Capítulo 6
Construindo o Amor -- Capítulo 6
Duda, Jorge e Kleber encontraram-se no escritório da Supra na segunda-feira, como haviam combinado.
-- Vamos discutir primeiro valores financeiros, depois analisaremos documentos, alvarás e licenças. O estado do prédio, estrutura, deixaremos para um engenheiro avaliar. Ok? - Jorge conhecia o mercado de imóveis como ninguém, eram anos e anos de experiência adquirida no seu trabalho para a construtora.
Kleber facilitou em muito a venda, pediu o preço exato de mercado. Sua ansiedade em deixar o país e começar vida nova no exterior com seu namorado era enorme, por isso terminaram a reunião com quase tudo acertado.
Entraram no primeiro bar que encontraram para comemorar o sucesso da compra.
-- Agora é só bebemorar, bibete. Vamos encher a cara com suco de açaí?
-- Não tem algo melhor não? - fez careta só de pensar.
-- Podemos tomar Rum, bebida de macho.
-- Prefiro açaí - pediram cerveja.
-- Fizemos um bom negócio, não foi?
-- Sapinha, o seu amigo Kleber é um cara bem organizado. As licenças e demais documentos estão todos em dia, as dividas que assumiremos são baixíssimas. Ele fez uma excelente administração.
-- O Kleber sempre foi da noite, mas agora que arrumou esse namorado, achou melhor mudar o estilo de vida. São coisas do amor. Falando em amor, o que o seu namorado faz pra viver?
-- Trabalha como bartender em um barzinho.
-- Quero conhecer ele Jorge.
-- Claro qualquer dia te apresento - daqui uns dez anos. Pensou.
-- Quero conhecer hoje - Jorge se engasgou com a bebida.
-- Não mesmo - sabia que devia ter ficado de boca fechada.
-- Por que não? Você está com medo de que? Que eu fale alguma besteira?
-- Imagina - virou os olhos.
-- Traz a conta, por favor - Duda pediu quando o garçom passou pela mesa - paga aí biba e vamos.
-- Você tem mais dinheiro que eu sapa e vamos pra onde?
-- Como pra onde? Que parte do "quero conhecer o bartender" que você não entendeu?
O garçom chegou com a conta Jorge pagou e correu atrás dela que já estava na porta do carro.
-- Não, não, não - Jorge quase chorava.
-- Para de ser menina. Só vamos olhar de longe e provar uns drinques, prometo.
-- Jura que vai se comportar, jura, por favor - juntou as mãos como se implorasse.
-- Até parece que sou assim né Jorge, mas juro mesmo assim - entraram no carro de Duda e foram para o Leblon.
O bar estava cheio, muitos surfistas que estavam ali eram amigos de Eduarda e já haviam surfado juntos pelas praias do Brasil. Foi recebidas pelos surfistas com festa.
Jorge sentou na mesma mesa do dia em que veio com Rafaela. Ficou observando a garota no meio dos surfistas, eles a beijavam, espalhavam seus cabelos, a levantavam no alto, todos a tratavam com muito carinho.
Ela chamava a atenção de todos. Tinha uma beleza moleca, do tipo que não precisava de nenhuma produção. Parecia uma modelo, vestia uma calça jeans justa rasgada na perna, baby look branca e tênis.
Olhou para o balcão e viu Eddie sorrindo pra ele, quase derreteu.
-- Vamos até lá Jorge - não foi difícil descobrir quem era o pretendente de Jorge, pois ele babava olhando para um loiro que estava atrás do balcão.
-- Meu Deus quer me matar de susto? - deu um gritinho -- Se teletransportou é?
-- Cara lembrei aonde ouvi o nome Eddie. Vem comigo - foi até o balcão.
Jorge se levantou rápido e foi atrás dela, tinha que impedir um desastre. Quando chegou até eles Duda já estava se apresentando.
-- Oi, sou a Duda tudo bem?
