Victorie retorna e com ela uma enxurrada de emoções parecem perturbar Isabelle.
Capítulo 4
4 – O retorno de Victorie
Lembro-me de ter me alimentado e caído desmaiada em minha cama como fosse o ultimo sono da minha vida. Acordei com a alvorada pronta para cumprir meu turno novamente e chegando ao palácio fui bem recebida pelos meus colegas que, orgulhosos ovacionaram-me, como se para a guarda de Northenhan nada era impossível. Aquilo me deixou muito feliz, as brincadeiras e elogios dos meus colegas realmente me deixaram com excelente humor e consideravelmente orgulhosa.
Após os treinos rotineiros, recoloquei minha farda e alinhei-me impecavelmente para assumir meu posto.
Estava na porta do quarto da Duquesa, ela havia demorado para acordar naquele dia. A porta se abriu e como sempre realizei meu cumprimento formal:
_Alteza!
Ela assentiu com a cabeça e um sorriso se fez em seu rosto delicado. Seguiu para o seu desjejum, que na ocasião, seria na sala. Passamos pelo quarto de Victorie que já estava a espera.
_ Alteza!
Cumprimentei-a da mesma forma que a mãe. Festejei por dentro ao receber um sorriso no primeiro dia de seu retorno.
A família sentou-se a mesma fartamente colorida conversando de maneira descontraída. Ao fundo da sala, observava como Victorie havia mudado e sua beleza evoluido para uma forma adulta tão exuberante, quase impossível de ser descrita. O corpo delicado da mocidade deu lugar à beleza estonteante de um corpo transformado, os cabelos loiros compridos levemente encaracolados ajudavam a cobrir os ombros e o colo imponente saltando de dentro do vestido, a cintura fina destacava ainda mais o aumento do quadril proporcional ao aumento do bumbum delicado e protuberante em forma de coração. Evidentemente não tinha como não observar tamanha beleza. Ela gesticulava de uma forma diferente toda vez que se exaltava durante a conversa com seus pais. Eu admirava cada movimento, expressão do rosto, a boca delicadamente vermelha, que insistia seduzir a todos que ousassem visualizá-la, em especial a mim, que podia ficar paralisada por horas apreciando aquela visão paradisíaca.
_ Isabelle!
Assustei-me com o chamado da Duquesa.
_ Sim, alteza!
Respondi apressadamente.
_ Aproxime-se!
Continuou o Duque.
Aproximei-me ressabiada sobre o que poderia acontecer, tive receio daquela situação.
_ Ficamos sabendo de tudo que aconteceu pela chegada do cocheiro. Ele nos disse sobre o bando que assaltou a carruagem levando Victorie. Que você os enfrentou e que foi atrás de nossa filha.
_ Primeiramente gostaríamos de agradecer por não ter desistido de Victorie, pois a essas alturas talvez não pudéssemos tê-la encontrado novamente. Realmente foi muita coragem ter continuado ao invés de voltar para pedir ajuda. Por isso, nossos sinceros agradecimentos.
Eu estava tão assustada que agradeci rapidamente, saindo de perto da mesa.
_ É uma honra servir a sua família, Alteza.
Respondi assustada, para depois sair de soslaio e após perguntar.
_ As senhoras já se decidiram a respeito do passeio de hoje?
_ Iremos ao Riacho, talvez com um pouco de sorte você consiga pescar aquelas anchovas que tanto amo.
Respondeu a Duquesa com empolgação.
_ Sim senhora, irei providenciar a condução.
Dei a volta e saí ouvindo de longe os comentários sobre a minha timidez e coragem. Sorri de lado discretamente e continuei até o estábulo.
E foi um dia iluminado. Acompanhei as damas até o seu passeio predileto e no fim, estava eu novamente presenteando a Duquesa com as anchovas pescadas com algum trabalho naquele riacho de águas cristalinas.
Diferente de antes, quando eu me enfiav* no rio de farda e tudo, acabei ganhando da própria Duquesa uma roupa especial para banho criada em tecido, couro e metal, preparada pelo melhor alfaiate da nobreza. No princípio fiquei um pouco vergonhosa pois, a roupa evidenciava toda minha forma física em duas peças de roupa. A primeira encobria meus seios com um tecido que colava e apertava meus seios delineando toda sua extensão fixada pelas alças de couro que transpassavam minha cintura para serem fixadas as costas. Na parte de baixo, a peça era muito pequena, de um tecido firme que contornava a cintura e laterais da parte externa do quadril por um couro macio, expondo e delineando toda a composição de minhas pernas bem torneadas divididas por músculos.
