Capítulo 18 O que fazer?
CAPÍTULO 18: O que fazer?
Amanda subiu para seu quarto sem saber o que fazer. Realmente o que Júlia falou fazia sentido, ninguém aguentaria um namoro as escondidas por muito tempo nem ela mesma aguentaria.
Só de pensar que pudesse ter várias garotas atrás de Júlia por não saberem que ela namora já a deixava morta de ciúmes. Queria se assumir para sua família, só tinha medo de fazê-lo e decepcionar sua mãe e seu padrasto. Talvez não estivesse tão preparada assim, mas não queria perder a loirinha, e não iria. Tomou essa decisão se levantando da cama para ir conversar com Júlia, antes de sair do seu quarto recebeu uma mensagem de Danilo que dizia:
"Pega leve com a Júlia ruiva, ela se expressou mal, você sabe que ela te ama."
Sorriu com a mensagem do amigo e foi até a sala onde tinha deixado sua namorada.
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Sophia puxou Júlia pela cintura apertando-a mais durante o beijo, já Júlia continuava sem nenhuma reação.
Não podia negar que Sophia continuava linda, talvez até mais do que quando se conheceram. Seu beijo talvez fosse o mesmo, mas ainda assim não era igual. Não conseguia sentir nada de antes com os lábios da morena encostado aos seus.
Nenhuma sensação única, nenhum arrepio, nada além de um sentimento de estranho do qual nem ela mesma conseguia descrever.
O beijo só foi cessado devido a um barulho bem próximo das duas.
Sophia que tinha uma mão na cintura da loira e a outra em sua nuca a soltou devagar, quando olhou para onde veio o barulho conseguiu ver Amanda bem próxima delas, apenas as observando.
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Quando Amanda estava descendo as escadas avistou Júlia de costas para a escada em um beijo com Sophia, não conseguiu acreditar no que seus olhos estavam vendo, sua reação foi somente se aproximar mais e ficar olhando aquele beijo sem nada a dizer.
Viu quando Sophia aproximou mais os corpos das duas e entrelaçou a mão pelo cabelo da loira puxando-a pela nuca aprofundando mais o beijo. Essa cena a fez sentir uma dor no estômago, quando terminou de descer as escadas no último degrau fez um barulho sem querer o que pareceu ter despertado o transe que as duas pareciam se encontrar.
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Júlia enfim teve seu corpo solto e conseguiu respirar, estava alheia ao seu redor e nem tinha escutado o barulho que fez Sophia lhe soltar, tentava entender ainda o que a morena tinha feito, e porque ficou sem reação alguma.
Foi despertada de seu estado de inércia pelas palavras de Sophia.
-- Boa noite Amanda – Sophia que ainda tinha sua boca avermelhada devido ao beijo dizia sorrindo como se não tivesse feito nada demais.
Só então ouvindo as palavras de Sophia que Júlia se virou para onde a morena olhava e não pode deixar de mostrar sua surpresa arregalando os olhos e erguendo as sobrancelhas ao ver Amanda que estava as encarando sem dizer nada.
-- Amanda eu... -- tentou dizer, mas as palavras pareciam lhe fugir então tentou se acalmar engolindo a saliva e voltar sua respiração que ainda estava irregular.
-- Não precisa tentar se desculpar com ela amor -- Sophia a interrompeu -- cedo ou mais tarde ela sabia que isso ia acontecer porque isso sempre acontece com quem amamos e esse é o nosso caso, você não deixou de me amar.
Sophia dizia cada palavra com calma e continuava com seu sorriso no rosto, sua intenção ao interromper Júlia é que ela não conseguisse se explicar e que Amanda entendesse tudo errado então se aproximou mais de Júlia e tocou sua mão na intenção de puxá-la para si porem Júlia finalmente teve alguma reação e se afastou.
-- Não! -- disse em desespero, pois tinha certeza que Amanda acreditava nas palavras da morena -- Amanda não é isso...
-- Claro que é Júlia, chega de mentir para si mesma, a Amanda entende -- Sophia falou novamente querendo convencer a ruiva -- Não é querida?
-- Cala a boca Sophia! -- Júlia disse indo para perto de Amanda e a segurando pelos braços -- Amor não é isso que você esta pensando, esse beijo... Esse beijo não significou nada... Eu não fiz nada...
-- Me solta Júlia -- Amanda disse com uma suposta calma a qual ela não sentia, e sua voz continuou moderada -- eu pedi para me soltar.
