Todo mundo na sala reparou. Cara esse ano vai ser top. – ela dizia sonhadora.
- Concordo...
- Vamos que ainda temos mais aulas para assistir. – Cássia olhava às horas.
Voltamos para a sala e assim foi o restante da manhã, na hora da saída me despedi de Cássia e fui para o estacionamento, chegando lá vi a professora Amanda com muitos livros tentando se equilibrar para entrar em seu carro. Me aproximei.
- Quer ajuda, professora? – perguntei e um riso me escapou por vê-la literalmente suando pra manter os livros em mãos.
- Sim, por favor. – peguei alguns livros de suas mãos e assim ela ficou com mais liberdade para abrir a porta do carro.
- Prontinho, professora. – entreguei os livros. – Tchau, professora.
- Espere... - olhei. - Obrigada.
Sorri.
- Não por isso. – dei uma piscadela e Amanda sorriu.
Entrei em meu carro com um sorriso bobo no rosto e uma sensação estranha, tentei afastar pensamentos relacionados à professora Amada e coloquei uma música para me distrair. Cheguei em casa e não havia ninguém, um barulho estranho vinha do meu estomago. Como a Lili não estava, fui fazer minha especialidade: lasanha no micro-ondas...
Vish!!
Depois do meu fantástico almoço, subi para meu quarto, senti algo vibrar dentro da bolsa. Cruzes, havia esquecido de meu celular. O tirei da bolsa e inúmeras mensagens para ler, muitas delas de Cássia me questionando sobre demorar a responder.
‘’Mana, você morreu?’’
Respondi com ironia: ‘’Claro, e aqui é meu fantasma respondendo... kkk."
Passamos a tarde trocando mensagens, mamãe e papai estavam no hospital, Paloma na casa das amigas e Nicole na do namorado. Aaaargh... odiava aquele cara, o achava forçado demais... enfim. Estava na sala revirando meu celular, olhando algumas fotos no Facebook e rindo a veras de algumas postagens ridículas, quando olho na tela do celular a foto da professora Amanda, estava lá como sugestão de amigos. Imediatamente cliquei em sua foto e revirei seu facebook. Falta do que fazer? Sim. Muita curiosidade? Com certeza. Olhando suas fotos, vi algumas dela e um cara. Pareciam felizes... e namorados. De repente, um certo desanimo se fez presente e eu fiquei sem entender. Porém não procurei entende-lo, apenas mandei uma solicitação. Cara-de-pau? Pra caramba. Veja bem, sou assim: carinhosa, amorosa, mas às vezes, sou muito cafajeste e cara-de-pau.
Passavam das sete da noite quando a minha irmã mais nova chegou.
- Oi, Flavinha. Cadê o povo? – me deu um beijo na testa.
- Apenas nós duas, maninha. Vamos pedir uma pizza? Estou faminta. – fiz cara de gato de botas e Paloma sorriu.
- Adivinhou meus pensamentos. Você pede e eu vou tomar banho. Beleza?
- É pra já... – peguei o telefone. – Calabresa com bordas de queijo? – gritei enquanto ela subia as escadas.
- Duas. Por favor...
- Esfomeada!! – gritei.
- Claro!!! Afinal sou sua irmã, oras... – pude ouvir sua risada.
- Engraçadinha. – falei baixinho.
Pedi as pizzas e em quarenta minutos mais ou menos chegaria, aproveitei para tomar banho. Ouvir a campainha e provavelmente seria o entregador. Abri a porta e dei de cara com outra esfomeada.
- Oi. Pelo visto cheguei em boa hora... – ela olha para o Lucas. – Estava fazendo companhia pra ele. – Cássia tinha uma cara de pau incrível.
- Entra aí, enquanto eu pago... – dei passagem pra ela. – Boa noite, quanto?
- Boa noite. Setenta, dona Flávia. – dei o dinheiro e o mandei ficar com o troco. - Ah... Já disse pra tirar o dona. Temos quase a mesma idade.
- Desculpe do... digo, Flávia. Obrigada! Até breve...
- Até Lucas.
Fui direto para a cozinha, sendo seguida pela Cássia, logo em seguida Paloma entrou na cozinha e a cara da minha amiga a denunciou:
- Oi, Cássia... – beijou o rosto da bobona.
- Oi, Paloma. – podia até ver a baba escorrendo.
- Vamos comer? – olhei para Cássia.
- Vamos... – responderam juntas.
- Aff! Até falando juntas estão... – murmurei baixinho.
- Disse alguma coisa? – Paloma perguntou.
- Nada... – dava até pra ver corações no ar.
Revirei os olhos.
