Capítulo 19 Susto
CAPÍTULO 19: Susto.
Júlia acordou com o barulho do despertador, olhou para o lado e o mesmo marcava 08:30 da manhã se mexeu na cama sonolenta e se obrigou a levantar. Tomou seu banho e quando já estava arrumada foi até o quarto de Amanda, bateu na porta e não obteve resposta, colocou a mão na maçaneta e girou a porta se abriu e pode ver a bagunça que o quarto se encontrava, chamou a ruiva e a mesma não respondeu, foi até o banheiro e ela também não estava lá, então desceu as escadas e encontrou Amélia na cozinha preparando o café da manhã perguntou sobre Amanda e quem respondeu foi Sophia que chegou a cozinha.
-- Amanda saiu cedo, com roupa de correr -- sentou-se a mesa e sorriu para elas -- Bom dia.
-- Amélia não vou comer -- Júlia falou se virando para sair da cozinha -- se Amanda chegar me ligue por favor.
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-- Ei – a ruiva que parou por terem pegado em seu braço logo ouviu falarem consigo.
-- Rachel você me assustou! -- Amanda quase gritou pondo a mão em seu peito na direção do coração.
-- Desculpa -- Rachel sorriu sem se controlar -- É que você corria em disparada, quase não consegui te alcançar.
-- Tudo bem -- disse ainda controlando a respiração assustada.
-- Eu só queria saber... se... queria saber... -- estava envergonhada e com medo de levar um "fora" respirou fundo e olhou pro chão -- queria saber se posso te acompanhar na corrida.
Amanda conseguia ver o medo de Rachel, e quase não se lembrava de tê-la visto assim, foram bem poucas as vezes desde que se conheciam que via Rachel sem sua pose de superior a qualquer coisa toda dona de si com receio de dizer alguma coisa.
-- Pode – respondeu de forma simples, pois também sentia falta da amiga.
-- É que quando te vi no portão de casa eu já estava saindo para correr também e pensei que talvez pudesse te acompanhar como antigamente, só vou correr ao seu lado eu prometo e... – começou a falar em disparada sem tomar fôlego quando percebeu o que a ruiva tinha dito – você disse que eu posso? – perguntou confusa.
Amanda não pode deixar de sorrir, ver Rachel assim toda embaraçada com suas próprias palavras a deixava tão fofa que não teria como dizer não a ela.
-- Sim, mas agora vamos logo porque eu não terminei a minha corrida ainda.
-- Vamos – Rachel concordou abrindo um enorme sorriso.
E assim começaram a correr as duas em silencio cada uma com seus pensamentos e apenas aproveitando a companhia uma da outra sem nada a mais, como há muito tempo não faziam.
Correram durante 1 hora e assim que terminaram se encontravam as duas vermelhas e cansadas com respirações pesadas.
Controlando a respiração foram até uma lanchonete que tinha por perto e pediram duas garrafinhas de água, Amanda parecia com muita sede e começou a beber a água da garrafa quase toda em menos de 1 minuto, enquanto Rachel mal conseguia abrir a dela devido ao cansaço e a respiração que ainda lhe faltava, estava difícil acalmar o coração que ainda estava em disparada.
-- Você está bem Rachel? – Amanda observava o cansaço visível da amiga.
-- Acho que sim – falava ainda quase sem voz.
-- Deixa que eu abro pra você – pegou a garrafinha da mão da morena e abriu logo a entregando – senta aqui.
Puxou uma cadeira para a antiga amiga que estava na frente da lanchonete e colocou sua garrafa de água em cima da mesa de plástico que também se encontrava lá.
Rachel sentou-se já quase conseguindo controlar a respiração e bebendo a água devagar que Amanda lhe entregou.
-- Melhorou? – a ruiva perguntou preocupada.
-- Eu estou bem, não se preocupe.
-- Sua respiração ainda esta forte, trouxe a bombinha?
-- Fala baixo Amanda – pediu olhando para os lados vendo se ninguém tinha escutado – vai que alguém escuta.
-- Eu esqueci dessa sua implicância por usar bombinha – falou sorrindo, sem acreditar e se lembrando como era antigamente a amizade das duas, sempre juntas.
-- Eu não uso bombinha – disse fazendo bico – só as vezes que fico em crise, mas ninguém precisa saber.
-- Ta eu esqueci, me desculpa, mas você trouxe?
