Capítulo 20 Me perdoa?
CAPÍTULO 20: Me perdoa?
-- Boa noite mansão Lancaster – a jovem empregada da mansão atendeu ao telefone que tinha acabado de começar a tocar.
-- Kelly sou eu, Amanda.
-- Boa noite senhorita Amanda.
De imediato quando Júlia ouviu ser pronunciado o nome da ruiva se levantou do tapete e se aproximou.
-- Só liguei para avisar que não vou dormir em casa hoje, caso meus pais liguem avise tudo bem?
-- Tudo bem senhorita – Júlia fez um gesto para falar ao telefone.
-- Deixa eu falar com ela Kelly – Júlia disse baixo porem foi ouvida pela ruiva.
-- Eu não quero falar com a Júlia Kelly, vou desligar, não esqueça de avisar meus pais caso eles liguem, tchau. – dizendo isso encerrou a ligação.
A empregada se virou para a loira com pesar e balançou a cabeça em negação sentia-se triste pela jovem só de ver as expressões de seu rosto.
-- Sinto muito dona Júlia, ela lhe ouviu e não quis falar só avisou que não iria dormir em casa hoje.
-- Como não vai dormir em casa hoje Kelly? Onde ela vai dormir? – perguntou sem acreditar.
-- Ela não disse senhorita, apenas informou que não iria dormir em casa e caso seus pais ligassem era para avisar isso a eles.
-- Eu não acredito nisso, preciso saber onde ela esta!
-- Sinto muito senhorita, com licença – disse se retirando.
Júlia se sentou no tapete quase se jogando, sentiu vontade de chorar, queria se explicar para Amanda mas a mesma não iria lhe dar uma chance, não se distanciando desse jeito. Ficou pensando onde a ruiva poderia estar mas nada lhe veio a mente pensou até na possibilidade dela estar na casa de Rachel mas logo descartou essa opção já que a ruiva era muito geniosa e estava magoada com a morena.
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Amanda retornou para o quarto e encontrou Rachel deitada toda coberta parecendo que estava em um casulo assistindo televisão, assim que a morena a viu entrar abriu um sorriso porem aparentava cansaço nele.
Aproximou-se sentando ao seu lado e passou as mãos nos cabelos castanhos, aquele ar frio em contato com a sua pele fez com que os pelos de seus braços arrepiassem, Rachel quando percebeu lhe deu espaço para que deitasse e se cobrisse consigo.
-- Vem aqui, ta frio -- chamou com o cobertor ainda aberto.
Amanda ficou receosa de se deitar com ela, já que sabia que a morena nutria sentimentos por ela e isso poderia não ser bom. Rachel percebeu essa relutância.
-- Vem logo que está frio, e eu não vou te agarrar não se preocupa, nem se eu quisesse conseguiria, não ficando sem ar desse jeito -- falou com um fraco sorriso.
-- Eu não pensei isso – falou como se a amiga tivesse lido seus pensamentos, e deitou ao seu lado e se cobrindo junto.
-- Sei que não -- falou com ironia.
-- Esta melhor?
-- Um pouco.
-- Descansa um pouquinho.
-- Não, vou esperar a babá chegar assim você quando for embora não estarei dormindo.
-- Pode dormir, hoje eu não vou alugar nenhum -- disse fazendo carinho em seus cabelos a tranquilizando.
-- Não vai? – perguntou surpresa.
-- Não, não se preocupe eu estarei aqui quando você acordar.
Rachel ficou contente em saber que a ruiva ficaria consigo aquela noite, mesmo pensando que era por ter passado mal e ela só estava preocupada, mas afinal quem se preocupa se importa certo? Talvez, mas Rachel não estava convencida disso porem iria aproveitar já que sentiu muito a falta da ruiva.
Se aproximou mais do corpo de Amanda e fez mansão em abraçá-la envolvendo seus braços na cintura da ruiva, olhou para a amiga que a observava e perguntou.
-- Eu posso?
-- Pode -- Amanda respondeu permitindo que os braços da amiga envolvessem sua cintura, e passou as mãos pelos braços da mesma recebendo o abraço.
Um tempo depois quando assistiam a um filme juntas percebeu que a morena tinha pego no sono e estava deitada toda torta, foi ajeitá-la e ela ainda estava com o corpo todo molinho devido à crise de mais cedo, e ficou acordada preocupada com ela caso tivesse uma crise no meio da noite.
