Capítulo 46
As Cores do Paraíso - Capítulo 46
Quando Gabriela saiu do banho, Larissa aguardava por ela sentada na cama. Abriu um sorriso e ficou a olhando secar o cabelo. Depois de um tempo a loira também sentou na cama e falou carinhosa: -- Eu sou a pessoa mais feliz do mundo, só por estar ao seu lado -- deu um selinho em Larissa.
A ruiva retribuiu o carinho com um toque leve em seu rosto.
-- A consulta com a doutora Milena ficou agendada para terça-feira.
-- Que maravilha. Quer dizer que em breve teremos um miauzinho aqui dentro - passou a mão pela barriga de Larissa com aquele jeito juvenil de encarar a vida.
-- Em breve terei duas crianças aqui em casa -- segurou o rosto dela com um toque bem leve e passou a mão nos seus cabelos.
-- Ai amor, também não precisava esculhambar, né - fez bico.
Larissa deu uma gargalhada e fez um carinho em seus olhos.
-- Te amo.
Gabriela retribuiu com um sorriso e um beijo em seu rosto.
-- Também te amo, miau.
-- Nossa semana vai ser longa e bem cansativa - respirou fundo -- tomei a liberdade de preparar a nossa agenda.
A loira somente olhava com cara de: Tô ferrada.
-- Segunda-feira com a ajuda da Alice, vou começar a fazer algumas mudanças no projeto atual do condomínio da Praia do Encanto e você, vai se trancar naquele ateliê e começar a organizar as suas telas, se necessário chame a Diane Blanche e a Laura para te ajudar.
-- Não estou entendendo...
-- Calma, deixa eu passar a agenda completa... - deu um selinho, e continuou - Teremos uma semana para preparar uma recepção, coisa bem simples, só para os amigos. E uma viagem, aquela que a gente sempre pensou em fazer.
-- Desculpa, amor, mas não estou conseguindo acompanhar as suas ideias.
-- Eu vou explicar -- disse pegando a mão dela e apertando entre as suas - Nós vamos casar no sábado e na segunda-feira vamos viajar para a França... para a nossa lua de mel e a sua exposição em Paris.
Larissa sentiu que Gabriela falaria algo, então colocou os dedos sobre seus lábios e a impediu...
-- Só abre a boca para dizer: Sim eu aceito me casar com você.
-- Sim, eu aceito casar com você minha princesa...
-- Era só isso mesmo que eu queria ouvir... - levantou rápida e pegou o celular - Você pode dormir amor, eu vou fazer alguns contatos.
-- Poxa, eu tenho tantas frases lindas para te dizer...
Larissa voltou até ela e deu um beijo em sua boca.
-- Anota tudo, amor. Lá em Paris você fala elas para mim - e saiu correndo com o celular na mão.
Gabriela continuou sentada na cama.
-- Poxa. Eu praticamente encenei uma peça teatral para pedi-la em noivado e ela, me pede em casamento desse jeito...
Segunda-feira
Larissa acordou bem mais cedo que o habitual e foi direto para a cozinha.
-- Marcelo senta aqui, preciso conversar contigo -- ela disse rindo, sentando-se na cadeira.
-- Acordou cedo hoje, deu formiga na cama? Já está até pronta para ir para construtora.
-- Não vou para a construtora hoje de manhã. Preciso de um vestido de noiva para sexta-feira.... Sei que está muito em cima da data, mas não tem jeito. Vai ter que ser assim as pressas.
-- Descobriu que está gravida? - Perguntou rindo.
-- Engraçadinho -- deu um tapa no braço do amigo, mas logo em seguida riu também.
-- Meu Deus Lari, uma ocasião tão especial e você quer fazer tudo às pressas. Sua mãe vai à loucura.
-- Não me importo mais com essas coisas, meu querido. As únicas coisas que me importam agora é a minha futura família e meus amigos -- ela disse pegando um pedaço de papel e uma caneta - Você me ajuda?
-- Eu faço qualquer coisa por você.... Por vocês - corrigiu.
