Nath saiu do hospital com a cabeça cheia de ideias para o almoço de sábado, parecia até que iria cozinhar pra um batalhão. Passou no mercado, comprou todos os ingredientes para o café, almoço, lanche e jantar. Não sabia até que horas Tati ficaria e não podia fazer feio em não ter nada pronto pra oferecer.

O mercado ficava em frente a praça principal da cidade, saiu do mercado avistou um quiosque de flores, atravessou a rua em direção a praça parou no quiosque e comprou dois vasos de orquídeas. Sorriu ao lembrar de Tati, pegou o carro e foi direto pra casa que mesmo sendo em uma rua do outro lado da praça era contramão e com isso ela teria que ir quase em frente ao hospital para fazer o retorno.

Quando estava fazendo a curva na rua que dava acesso ao seu prédio alguém gritou seu nome de dentro da pastelaria(que era um sonho, pasteis fritos na hora, enormes e você que escolhia a combinação de recheio).

Parou o carro, olhou pelo retrovisor e viu aquela mulher de parar o trânsito, morena, alta, cabelo preto e olhos azuis, sim, era Cristina!

--Oi Nath, quanto tempo.

-- Verdade, nem parece que trabalhamos no mesmo lugar. Tudo bem, Cris?

--Melhor agora, vendo a pediatra mais linda do Rio de Janeiro. -Cris falou com aquele sorriso sem vergonha que só ela tinha.

--Você deve falar isso pra todas as medicas do hospital Cris. -Nath falou envergonha e sem jeito.

--Só pra você, pode acreditar.

--Cris, você vai continuar com esse ar de Don Juan de cidade do interior?

--Ai, não se pode nem fazer um elogio. -Cris falou fingindo mágoa e caiu na gargalhada.

--Vamos entrar e comer alguma coisa, estou morrendo de fome, não como nada desde a hora do almoço.

--Claro que sim, foi pra isso que te chamei doutora. Vai comer o melhor pastel da sua vida.

--Estou doida pra provar, já ouvi falar muito deles pelos corredores do hospital.

Entraram na pastelaria, Cris escolheu uma mesa afastada, fez sinal pra um garçom que logo veio fazer os pedidos.

--O que vão querer? - garçom

--Eu quero um pastel de frango com catupiri e outro de banana com canela. -Cris

--Eu vou querer um napolitano e um de queijo minas, goiabada e creme leite.(sim gente,esse pastel existe e é uma delícia.) -Nath

--Vão querer algo pra beber, ou vão esperar os pasteis? -garçon

--Vamos tomar um vinho Nath? -Cris

--Pode ser, acho que uma taça não fará mal. -Nath

--Duas taças de vinho então, por favor. -Cris

O garçom saiu com os pedidos e elas continuaram conversando. Logo ele voltou com as duas taças de vinho.

--Pelo visto tem estado muito ocupada no trabalho né Nath?

--Até que aqui é bem tranquilo. La no Rio já cheguei a atender mais de 15 crianças só no turno da manhã.

--Esqueci que a moça é da cidade grande. -Cris falou rindo.

--Isso não quer dizer nada, tem cidades do interior, que por falta de médicos, acabam atendendo o dobro disso, pediatras atendem adultos e assim vai.

--Eu sei, mas vamos deixar o hospital no hospital e falar do mundo aqui fora. -Cris falou encarando Nath.

--Falemos então de coisas mais amenas. -Nath falou sorrindo pra quebrar o clima.

--A doutora já tem algum programa pra esses dois dias de folga? Se quiser posso te apresentar mais uma parte da cidade.

--Eu adoraria conhecer a cidade com você mas vai ficar pra outra oportunidade. -Nath não quis falar sobre o almoço pra não ter que convidar Cris.

--Que cabeça a minha você acabou de se mudar, deve ter muita coisa pra botar em ordem, sem problemas.

--Tenho mesmo, muita. -Nath falou pensando que a ultima coisa que queria fazer naquele fim de semana era arrumar alguma coisa.

--Se quiser dar uma volta no fim da tarde ou a noite e só me mandar uma mensagem.

--Pode deixar, se eu não tiver muito cansada a gente dá uma volta.

Os pastéis chegaram, comeram e ainda tomaram mais uma taça de vinho. Nath olhou para o relógio, viu que já ia dar oito horas, tinha saído as cinco do hospital, ainda conversou um pouco com a  Cris e foi logo embora.