Se deitou se endireitando também e acabou pegando no sono, um pouco depois acordou sentindo uma movimentação na cama.
-- Desculpa não quis te acordar – Rachel falou fazendo uma careta – só quis te cobrir, você no meio da noite jogou a coberta longe.
-- Me desculpa, te fiz passar frio né?
-- Não muito – respondeu sorrindo.
-- Sinto muito.
-- Esta tudo bem, você estava tendo um sono agitado.
-- Eu não queria dormir pra ficar cuidando de você porem acho que minha missão foi abortada – disse sorrindo o que arrancou um sorriso de Rachel também.
-- Sim, mas eu estou bem, acredite.
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Passaram-se dois dias e Amanda ainda não tinha voltado para a mansão dos Lancaster, ficou na casa de Rachel e se tratavam bem como antigamente o que fazia a ruiva ficar um pouco feliz, mas sempre que estava só pensava em Júlia e o quanto sentia sua falta.
Rachel também estava radiante com essa reaproximação porem no primeiro dia achou estranho a ruiva ficar afastada da “loira aguada” como ela se referia a Júlia, e ainda preocupada com a amiga devido ao roxo que estava seu queixo e sua boca ainda inchada perguntou novamente o que tinha acontecido e a ruiva lhe contou.
-- Amanda eu estou realmente adorando você aqui comigo, sabe que senti muito a sua falta porem esta estranho isso, você vai ficar longe de Júlia sem nem ao menos ligar para ela, e nem seu celular você ligou, e seu rosto machucado, por favor me conta o que aconteceu porque eu só consigo pensar besteira.
-- Não estamos mais juntas -- Amanda respirou fundo e decidiu contar o que tinha lhe acontecido.
Rachel até sentiu um fio de esperança depois dessa conversa delas duas, mas já tinha decidido que não iria mais insistir não queria acabar a perdendo de vez, tê-la como era melhor do que não a ter. Deixaria o tempo ditar como seriam as coisas.
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Júlia ficou completamente preocupada e depois amuada, quase não comia e não conseguia dormir, mal saia do quarto somente quando Manuela a forçava indo em seu quarto quase todos os dias e a puxando da cama. Essa seria a ultima semana de aula delas então a forçou a ir para e escola.
Assistiram algumas aulas e Júlia conseguiu ver Amanda que estava sentada ao lado de Rachel, não entendeu mas estava claro porem não queria acreditar que estivessem próximas novamente.
No intervalo das aulas se dirigiu até onde estava a loira e a morena no pátio, precisava conversar com Amanda.
-- Posso conversar com você? – indagou com a expressão fechada ao olhar a morena ao seu lado.
-- Eu vou deixá-las a sós – Rachel disse com uma expressão de desagrado.
-- Não é preciso Rachel – Amanda respondeu a segurando pelo pulso para que não saísse – eu não tenho nada para falar com você Júlia.
-- Amanda por favor, eu preciso falar com você.
-- Amanda eu vou deixá-las conversar, estarei logo ali – falou apontando para um banco um pouco afastado e lhe deu um beijo no rosto e saiu.
Júlia acompanhou com o olhar a morena se afastar, não sabia o que pensar apenas não gostava da presença dela, também pudera já que ela sempre fez de tudo para irritar a loira.
-- O que quer Júlia? – Amanda indagou com uma expressão seria, não demonstrando total desconforto nem magoa que estava sentindo e acima de tudo saudade.
A voz da ruiva despertou atenção da loira que logo desviou o olhar de Rachel e encarou Amanda, fez seu melhor olhar “dor” o que pareceu ter prendido a atenção da ruiva pois a mesma ergueu as sobrancelhas tentando decifrar a sua expressão. Não era errado querer demonstrar o que estava sentindo.
-- Amor eu senti sua falta – disse baixo se aproximando para torça-lhe o braço mas Amanda se afastou.
-- Eu não acredito na sua cara de pau Júlia, se cansou da Sophia ou espera ter as duas? Porque sinceramente não da para te entender, você não presta.
-- Para com isso Amanda – respondeu magoada com as palavras da ruiva – eu te amo, e não fiz nada, aquele dia aquele beijo não fui eu aquela maluca que me agarrou, você precisa acreditar.
-- Eu não acredito em nada que você fala Júlia, eu vi com meus próprios olhos ninguém me contou e vi que você a beijou também não a empurrou.
