CapÃtulo 4
Nathalia ficou com cara de boba olhando para Tati que tinha um sorriso sem vergonha nos lábios. Nesse mesmo instante o pedido de Nath chegou e Tati não perdeu a oportunidade.
--Que belo exemplo, doutora! Tomando café na rua . -Tati disse com cara de moleca travessa.
--Na rua sim, porem muito saudável. -Nath falou com cara de boba.
--Sei o quanto a comida da rua é saudável, mas você está perdoada.
--Perdoada? Não sabia que tinha cometido algum pecado.
--Está cometendo o pecado da gula e está perdoada porque como se mudou sábado sua cozinha ainda não deve estar em ordem e por isso está comendo na rua.
--Na verdade minha cozinha está toda ordem. -Nath falou encarando Tati pra ver até onde ela iria.
--Vai me dizer que você não sabe nem onde liga a sanduicheira então? -Tati falou debochando
--Claro que sei sua boba, se quer saber cozinho muito bem. É que gosto do pão fresquinho e sempre que eu não puder esperar Lú chegar vou ter que tomar café na rua.
Tati fez uma cara de poucos amigos, não sabia quem era Lú e também não iria perguntar, mas não gostou de saber que tinha uma mulher que frequentava a casa de Nathalia.
Tati forçou um sorriso e brincou:
--Então já que cozinha tão bem, você bem que poderia fazer uma amostra de todos os seus dotes, eu experimento todos e digo se realmente você é isso tudo. -falou isso tudo olhando para o corpo e para os olhos de Nath.
Nath ficou sem graça e visivelmente perturbada com o olhar de Tatiana. No seu intimo tudo que queria é que aquele fosse um olhar de cobiça.
--Bom se é assim sábado estou de folga e está aceito o desafio. -Nath parou e olhou bem nos olhos de Tati. --Farei tudo que sei de melhor, e ficará viciada em minha comida.
O duplo sentido fez com que Tati ficasse vermelha. Nath achou bonitinho o jeito dela e continuou.
--Para não haver dúvidas te espero as dez, assim vai me ver cortando e preparando tudo e não vai dizer que encomendei no restaurante. -terminou de falar gargalhando.
--Então estamos combinadas, sábado estarei lá. Agora é melhor nos apressarmos se não chegaremos atrasadas.
Entraram no carro e partiram para o hospital, Nath era só sorrisos. Só de pensar em ter Tati o dia inteiro em sua casa seu coração já disparava.
Entrou no consultório colocou um jaleco rosa com a hello kitty bordada no bolso. Sempre usava um dia o rosa e outro dia o azul com o homem aranha bordado. Como era pediatra isso ajudava a distrair e se aproximar mais das crianças.
O dia passou rápido, Nath não saiu do consultório nem pra almoçar. Pediu comida no japonês e comeu no consultório mesmo, já era quase cinco quando Tati bateu na porta do consultório e entrou.
Se deparou com Nathalia retirando o jaleco.
--"Que visão aquela mulher se despindo. É sensual até sem querer."
--O que foi Tati? Por que tá me olhando assim?
--Ah, é que eu amei o jaleco rosa, adoro a hello Kitty. -Tati disse mas não conseguiu convencer Nathalia.
--E a que devo a honra de sua visita no fim do expediente, não vai dizer que chegou alguém de ultima hora?
--Não, pode ficar tranquila só passei pra te fazer um convite, quer dizer na verdade dois e também pra saber como vou chegar na sua casa se não tenho seu endereço, telefone e não sei me comunicar por sinal de fumaça.
--Muito engraçadinha! Vamos por parte, anota meu número, é o meu radio e celular. Problema um resolvido, agora me faça os convites e prometo pensar com carinho em aceita-los.
--Muito metida, mas vou te convidar mesmo assim e te ensinar a ser humilde. Amanhã é quarta e sempre nos reunimos em um bar pra descontrair e jogar conversa fora. Pode ficar tranquila que no máximo meia noite todos vão embora. Então da pra descansar e trabalhar no dia seguinte.
--Bom, pra esse convite você chegou atrasada. -Nath falou rindo, ao ver a decepção de tati.
--Que pena, deixa pra próxima semana tem todas as quartas. -Tati falou toda desanimada.
--Eu falei que você chegou atrasada, mas não falei que não iria.
--Como assim?
--É uma longa historia, prometo que te conto no sábado. Resumindo a Cris me convidou antes mesmo de saber que eu trabalhava aqui.
--Com certeza vocês vão me contar essa história, mas fico feliz em saber que vai estar com a gente.
--E quanto ao outro convite?