Quando chegou em seu apartamento estava leve e bem soltinha por causa do vinho, levou as sacolas pra cozinha e colocou em cima da bancada. Abriu a geladeira pegou a garrafa de vinho que estava na geladeira e não pode deixar de sorrir.

Era o vinho que ela começou a tomar com a Tati, pegou a taça no armário e se serviu, foi até a sala, ligou o som. -Nath adorava ouvir música.

Nath retirou a sandália e a blusa, ficando apenas de calça jeans e sutiã, amarrou os cabelos em um rabo de cavalo e foi pra cozinha adiantar algumas coisas, queria estar com o máximo de tempo livre pra conversar e dar atenção a Tati.

Nathalia apesar de ser magra, adorava comer então ficou pensando no que a Tati poderia gostar de comer. Lembrou da Cantina italiana que Tati queria ir e resolveu fazer uma massa.

Escolheu fazer um macarrão à Piamontese, um arroz branco com açafrão e cenoura e uma salada de agrião, alface, rúcula, tomate sweet, farelo de ciabatta e um molho especial para o almoço e pra sobremesa uma mouse de limão.

Lavou as verduras, cortou os tomates, ralou o pão. O molho tinha que ser feito de um dia para o outro então não daria pra preparar na frente de Tati. Assunto almoço estava resolvido agora faltava o café da manhã e lanche.

Deu graças a Deus por ter comprado dois sacos de pão de queijo, todo mundo gosta não tinha como errar. Faria suco de abacaxi com hortelã , leite, café, nescau.

--"Nathalia você convidou quantas pessoas?" -se perguntou assustada com a quantidade de coisas que estava querendo fazer pra duas pessoas.

Teria panquecas de frango com catupiri(as preferidas de Nath)e claro de romeu e julieta pra dar um clima romântico. Café da manhã resolvido, resolveu fazer o frango do recheio e deixar o doce e o queijo cortado pra adiantar.

Ainda tinha o lanche, pra esse usaria os pães de queijo, faria pipocas metade doce metade salgada e lógico pra beber, refrigerante. Só faltava o jantar, estava muito confusa pois convidou ela para o almoço e se ela tivesse marcado alguma coisa pra fazer depois do almoço seus planos iriam por água abaixo.

Foi nesse momento, que teve uma ideia, se tudo desse certo a convidaria pra jantar na cantina que Tati a convidou da outra vez e acabou naquele encontro desastroso.

Sorriu ao pensar em tudo que queria fazer com aquele anjo lindo. Arrumou a cozinha e foi tomar um banho, estava exausta, era quase meia noite e nem percebeu a hora passar.
Deitou na cama e ficou olhando para o teto, estava ansiosa e ao mesmo tempo com medo de Tati sair correndo como no outro dia. Acabou adormecendo de cansaço.



***



O despertador tocou as oito, tinha muita coisa pra fazer e não queria se atrasar, fez as panquecas, deixou no forno só iria aquecer perto da hora dela chegar, fez o arroz, a salada e a mouse. Foi tomar banho já eram 9:30, teria pouco tempo pra se arrumar.

Passou seu óleo no corpo, colocou um short jeans curtinho, uma regata lilas e um chinelo da mesma cor.(Nath tem verdadeira paixão por chinelo, tem de varias cores e tons.)

Prendeu os cabelos mesmo molhado em um coque frouxo caindo alguns fios em seu rosto, passou só um brilho nos lábios, quando pegou o perfume o interfone tocou e apenas burrifou o perfume antes de sair correndo para atender.

--Oi!

--Oi Nath, posso subir?

--Cla, claro, vou abrir pra você. -Nath apertou o botão pra destravar o portão, suas mãos suavam e tremiam, parecia uma adolescente no seu primeiro encontro.

Correu pro som escolheu uma musica no pen drive, tinha uma sequência que Nath adorava, super romântica, queria que Tati conhecesse seu gosto.

A campainha tocou, respirou fundo e como o destino estava a seu favor, ao abrir a porta ficou paralisada olhando aquele anjo loiro ali diante dela.

Começou a tocar "todo azul do mar", fazendo com que elas se perdessem no olhar uma da outra.

Fim do capítulo