-- Eu estava em choque Amanda! – tentava convencer a ruiva e já estava agoniada.
-- Em choque? O que acha de eu ficar em choque também se a Rachel me beijar? Ah vamos ver, vou ir chamá-la – disse se afastando mas foi segurada pelo braço.
-- Não faça isso Amanda – Júlia falou seria e segurando firme o braço da ruiva – eu amo você, e errei admito porem não faça isso, não faça comigo nem com você e muito menos com a sua amiga pois os sentimentos dela também estão em jogo. Não é certo brincar com as pessoas assim.
Amanda sabia que a loira estava certa mas não ficaria por baixo.
-- E quem disse que eu estaria brincando com os sentimentos dela? Já pensou que eu posso amá-la? Porque eu sinto lhe dizer mas acho que me enganei sobre meus sentimentos por você, acho que quem eu sempre amei foi aquela garota que saiu daqui ainda a pouco.
-- Você não a ama, porque se amasse não estaria me dando esse gelo e tentando se afastar – Júlia disse ainda a segurando.
-- Não seja tão pretensiosa Júlia, eu estou falando a ver... – Antes que pudesse terminar de falar foi calada com um beijo um tanto violento da loira.
Júlia beijou a boca de sua “namorada” com saudade e até raiva por não ter a confiança da ruiva. Encostou Amanda contra a parede e continuou o beijo até que o ar faltou para ambas.
Amanda quando teve sua boca beijada ficou sem reação e acabou correspondendo o beijo com o mesmo ardor que era beijada, tanto pela raiva que sentia da loira quanto por saudade.
-- Amanda – Júlia a chamou vendo que a mesma estava sem reação – esta vendo, você foi pega de surpresa, e ficou sem reação assim como eu também fiquei quando fui beijada por aquela louca.
-- Nunca mais me agarre assim – falou lhe dando um tapa na face, o tapa foi forte fez com o que a loira virasse o rosto, e de imediato ficou rosado.
-- Pode bater, você faz isso porque ainda se importa.
-- Me deixa em paz – respondeu se afastando.
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-- Júlia que beijão – Danilo comentava com a amiga na saída da escola.
-- Um pouco desnecessário né loira – Manuela também se manifestou.
-- Eu precisava calar a boca dela – Júlia se justificou – Bom gente eu preciso ir.
Se afastou pensando na ruiva e entrou no carro que Frederico já esperava.
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Amanda realmente ficou desconcertada e quando Rachel comentou sobre o beijo chegou a ficar mal por sua amiga ter presenciado essa cena já que sabia que ela gostava de si, só não esperava que Rachel fosse compreensiva e até lhe aconselhasse de voltar com a loira já que a amava.
-- Não vou voltar com ela.
-- Deveria já que a ama – Rachel insistia em apoiar a ruiva já em seu quarto sentadas na cama.
-- Você devia estar investindo em mim e não me empurrando pra ela – disse sorrindo querendo brincar com a situação e conseguiu arrancar um sorriso da amiga mas a mesma logo ficou com a expressão seria e lhe indagou.
-- Do que adiantaria? Seu amor é dela Amanda, e se ela a faz feliz me basta aceitar, mas a escolha é sua.
-- Sim a escolha é minha.
-- Tudo bem, agora tira essa cara de seria ruiva, vamos mudar de assunto.
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Acabou a semana e com elas as aulas, as garotas teriam agora apenas a viagem e um tempo depois quando retornassem seria a festa de formatura.
Já fazia uma semana que Amanda não voltava para casa e evitava qualquer contato que fosse com Júlia, isso fazia a loira ficar desolada e sem animo para nada, apenas ia a aula para poder ver a ruiva nem que fosse de longe, apenas queria vê-la e saber que estava bem.
Amanda era orgulhosa e não queria dar o braço a torcer que sentia falta de sua namorada, agora ex. A verdade é que toda vez que via Júlia sentia uma vontade enorme de correr para seus braços e sentir o calor do seu corpo, seus braços envolta de sua cintura e sentir o gosto de seus lábios porem sempre que tinha essa vontade a cena do beijo da loira com Sophia lhe vinha a cabeça e toda essa vontade ia por água abaixo.