-- Não, e não se preocupa, eu estou bem só fiquei um pouco sem ar, hoje você estava inspirada nunca tinha corrido desse jeito.
-- Me desculpa, eu realmente esqueci que você fica assim as vezes e acabei exagerando indo muito rápido.
-- Não se preocupa, eu estou bem – falou sorrindo e bebeu mais um gole de sua água e logo deixou a expressão mais seria e indagou preocupada – já você não me parece muito bem, acha mesmo que eu acreditei nessa historia de você ter se machucado? Vai me contar o que aconteceu? Foi aquela loira aguada que fez isso com você?
-- Eu não quero falar sobre isso Rachel – disse deixando de encará-la para encarar o nada olhando pro chão.
-- Eu vou acabar com a Júlia! – disse se exaltando e levantou-se, rapidamente sua respiração começou a pesar que até Amanda conseguia ouvir.
-- Ela não fez nada Rachel, senta aqui por favor.
Rachel acabou sentando e puxando o ar com um pouco mais de força, pois ele parecia sumir e esse ato não passou despercebido por Amanda que se aproximou da morena e entregou a garrafa de água que estava em cima da mesa.
-- Bebe mais um pouco, se acalma, por favor.
-- Eu... eu to bem – disse quase sem voz.
-- Não está, eu vou ligar para o Frederico e ele pede sua bombinha para alguém da sua casa.
-- Não precisa – falou se apoiando na mesa e colocando a cabeça entre os braços a abaixando.
-- Lógico que precisa – disse já pegando o celular para ligar, mas a morena lhe impediu pegando suas mãos.
-- Por favor Amanda, não – respirou ainda sentindo falta de ar – eu vou pra casa, não liga senão todos lá ficaram alarmados sem necessidade.
-- Você mal consegue respirar Rachel.
-- Eu to bem Amanda – disse tentando convencer a si mesma mais do que a amiga.
Se levantou e se aproximou da ruiva e lhe beijou o rosto, Amanda também se levantou.
-- Vou te acompanhar até sua casa.
-- Não é preciso, eu estou bem e vai ficar contra mão pra você.
-- Não me importa, não vou deixar você sozinha desse jeito.
-- Está bem vamos – disse vencida por saber que a amiga não desistiria.
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Júlia foi para casa de Danilo e o colocou informado dos últimos acontecimentos desde a ultima vez que estivera ali. Os dois conversaram durante horas, a loira estava com uma cara péssima e seu amigo percebia isso tentando animá-la de todas as formas possíveis, colocou um filme de comedia para assistirem fez brigadeiro foi no mercado perto dali e comprou sorvete fez de tudo para alegrá-la, mas não parecia dar muito certo então a opção foi ligar para Manuela e a mesma apareceu minutos depois.
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Durante o caminho até a casa de Rachel a morena começou a andar bem devagar com certa dificuldade quase parando e teve que se escorar em Amanda, a ruiva a abraçou preocupada e começaram a andar devagar. Já estavam quase chegando.
Amanda chegou com Rachel até a enorme casa da morena, o que era quase uma mansão. Os empregados que já estavam acostumados a ver sempre a ruivinha ali lhe cumprimentaram assim que a viram entrar, mas se assustaram ao ver a imagem de Rachel que já tinha seus lábios ficando azulados, mas ela disse com a voz baixa que estava bem para não preocupá-los. Amanda seguiu a morena até seu quarto e de imediato viu Rachel revirar algumas prateleiras procurando por sua bombinha.
-- Não esta aqui – Rachel falava em desespero o que dificultava mais a respiração -- Não esta!
-- Calma Rachel eu vou te ajudar a procurar.
-- Não esta aqui Amanda! – disse já com lagrimas nos olhos – eu não consigo respirar.
No momento que a Amanda a viu colocando a mão no peito e puxando com extrema dificuldade o ar, se aproximou colocando uma mão em seu ombro e a outra mão segurou a da morena que estava no peito.
-- Calma linda, fica calma eu vou achar – falou a levando até a cama e a fazendo sentar – fica sentada, procura se acalmar e respira, qual foi a ultima vez que você usou?
-- On... on..tem – tentava dizer sem conseguir, estava se desesperando e desesperando Amanda junto que começou a jogar tudo que via no chão, os livros roupas, tudo que estivesse por perto.