Dessa forma, acabei me tornando uma atração para as mulheres que admiravam a firmeza do meu corpo esculpido por treinamentos e esforços físicos realizados ao longo de toda minha existência.
Quando saltei no riacho levando, a tira colo, os apetrecho que utilizava para pesca senti meus passos serem perseguidos com os olhos. Novamente fiquei envergonhada pela exposição do meu corpo com aquelas roupas, ao passo que as mesmas me dava toda liberdade de movimentação e, além de tudo, era presente da Duquesa, procurei me controlar e fazer o meu serviço.
Quando terminei de pegar as anchovas separei-as num canto do riacho numa sacola com água para conservá-las frescas até a partida. Fiquei ensaiando para sair da água e ir trocar de roupa. Nesse momento, um chamado da Duquesa me fez apavorar de tanta vergonha e não tinha jeito, teria que ir até ela.
Quando cheguei até ela reparei todos os olhares das senhoras presentes que arregalaram seus olhos sobre toda extensão do meu corpo espantadas.
_ Sim, alteza!
Respondi provavelmente vermelha de vergonha.
_ Então Victorie, realmente a roupa ficou muito boa, não! Ela pode se movimentar com grande facilidade e comodidade, sem contar que fica exuberante no corpo, dá até para ser confundida com um peixe!
Comentou sorrindo a Duquesa, explicando a Victorie e as senhoras presentes sobre a roupa de mergulho que havia mandado confeccionar para mim.
_ Vire-se, por favor, Isabelle.
Ordenou para que eu mostrasse a parte de trás.
_ Realmente o trabalho é belíssimo, os detalhes em couro. Muito moderno e sobre tudo delicado a exposição do corpo.
Disse Victorie com admiração na voz.
Alaya, a esposa de um dos nobres parente do Duque foi mais ousada me deixando completamente sem graça.
_ Garota, que corpo invejável você tem. Deve deixar os homens da sua idade malucos! Exclamou com ironia me olhando indiscretamente.
_ É verdade.
Disse outra das acompanhantes.
_ Eu já disse que poderá arrumar um bom casamento se pretender.
Emendou com seriedade a Duquesa, um pouco incomodada a dimensão do assunto.
_ Pena que a mesma acredite que o comprometimento de suas funções não a permita construir sua própria família, embora eu discorde de tal.
Finalizou a Duqueza.
_ Quer dizer que não se interessa por casamento senhorita?
Perguntou-me com um sorriso estranho nos lábios Alaya.
_ Não pretendo madame.
Respondi com educação.
Nesse momento, Victorie olhou para ela fechando os olhos de um jeito que eu jamais havia visto.
_ Contenha-se, prima Alaya?
_ Como poderia prima Victorie?
Falou ironicamente de uma forma que eu jamais conseguiria entender.
_ Pode se preparar que já sairemos Isabelle!
A duquesa se pronunciou rapidamente.
_ Sim senhora, alteza!
Agradeci aos anjos por ter saído dali, pois estava realmente incomodada de ser o foco de atenção no meio daquelas senhoras.
Pequei as anchovas e saí para trocar-me rapidamente.
Aguardei as damas na carruagem onde apoiei suas mãos, uma de cada vez. Todas subiram como de costume, inclusive, Victorie com suas luvas de renda que para o meu deleite total olhou-me novamente nos olhos sorrindo levemente. Entretanto, um fato estranho me incomodou profundamente. A senhora Alaya, diferente das demais damas, sem luva aceitou o meu apoio e ao fim fez uma pequena carícia em minhas mãos antes de solt’a-las. Corei de vergonha e acabei subindo rapidamente após fechar as portas. Sentei ofegante, estava suando frio.
_ Podemos seguir. Ordenei ao cocheiro que saiu sem pestanejar.
Haveria um jantar em comemoração ao retorno de Victorie no palácio no outro dia, motivo pelo qual fora dispensada pela Duquesa, uma vez que as senhoras estavam aguardando ansiosamente para sua apresentação no baile e, por sua vez, estariam exclusivamente reunidas junto aos alfaiates durante o dia para sua apresentação durante a noite. Nesse dia, a guarda se reuniu para montar a base de segurança de todos, inclusive dos próprios convidados eu seria uma das responsáveis por guardar o interior da festa no salão principal.