--Já ia esquecendo, tem uma cantina italiana no centro e queria saber se gostaria de ir comigo, é nova na cidade não conhece ninguém e pode estar se sentindo sozinha. -Tati falou toda dengosa.
--Que sorte eu tenho, encontrei alguém preocupada com minha solidão. -Nath falou debochando, deixando Tati irritada.
--Ai para de ser debochada Nath eu moro sozinha e só tenho meus amigos aqui. Sei bem como é não ter ninguém por perto.
--Calma, estava só brincando com você. Adoraria ir na cantina, mas com certeza a Lú deixou algo pronto para o jantar e não gosto de jogar comida fora.
--Ai que pena. Então nos vemos amanhã.
--Você sempre tira conclusão precipitada de tudo?
--Como assim?
--Você sempre responde perguntas com perguntas?
As duas caíram na gargalhadas e Nath explicou:
-- Só falei que não gosto de jogar comida fora, a gente pode passar na adega, comprar um vinho e jantar lá em casa assim você já fica conhecendo o caminho.
Tati abriu aquele sorriso lindo e respondeu:
--Claro.
--Que bom, assim você vai conhecer meu castelo e sábado não irá precisar que a carruagem vá te pegar.
--A rainha pode me aguardar dez minutos enquanto termino umas coisas na recepção?
--Claro que sim plebeia, passo lá em dez minutos.
Tati saiu saltitante, iria jantar com aquela deusa e o que era melhor na casa dela, se rolasse um clima seria bem mais fácil tudo acontecer.
Nathalia andava de um lado para o outro no consultório, estava igual a uma adolescente indo para seu primeiro encontro. Aquilo nem era um encontro, era apenas um jantar entre amigas.
Os pensamentos atordoavam nathalia, Tati mexia muito com ela e ela sabia que não seria nada fácil aquela noite ao lado dela.
Saíram do hospital juntas, passaram na adega compraram um vinho e foram para o apartamento de Nath.
Ela estava muito nervosa com toda aquela proximidade. Seu coração estava aos pulos, não sabia como agir diante daquela menina, ainda mais quando ela sorria.
Tati estava envergonhada e Nathalia visivelmente nervosa.
--Tati fica a vontade vou colocar uma musica pra gente.
Nathalia apenas apertou o play, seu pen drive já ficava conectado no som sempre com suas músicas preferidas. Naquele momento era as do Flávio Venturini. Foi até a cozinha pegou duas taças, abriu o vinho e convidou Tatiana a segui-la em direção a sala.
Nath serviu as taças e fez sinal para que Tati se sentasse no sofá, preferiu sentar sozinha na poltrona. A proximidade e o vinho não daria certo, puxou a mesinha de centro pra perto delas para apoiar as taças e ficaram ali conversando sobre suas vidas.
Tati falou que era de Campos e foi morar na cidade porque era mais fácil pra trabalhar. É claro que ela não esqueceu da história com a Cris e não demorou a perguntar.
--Nath, você me disse que a Cris tinha te convidado pra ir no Estupidamente Gelada. Se você não é daqui e eu conheço todas as amigas da Cris, como vocês já se conheciam?
--Muito curiosa você, eu disse que te contaria no sábado.
--Ai nath, isso não vale. Quando disse isso, você achou que só nos encontraríamos no sábado.
--Tá bom eu conto.
--Para de enrolar e conta logo!
--Bom, no dia em que cheguei na cidade e saí pra dar uma volta, conhecer melhor a cidade. Como eu já te contei não conhecia nada e nem ninguém aqui. Fui indicada pra trabalhar no hospital por uma amiga que já trabalhou aqui. -Fez uma pausa pra respirar.
--Ainda não consegui entender onde a Cris entra nessa história.
--Calma! Então como estava dizendo fui dar uma volta e acabei vendo a rua da ladeira, achei bem animado e parei pra conhecer e tomar uma cerveja, a Cris chegou pediu pra sentar comigo, tomamos duas cervejas e marcamos de nos encontrar no domingo.
--Perai então você é a gata que ela foi encontrar na praia?
--Gata é por sua conta, mas sim foi comigo que ela foi se encontrar e foi nesse dia ela me convidou pra conhecer a galera dela.
--Eu não acredito nisso, só pode ser brincadeira.
Tati ficou visivelmente abalada, parecia ironia do destino. Sempre foi apaixonada pela Cris desde que a conhecera, já faziam três anos que não via ninguém além de Cris na sua frente e quando se encanta por alguém, descobre que é a mesma pessoa que sua amiga está afim.
Nath percebendo o nervosismo da Tati perguntou o que estava acontecendo, pois ela não conseguia entender aquele comportamento.
