Isabella

                   A presença de Alana havia deixado um clima entre mim e Larissa, não sabia o que as duas tinham conversado e ouvir que ela queria me reconquistar deixou-me com um pé atrás. Ela não é um exemplo de bom caráter, meu medo era que fizesse algo que me separasse de minha loirinha. Durante a volta para casa fiquei presa em pensamentos, a dúvida se eu devia contar ou não a Lari sobre o que Alana tinha me dito me deixou com a cabeça péssima.

                  Por fim me pus em seu lugar, se fosse eu preferiria que ela me contasse, logo decide que contaria. Assim que chegamos em casa eu tentei falar algo, porém, ela não me permitiu disse que precisava cuidar de Milena e depois nos conversaríamos. Concordei selando nossos lábios em um delicado beijo, segui para o quarto. Não estava cansada, o que eu precisava mesmo era conversar com Larissa, optei por uma ducha para tentar acalmar os nervos.

               Algum tempo depois passei em frente a porta do quarto de Milena e ouvi a voz das duas, desci para a cozinha, Isac estava comendo.

- Oi Isa, cê tá bem? – me perguntou antes mesmo de me ver.

- Como sabia que era eu? – questionei-o curiosa.

- Sabendo. – me disse sorrindo.

- Ok! Estou bem sim. – falei me sentando ao seu lado.

- Conta outra Isa. Essa sua cara me cheira a aparição de ex. – falou mordendo o sanduiche em seguida.

- Você está certo, mas como sabia que era isso? Acho que você já pode largar o direito e ir ganhar a vida como vidente.

- Não é nada disso, eu vi quando ela saiu com um cara da boate.

- Pois é, aquele é o John. Ela me disse que se arrepende de ter me feito sofrer.

- Arrepende nada, o problema é que ela não gosta de te ver feliz.

- Falou que vai me reconquistar.

- E isso mexeu com você?

- Não, quer dizer não sei. Não posso ser indiferente a ela, afinal foram anos juntas.

- Anos de mentiras e traições você quer dizer? – me disse calmamente. – Olha Isa, ela não é mulher para você e eu acredito que ela tenha se arrependido, afinal você é maravilhosa. Mas, não acho que ela possa te oferecer o que você quer.

- Eu sei que não. Eu estou feliz com a Lari.

- E por essa felicidade que ela está te proporcionando é que a Alana está assim, querendo você de volta. No fundo Alana até sabe que nunca vai ser capaz de te fazer feliz e pelo que vejo não gosta de ver outra pessoa fazendo isso. Quer um conselho?

- Sim.

- Fica longe dela, quanto mais longe melhor. Não permita que ela venha bagunçar sua vida mais uma vez. Se permita ser feliz ao lado da Larissa, que a cada gesto e atitude prova o quanto gosta de você.

        Antes que eu pudesse responder ela apareceu dizendo que Milena estava o chamando. Isac deu boa noite e saiu. Observei atentamente os movimentos de Larissa, seus olhos estavam tristes ou seria cansaço? Ela se serviu de whisky sentando ao meu lado logo depois. Era impossível não admirar sua beleza, parecia que a olhar fazia com que os minutos passassem arrastados.

- Como está Milena? – perguntei tentando quebrar aquele clima estranho.

- Bem, depois do banho e de comer ficou quase dormindo. – me respondeu tomando um gole de sua bebida.

- Que bom. – foi tudo o que eu disse.

- Mais acho que ela vai sofrer bastante. – não entendi. – Está disposta a descobrir a verdade sobre o fim do casamento, algo me diz que ela não vai gostar de saber.

- Entendo. Larissa acho que precisamos conversar. – falei querendo resolver tudo e acabar com essa coisa estranha que estava acontecendo entre nos.

      Vi que ela ficou surpresa com o que eu disse, mesmo tentando demonstrar segurança podia ver medo em seu olhar.

- Tudo bem. – disse encarando o fundo do copo.

- Alana me disse umas coisas quando ficamos sozinhas. – comecei a falar tentando escolher as palavras certas para contar tudo.

- Claro que falou. – disse com certo tom de deboche na voz.

- Ela disse que vai me reconquistar...

- Se você deixar e quiser que isso aconteça. – pude sentir tristeza em suas palavras.

- Não, claro que não quero isso. Ela não faz mais parte da minha vida, deixou de fazer a muito tempo. Não nego que ouvi-la dizer que se arrepende me deixa um pouco feliz, mas isso não quer dizer que eu a aceitaria de volta.

- Então quer dizer o que? – me encarou.

- Quer dizer que me deixa ao menos aliviada por ela perceber que fez merd*, que errou comigo, é bom saber que ela reconheceu que errou e me fez sofrer.