A tarde pude retornar mais cedo a fim de me organizar melhor para o baile. Ganhei uma farda especial de festa. Era ricamente adornada com plumas e diversos enfeites em metais prateados. Fiquei feliz em me ver no espelho. Meus cabelos estavam delicadamente arrumado sob uma trança e o rosto delicadamente rosado pelo sol do dia me dava um ar tão saudável e agradável que fiquei um tanto envaidecida.
Antes de meu pai chegar já estava saindo para cumprir meu turno, até porque jantaria mais cedo no próprio palácio junto aos meus colegas e da festa acompanharia a Duquesa quando esta fosse repousar.
A postos em frente o quarto da Duquesa aguardei-a até sua saída para conduzi-la ao salão principal.
_ Você está especialmente agradável hoje Isabelle. Falou antes do meu tradicional cumprimento.
_ Obrigada Alteza, podemos ir?
_ Sim, prossiga! Falou ordenando para que eu a guiasse.
Quando entrei pela porta do salão a maioria dos convidados havia chegado. A Duquesa passou-me indo em direção ao seu marido que já a aguardava eu me coloquei afastada numa posição estratégica onde poderia ver toda movimentação da festa.
Com tudo correndo bem pude relaxar melhor. Notei que estava sendo observada, eram homens e mulheres que desviavam seus olhares instantaneamente quando eu instintivamente olhava na sua direção. Seriamente eu continuava, dispensando sorrisos e intimidades para não dar liberdade aos mais assanhados.
Nesse momento as portas do salão principal se abriram novamente. Foi como um raio de luz que estivesse cegando a todos tamanha imensidade de sua força. Victoria surge majestosa naquele vestido deslumbrante, torneando toda sua divindade, provocando ecos de admiração por onde passava. Seus cabelos delicadamente presos num coque, fez aparecer a nuca delicada e a tez suave como pêssego recém colhido. Passou por mim, sem notar e seguiu até sua mãe que já aguardava.
Em alguns instantes, o Duque pediu silêncio e se fez pronunciar:
_ Senhoras e senhores esta é uma noite muito especial para minha família, pois estamos recebendo nossa filha adorada em casa. Entretanto, como é de conhecimento quase a perdemos por um ataque de rebeldes onde a bravura da minha guarda particular conseguiu conter o pior. Gostaria de fazer um brinde a minha filha e aos meus fiéis soldados e oficiais que com responsabilidade representam a força desse condado. Em especial gostaria de homenagear uma oficial, que representou todo exercito numa atitude heróica que salvou minha filha. Senhorita Isabelle, por favor venha até aqui!
Meu coração parou naquele momento. Eu queria sair correndo, mas inevitavelmente tive que fazer exatamente o contrário. Fui passando no meio de todos os convidados até ficar frente a frente com o Duque. Estendeu o braço e segurando uma espécie de condecoração entregou a sua filha que veio até mim e prendeu delicadamente o broche com o selo da família do lado esquerdo acima do peito.
Nesse momento pude ouvir os aplausos vindos de todas as direções. Agradeci ao Duque e sua família assentindo positivamente com a cabeça, pois de minha boca já não conseguia soltar uma única palavra tamanha era a emoção que estava sentindo.
Novamente baixei a cabeça em sinal de cumprimento e retornei ao meu posto, suspirando longamente quando ali me restabeleci novamente.
A noite fora animada. Todos dançaram muito, beberam e comeram sob uma mesa farta com os mais finos e variados pratos.
Volta e meia meus olhos se encontravam com Victorie linda sorrindo a todos os convidados que nada faziam alem de bajular e babar sob a visão de sua beleza estonteante.
Nesse momento uma figura conhecida moveu-se até mim sendo seguida pelos meus olhos.
_ Olá Isabelle! Disse Alaya com uma voz macia quase cantarolando.
_ Madame Alaya! Cumprimentei-a com a formalidade de sempre.
_ Você ficou muito atraente nessa farda! Disse me deixando sem resposta.
_ Ah! Não me diga que ainda não recebeu nenhum elogio, pois eu não irei acreditar em você! Continuou sorrindo ironicamente.