-- Não sei porque, mas eu já sabia disso antes mesmo de você responder -- os dois riram juntos.
Marcelo sempre imaginou para o casamento de Larissa uma festa maravilhosa, tudo muito especial desde a cerimônia, jantar, brinde, shows, até o fim da festa e a lua de mel, uma fantasia real.
Mas também compreendia Larissa, ela acha que o mais especial era ter as pessoas que elas amam aos seus lados nesse dia.
-- Você terá uma missão muito importante hoje - começou a anotar alguns nomes no papel - Vamos fazer uma lista de convidados e você providência os convites e vai levar pessoalmente para elas.
Marcelo então pulou, bateu palmas, radiante.
-- Vou chamar o Tulio para me ajudar, ele vai adorar o programa.
-- Me ajuda a fazer a lista. Tenho medo de esquecer alguém.
Gabriela ficou parada no meio do ateliê, olhando ao redor. Teria que chamar Mademoiselle Diane Blanche para ajudá-la. Havia estocado tantas telas para uma possível exposição que, agora não sabia quais escolheria.
Pegou a tela com o retrato do avô, imediatamente sentiu um frio na espinha e se encolheu.
-- Munique, você podia ser menos fria - brincou - Espero que tenha aparecido para me ajudar a escolher as telas para a exposição.
-- O retrato do seu avô e a criança da praia, com certeza você levará.
-- Sério? E porque tanta certeza?
-- Não vou falar mais nada.
-- Munique, você deixou de ser minha guia espiritual e virou um encosto.
-- Gabriela.
-- Só estava brincando - separou as duas telas em um canto.
-- Gabriela, as verdadeiras afeições são eternas, não começam e não terminam em uma existência.
-- Eu sei disso Munique...
-- E seu avô?
Gabriela parou o que estava fazendo e ficou pensativa. Samanta insistiu muito para que Klaus viesse morar na Praia do Encanto, mas ele não aceitou, preferiu ficar em Pomerode.
-- Pensei que ele entendesse como se dá a relação do mundo físico com o mundo espiritual, e se sentisse confortado, com a certeza de que a vida não termina aqui, e que o amor deles perdurará para além das barreiras terrestres.
-- Ele está sentindo muitas saudades, a falta, o vazio. Não se conforma por sua avó ter sido chamada à Pátria Espiritual antes dele.
Gabriela já havia entendido a mensagem. Saiu do ateliê em direção a cozinha aonde estavam Larissa e Marcelo concentrados em um papel.
-- Quero que você mande buscar o meu avô em Pomerode.
Os dois levantaram a cabeça e a olharam assustados.
-- Meu Deus que susto! Quer me matar do coração? -- ela colocou a mão no peito e riu -- Que susto amor.
-- Credo que anhangá - Marcelo levantou e começou a preparar a mesa para o café.
-- O que é anhangá?
-- É assombração.
-- Há tá - Gabriela sentou de frente para Larissa - Me escutou?
-- Imagina se não... - terminou de escrever e dobrou o papel - Eu vou mandar buscar o seu avô na sexta-feira.
-- Eu quero hoje.
-- Você quer hoje? Não vai dar Gabi, desculpa meu amor, mas estou muito ocupada hoje.
Gabriela levantou e saiu da cozinha.
-- Aonde você vai?
-- Ligar para o meu avô Davi.
Larissa correu atrás dela e tocou no seu ombro a fazendo virar-se para lhe olhar.
-- Você está de birra?
-- Estou. Porque qual o problema? - Cruzou os braços.
-- Vai ser assim então? Qualquer probleminha e o bebezão corre ligar para o vovô ou para a mamãe?
-- Primeiro: Para mim não é um probleminha. Segundo: Se você não tem tempo para me atender, talvez ele tenha - deu de ombros e saiu da sala.
-- Tá me deixando nervosa Gabriela - a seguiu até o ateliê.
-- Meu avô está precisando de mim. Ele está sofrendo a falta da vó, não vou esperar até sexta-feira.