Na sexta voltou para casa, já era tarde quando informou a Rachel que precisava voltar já que estava praticamente morando com a amiga, Rachel não queria deixá-la ir com medo de que se afastassem e a ruiva parasse de falar consigo novamente, porem não tinha o que fazer tinha que deixá-la ir.
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Júlia estava em seu quarto distraída com suas musicas não se sentia muito disposta, estava com o corpo todo dolorido que pensava provavelmente ser por não conseguir dormir direito há um bom tempo. No som tocava Snow Patrol-Run, sentiu uma vontade de escrever coisa que desde a morte de Paul ela não ousava a fazer.
Em algumas palavras soltas pelo papel nelas diziam um pouco o estado de espírito em que se encontrava.
“Se todas as noites eram frias assim eu não me lembro, só sei que hoje sem seu calor junto ao meu corpo todas as noites se tornaram insuportáveis...”
Estava perturbada e quando a musica que começou a tocar foi a Without You Here - Goo Goo Dolls parou de escrever e pegou um violão que Manuela tinha deixado no seu quarto há um tempo atrás.
Começou a dedilhar a musica e logo a tocou acompanhando da sua voz, sentia tudo o que a letra da musica dizia e o que a fez ficar com a voz embargada só de lembrar de Amanda e da saudade que sentia, após terminar a musica ficou perdida em seus pensamentos.
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Amanda seguiu para seu quarto assim que chegou em casa tomou seu banho e pediu que Amélia levasse algo leve para comer assim evitaria de ver Sophia ou Júlia.
Sem conseguir dormir já madrugada colocou um filme para assistir mas não conseguia prestar atenção na tela da televisão já que seus pensamentos estavam somente no quarto ao lado.
“Será que ela já esta dormindo?” pensou fitando o teto.
Júlia não estava dormindo, e também não conseguiu mais ficar no quarto sentia sede e calor seu corpo estava sensível e um tanto dolorido, se levantou e desceu as escadas para beber água passou um tempo na varanda e quando começou a ventar um pouco mais forte entrou.
Quando estava voltando para o quarto notou que a luz do quarto da ruiva estava acesa e não pode acreditar, franziu o cenho e bateu na porta.
-- Pode entrar – Amanda respondeu pensando ser Amélia para buscar a bandeja que tinha levado minutos antes.
Quando Júlia entrou no quarto Amanda arregalou os olhos surpresa.
-- O que faz aqui?
-- Amanda – Júlia disse com a voz cansada – eu queria conversar com você.
-- Júlia quantas vezes eu vou ter que te dizer que não temos mais nada para conversar?
-- Temos sim Amanda para com isso, por favor – dizia com a voz embargada – eu não agüento mais isso.
-- Júlia... – Amanda ia começar a contestar quando viu os olhos da loira se encherem de lagrimas.
-- Por favor Amanda eu preciso que você me ouça – disse já se aproximando e sentando bem próximo da ruiva – se lembra quando você me perguntou sobre as minhas tatuagens e eu lhe contei tudo?
-- Sim.
-- Lembra que eu também te contei sobre a Sophia não lembra?
-- O que tem essa garota Júlia? – disse sem paciência – quer saber sai do meu quarto.
-- Para Amanda! Eu não vou sair, me escuta! Naquele dia eu não escondi de você quem era ela, eu te contei tudo e fui sincera com você, eu não sinto nada por ela, e se sentisse não tinha me entregado a você – suspirou e depois continuou -- naquele dia você me prometeu confiar em mim e me ouvir antes de tudo, mas não esta cumprindo com a sua promessa.
-- O que queria que eu fizesse Júlia? Eu vi vocês se beijando com meus próprios olhos!
-- ELA ESTAVA ME BEIJANDO AMANDA! Tenta entender por favor, eu nunca faria isso com você porque eu te amo, e se eu realmente quisesse ela acha que eu estaria aqui?
Amanda ficou em silencio apenas observando a loira a sua frente.
-- Me responde Amanda.
-- Eu não sei Júlia, eu não sei mais de nada, eu só não consigo acreditar em você.
-- Droga Amanda! – disse já derrubando uma lagrima – eu não fiz nada, você devia acreditar em mim, no meu amor.
-- Eu estava disposta a me assumir para a família Júlia na hora que desci as escadas e te vi beijando aquela garota!
-- Mas eu não fiz nada – falou com a voz presa pelo choro que vinha, já não conseguia conter as lagrimas.