_ Não senhora. Respondi sem graça.
_ Saiba que aqui neste salão não existe ninguém mais atraente que você. Qualquer um faria tudo para ter sua companhia esta noite! Disse-me encostando em direção ao meu rosto.
_ Prima, anda procurando diversão em lugar errado. Assustei-me vendo Victorie chegar sorrateiramente surpreendendo sua prima.
_ Victorie! Respondeu de imediato.
_As vezes certas oportunidades são um ponto de dúvida que pode dar certo. Continuou na sua ironia aparente.
_ Isabelle, não se deixe perturbar por Alaya, ela adora fazer brincadeira.
_ É verdade Isabelle, adoro brincar e me divertir. É bom para saúde e estimulante para a vida. Se quiser, um dia te conto algumas coisas interessantes para serem feitas nas horas vagas.
_ Você não tem jeito Alaya. Desistiu Victorie que continuou o seu trajeto numa direção desconhecida.
_ A gente se vê por aí Isabelle. Se precisar de alguma coisa...qualquer coisa, me procure!! Saiu em seguida sorrindo, como se tivesse ganhando um prêmio.
Quando a jovem senhora retirou-se da minha presença, pude respirar novamente. Realmente ela havia me deixado um tanto irritada com o seu jeito estranho de se dirigir a mim. Não entendia o porquê da sua fixação comigo. Com o fim da festa fui descansar no quarto ao lado do de Victoria para depois recomeçar o meu turno durante a tarde.
Os dias se passaram e as coisas tomaram o seu rumo cotidiano. Minha vida como segurança da Duquesa continuava e o meu maior prazer era estar próxima a Victorie. Era como se meu mundo fosse mais feliz e completo com a presença dela no palácio. Com o passar dos dias Alaya, que volta e meia me aparecia com suas conversas impertinentes, tivera que viajar com o marido por algumas temporadas, deixando o clima mais tranqüilo. Tá certo que ela era um mulher lindíssima, mas o jeito que se portava me dava medo e insegurança. Assim, o período relacionado aos torneios de juta começou. Convites e mais convites convocando a participação do Duque e de sua campeã apareceram nos últimos dias. Fui informada de que em poucos dias iríamos viajar. Dessa forma obtive autorização para intensificar meu treinamento, o que me fez deixar, por um período, de atender a segurança da Duquesa.
Um dia de sol caloroso estava eu exercitando a luta de solo com um colega. Tentava aplicar um golpe de força e resistência para imobilização do oponente quando de repente, após a efetiva concretização do golpe corretamente olho pra cima e vejo-a observando-me com admiração.
_ Se continuar desse jeito não dará chances a nenhuma competidora. Disse sorridente, quase me matando de tanta felicidade.
_ É muita gentileza de sua parte alteza. Respondi um pouco mais descontraída, conseguindo pela primeira vez diminuir um pouco da minha timidez aparente.
_ Não seja modesta, você é realmente muito boa. Continuou o elogio.
_ Mas então, sei que meu pai reservou esse horário especialmente para o seu treinamento, mas será que não existiria a possibilidade de você me acompanhar numa cavalgada. Perguntou-me descontraída.
_ Já finalizamos por hoje, podemos sim, alteza, prepararei os cavalos. O Spartacus está com saudades da senhora, ficará feliz em revê-la.
_ Eu também, Isabelle. Depois que retornei dei pouca atenção ao meu querido amigo. Disse referindo-se ao cavalo branco puro sangue que ganhara de seu tio ha alguns anos.
Nesse momento segui para os estábulo onde peguei as celas e qual não foi minha surpresa quando Victorie entrou por trás de mim em direção ao seu cavalo predileto. Spartacus imediatamente a reconheceu movimentando-se de um lado para o outro.
_ Olá Spartacus, sentiu minha falta meu amigo. Abraçou o cavalo acariciando sua crina.
_ Ele realmente sentiu sua falta, alteza, melhor não se afastar por muito tempo novamente. Falei sem pensar e pelo duplo sentido do pedido, ou seja, um para o cavalo e o outro pra mim.
Victorie sorriu.
_ Pretendo não me afastar muito dessa vez meu querido. Disse parecendo não ter entendido o sentido real das minhas palavras.