Cássia começou então a dizer um monte de abobrinhas, o que arrancou varias gargalhas, em clima descontraído começamos a comer e logo meus pais e Nicole chegaram e se juntaram a nós. Depois de muita bagunça, Cássia e eu fomos para meu quarto.
- Dorme aqui hoje? – perguntei me jogando na cama.
- Claro. – Cássia se jogou também. – Empresta roupa?
- Não precisa nem pedir. – a olhei seria e ela percebeu que viriam perguntas indesejáveis.
- Vamos. Pergunta logo... – ela revirou os olhos. Nós conhecíamos muito bem.
- Quando estava pensando em contar? - Cássia mudou de cor. Se possível ficou ainda mais branca.
- Do que esta falando, amarelona? – tentou descontrair.
- Amarela é a senhora sua vó. E você sabe muito bem do que eu estou falando. Desembucha Cássia. – sentei na cama e ela fez o mesmo.
- Desculpa Flávia, eu não sabia como contar. Sei lá, fiquei e na verdade ainda estou envergonhada...
- Somos amigas, Cássia... - ela me olhou e logo em seguida baixou a cabeça.
- Faz algum tempo. Estávamos conversando sobre o assunto namorada, não sei em que momento tudo rolou, mas eu gostei e bom. Desde então, estamos juntas.
- Gosta da minha irmã? – perguntei séria.
- Muito... – Cássia murchou.
- Estou com vocês, cunhadinha... – Cássia levantou o rosto e deu um grande sorriso pulando em cima de mim. – Calma! Você pesa, tá?
- Obrigada, obrigada. Tirei um peso das costas... – ela me apertava.
- AR... Ar... – ela me soltou.
- Valeu, amiga. Senti medo de contar e você se chatear... sei lá.
- Relaxa, sua viadinha. Agora só fico imaginando como meus pais reagirão ao saber que tem mais uma filha lésbica.
Meus pais sabiam da minha condição sexual, contei quando tinha quinze anos, no início eles não sabiam como agir, mas depois de uma longa conversa tudo ficou normal, os meus pais são excelentes. Tenho orgulho deles. Passamos a noite conversando. Perguntei tudo o que tinha direito. E assim seguiu até pegarmos no sono.
Acordamos pela manhã com o alarme do celular.
‘’E a muriçoca, soca, soca, soca...’’
Desliguei o alarme e quando olhei para Cássia, aquela idiota estava rindo.
- Toda engraçadinha. – ela ria sem parar e eu a empurrei da cama.
- Aiiiii...
Fui tomar banho e de repente a professora Amanda surgiu em minha mente. Lembrei então que havia sonhado com ela. Um sorriso se fez presente. Como eu era pateta, sorrindo feito idiota ao pensar em alguém que obviamente nem deve lembrar que existo. Tomei banho. Sai enrolada na toalha e Cássia entrou no banheiro. Troquei de roupa e deitei na cama esperando minha cunhadinha sair do banho. Ri ao pensar nisso.
Minutos depois, estávamos descendo as escadas. Chegamos à cozinha.
- Bom dia, família. – Cássia se apressou a dizer.
- Bom dia pai, mãe e manas... – dei um beijo em cada um. - Bom dia, Lili. – dei um beijo em seu rosto. – Senti sua falta.
- Bom dia, menina. Também senti sua falta. – ela sorriu, doce e gentil.
Sentei e tomei um delicioso café. Em clima descontraído comemos e logo seguimos para nossos compromissos. Cheguei à faculdade e ao sairmos do carro, vi a professora Amanda com sua montanha de livros.
- Te encontro na sala. – dei uma piscadela. Cássia apenas sorriu.
- Bom dia, professora. Quer ajuda? – ela me olhou e sorriu. Já disse que o sorriso dela era lindo??
- Bom dia, Flávia. – lembrou o meu nome. Senti vontade de beijar aquela boca ao pronunciar o meu nome.
”Controla, Flávia.”
– Aceito sim sua ajuda. Vai virar hábito. – ela sorriu.
‘’Será um prazer.’’ Pensei.
- Feliz em ajudar professora.
Peguei alguns livros de suas mãos enquanto ela fechava o carro, seguimos para dentro da faculdade. Estar perto dela me fazia imaginar coisas que ela não poderia nem se quer sonhar e isso me fazia dar sorrisos involuntários, olhei para trás e Cássia estava bem perto balançando a cabeça em sinal negativo. Dei um sorriso e segui com a professora Amanda até a sala dos docentes. No trajeto, foi inevitável não fechar os olhos ao sentir o perfume tão gostoso que exalava dela, ela me atraia de uma forma louca.
Quero essa mulher para mim!
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]