Capítulo 2
Capítulo 2 - Beatriz
O que dizer sobre mim?
Se for pensar no que os outros dizem, te direi que sou uma patricinha mimada que não pensa em nada além de roupas e sapatos chiques, que não se importa com nada que não me diz respeito e pisa em cima dos sentimentos alheios. Tudo boato! Na verdade tudo isso é papo de quem não tem o que fazer e fica cuidando da vida dos outros, alias que tipo de culpa eu tenho eu por querer estar sempre linda? Ou que os garotos que fico sempre se apaixonem por mim? A meu ver, nenhuma, já que sou sempre sincera e digo o que penso doa a quem doer, pra mim não passa de um bando de invejosos!
Eu sou Beatriz, atualmente moro em Curitiba e sou daqui mesmo, tenho 22 anos recém-completos e de presente dos meus pais ganhei um apartamento onde moro sozinha há uns dois meses, mas não se enganem meus pais não são assim tão bonzinhos não, antes de me dar o apartamento eles me chantagearam ,exigiram que eu voltasse a frequentar a faculdade, essa é a regra dos dois já que vão bancar todos os meus gastos. Mas tudo bem, nada como poder entrar e sair de casa sem ter que dar satisfações ou aguentar minha mãe detonando minha paciência, o problema com a faculdade resolveria depois já que não estava nenhuma pouco disposta a voltar.
Eu e meus pais nunca tivemos uma boa relação, sou filha de dois neurocirurgiões que nunca paravam em casa, meu pai Dr. Eduardo Botelho é muito conhecido por sua competência e muito admirado também, porem o que ninguém sabe o quanto ele foi e ainda é ausente, sempre a trabalho e quando não esta também não para em casa, minha mãe Dr. Anna Botelho não foi muito diferente, trabalhavam os dois juntos no Instituto de Neurologia de Curitiba. Nossos encontros em casa eram totalmente instintos até que em uma viagem acabaram sofrendo um acidente, tiveram sorte, mas minha mãe teve que largar a medicina por causa de um problema que ficou no braço esquerdo. Desde então com tempo livre ela tenta suprir a falta que me fez na infância, tarde demais.
Eu levo uma vida regada a farra e bagunça, gosto de sair, curtir, beijar na boca, relacionamentos sérios eu quero mais é distancia, vivo dizendo: "pego e não me apego" e assim sigo minha vida, se os meninos se apegarem em mim o problema é deles.
Tenho duas amigas fiéis, Natascha é a mais doida, com seus 20 anos ela veio de outra cidade, embora nos conheçamos há pouco tempo ela se ornou uma grande amiga. Já Jennifer é minha amiga desde sempre, nos conhecemos desde sempre, crescemos juntas, ela tem 25 anos e faz faculdade de medicina, mas nem por isso é menos louca.
Mas voltando a falar sobre mim, três meses se passaram desde que ganhei meu apartamento e eu estava mais feliz que nunca, tinha saído pra jantar com um cara maravilhoso que eu estava muito afim e depois esticamos pra uma baladinha no centro, estava morta de cansada quando enfim decidi voltar pra casa, me despedi do meu gato na portaria do meu prédio com muito custo, pois ele queria subir, já se passava das 3 da manhã quando abri a porta do apartamento e quase tive um treco.
-- PUTA QUE PARIU! - gritei ao me assustar com o vulto que vi.
-- Olha boca mocinha não foi assim que te eduquei! Isso são horas de chegar?
Revirei os olhos sem paciência já sabendo que o vulto se tratava de minha mãe.
-- Mãe, pra que eu moro sozinha? - Perguntei já ascendendo às luzes já que ela estava ali no breu me esperando. -- Como você entrou aqui se as chaves estão comigo?
-- Simples minha filha, eu tenho uma cópia e seu pai tem outra.
Aff. E ela fala isso com a maior tranquilidade?
-- Eu não estou acreditando nisso! Por que estava me esperando no escuro?
-- Eu estou aqui há horas te esperando Beatriz, precisamos conversar e hoje você não escapa minha filha!
-- Ah mãe fala sério! Eu vou tomar um banho e dormir, estou cansadíssima, amanha vou até sua casa ou te ligo ai conversamos ok?!
Já ia saindo quando ela entra na minha frente me impedindo de passar por ela.
-- Negativo mocinha! A gente vai conversar e vai ser agora! - Ela estava nervosa, por via das duvidas resolvi aceitar.
-- Ok! Estou ouvindo, pode falar!
-- Você esta frequentando a faculdade Beatriz? - Ela foi direta, nem adiantava mentir, com certeza ela já sabia que eu não estava indo, bufei entediada com esse assunto.
-- De novo esse assunto mãe?
-- RESPONDA BEATRIZ! - Ela gritou e eu esbugalhei os olhos, ela nunca tinha gritado comigo antes.
-- Não mãe! Não estou indo! Mas é claro que a senhora já sabia disso não é mesmo?
Minha mãe ficou em silencio durante um tempo parecendo refletir sobre algo, enquanto tudo o que eu mais queria era tomar meu banho e cair em minha cama. Resolvi por um ponto final nesse assunto enrolando ela mais um pouco.
-- Mãe amanhã a gente resolve isso, eu realmente estou exausta e...
-- Já chega Beatriz! Você não vai mais me enrolar, nós fizemos um trato te demos este apartamento e, no entanto você não esta cumprindo sua parte, a partir de agora as coisas vão mudar Beatriz e se você quiser manter este apartamento terá que trabalhar como todo mundo faz!
-- Mãe vo... Você esta me dizendo que não pagarão mais minhas despesas?
-- É isso ai, acabou a moleza Beatriz!
Fiquei tão indignada que cheguei a abrir a boca uma porção de vezes, mas de tão atônita não consegui dizer nada, ela parecia muito decidida, foi caminhando em direção ao quarto de hospedes que ficava ao lado do meu e antes de entrar se virou me encarando seriamente.
-- Por hoje fico por aqui por já estar tarde, amanha sairemos cedinho pra conversar com aquele amigo meu da livraria pra ver se ele ainda estará disposto a te arranjar algo. - Ela já ia entrando quando eu resolvi me mexer, logico que fui atrás dela, aquilo era um absurdo, não podia deixar quieto.
-- Mas mãe, vocês sempre me deram de tudo o que eu sempre quis e nunca se importaram, por que isso agora?
-- Como eu j te disse Beatriz, as coisas agora serão diferentes!
-- Mais...
-- Sem mais! Esta tarde, amanhã conversamos, vá tomar o seu banho e vê se não demora a dormir, sairemos cedo amanha! Boa noite filha!
Disse isso e bateu a porta em minha cara, fiquei um tempo ali parada olhando para porta que ela acabara de fechar, completamente boquiaberta, quando foi que minha mãe ficou tão dura assim?
Murmurei um ‘'Me ferrei!'' e fui direto para o chuveiro, depois dessa só um banho pra me fazer relaxar e pensar em algo com a mente mais tranquila.
Fim do capítulo
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