Ver aquela cena fez o coração de Amanda apertar, queria apenas que ela parasse de chorar pois sentia vontade de chorar junto.
-- Me perdoa – a voz da loira era fraca.
-- Não faz assim Júlia... é melhor conversarmos depois.
-- Me desculpa Amanda – não parava de repetir – me perdoa, não queria que nada disso tivesse acontecido, eu sinto sua falta... eu...
-- Júlia para, amanhã nós conversamos, vai se deitar.
-- Me deixa ficar aqui hoje, por favor.
Ver Júlia chorando daquele jeito a fez ficar sem chão, por mais que estivesse magoada com ela não queria a ver assim, se lembrou de tudo que a loira já passou e sabia que isso não era justo seja lá se o que ela contava de não ter realmente beijado a morena fosse verdade.
-- Fica – falou por fim suspirando e deitando-se olhando para o teto.
Júlia se deitou na cama ao seu lado ainda chorando, passou varias horas e por varias horas ela ficou chorando baixo quase em silencio, mas a ruiva conseguia ouvir. Um tempo depois Júlia acabou sendo vencida pelo sono.
-- Amanda – sua voz era fraca tanto pelo choro quanto pelo sono quando ainda disse para a ruiva – eu te amo.
Amanda suspirou a ouvir aquilo e continuou imóvel logo teve os braços da loira envolvendo sua cintura. Júlia dormindo acabou se aproximando mais da ruiva a abraçando se aconchegando mais ao seu corpo. Não podia negar sentia falta do contato com o corpo de Júlia.
Um tempo depois acabou adormecendo junto de sua ex namorada.
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Alberto estava em seu imenso escritório visivelmente exaltado bebendo seu uísque, não via a hora de sua filha chegar, queria satisfações da mesma pois era inadmissível sua conduta, já que poderia vir a prejudicá-lo no seu ramo da política.
Assim que Rachel chegou em sua casa foi avisada que era para se dirigir imediatamente até o escritório de seu pai, ela já sabia pois ele tinha deixado diversas mensagens em sua caixa postal no celular, mas sendo informada novamente ao por seus pés em casa pensou ser mais sério do que esperava.
-- Que bom que chegou Rachel -- disse Alberto assim que viu sua filha adentrar em seu escritório e sentou-se a convidando também -- Sente-se.
--O que esta acontecendo papai? Deixou muitos recados, fiquei preocupada.
-- E bom se preocupar mesmo garota -- disse com sua voz seca de costume -- fui informado das suas atitudes nos últimos meses.
-- Do que esta falando papai? -- perguntou com um certo medo.
-- Do que estou falando Rachel?! -- gritou se pondo de pé e andando de um lado para o outro até que parou novamente na frente da filha e se apoiou na mesa a encarando com um olhar gélido -- O que tem a me dizer sobre sua postura esses últimos meses Rachel?
-- Na-nada papai -- o olhava assustada e se encolheu um pouco.
-- Não se faça de desentendida pra mim garota! Sabe muito bem do que estou falando, não era novidade pra mim que você ficava às vezes com garotas, mas ai brigar por uma e contratar pessoas para fazerem mal a sua adversária já é demais pra mim!
-- Papai eu posso explicar... -- ia dizendo, mas foi interrompida por um grito de seu pai.
-- Cale-se! Você não vai me explicar nada, eu já sei de tudo, e não me importava com você ficando ou como dizendo hoje em dia o linguajar de vocês "pegando" umas meninas por ai, mas isso passou dos limites a partir do momento que você quer levar a serio uma curtiçãozinha, e ainda faz um escândalo por isso.
-- O senhor não sabe o que esta falando -- disse tomando coragem e se levantando -- não é nenhuma curtição, eu a amo.
-- Você não ama ninguém Rachel! Nunca amou, por mais que você não queira você é mais parecida comigo do que você pensa, e esse seu suposto amor não é mais nada do que paixão, um capricho de menina mimada que quer tudo, quando quer.
-- O senhor não sabe de nada! -- se exaltou o encarando de igual para igual.
-- Sei de muita coisa, e o que sei com toda certeza é isso que acabei de dizer, meu sangue corre nas suas veias e não somos capazes de amar ninguém, e mesmo que um dia você amasse, eu não admito que seja uma mulher, tenha certeza que eu te deserdo! Isso seria um escândalo para a minha carreira, você é maluca?