Aprontei os dois cavalos e segui sua alteza que na frente saíra voando no seu Spartacus rumo aos campos de criação de gado.
O trajeto verde percorrido estava de uma beleza absurda. Victorie corria sem tréguas no seu cavalo que parecia adorar o passeio sendo quase impossível acompanhá-los no seu trote. De repente eles pararam adiante. Ela voltou-se rapidamente me assustando um pouco.
_ Aconteceu alguma coisa alteza? Perguntei preocupada.
_ Na verdade não esperava te vencer em alguma coisa, acho que encontrei a forma. Você não consegue me vencer na cavalgada. Sorriu de uma forma tão linda me fazendo derreter totalmente.
_ Quer apostar ? desafiou-me olhando nos olhos.
_ A senhora quer apostar comigo uma corrida? Disse espantada.
_ Aposto que você não me alcança até a árvore do cruzamento para o riacho.
Dizendo isso saiu na frente novamente em disparada.
Eu ri de como ela havia me passado a perna obtendo vantagem, mas sai em disparada atrás, tentaria alcançá-la de qualquer forma.
Meu cavalo que não tinha o porte de Spartacus sofreu para poder alcança-la que sorrindo falou em alta voz.
_ Já te dei duas chances, mas infelizmente vou ter que te deixar pra traz! Saiu voando com o cavalo que não deu a menor chance. De longe avistei-a descendo do cavalo no ponto combinado e, sim, ela havia me vencido de uma forma humilhante, quase morri de vergonha e isso me fez pensar no quanto meu ego estava inflado, por isso era hora de baixar a guarda.
_ Ufa! suspirei chegando com meu alazão embaixo da árvore.
Victorie, que estava de costas voltou-se vangloriando a conquista.
_ Sabia que não me venceria. Até dei uma colher de chá mas você não conseguiria me alcançar de qualquer forma. Sorriu zombeteira.
_ Ah, sua alteza saiu muito na frente e o Spartacus é muito veloz. Disse tentando amenizar a derrota.
Ela sorria satisfeita.
_ Não vai descer, ou vai ficar esperando uma revanche.
_ Se eu puder evitar, gostaria de transferir para um outro dia, estou realmente exausta.
_ Desce, descanse um pouco.
Desci sem esperar a segunda ordem e caminhei esticando as costas doidas dos trotes pesados daquele animal sem muito preparo.
_ Eu gostava muito de vir aqui antigamente. Podia ficar observando e pensando durante horas. Disse-me com intimidade.
_ A paisagem é muito bonita daqui, alteza, com certeza dá pra relaxar as vistas. Disse observando as montanhas que se erguiam adentro dos vales vigorosos pela mata verde de árvores enormes.
_ É meu lugar favorito. Sorriu satisfeita por estar ali naquele momento
_ Não mudou nada nos últimos anos.
_ Realmente. Quando fui para Windsor senti muitas saudades.
Sentou-se embaixo da árvore, logo após começou a colher as flores minúsculas que brotavam ao redor da árvore de caule grosso. Aproximei-me sentando do outro lado.
_ Você não me parece gostar muito de companhia, Isabelle. Sempre séria, nunca te vi com amigos, não tem namorado, nem parentes próximos.
_ Na verdade, sua alteza, sempre fui um pouco sozinha e não tive muitas oportunidades com amigos, com exceção do Irving, o garoto daquele campeonato que tentei substitui e que foi embora, só tenho meu pai e passo a maior parte do tempo no palácio trabalhando.
_ Hum, mas então trabalhar para o meu pai te impede de ter relacionamentos com pessoas.
_ Não alteza, de forma alguma eu quis dizer isso. Na verdade eu gosto muito de trabalhar lá e não sinto vejo problemas nisso, pelo menos até o momento. Sorri, enquanto um vento gostoso soprava minha face e empurrava os cabelos que caiam sobre parte do meu rosto.
_ A verdade é que cada um tem o seu jeito de ser feliz e isso é que importa. Finalizou levantando e indo em direção ao sol poente que já dava os primeiros sinais de fraqueza.
_ Lindo né! Apontou para as cores lindas que estavam se formando no céu.
_ Uma maravilha, alteza! Concordei.
_ Está ficando um pouco tarde, melhor irmos para não chegar à noite.
Sinalizei positivamente com a cabeça com a cabeça e então seguimos juntas rumo ao palácio.