- Só isso? – me perguntou olhando em meus olhos. – Então o que são suas reações sempre que encontra com ela? O que é essa sua paralisia sempre que ela se aproxima para se despedir?

- Não é nada demais, não posso fingir que não tivemos nada. Mas isso não quer dizer que eu ainda a amo. Por que isso não é verdade. Eu amo outra pessoa e tenho vivido momentos maravilhosos ao lado dela. – falei segurando sua mão.

- Nos também conversamos, pelo que vi ela não pretende parar de tentar te reconquistar. Não vou negar que isso me deixa com o pé atrás, afinal vocês têm uma história juntas, são memorias, lembranças e por mais que eu queira acreditar que existam apenas as más recordações eu sei que não é assim. – falou tomando o resto do liquido de seu copo. – Eu preciso saber o que o retorno dela significa para você. Preciso de certezas.

- Nada, não significa nada. Larissa eu amo você, não me importa o que ela quer o que realmente importa para mim é o que eu quero. – me aproximei dela, segurando sua mão fiz com que ela se levantasse e ficasse em minha frente. – O que eu quero é você, é isso que estamos vivendo. Essa tranquilidade, segurança e respeito que você me dá. Eu amo você Lari.

         Nossas cabeças se aproximavam desenhando um beijo que veio a seguir, senti lagrimas em meus olhos. Naquele momento não havia espaço para dúvidas, Alana era passado. Encerramos o beijo e permanecemos com as cabeças encostadas.

- Por favor não mude de ideia. – vi uma lagrima escorrer de seus olhos.

- Por que eu mudaria? Você é a mulher da minha vida assim como eu sou da sua, lembra? – consegui arrancar um sorriso dela.

- Eu estou falando sério, não sei se aguentaria perder você. – seus braços me apertaram com força.

- Você não vai me perder. EU TE AMO, quero ficar ao seu lado. Agora chega de chororô, vamos subir e dormi agarradinhas?

- Vamos meu amor, vamos.

          Segurou minha mão e fomos para o quarto, o dia já estava quase amanhecendo, nosso cansaço era evidente, me deitei na cama esperando que Lari saísse do banho. Não consegui me manter acordada, alguns minutos depois senti ela se agarrar em mim.

- Dorme bem, amo você.

          Disse isso e logo dormiu. Beijos em meu pescoço me despertaram, gemi já ficando excitada, Lari fazia carinho em minha barriga por baixo da blusa.

- Que disposição toda é essa? – Falei com certa dificuldade.

- Acordei e vi que era um desperdício uma mulher dessa ao meu lado e eu apenas dormindo. – Sorriu ficando em cima de mim.

- Ai é? E o que pretende fazer?

- Tanta coisa meu amor, tanta coisa.

         Falou isso e prendeu minhas mãos no alto da minha cabeça, seguiu com os beijos por toda a extensão do meu pescoço e colo, deixou uma das mãos livres indo em direção aos meus seios, levantou a blusa deixando-os a mostra, mordeu levemente o lábio em uma prova de desejo, meu corpo estremeceu ao sentir sua boca quente tocar minha pele, sua língua deslizava em meu seio me deixando louca. Quando ela começou a retirar minha camiseta a porta foi aberta.

- Larissa eu... Ai Deusssss. De novo não!!

          Milena sumiu tão rápido quanto havia aparecido, eu olhei para Lari que começou a rir descontroladamente.

- A Milena é muito sem noção, parece que não aprende que é sempre bom bater na porta antes de sair entrando de qualquer jeito. Vem vamos para o banho.

- Tudo bem mais antes. – Apontei para a porta para que ela fosse tranca-la.

         Tomamos um delicioso banho juntas, cheio de caricias e beijos quentes, mas não passou disso. Alguns minutos depois já estávamos descendo as escadas. Escutamos vozes na piscina, assim que chegamos na parte externa vimos nossos amigos conversando e bebendo.

- Até que enfim saíram do quarto. – Ben falou.

- Demoramos mais aqui estamos nos. – Larissa disse abrindo os braços para se mostrar. – O que houve com Milena que está tão quieta?

- Ela disse que está traumatizada. – Isac disse fazendo carinho nos cabelos dela.

- Pois é já presenciei tanta cena de sex* lésbico que estou traumatizada.

- Você não viu nada demais Mile. – Resolvi me pronunciar.

        Lari sentou-se e me puxou para seu colo em seguida.

- Imagina se eu tivesse demorado um pouco mais, não gosto nem de imaginar.

- Talvez assim você aprenda a bater antes de entrar. – Minha loirinha falou.