Foi até o banheiro correndo e procurou nas gavetas prateleiras e nada de encontrar, voltou para o quarto desesperada, Rachel já estava deitada com as mãos no peito e puxando o ar com dificuldade mais do que antes.
-- Meu Deus Rachel não faz isso comigo! Você tem sempre uma bombinha de reserva, onde você meteu?
-- A... acabou – disse em um sussurro.
Amanda sem esperar mais correu até a sala da casa da amiga e gritou pelos empregados, talvez algum deles pudesse ter visto.
-- Babá! – gritou pela moça que cuidou de Rachel desde pequena.
-- O que foi menina?
-- Rachel esta muito mal, eu não acho a bombinha dela.
-- Ai meu Deus, essas crises estão piorando – a senhora disse já entrando em desespero e correu até a cozinha pegando um pacote de papel de uma farmácia e entregando para Amanda – eu pedi pra comprarem hoje é outra, acho que a dela acabou, leve pra ela menina, corre.
-- Estou indo – disse pegando o pacote das mãos da senhora e indo as pressas encontrar Rachel.
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Já era tarde e Júlia já tinha voltado para a mansão procurou pela ruiva e os empregados informaram que a mesma ainda não tinha voltado, e isso a preocupou já que a namorada estava desde cedo sem dar noticias, acabou que preferiu não almoçar, pois estava sem fome devido a preocupação.
Ficou um tempo na varanda e quando voltou para dentro da casa encontrou Sophia que tinha um pano no rosto em cima do olho que levou o soco da ruiva.
A morena quando a viu tirou o pano do rosto e deu um sorriso.
-- Sua namorada tem a mão pesada – se referiu ao olho que estava um pouco inchado e aparentava estar querendo ficar roxo, isso explicava o porquê do pano já que nele havia gelo.
-- Bem feito – Júlia soltou já não suportando a presença da morena.
-- Credo Júlia – se levantou para chegar mais perto da loira.
-- Fica onde você está Sophia, sinceramente eu não quero mais nada com você por mais que tente qualquer coisa.
-- Eu percebi isso já – respondeu cabisbaixa – eu quero me desculpar, eu realmente te amo, mas percebi isso tarde demais e errei ao te trair, queria que você me perdoasse.
-- Que bom que sabe que errou.
-- Sim eu sei, e todos os dias me odeio por isso, por ter te deixado escapar.
-- Eu as vezes me odeio por ter te conhecido – Júlia falou com sinceridade e enfim poderia dizer tudo o que queria a quem lhe causou tanta dor.
-- Espero que um dia possa me perdoar – Sophia falou com a voz já embargada.
-- Eu também.
Sem dar mais atenção deixou a morena sozinha e subiu para seu quarto, lá ficou um tempo tentando se distrair ouvindo musicas e acabou pegando no sono.
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Quando Amanda chegou ao quarto viu a morena ainda deitada que parecia quase perder os sentidos, pegou a bombinha tirando do pacote e correu até a amiga a segurou quase a sentando e colocou a bombinha nas mãos de Rachel.
-- Aqui linda, está aqui – viu que Rachel mal conseguia levantar as mãos então a ajudou guiando sua mão com a bombinha até a boca e a ajudou apertar – calma por favor, respira.
Rachel deu uma pequena respirada na bombinha sem conseguir puxar muito o ar, mas essa pequena respirada a ajudou se acalmar um pouco, logo em seguida deu uma puxada do ar na bombinha mais forte do que a anterior, estava melhorando então puxou o ar pela terceira vez já conseguindo respirar.
-- Calma, melhorou? – Amanda perguntou sentada do seu lado ainda segurando sua mão com a bombinha.
-- Obrigada – a voz de Rachel ainda saia muito baixa.
-- Fica calma – passou as mãos no cabelo da morena tirando do rosto – deita um pouco.
Rachel fez o que a ruiva lhe dissera e fechou os olhos controlando ainda seu coração que estava acelerado devido a crise.
-- Onde você achou? – sua voz permanecia muito baixa.
-- A babá me entregou, essa é nova.
-- A minha deve ter acabado então – disse suspirando – ainda bem que ela comprou outra, sempre pensa em tudo.
-- Acabado? Suas bombinhas sempre duram mais de 2 meses e você tinha no mínimo duas, uma delas nós compramos juntas – Amanda disse estranhando.
-- Eu acho que usei demais.
-- Quando foi sua ultima crise, antes da de hoje?