-- Amanda você entendeu errado amor, eu não beijei ela -- Júlia disse em desespero sem solta-la.
-- Eu pedi para me soltar Júlia! -- dessa vez alterou um pouco seu tom de voz e puxou seus braços, quando já ia se virando para subir as escadas ouviu a voz de Sophia novamente.
-- Amanda desde quando eu cheguei você percebeu a reação de Júlia, ela fica desconcertada toda vez que eu me aproximo, é claro que ela não me esqueceu, nem poderia, não quero dizer que ela não poderia ter se apaixonado por você... É claro que podia, mas é um pouco improvável se apaixonar por uma garota como você -- dito isso ganhou a atenção de Amanda novamente que se virou para encara-la, então continuou -- Você até é bonitinha, mas não passa de um rosto bonito, é mimada e sem conteúdo, Júlia tentou me esquecer e até se apaixonou por você, mas é só isso a historia de vocês termina aqui.
-- A minha paciência com você termina aqui -- Amanda falou e já avançou em cima da morena lhe derrubando e desferindo um tapa.
Esse tapa pegou em cheio na face de Sophia. A morena não deixou por menos e revidou a agressão, então as duas começaram uma briga e Júlia tentava separá-las, mas sem muito sucesso. Era a mais baixa das duas e isso dificultava um pouco a situação.
Amanda se encontrava por cima de Sophia e lhe distribuía tapas e socos, Sophia puxou seus cabelos com bastante força a fazendo ficar um pouco sem forças e aproveitou esse momento para trocar de posição lhe acertando tapas no rosto da ruiva que já se encontrava avermelhado tanto pelo nervoso quanto pela força da mão da morena.
Sophia que agora estava por cima tinha uma perna de cada lado do quadril de Amanda, Júlia a puxou com toda a força que tinha, a pegou pela cintura e puxou para tira-la de cima de Amanda e caiu a trazendo para cima de si. A morena se soltou da loira e se levantou assim como Júlia também fez.
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No momento que Júlia tirou Sophia de cima de Amanda, a ruiva se levantou e pegou uma cadeira que parecia daquelas antigas de balanço que estava no canto da sala e arremessou para cima de Sophia que se levantava arrumando sua postura. A morena pensou rápido quando viu a cadeira vindo em sua direção e se abaixou como Júlia também fez já que estava ao lado da morena, por sorte a cadeira passou por cima de si sem lhe tocar.
Sophia avançou novamente para cima de Amanda a empurrando, a ruiva lhe acertou um soco certeiro no olho direito a fazendo da um passo para trás, quando Sophia voltou para ir em cima da ruiva para agredi-la novamente com seus tapas e socos Júlia foi novamente até elas e empurrou a morena a afastando e segurando Amanda que queria ainda bater na morena.
-- Para vocês duas! – gritou ainda segurando Amanda pelos ombros.
-- Me solta! -- Amanda dizia tentando tirar as mãos da loira de cima de si.
-- Chega Amanda!
-- Defende mesmo essa vadia! – disse se soltando e dando um passo para longe da loira
-- Eu não estou a defendendo, eu te amo Amanda, para com isso, não vale apena! – as vozes das duas estavam alteradas, e Júlia procurou gritar para ver se entrava na cabeça da ruiva que era ela quem tinha seu amor.
Quando Sophia foi empurrada por Júlia ainda com seu olho doendo estava com um ódio mortal da ruiva, ela tinha a mão pesada seu soco era dolorido, mas ouvir Júlia dizendo para a mesma que a amava a fez perder a cabeça. Ainda nervosa pela briga e sem parar para pensar pegou a mesma cadeira que foi arremessada pela ruiva e jogou contra ela.
Pegou em cheio!
Amanda foi atingida pela cadeira que era feita de pura madeira e pesada, as pernas da cadeira pegaram na sua boca e queixo, o corpo da cadeira na parte do seu colo, peito, ombros e braços. O impacto da cadeira de balanço com seu corpo foi forte de uma maneira que a fez tropeçar dando passos para trás, porem não caiu.
A dor foi tão grande que de imediato lagrimas escaparam de seus olhos e se abaixou praticamente caindo no chão de bunda e impulsionou seu corpo para frente se encolhendo tentando diminuir a dor.
-- Você esta louca Sophia! – Júlia gritou se aproximando de Amanda – Amor, me deixa ver isso.
Amanda só chorava baixo e gemia de dor, sua boca era o que mais doía, sentiu gosto de sangue e não pode deixar de cuspir.