-- Eu não vivo em função do seu dinheiro -- dizia com ódio no olhar -- minha mãe foi burra ao se apaixonar por você, você nunca mereceu o amor dela!
-- Sim ela foi burra em ter me amado, mas nada que o dinheiro não cure não é mesmo? Onde esta ela agora mesmo? Ah lembrei em Paris, gastando todo o dinheiro que pode e esquecendo você aqui.
-- Você não ama ninguém! Incapaz de amar alguém alem de si mesmo e sua carreira, seu dinheiro.
-- Tem razão em tudo o que disse, meu amor inclui somente isso que você falou, ou seja não inclui nem sua mãe muito menos você ou alguém, então não me desafie, eu te deserdo.
-- Faça isso então, eu te odeio senhor senador Alberto -- de imediato após falar isso levou um tapa em seu rosto que com certeza ficaria inchado de imediato sua respiração se alterou dando o começo de uma nova crise.
-- Fora daqui, já terminei com você, cuida dessa sua doença.
Rachel saiu com lagrimas nos olhos e só permitiu derramá-las em seu quarto trancada e utilizou sua bombinha. Sentia falta da Amanda, talvez seu pai tivesse razão em dizer que eram iguais e que não amavam ninguém, alem de si mesmo, porem sentia um sentimento forte por Amanda, a queria do seu lado, queria ela só para si, capricho talvez porem ficar longe dela era torturante, já tinha decidido deixar o tempo ditar as coisas.
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Amanda acordou com um pouco de dor nas costas e ao tentar se mexer sentiu o motivo de sua dor junto de si.
Júlia estava um pouco encolhida agarrada a ela, com as bochechas bem rosadas, a cara que aparentava um choro recente, o que pensou ser coisa da sua mente já que ontem de noite era que a loira tinha chorado.
Sentisse ainda um pouco magoada e até irritada com a loira, mas vê-la chorando daquele jeito na noite anterior e pedindo pra ficar consigo em seu quarto pra dormir a apertou o coração, e não teve como negar, porem não iria abrir a guarda assim tão rápido. O que tinha acontecido a machucou profundamente sentia-se muito magoada para fingir que estava tudo bem.
Estava com esses pensamentos quando tentava se desvencilhar do corpo da loira que estava grudado ao seu, mas acabou mudando de pensamento rapidamente, o pensamento e sentimento de mágoa se transformou em preocupação.
Ao colocar suas mãos nos braços de Júlia para tira-la de si a sentiu quente, estranhou aquela temperatura então por impulso levou a mão até a testa da loira afim de checar sua temperatura e a sentiu mais quente que o normal, logo então sua mão foi para as bochechas que estavam muito rosadas e checou a temperatura com o dorso da mão constatando que Júlia realmente esta muito quente.
-- Meu Deus, mais essa agora -- falou em voz alta e se levantou da cama.
Foi em direção a cozinha em busca de alguém que pudesse ver se Júlia estava realmente com febre.
Encontrou Amélia e Kelly que conversavam, e para seu desgosto Sophia estava lá também tomando o seu café.
-- Amélia eu preciso da sua ajuda -- interrompeu as empregadas anunciando sua chegada, sem olhar para Sophia.
-- O que aconteceu menina? Parece aflita? -- Amélia perguntou.
Sophia que bebia seu café com cara de poucos amigos a encarava, sabia que Júlia tinha dormido no quarto da ruiva, pois passou cedo na frente do seu quarto e o encontrou com a porta aberta e a loira não estava lá, saber desse fato a irritava muito, não conseguir de volta o amor de "sua" loira.
-- A Júlia, Amélia ela esta quente, acho que esta com febre, pode verificar pra mim? -- sua voz carregava preocupação -- por favor.
-- Mas é claro dona Amanda, só um instante vou pegar o termômetro -- disse saindo da cozinha.
-- O que a Júlia tem Amanda? -- Sophia se pronunciou.
-- O que você ouviu, febre -- respondeu contragosto.
Antes que Sophia pudesse dizer qualquer coisa Amélia adentrou na cozinha novamente com o termômetro na mão, tirando seu avental e disparando a falar.
-- Eu sabia que essa menina ia ficar doente, ela quase não se alimenta, antes de ontem não jantou, ontem não comeu nadinha a não ser seu suco de laranja e nem bebeu tudo. Vamos menina, preciso ver como aquela teimosa está.