-- Ontem.
Quando falou a ruiva se assustou, desde quando conhecia a amiga sabia que ela as vezes tinha essas crises de asma mas nunca uma seguida da outra, eram poucas as vezes que a morena usava.
-- E antes de ontem também, e antes também, alias todos os dias ultimamente – falou Rosa a babá da morena que entrou no quarto.
-- Não exagera babá – Rachel disse fechando os olhos.
-- Não é exagero menina, ultimamente sua asma vem piorando a cada dia, você usou todas as bombinhas que tinha em casa.
Amanda ficou bem preocupada com a morena já que nunca tinha visto uma crise tão forte quanto essa e sabia que a amiga sempre tinha no maximo umas 2 a 3 crises em um mês, e não todos os dias.
-- Meninas eu preciso sair e ir ao mercado, pois a outra garota ficou doente e não veio trabalhar, você se sente melhor filha? – se aproximou de onde Rachel estava deitada.
-- Estou sim babá, obrigada por ter comprado a bombinha.
-- Por nada – se virou para ruiva e lhe pediu – você poderia ficar com a minha menina enquanto eu não chego Amanda?
-- Claro, eu fico com ela, não se preocupe.
A babá assentiu e se retirou do quarto, logo a morena se levantou o que fez a ruiva a olhar erguendo as sobrancelhas.
-- Onde pensa que vai?
-- Calma – falou sorrindo pela tom da ruiva – eu só vou tomar um banho, estou toda suada e grudando, se quiser pode tomar um banho também ainda tem roupas suas aqui.
-- Tudo bem, eu vou aceitar, porque estou suada também.
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Já estava quase anoitecendo e nada de Amanda voltar para casa, isso já tinha preocupado tanto Júlia que ela não parava de ligar para o celular da ruiva, mas o mesmo só caia na caixa de mensagem.
Não conseguiu almoçar e nem as besteiras que Danilo tinha comprado para agradá-la conseguiu comer, dispensou até seu suco de laranja de todo o dia.
Estava deitada no tapete da sala de vídeo com o celular na mão olhando para o teto enquanto a televisão estava ligada em algum canal aleatório no qual ela não prestava atenção. Todos viam a agonia que a loira se encontrava e até mesmo Sophia se sentiu culpada por isso.
Depois da briga que Sophia teve com Amanda percebeu que estava fazendo mal para a loira, querendo ou não ela estava feliz antes da sua chegada, e ouvi-la dizendo que amava a ruiva lhe apertava o coração ainda mais quando subiu para “seu quarto” e viu a baixinha sentada ao lado da porta da ruiva implorando para que ela a ouvisse. Não tinha nada o que ser feito e ficar impondo a sua presença fazia mal a loira, mas também não desistiria ainda tinha esperanças de Júlia voltar para si então ficaria ao seu lado mesmo não sendo do jeito que queria.
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Rachel já tinha tomado seu banho e como já era tarde e não pretendia sair colocou um pijama de frio de flanela se deitou, pois ainda sentia seu corpo cansado tanto pela corrida de mais cedo quanto por ter passado mal.
Amanda também tinha tomado banho para se livrar do suor e vestiu uma roupa fresca que tinha ficado sua ali, quando viu Rachel com roupa de frio e já deitada se cobrindo, pensou que ela ainda não estivesse se sentindo bem, mas logo entendeu o porquê de tanto agasalho.
Ao chegar perto dela para ver se ela estava bem percebeu o frio que estava devido o ar condicionado que parecia ter sido posto no talo, já estava pronta para brigar e dizer que aquilo ia fazer mal quando percebeu a carinha de Rachel que não mostrava estar bem 100%.
-- Ainda não esta bem não é? – se aproximou sentando na beira da cama.
-- Estou sim.
-- Não mente pra mim – pediu fazendo um afago nos cabelos castanhos da garota deitada.
-- Não estou mentindo, porem também queria saber o que aconteceu com o seu rosto.
-- Meu celular descarregou, eu posso usar o telefone da sua casa para fazer uma ligação? – seu celular realmente estava descarregado, mas isso era também uma desculpa para não entrar nesse assunto.
-- Claro.
-- Eu já volto, qualquer coisa me grita – levantou-se e deu um beijo na testa de Rachel, logo depois saiu em direção ao telefone para fazer sua ligação.
Fim do capítulo
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