Capítulo 45
As Cores do Paraíso - Capítulo 45
-- Olha bem minha filha, aprenda com a mamãe como se assa um churrasco.
-- Eu acho mãe que a qualidade do churrasco depende da quantidade de cerveja que foi comprada.
-- E foi bastante - Laura pegou uma latinha e deu para Gabriela.
-- Você disse que tinha um recado da mademoiselle Diane Blanche para mim.
-- Tenho - terminou a latinha de cerveja que estava bebendo e colocou em cima da mesa - Você recebeu um convite para expor na Feira Internacional de Arte Contemporânea que será realizada no Carrousel do Louvre, Paris.
Gabriela olhou para Larissa que passava por elas com uma pilha de pratos na mão.
-- Eu não vou -- tomou um gole longo da cerveja, passou a língua pelos lábios e voltou a olhar para Laura - Não vou ficar longe da Lari.
-- Você deve estar louca. Sonhou com isso desde que começou a pintar e agora vai jogar tudo para o alto? Você pode conciliar a carreira com a sua vida amorosa. Isso é normal entre os casais.
-- Paris não é alí do outro lado da cidade, Laura, e uma exposição é algo que requer bastante tempo para se organizar. Além do mais, eu e a Larissa temos outros planos para os próximos meses.
-- Esses planos não devem ser mais importantes que a sua carreira.
-- É mais importante que tudo na nossa vida - sorriu, mostrando nos olhos uma felicidade invejável.
-- Deve ser algo fenomenal...
-- Para nós duas é....-- pensou bem, antes de contar a novidade -- a Larissa vai fazer inseminação.
Laura ficou muda.
-- E eu vou estar ao lado dela em cada amanhecer e em cada anoitecer. Estaremos gravidas juntas.
-- Isso é realmente fenomenal, mas vocês poderiam esperar mais um pouquinho.
Gabriela colocou um braço em volta do ombro dela e a puxou para mais perto.
-- Laura, você não faz ideia por quantas encarnações estamos esperando por isso. Pode ser difícil para você entender, mas eu e a Larissa já tivemos várias histórias juntas. Saber a história é uma parte pequena. O mais importante é buscar superar os traumas, gerar descondicionamentos, permitir aprendizados e reorganizar a mente.
Nesta encarnação estamos juntas novamente. Havia muito a ser resolvido. Muita raiva, muito rancor, muita culpa, muita desconfiança. O relacionamento entre as nossas famílias mostrava claramente esta dificuldade. O amor permitia o contato entre nós. O amor ajudava a ter alguma aproximação. Todo o resto nos afastava.
-- O que você quer dizer com isso?
-- Que cada vez que chegávamos próximas da nossa felicidade completa, alguém de nossa família destruía os nossos sonhos. Por isso não podia simplesmente largar o meu avô com o risco de sofrer as mesmas dores do passado. Viemos para corrigir e não para fugir.
-- Você tem razão.
Gabriela deu um beijo na cabeça da prima. Sabia que era difícil para Laura entender, até mesmo ela, levou muito tempo para compreender que quanto mais escolhia o que era nobre, mais ela evoluía e mais preparada estava para amar e ajudar. O caminho está aberto para, depois de séculos, as duas finalmente encontrarem a paz, o perdão recíproco e convivência fraterna. Graças ao amor que as unia e permitia que juntas superassem todas estas dificuldades.
-- Dona Luísa com um filé desses, até eu me transformo em uma gaúcha dos pampas - Fernanda cortava a carne em pequenos cubos grossos e servia fatiada, bem quente e acompanhada de farinha de mandioca grossa e mandioca frita.
-- Filezão é esse aqui hó - Talita deu um tapa na bunda da Alice, que passava com uma tigela de salada.
-- Do nada vai aparecer o Tony Ramos perguntando se a carne da bunda da Alice é Friboi.
-- Olha o respeito - Talita deu um créco na cabeça de Gabriela.