--Tati o que aconteceu com você? Por que está assim, falei alguma coisa errada?
--Não foi nada, eu preciso ir a gente conversa depois. -Tati falou se levantando.
--Espera Tati vamos conversar e o jantar?. -Nath pegou no braço dela.
Elas se olharam e o clima não poderia ficar pior, as respirações descompassadas, as mãos suadas, corações disparados... quando Nath ia beija-la, Tati despertou daquele transe e saiu batendo a porta.
A noite estava maravilhosa, poder estar com a Tati em sua casa sozinha foi mais do que ela poderia imaginar pra um segundo dia. Não esperava que fosse acontecer tão rápido. Aquele jeito tímido dela quando chegaram fez com que Nath se encantasse ainda mais. Não conseguia entender o que fez Tati ficar daquele jeito e ir embora sem jantar.
-- "Eu vi e senti, ela queria aquele beijo tanto quanto eu. Só que ela simplesmente se soltou de mim, bateu a porta e foi embora sem dizer uma palavra, amanhã ela vai ter que me dizer o que aconteceu" -Nath falava sozinha tentando entender o que tinha acontecido.
Terminou de tomar seu vinho e foi para o quarto sem jantar. Tomou um ducha pra esfriar o corpo e a cabeça, deitou e não conseguiu evitar os pensamentos... por várias e várias vezes refez o diálogo em sua cabeça e nada, não conseguia entender o que houve para ela sair daquela maneira.
***
Tatiana saiu do apartamento de Nathalia transtornada, elas quase se beijaram, ainda conseguia sentir a respiração de Nath próxima a sua boca.
-- "Meu Deus, porque tinha que ser desse jeito, tanto pedi pra tirar a Cris dos meus pensamentos, ela nunca me enxergaria como uma mulher, eu sempre seria pra ela a melhor amiga, a irmã caçula que ela cuidava e tratava com carinho. Com tanta mulher na cidade eu tinha que me apaixonar pela mesma mulher que a Cris está afim.” -Tati brigava com si mesma.
Entrou em casa foi direto para o banheiro ficou ali embaixo do chuveiro deixando a água lavar sua alma enquanto chorava feito uma criança. Saiu do banho, se deitou na cama ainda enrolada na toalha e acabou adormecendo de tanto chorar.
Acordou em cima da hora tomou um banho e voou para o hospital, sabia que devia uma explicação pra Nathalia, mas o que ela iria dizer?
-- "olha, eu me apaixonei por você desde o primeiro momento em que te vi, mas a Cris está afim de você e não vou competir com ela."
Não podia, na verdade nem sabia o que falar. Nath era atenciosa e carinhosa e as vezes até dava a entender que estava afim, mas poderia ser coisa de sua cabeça. Nem sabia se ela era realmente lésbica.
Tati entrou no hospital rezando pra não encontrar Nath, pra sua sorte ela já tinha chegado e estava no consultório. Passou o dia inteiro fugindo do encontro com ela.
Chegou em casa com a cabeça doendo, ligou o celular e como imaginava tinha varias mensagens de Nath, Não abriu para não ter que responder o que nem ela sabia naquele momento.
Resolveu ficar em casa naquela noite, com certeza Nath iria no Estupidamente gelada e definitivamente tudo que não precisava era ver a Cris se derretendo toda para Nathalia.
***
Naquela mesma manhã de quarta feira Nathalia acordou mais cedo decidida a encontrar com a Tati antes do expediente e conversar com ela. Passou na recepção encontrando apenas Mariana.
--Bom dia, Mariana! A Tatiana já chegou?
-Bom dia doutora! Ela ainda não chegou doutora Nathalia.
--Pede pra ela assim que chegar me procurar em meu consultório.
--Pode deixar que aviso.
--Obrigada.
Nathalia foi direto para seu consultório decepcionada por não encontrar Tati. Começou a arrumar as coisas, tinha paciente a manhã inteira, sabia que não teria tempo de falar com ela antes do almoço e no almoço ficaria impossível já que a Cris estaria junto.
Bateram na porta, o coração acelerou quase saindo pela boca. Precisava ver seu anjo loiro, saber como ela estava e o que tinha deixado ela daquele jeito. - "seu anjo, como assim nathalia?”
Foi tirada dos seus pensamentos quando a porta se abriu e para sua total decepção era a Jú dizendo que já estava a disposição e que o paciente já estava aguardando.
Começou a atender, toda vez que tinha um tempo ligava pra recepção, mas Tati nunca estava, sempre Mariana que atendia e inventava uma desculpa.