- Não pensei que vocês estivessem fazendo aquilo. – Fez gestos com as mãos. Logo em seguida continuou. – Afinal a porta estava destrancada.

- Bom argumento Milena. – Maísa falou.

- Tudo bem, da próxima vez eu me lembrarei de tranca-la. – Lari falou.

        As conversas seguiram animadas, almoçamos por ali mesmo, observei que me Mile estava meio aérea hoje, vi a preocupação de minha namorada em relação a isso. Já era mais de quatro da tarde e todos já estavam mais que alterados, afinal foi a tarde inteira de bebedeira. Milena era a menos sóbria do grupo, conversávamos sobre trabalho agora, até que a maluca fez essa pergunta:

- Lari, quem você vai colocar no lugar da Ingrid? – O silencio foi geral afinal ela ainda não sabia da possível saída de Ingrid da empresa.

- Que história é essa Milena? – Perguntou curiosa.

- Pensei que já soubesse. Ops! Foi combinado que deixaríamos que vocês conversassem quando voltássemos.

- Agora que começou termine de me contar.

- Ai Lari, parece que ela vai pendurar as chuteiras, segundo os comentários dos corredores na empresa ela vai se dedicar a esposa agora. Por favor não diga que fui eu quem te contei.

- Tudo bem Mile, eu sabia que ela um dia iria fazer isso, antes do acidente ela já iria fazer isso, mas com tudo que aconteceu ela adiou. – Ficou pensativa, parecia analisar tudo.

      O assunto foi deixado de lado, a noite começou a aparecer, resolvemos então descansar e combinamos de sair as oito da noite para a casa de Ruan. Os quatro se retiraram primeiro, ficamos apenas Lari e eu.

- Desculpa por não ter te contado. – Falei segurando sua mão.

- Eu entendo meu amor, Milena também não teria contado se não estivesse bêbada. Como já disse eu esperava por isso só não agora. Mas vou esperar a segunda para conversar com ela.

- Tudo bem meu amor, vamos subir?

- Isso depende. – Sorriu com malicia.

- Depende de quê?

- Do que vamos fazer lá em cima. – Falou enlaçando minha cintura e beijando meu pescoço.

    Senti meus pelos se arrepiarem, o que não passou despercebido por ela, que me olhava intensamente sorriu e em seguida falou:

- Adoro as respostas do seu corpo ao meu toque. – me beijou mais uma vez.

      O beijo foi ganhando intensidade, ela já acariciava minha pele por baixo da blusa. Era difícil manter controle perto dela, parecia que podia me dominar de todas as formas e eu cederia.

- Meu amor, Lari, anjo...- tentava em vão fazê-la parar.

- Hum.

- Vamos subir? – perguntei.

 - Ok. – se deu por vencida.

     Caminhamos para a casa de mãos dadas, tanto ela quanto eu não conseguíamos conter nossa felicidade. Ainda era difícil acreditar que em tão pouco tempo minha vida havia mudado tanto e tudo isso graças a ela. Eu tenho uma namorada maravilhosa e uma família perfeita, lembrei o que meu pai havia dito sobre leva-la para que se conhecessem oficialmente, isso me fez sorrir.

- Que foi? – me perguntou curiosa.

- Meu pai, antes de eu vir para cá disse que marcaria um jantar para que te eu apresente a ele.

- Tudo bem. – me respondeu sem demora.

- Tudo bem, só isso? – falei.

- Sim, a não ser que você ache cedo para isso.

       Nesse momento chegamos ao quarto, logo que entramos nos deitamos como de costume eu estava com a cabeça em seu peito. Seguimos a conversa de antes.

- Não é isso. É que eu pensei que você não iria gostar de fazer isso agora.

- Porque eu não iria? Estamos namorando e nada mais certo do que você me apresentar aos seus pais. Acredite se os meus estivessem aqui eu já teria ti apresentado a eles. – falou e pude notar um pouco de tristeza.

- Então quando voltarmos marcaremos um dia para jantar com eles. – ela apenas concordou com a cabeça.

      Ouvi as batidas do coração dela diminuírem, sabia que a ausência de seus pais trazia sofrimento. Resolvi então que dessa vez faríamos diferente, me afastei e ela me olhou sem entender, puxei-a para perto de mim deitando-a em meu peito. Por mais que ela sempre demonstra-se ser forte, eu conseguia ver o seu sofrimento, naquele instante tudo que precisava era de cuidado e carinho.

- Vai ficar tudo bem, eu estou aqui com você.

       Percebi que ela chorava em silêncio, meu coração se apertava a cada segundo, apertei-a forte em meus braços e logo depois adormecemos.

Fim do capítulo