-- Porque não falou antes que era esse o motivo. Pensei que fosse por causa do casamento.
-- Você não perguntou.
Larissa suspirou fundo e procurou manter a calma. Gabriela havia acordado com atitudes típicas de quem quer chamar a atenção.
-- Tudo bem, amor. Combina com ele a hora e me liga, eu vou para a construtora e peço para deixarem um jatinho preparado para ir busca-lo.
Gabriela apenas sacudiu a cabeça concordando com ela e voltou a escolher as telas para a exposição.
Larissa deu uma corridinha até ela a puxou para um beijo e saiu dando gargalhada.
Mais tarde na construtora.
-- Lari, vai ser assim todo aberto?
-- Entre as casas sim, Alice. Para garantir a segurança do condomínio, vai ser construído um muro alto ao redor, com uma portaria na entrada.
-- Meu sonho seria morar em um lugar assim. Privilégio de poucos - falou olhando para o projeto que estava na mão da ruiva.
-- Verdade, será para poucos - sorriu entregando o projeto nas mãos da amiga - A Gabi tem planos para esse paraíso. Eu só vou construir e deixar o resto com ela.
-- Você tem coragem?
-- Eu confio nela - colocou a bolsa no ombro e caminhou até a porta - Manda para o setor de projetos e pede urgência. Quero em minha mesa até quarta-feira. A partir de segunda-feira quero que aquele lugar se transforme em um grande canteiro de obras.
No apartamento de Larissa.
-- Essa tela não vai Diane?
-- Não Laura, esse estilo de pintura não chama muito a atenção dos críticos franceses.
-- Acho ele tão lindo.
-- Também acho, mas deixaremos para uma exposição na América Latina.
-- Gabi o retrato do vô?
-- Não sei. O que você acha Mademoiselle Diane Blanche? - Gabriela levou as duas telas que estavam separadas e colocou diante da francesa.
-- Com certeza. Essas duas são as nossas querrrridinhas. Coloca elas alí para serem encaixotadas.
-- Gabi, você sabia que a Talita e a Fernanda saíram para entregar convites para o casamento de vocês?
-- O Marcelo me falou. Tiveram que fazer um mutirão para que dê tempo.
-- Acho isso muitissssimo deselegante. Como providenciaremos roupas adequadas?
-- A Mademoiselle fica linda com qualquer roupa - Gabriela deu uma piscadinha e sorriu para ela.
-- Você é fofíssima menina Gabriela - deu um selinho na loira.
Larissa estava parada na porta com sangue nos olhos.
-- Gabriela, vem - falou e saiu.
-- Hiiii, acabou o casamento - Laura sacudiu os ombros desdenhosamente e voltou-se para olhar as telas.
Diane deu uma risada despreocupada.
-- Já volto - Gabriela levantou os braços para o céu - Vou ver o que a minha noiva quer, além de me dar uma surra, lógico.
Larissa estava na cozinha com um copo de água na mão e batia furiosa com os pés no chão.
-- Eu me quebrando atrás de roupas para nós e você de beijinhos com sua curadora dentro do nosso apartamento.
Gabriela revirou os olhos.
-- Pensa na besteira que você está falando, minha princesa - jogou-se na poltrona sorrindo.
-- Abre o olho. Está a fim de desencarnar antes de casar é queridinha? - Falou irônica.
-- Escolheu uma roupa legal pra mim? - Mudou de assunto.
-- Não. Você vai de calcinha e sutiã, já que é tão sem vergonha.
-- Que falta de confiança, miau. Você parece aquela faxineira do banco, que falou irada para o gerente:
-- Eu estou me demitindo! O senhor não confia em mim!
O gerente, espantado, diz:
-- Mas o que é isso, Marina? A senhora trabalha aqui há vinte anos, eu até deixo as chaves do cofre em cima da minha mesa!
-- Eu sei! -- Diz a faxineira, chorando -- Mas nenhuma delas funciona!