Mergulhou no trabalho e acabou se enrolando com um paciente, como não daria tempo de sair, pediu um sanduíche na padaria e comeu em seu consultório mesmo. A tarde foi mais movimentada, quando percebeu já era cinco horas, pegou sua bolsa e saiu certa de que encontraria Tati na recepção, mas ela já tinha ido.
Ficou triste, queria ao menos ter visto ela. Pegou seu carro e foi direto pra casa. Tinha marcado com a Tati e a Cris no Estupidamente Gelada. Pelo menos poderia falar com ela lá no bar.
Nath chegou em casa tomou um banho, colocou um vestido preto na altura do joelho, um salto fino, mas não muito alto, passou um lápis só pra realçar seus olhos, deixou o cabelo molhado e solto. Quando estava terminando de se arrumar cris passou um radio dizendo que já estava no bar esperando.
Foi caminhando, o bar era duas quadras atrás de sua casa. Assim poderia beber sem preocupação de estar dirigindo.
Chegou no bar com um sorriso no rosto que logo se desfez ao perceber que Tati não estava.
Cumprimentou a todos, alguns já tinha visto pelo hospital, outros não, sentou, pediu um Chopp, não parava de olhar pra porta, quando a Cris se aproximou e perguntou:
--Esperando alguém doutora?
--Sim, quer dizer, não. -respondeu meio confusa.
--Sim ou não. -Cris perguntou analisando seu embaraço.
--É que a Tati falou que viria e até agora não apareceu. -falou olhando para o chão.
--Ela não vem. -Cris respondeu ainda observando ela
--Como não? -perguntou com a voz visivelmente alterada.
--Ei, perai!!! Rebobina o filme que com certeza perdi uma parte e não estou entendendo o final. -Cris falou como se esperasse uma explicação.
--Não sei o que você está querendo dizer com isso.
--O jeito que você está desde a hora que chegou aqui, olha pro celular e pra porta a cada cinco segundos. E essa alteração porque a Tati não vem, não sabia que vocês eram tão proximas.
--Você ta vendo coisa demais, estou esperando uma mensagem importante por isso estou checando o celular. E só achei estranho ela não vir já que ela também me chamou.
--Ela só está indisposta. Passei na casa dela pra busca-la e ela disse que não viria.
--Mas ela está bem né?
--Está sim Nathalia.
--Amanhã eu falo com ela então.
Elas ficaram conversando por quase uma hora, até que Nath fingiu estar com sono e foi embora.
****
O resto da semana passou voando, já era sexta feira, Nath aproveitou que tinha meia hora entre um paciente e outro e foi até a recepção.Tati ainda tentou escapar, mas Nath foi firme.
--Boa tarde meninas! Tatiana você tem cinco minutos?
--Desculpe doutora, tenho que levar esses prontuários no box e depois buscar outros na emergência.
--Acho que uma delas pode fazer isso pra você. Aqui hoje está mais calmo que cemitério.
Uma das meninas logo se prontificou a ir. Nath e Tati foram até a lanchonete tomar um café. Nath não deu tempo nem de Tati pensar e disparou.
--Bom Tatiana, tentei falar com você a semana inteira e hoje tive a certeza de que está fugindo de mim.
--Claro que não doutora.
Nath praticamente fuzilou Tati com o olho por conta do doutora.
--Olha tati, não sei o que te fiz, mas acho que mereço uma explicação.
--Nath você não fez nada. -Tati respondeu de cabeça baixa pra não ter que encara-la.
--Então perfeito, porque temos um almoço marcado pra amanhã e não estou afim de outro bolo como o de quarta feira.
--Nath me desculpe.
--Você poderia ter ao menos respondido minhas mensagens.
--Eu sei me desculpe mesmo. Isso não vai mais acontecer.
--Então posso te esperar amanhã as dez.
--Pode sim, Nath. -Tati já respondeu suspirando. Se esquecendo de tudo que tava perturbando sua cabeça.
--Bom, agora que estamos mais ou menos entendidas vou voltar ao trabalho e aguardo você amanhã.
--Mais ou menos?
--Amanhã a senhorita vai me explicar direitinho porque saiu da minha casa daquele jeito.
--Você tem razão, te devo isso ne?
--Com certeza! -Nath falou enfática
Terminaram o café e voltaram ao trabalho, Nath não conseguia conter a sua alegria, não via a hora de sair logo dali e começar os preparos do almoço e poder passar o sábado inteiro com seu anjo loiro.
Fim do capítulo
Meninas não me matem por conta da Beatriz, são adaptações importantes para o tão esperado momento. bjss e comentem estou sentindo falta de vocês.
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]