Quando Júlia a viu cuspir sangue a olhou assustada e segurou seu rosto levantando para olhar seu rosto, Amanda estava com dor sua cara demonstrava isso e seus gemidos deixavam a loira ver sua boca que estava sangrando.
Sophia até se assustou também ao ver Amanda cuspir sangue, não sabia que seu ato impensado pudesse machucá-la dessa forma.
-- Ai... Sai Júlia – Amanda disse tentando secar seu rosto que era molhado por lagrimas que não paravam de cair, colocou a mão devagar na boca tentando limpar um pouco o que sentia que ainda escorria.
Escorria mesmo, tinha um filete de sangue escorrendo da sua boca até seu queixo.
-- Tem que por gelo, eu vou buscar – Júlia falou se levantando, e viu Amanda tentar levantar também – fica sentada amor, eu já volto.
-- Não precisa – acabou cuspindo novamente, achando isso horrível de se fazer ainda mais na sala porem não podia engolir o sangue, mesmo sem engolir sua boca já ficava com um gosto de ferro.
Levantou-se e a loira foi lhe ajudar, mas Amanda puxou com um pouco de brusquidão seus braços e se pôs de pé sozinha.
-- Não me toca, não quero sua ajuda, fica com sua ex, a torne novamente sua namorada – se virou e encaminhou-se até as escadas subiu dois degraus e se virou para onde Júlia tinha ficado e olhou diretamente nos olhos de Sophia – Faça bom aproveito Sophia, você venceu. -- deu as costas para as duas e voltou a subir as escadas.
-- Amanda espera! – Júlia gritou, mas a ruiva não parou, foi atrás dela que subia as escadas apressada e teve a porta do quarto fechada em sua cara, tentou abri-la girando a maçaneta porem a porta tinha sido trancada – abre essa porta Amanda!
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Passou um tempo e Júlia continuava na porta do quarto da ruiva implorando para que a mesma abrisse a porta, precisava lhe explicar o que tinha acontecido, lhe pedir desculpas por não ter tido reação, a convencer que a amava, porem estava difícil pois Amanda não estava dando essa chance.
-- Abre essa porta amor, me ouça -- Júlia disse encostando a cabeça na porta -- Não faz assim, abre essa porta, por favor. -- sua voz era de suplica, pedia com um certo desespero na voz.
Apenas se ouvia um barulho dentro do quarto da ruiva que Júlia sabia que era seu choro, esse fato apertou seu peito.
Ficou durante um tempo esperando Amanda abrir a porta, mas a mesma não o fez. Sentou-se do lado da porta e logo depois ouviu barulhos de objetos sendo quebrados, se levantou e novamente de frente para a porta pediu.
-- Amanda abre essa porta, me escuta, por favor, precisamos conversar, você se machucou, tem que por gelo na sua boca, abre logo essa porta.
-- SOME DA MINHA VIDA -- respondeu a ruiva dentro do quarto arremessando um porta jóias que tinha na sua cômoda na porta o fazendo se espatifar.
-- Abre essa droga de porta Amanda! -- Júlia já dizia preocupada.
Não teve mais resposta e mesmo assim ficou sentada de frente a porta apenas ouvindo objetos serem quebrados.
Ficou assim por horas e nada da ruiva sair do quarto, durante um tempo só se ouvia o barulho de um choro abafado e depois não se ouvia mais nada.
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Amélia estava na cozinha durante a briga e ouviu toda a discussão, a senhora não se meteu pois por mais que gostasse das jovens patroas ainda assim sabia que era apenas uma empregada da mansão e se colocava em seu lugar porem mesmo tendo essa postura não conseguia não se preocupar, Júlia havia conquistado seu carinho.
Subiu as escadas para ir em direção ao quarto da loira, mas não foi preciso ir até seu quarto, encontrou a loira que tinha os olhos avermelhados sentada ao lado da porta.
-- Dona Júlia -- se aproximou e se abaixou na altura da jovem -- já está tarde, é melhor ir para seu quarto.
-- Eu não vou Amélia, não enquanto Amanda não abrir essa porta e conversar comigo.
-- Júlia se eu bem conheço a menina Amanda depois de todos esses anos que trabalho nessa casa, ela não vai sair desse quarto hoje e já deve ter dormido.
-- Não é possível Amélia, eu não posso sair daqui.
-- De um tempo pra ela menina, se fosse ao contrário como você agiria?
-- Eu não sei -- disse em um suspiro pesado se sentindo cansada.
-- Então deixe ela pensar um pouco.