-- Adoro churrasco, me dá um pedaço Fê.
-- A Gabi diz que é contra rodeio, mas não saia da churrascaria do Toicinho lá em Pomerode.
-- Eu era apaixonada pela garçonete da churrascaria... ela sempre me dizia: "Coração? " Achava isso tão romântico!
Larissa se aproximou delas com uma tigela de maionese e colocou sobre a mesa.
-- Não sei de onde vocês tiram tanta besteira para falar?
-- Papo de churrasco amor - deu um selinho na ruiva.
-- Que tanto você e a Samanta andam de um lado para outro Lari? Hoje quem está cuidando do almoço é a dona Luísa. Olha só na caixa quanta carne.
-- Você não é homem Tali, mas pensa como se fosse.
-- Não entendi guti-guti, a pequena notável.
-- A mulher vai ao supermercado comprar o que é necessário, prepara a salada, arroz, farofa, vinagrete e a sobremesa, tempera a carne e a coloca numa bandeja com os talheres necessários, enquanto o homem está sentado próximo a churrasqueira, bebendo uma cerveja. O homem coloca a carne no fogo.
A mulher vai para dentro de casa para preparar a mesa e verificar o cozimento dos legumes.
Avisa o marido que a carne está queimando. O homem tira a carne do fogo.
A mulher arranja os pratos e os põe na mesa. Após a refeição, a mulher traz a sobremesa e lava a louça.
O homem pergunta à mulher se ela apreciou não ter que cozinhar e, diante do ar aborrecido da mulher, conclui que elas nunca estão satisfeitas.
-- Nem todos querida... eu sou um monstro na cozinha.
-- Você não conta Marcelo Mauricio - Larissa beijou o rosto do rapaz.
-- Marcelo Mauricio? A criatividade aí, passou longe, hein! - Talita fez uma careta.
-- Trouxe o meu bofe para vocês conhecerem... Tulio venha aqui meu rei... - Marcelo chamou um rapaz que estava dentro do carro - Não estranhem o meu bofe, ele é supertímido -- Tulio era um moço bonito e elegante. Demonstrava ser muito educado.
-- Olá pessoal - cumprimentou em um fio de voz.
Gabriela agarrou o rapaz e o beijou na bochecha.
-- Cara, você é uma bicha muito linda...
-- Aiiiiii...GABI... - Marcelo tapou a boca da loira - Mona, por favor - falou choramingando.
-- Gabi, amor, me ajuda a buscar mais cerveja?
-- Não precisa amor a caixa térmica está cheia.
-- GABI.
-- Ai... tá bom, eu vou, não precisa berrar. Vamos.
-- Que coisa Gabi, não consegue ser um pouquinho mais discreta?
-- O que eu fiz Miau?
-- Quase matou o Tulio de vergonha.
-- A mamãe deu um churrasco inteiro para o Tobias. Olha lá ele - apontou para o cachorro que passava calmamente com um churrasco na boca - Ela já deve estar bêbada.
Larissa deu de ombros.
-- O que a Laura queria de você?
-- A mademoiselle Diane Blanche me chamou para uma reunião.
-- Você sabe o motivo? - Estava curiosa, Laura parecia ter ficado chateada após a conversa.
-- É sobre uma exposição que vai ter.... vamos levar mais cerveja - tentou mudar de assunto.
-- Vamos... o Tobias ganhou outro churrasco da Luísa....
-- NÃOOOO... - ouviram alguém berrar lá fora e saíram correndo assustadas.
Samanta se escabelava, Luísa olhava atônita para a caixa de isopor.
-- O que aconteceu mãe?
-- O Tobias roubou a carne, Gabi...
-- Como ele pôde fazer isso com a gente? - Samanta sentou desolada.
-- Esse cara não tem coração - Fernanda jogou no lixo o resto da farinha que tinha no prato.
-- Daqui a pouco ele vem buscar cerveja, mãe.