Após o jantar a Duquesa recolheu-se nos seus aposentos e eu fiquei até um pouco mais tarde fazendo a segurança na porta do quarto quando fui substituída pelo responsável pela guarda noturna.
Saí até a varanda principal, após o corredor principal que dava acesso ao jardim. O clarão da noite estava um espetáculo a céu aberto. Olhando pra cima continuei contemplando extasiada, o amontoado de estrelas infinitas prestes a cair por sobre minha cabeça. De repente sorri dos meus pensamentos bobos de criança e adiantei o passo a frente assuntando-me em seguida com a trombado que havia levado.
_ Alteza! Olhei assustada.
_ Por favor perdoe-me! Tentei me desculpar de qualquer forma.
_ Calma Isabelle, está tudo bem. Faz tempo hein que isso não acontece?
_ Ahn, como assim alteza? Quase tive um infarto imaginando a possibilidade dela imaginar que eu era a garota que a mais de 12 anos tropeçou nela tentando voltar pra casa depois de ter realizado arte.
_ Você se parece muito com uma garotinha que veio aqui quando eu era muito criança! Tive a mesma sensação que estou tendo agora, por isso perguntei!
_Hum,...na verdade alteza...(pausa) era eu mesma. Revelei morrendo de vergonha.
_ Eu havia entrado escondido para ver o baile e me perdi do meu amigo Irving, por isso tropeçamos. Falei meio que baixando a cabeça.
Ela deu uma risadinha meio debochada e explicou.
_ Pois é. Passei dias tentando descobrir quem era a garota do jardim. Desconfiei que era você no seu primeiro torneio de Northenhan, mas fiquei com vergonha de perguntar.
_ Desculpe-me pela impertinência daquela época alteza.
Colocou os dedos na minha boca como querendo calá-las.
_Psiiii... não precisa se desculpar por isso. Disse-me retirando os dedos vagarosamente da minha boca. Como era macia sua pele, como eu desejava poder tocá-la novamente como no dia do assalto, lógico que noutra situação bem diferente. Não sabia porque tinha tanta necessidade de estar perto, de sentir sua presença, seu cheiro...estava incontrolavelmente com sede e sua presença me deixava ainda mais sedenta de algo desconhecido. Seu olhar mudou quando percebeu o que havia feito, a intimidade dirigida a mim. Afastou-se um pouco sem graça me olhando como se estivesse se questionando sobre alguma coisa que não pudesse responder.
_ Não está cansada alteza? Falei para disfarçar o ocorrido.
_ Estou um pouco sem sono. Continuou andando pelo jardim até sentar no banco.
Aproximei-me lentamente. Suspirei baixo e continuei o assunto:
_ Também estou um pouco sem sono.
_ Porque você não se senta. Apontou-me o cantinho do banco ao lado dela.
Meus olhos iluminaram na mesma hora.
_ Mas alteza, não acho que deva.
_ Por favor Isabelle!
As horas foram passando sem eu ver quando de repente assustamos juntas.
_ Nossa o tempo passou rápido!
_ É verdade alteza. Olhei meio envergonhada, levantando-me em seguida.
_ Posso acompanhá-la? Continuei sob a formalidade natural.
_ Sim, vamos!
Assim levei-a até a porta do seu quarto feliz por ter passado tampo tempo na sua companhia.
_ Bom descanso, Alteza!
_ Pra você também Isabelle! Despediu-se com um sorriso iluminador.
Sai dali como uma criança que ganhara seu doce favorito. Como era bom ficar perto dela e eu me sentia incrivelmente feliz.
Fim do capítulo
Olá meninas, vamos tentar opinar um pouco. Adoraria ter umas sugestões para construção dos novos capitulos. beijos
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Anonimo 403998
Em: 30/09/2015
Eu adorei esse, devo admitir que gosto cada vez mais da personagem da Isabelle e a Victorie está parecendo ter certo nível de ciúmes, o que achei interessante.
Confesso que gostaria de saber como ela reagiria se Alaya tentasse algo um tanto mais direto com Isabelle kkkkkkkkkk pq só ela não percebeu as intenções da outra e eu realmente queria saber o que Victorie faria numa situação dessas.
Bem, estarei esperando ansiosamente pelo próximo =]
Bjs ;]
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