-- Chega pra lá -- Larissa deu um empurrão de leve e sentou ao lado dela na poltrona -- Eu encontrei roupa para você e para mim. Amanhã você vai ter que passar lá para provar.
-- Eu vou -- pegou a mão dela e deu um leve beijinho - Que tal ligarmos para aquele restaurante italiano e pedirmos uma lasanha?
-- Acho ótimo. Enquanto isso vou tomar um banho. Depois do almoço tenho que voltar para a construtora.
-- Vai lá, deixa que eu peço.
Na Praia do Encanto
-- Mas é claro que não. Minha única filha merece uma festa maravilhosa - Samanta puxou Luísa pelo braço - Você não vai permitir isso, docinho.
-- O que eu posso fazer, Sam? Você ouviu o que a Talita falou. Elas querem apenas uma reunião com os amigos mais próximos.
-- Não mesmo. Vou convidar nossas amigas - foi taxativa - Se vira.
-- O que eu faço Talita?
-- Não sei dona Luísa. Eu só vim trazer o convite.
-- Luisinha, aqui no convite só tem o endereço do cartório. Isso quer dizer que elas não escolheram um lugar para a recepção. Então...
-- Então?
-- Vamos sair agora e reservar um lugar bem bonito - Samanta nem esperou Luísa dar a sua opinião. Foi até o quarto pegou a bolsa e voltou já preparada para sair - Vamos.
-- Como assim? Vamos.
-- Luísa, não se faça de boba - passou por Talita sem dizer nada e saiu em direção a garagem.
-- Eu posso com isso Talita?
Terça-feira.
-- Um pedreiro português, no meio da obra, liga para casa e diz para a esposa, todo ofegante:
-- Ora pois, mulher, tu nem queiras saber... Escapei de uma boa, caí de uma escada de quinze metros de altura.
-- Ai meu Deus, Manoel. E tu estais muito machucado?
-- Não.... Nem um pouquinho. Eu ainda estava no primeiro degrau.
Risos.
-- Gabi, você sabe alguma piada de cearense?
-- Sei, mas só vou contar quando a Fê não estiver por perto.
-- Isso é bullying, hein. Vou processar vocês.
-- Por isso só vou contar a piada quando você não estiver presente.
Larissa tomou banho, se vestiu .... Maquiava-se em frente ao espelho, ouviu risadas vindo da sala e foi até lá ver quem era.
-- Olá, mamãe! - Falaram em coro enquanto Larissa as olhou espantada.
-- Olá - sentou no colo de Gabriela - Não é por nada não, pessoal, mas a gente estava de saída.
-- Elas sabem, amor. É bem por isso que estão aqui.
-- Nós vamos juntos - Alice abriu um grande sorriso e em um impulso a abraçou - Praticamente uma excursão.
-- Uma excursão... - Larissa olhou para Gabriela - A ideia foi sua?
-- E o mais incrível é que não foi minha... foi da Talita. Não foi uma ideia genial?
-- Foi genial - deu um sorriso amarelo - Vem comigo -- pediu, puxou o seu braço e saiu a arrastando para dentro do quarto - Gabi, você já pensou na vergonha que vamos passar quando chegarmos com esse povo todo lá na clínica?
-- Mas amor, são os nossos amigos... e amigos, são para todas as horas, boas ou ruins, tristes ou felizes! Não posso simplesmente dizer para elas não irem.
-- Tudo bem. Não tá mais aqui quem falou - Larissa desistiu - Ao menos suas mães não apareceram.
-- Verdade, seria demais, né. Elas vão direto para a clínica.
Fim do capítulo
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Mille
Em: 29/09/2015
Se fosse só a Gaby e Lary, tinha alguma coisa errada com a loirinha.
A união e amizade são as principais caraterísticas da Gaby e lógico que não poderia deixar as pessoas que ela ama de fora de um momento muito importante para ela.
E essa piadas delas eu bolo de ri.
Bjus e traga logo o miauzinho da Lari e Gaby
Resposta do autor:
O miauzinho está a caminho Mille. Bjã garota.
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