-- Pede pizza dona Luísa, já que você foi a culpada...
-- Frita ovo, a gente come com maionese e salada...
-- Pega a carne de volta deve estar enterrado lá atrás da casa...
-- Na minha geladeira só tem Danoninho...
Vinte palpites furados depois...
-- Vamos a um restaurante, então. Tem um ótimo lá na rodovia.
-- Legal! Mas você paga dona Luísa - Talita colocou as mãos no bolso da bermuda e mostrou que estavam vazios.
-- Tudo por minha conta - Luísa falou sorrindo, estava achando tudo aquilo, muito divertido.
No Restaurante.
-- Buchada... buchada... buchada... - Gabriela falava e batia com o garfo e a faca na mesa.
Buchada, é uma espécie de cozido, preparado com o bucho de bode ou carneiro, recheado com um picadinho do sangue coagulado, tripas e fígado, refogado com hortelã, limão, alho, cebola e temperos. A mistura desses ingredientes confere ao prato o título de um dos mais deliciosos e tradicionais da cozinha recifense.
-- Gabi, minha filha, isso é muito pesado para se comer na praia.
-- É isso aí, dona Samanta. Te dou a buchada - deu um tapa na cabeça da garota - Vamos comer um bom prato de arrumadinho de charque e carne de sol.
-- Não, não. Vamos comer Bobó de Camarão. Prato de consistência cremosa, feito com camarões refogados em temperos verdes, misturados no purê de macaxeira (aipim), azeite de dendê, gengibre e camarões secos.
-- Pra quem passou a vida comendo jerimum e rapadura, você está bem sofisticada, né Fernanda?
-- Talita, chega - Luísa chamou a atenção dela - Já que estou pagando, eu escolho.
-- Não gosto de sardinha, mãe.
-- Vamos comer Lagosta!!!
No Recife, a lagosta é preparada de várias maneiras: ao molho de coco; grelhada com molho de manteiga, ao thermidor (no próprio casco), no espeto; em forma de moquecas, com azeite de oliva ou de dendê; empanadas.
-- Eu não consigo comer esse bicho... - Tulio falou tão baixinho que foi necessário repetir umas três vezes.
Acabaram comendo uma Galinha de Cabidela, que é um dos mais populares e apreciados pratos da cozinha pernambucana. Consiste em galinha temperada e cozida em pedaços no molho preparado com seu sangue fresco e avinagrado.
Para a sobremesa, as opções de doce eram de dar água na boca. Bolo de rolo, bolo pé-de-moleque, bolo Souza Leão, paçoca, sorvetes de frutas regionais, cocada e cartola. Uma das mais tradicionais sobremesas da gastronomia pernambucana, a cartola é preparada com banana frita, coberta com queijo coalho assado e polvilhada com açúcar e canela.
Mais tarde, na Praia do Encanto.
Larissa e Laura estavam sentadas na areia vendo os garotos jogarem vôlei.
-- Não sei como eles conseguem jogar vôlei com um sol quente desse.
-- Fiz a Gabi passar um frasco de protetor solar. Branca do jeito que é, iria ficar um camarão.
Larissa pegou um punhado de areia e deixou escorregar através dos dedos, respirou fundo e resolveu perguntar o que mademoiselle Diane Blanche tanto queria conversar com a sua loira.
-- A Gabriela foi convidada a expor na Feira Internacional de Arte Contemporânea que será realizada no Carrousel do Louvre em Paris.
-- Ela não me falou nada...
-- Ela não aceitou.
-- Como não aceitou? Esse é o sonho dela.
-- Eu sei, Lari. Mas ela disse que não vai adiar os planos de vocês por nada, nem mesmo para expor as suas telas em Paris.
-- Ela te contou?
-- Contou. Mas fica tranquila não vou contar para mais ninguém.
-- Ótimo. Só vamos contar depois que tiver tudo certo. Imagina quando essas duas ficarem sabendo. Vão nos deixar malucas.