-- Tudo bem -- disse sabendo que a ruiva não abriria a porta -- obrigada Amélia.
Saiu para seu quarto, tomou um banho e se deitou para tentar relaxar, mas mesmo assim estava tensa e incomodada, nunca podia ter deixado Sophia se aproximar daquela forma, agora que já estava feito toda essa bagunça tinha que arrumar. Ficou horas rolando na cama até que o sono conseguiu lhe atingir.
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Amanda acordou bem cedo e se sentia péssima e dolorida, seu corpo todo doía, mas o que mais doía alem da sua boca que estava com um corte por fora e se encontrava muito inchada, pois também tinha cortado por dentro devido ao impacto da cadeira com seus lábios que cortaram nos seus dentes, o que mais doía era seu peito ao lembrar-se de Júlia aos beijos com Sophia.
Olhou para seu quarto quase todo destruído com potes de cremes e perfumes jogados ao chão a maioria todos quebrados e alguns objetos espatifados em todo o canto.
Levantou-se não querendo sair da cama, mas decidiu ir correr para ver se esquecia tudo o que lhe atormentou na noite anterior.
Tudo o que passava na sua mente era a cena que viu de Júlia e Sophia, tentava tirar essa cena da cabeça correndo o mais rápido que podia mesmo sentindo uma dor terrível no corpo, até que uma hora se viu sem ar e parou curvando seu corpo apoiando as mãos no joelho, assim que acalmava sua respiração olhou para a casa que estava do lado, com portões de grades enormes que davam a visão de um longo e vasto gramado e um jardim, e logo reconheceu a casa de Rachel.
Não tinha percebido que correu até aquele lado da cidade, mas seu subconsciente a levou até a casa da antiga amiga. Sentiu uma vontade enorme de tocar a campainha e abraçar a amiga porem ainda sentia mágoa do último encontro.
Ia dando as costas já ajeitando sua postura para voltar a correr quando parou ainda de costas ao ouvir o barulho do grande portão da casa de sua amiga.
-- Amanda? -- Rachel chamou surpresa reconhecendo a ruiva mesmo de costas.
Os ombros de Amanda pesaram, e a mesma teve que puxar a respiração de um modo difícil e a soltou de uma vez só, sentia-se como se tivesse sido pega em flagrante cometendo um delito, mas afinal porque se sentia assim? Não foi até a casa da antiga amiga de propósito, apenas quando viu estava lá.
Virou com calma para encarar Rachel e lhe respondeu como se estivesse tudo bem.
-- Oi Rachel.
-- O que faz aqui? -- a garota de cabelos castanhos não deixava sua surpresa e curiosidade de lado, surgiu em si uma esperança da ruiva ter lhe perdoado e ido lhe ver, mas antes que a ruiva lhe respondesse se assustou ao ver o rosto da dela que tinha o queixo meio roxo e a boca super inchada. – O que aconteceu com seu rosto? – falou se aproximando, porem a ruiva deu um passo para trás o que também a fez parar de ir ao seu encontro.
-- Estava só correndo e acabei aqui, e não aconteceu nada, eu apenas me machuquei.
-- Ah sim -- respondeu com uma certa tristeza na voz ao perceber a resposta seca de Amanda -- como nos velhos tempos ein?
-- O que você quer dizer com isso? – perguntou erguendo as sobrancelhas sem entender.
-- Você nunca corre pela manhã, a menos que algo esteja errado, e sempre que fazia isso você vinha aqui para corrermos juntas.
Rachel respondeu surpreendendo a ruiva que nunca tinha reparado nisso.
-- Quer me contar o que aconteceu? -- Rachel disse com uma voz calma.
-- Nada, eu só estava a fim de correr -- mentiu -- acabei aqui, mas desculpa tomar seu tempo eu já vou indo.
-- Não tomou nada, eu sinto a sua falta Amanda -- Rachel soltou com sinceridade.
-- Rachel eu preciso ir, vou correr mais um pouco -- dizendo isso deu as costas a morena e retomou a corrida sem esperar a resposta.
Nunca tinha reparado que realmente sempre que as coisas não estavam bem para ela, ia até sua amiga e percebeu que isso realmente sempre acontecia principalmente quando o assunto era seus avós maternos que a perturbavam com o assunto de seu pai biológico.
Estava apenas correndo sem perceber nada a sua volta quando de repente sentiu sendo pega por um dos braços atrapalhando sua corrida. Parou assustada e olhou para a pessoa que segurou seu braço.
Fim do capítulo
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