-- Vamos Amélia -- concordou saindo apressada com a cozinheira em seu encalço.
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Um pouco depois de Amanda ter saído do quarto Júlia acabou despertando, olhou ao seu lado da cama onde Amanda tinha dormido e não a encontrou como costumava encontrá-la sempre que dormiam juntas antes de Sophia chegar aquela mansão, antes de começar aquela bendita tentativa de reaproximação, e antes do beijo.
Sentiu seus olhos se encherem de lágrimas, e acabou deixando algumas escaparem, queria Amanda ao seu lado, sentia falta da sua namorada, sabia que ela estava magoada porem queria seu perdão. Dormiu um pouco mas ainda de madrugada acordou e não conseguiu dormir mais, ficou apenas observando a ruivinha que tinha pego no sono, sentia seu corpo todo doendo e cansada, mas só conseguiu dormir pela manhã.
Estava perdida em seus pensamentos quando percebeu a porta do quarto se abrir e Amanda entrar com uma expressão aflita.
-- O que aconteceu? -- Amanda perguntou se apressando e subindo na cama ao perceber que Júlia chorava -- Ei? O que esta sentindo?
-- Sua falta -- Júlia respondeu ainda deixando algumas lágrimas caírem
Não percebeu que Amanda se referia a ela estar aparentemente doente. A ruiva achou fofo o que ela disse, e enxugou suas lagrimas e lhe deu um beijo no rosto.
-- Menina o que você esta sentindo? -- Amélia chegou perto das duas.
Só então Júlia percebeu a presença da cozinheira.
-- Amanda me disse que está com febre, sente mais alguma coisa? Levanta o braço -- falou já posicionando o termômetro embaixo do braço da loira.
-- Ah -- Júlia entendeu a pergunta anterior de Amanda e de Amélia, não se sentia muito bem, mas para si não era nada demais -- Eu estou bem, não sinto nada.
-- Tem certeza menina? Não comeu nada ontem, eu vou buscar algo para que coma.
-- Estou sem fome.
-- Precisa comer Júlia -- Amanda se manifestou ao seu lado.
-- Eu realmente estou sem fome.
-- Mesmo assim, você precisa comer Júlia -- Amélia disse já saindo do quarto -- já volto para ver sua temperatura e trazer algo para que coma.
Deixou as duas a sós, Amanda a olhava ainda preocupada.
-- Eu estou com frio -- Júlia disse se encolhendo um pouco.
-- Deve ser a febre, porque está calor aqui, o ar condicionado nem está ligado -- falou levantando da cama e pegando um cobertor.
Júlia se cobriu e as vezes batia os dentes de frio, frio esse que a ruiva sabia que não existia e isso denunciava que a loira realmente estava com febre e não passava bem.
-- Voltei -- Amélia voltou com uma bandeja – E esse cobertor?
-- Júlia esta com frio.
-- É a febre, deixa eu ver -- pegou o termômetro e nele marcava 39. – menina isso está alto.
-- Eu só estou com frio,estou bem – Júlia respondeu se encolhendo na cama com o cobertor.
-- Acho melhor irmos a um hospital Júlia – Amanda disse preocupada passando as mãos nos cabelos loiros.
-- Não, eu não vou já já isso passa.
Amélia balançou a cabeça negativamente já sabendo da teimosia da pequena.
-- Me deixa aqui quietinha amor – Júlia disse batendo os dentes.
-- Você não esta bem.
-- Coma alguma coisa menina – Amélia aproveitou para tentar fazê-la comer – talvez você melhore e não precise ir ao medico, caso não melhore ai vemos isso.
Amanda que entendeu a intenção da mais velha concordou, o que acabou fazendo a loira se forçar a comer mesmo sem vontade tudo para não ter que ir ao hospital. Logo depois de comer um pouco, acabou adormecendo novamente.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
mabi
Em: 04/09/2015
autora canibal *-*, que bom que vc o Clã voltaram estava ansiosa. Que bom que esse site foi criado, quero mais, preciso de maaaaaais, pq eu amo essa estória =D
Resposta do autor:
Eu volteeeei haha fiquei bem feliz pelo site... que bom que esta aqui <3
Teremos mais do Clã, só estou postando os anteriores para finalmente termos mais um novo capitulo ><
Obrigada por ta aqui e pelo carinho *-*
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