Risos.
A noite no apartamento de Larissa.
Gabriela entrou e foi direto jogar-se no sofá.
-- Meu Deus, estou morta. Vou tomar banho e cama.
-- Não - Larissa jogou a bolsa sobre o sofá e foi para a cozinha.
-- Não, amor? - Foi atrás dela até a cozinha.
-- Não. Você vai tomar banho e depois a gente vai conversar.
-- Hííí... estou prevendo bronca.
-- Tomei uma decisão e quero te comunicar.
-- Agora fiquei bolada. Volto rapidinho do banho - não falou mais nada, simplesmente saiu correndo em direção ao banheiro.
Fim do capítulo
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lucy
Em: 25/01/2016
Essa turminha reunida. Kkkkkk incluindo Tobias (pata leve) *ladrão* * boca rápida *
Kkkkkkk e a Tali e Nanda duas comédias,.. Túlio se acostuma com eles logo rs
Lari vai fazer algo muito legal e o certo a se fazer...... a Gaby tem que expor seus
quadros.....não deve abrir mão dessa oportunidade, e Lari vai convencer (mandar)
ela participar com todo carinho kkkk afinal há tempo para tudo.....
Bjs nota mil arrasou e. .mais um cap.da hora ciau
Mille
Em: 24/09/2015
Nós cearense temos bom gosto, hummmmmm quando chegou na Galinha Cabidela ahhhhhh com arroz, feijão, cuscuz.
A conversa seria da Lari, acho que elas iram a Paris e juntas grávidas e realizando sonhos duplamente.
Bjus
Resposta do autor:
Olha, fiquei com água na boca. Parece louco de bom. Bjã Mille.
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Mille
Em: 24/09/2015
Nós cearense temos bom gosto, hummmmmm quando chegou na Galinha Cabidela ahhhhhh com arroz, feijão, cuscuz.
A conversa seria da Lari, acho que elas iram a Paris e juntas grávidas e realizando sonhos duplamente.
Bjus
Resposta do autor:
Valeu Mille. Como sempre na mosca, não é mesmo? Bjs querida.
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Silvia Moura
Em: 24/09/2015
Amei...demais...esses pratos são típicos aqui também, na culinária cearence, confesso que não sou muito fã de buchada, mas tudo com carne de sol cai bem...risos... Ah, querida, parece-me que está contando a minha estória em alguns momentos... eu e meu amor (claudia) já temos mais de dez anos que estamos juntas, há alguns anos atrás, um médium de outra casa espirita sem ser a minha, nos contou a história de nossas vidas, já viemos sete vidas juntas...mas em nenhuma delas conseguimos casar... éramos casais, na maioria das vezes hétero, mas, em duas vidas, dois homens se amando e em outra duas mulheres como agora... nessas vidas pretéritas nossa, a morte sempre nos separava... prematuramente nosso amor era fadado ao fim... e em uma dessas vidas estávamos com casamento marcado e a morte se precipitou e levou a para longe de mim... hoje, na presente vida, a claudia não quer de forma alguma se casar, um trauma, um desgosto... já pedi de pés juntos, de joelhos ao chão, e nada...ela diz que não quer sentir esse incomodo que sente quando falamos em nos casar...e eu somente espero e aceito sua decisão...mas que sou louca para casar...sou...risos... puxa...não sei porque estou falando isso aqui... o espiritual é o que tem mais de verdade em nós... um beijo autora querida minha...
Resposta do autor:
É Silvia, seja compreensiva com a Claudia, respeite os seus motivos, mas não deixe nunca de tentar ajuda-la a superar traumas de vidas passadas ou da atual. Vocês reencarnarão quantas vezes forem necessários para alcançarem a angelitude. Se não conseguirem nessa, será em uma próxima encarnação. O importante é que vocês evoluam juntas e, felizes. Abraços fraternos meu anjo. Até.
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