-- Oi prazer, sou o Eddie - foi simpático com a menina - oi Jorge - cumprimentou o rapaz que acabava de chegar assustado.
-- Como vai Eddie? - perguntou com voz cheia de dengo.
-- Sabia que você tem o mesmo nome da hiena vesga do rei leão? - Duda perguntou para Eddie. Jorge quase morreu.
-- Não sabia. Que interessante - o bartender olhou admirado pra ela.
-- Não assistiu rei leão?
-- Não, mas agora estou curioso. Quando chegar em casa vou direto procurar na internet.
-- Eddie quero que saiba que eu não costumo sair com crianças, mas hoje não tinha com quem deixar ela - brincou.
-- Engraçadinho. Fala pra gente Eddie você fica aí a noite inteira só fazendo drinques? É legal o seu trabalho? E se os caras só pedirem cervejas à noite inteira o que você fica fazendo? Você tem namorada ou namorado, sei lá.
-- Duda, menos. Eddie desculpe tá, acho que deram alguma droga pra ela. Você poderia preparar algum drinque pra gente? Só que algo leve, essa garota bêbada seria o pior dos meus pesadelos - Eddie riu dos dois, pareciam duas crianças.
Eddie trouxe as bebidas para os dois e ficou com eles conversando. Eduarda contou sobre as três hienas: Eddie, Chanzie e Banzay. Conversaram até o bar fechar. Esperaram Eddie largar o trabalho e lhe deram carona. No caminho até a casa do bartender foram cantando juntos a musica; Circle Of Life do filme Rei Leão como velhos amigos.
-- Vamos subir? - perguntou Eddie assim que Duda parou o carro em frente ao seu prédio.
-- Eu não posso, mas o Jorge pode.
-- Duda, o que é isso? - Jorge quase se enfiou embaixo do banco do carro.
-- Mas é verdade, você não tem hora pra acordar, eu tenho.
-- Sério? Pra assistir o Bob Esponja? - esqueceram de Eddie.
-- Não pra... - Duda foi interrompida pelo Eddie.
-- Chega os dois. Então vamos Jorge. Duda vai com Deus, toma cuidado - beijou no rosto dela e saiu em direção ao prédio.
-- Biba decidida - ligou o carro - vai lá Jorge e faz como te ensinei.
-- Vai pra casa é hora de criança estar na cama - jogou um beijo.
No dia seguinte como havia prometido Jorge foi visitar Rafaela. Estava acostumado a ver a amiga todos os dias na construtora, agora sentia muito a falta dela. Rafaela recepcionou Jorge com muito carinho, pegou ele pela mão e o levou até o sofá.
-- Querido acho que você terá que vir todos os dias aqui. Pra quem vou contar os acontecimentos do dia?
-- Sempre que possível virei minha deusa. Talvez nossos horários não batam, mas sempre darei um jeito. Também preciso de você para desabafar.
-- Agora você tem a "Dudinha" - usou de ironia.
-- Não fala assim, sabe que ontem ela me ajudou muito com o Eddie. Graças a cara de pau dela estamos começando a nos entender.
-- Sério? O que rolou entre vocês?
-- Vou contar desde o começo. Depois me diz se ela não é pirada.
Jorge contou com detalhes tudo o que aconteceu na noite anterior. Rafaela riu muito imaginando o amigo pra cima e pra baixo com uma adolescente sem noção e cheia de energia como ela. Queria ver até quando o amigo trintão teria pique pra acompanhar a garota em suas aventuras.
Pérola estava esperando Eduarda em frente à Supra quando Sheila chegou.
-- Ainda por aqui DJ? Pensei que já havia terminado o seu contrato.
-- Hoje é minha ultima noite na cabine - respondeu encostando-se a um carro estacionado.
-- E tá fazendo o que aqui fora? - Sheila encarou a morena esperando uma resposta.
-- A Duda por quê? Algum problema? - já estava perdendo a paciência com a loira metida.
-- Você não se toca mesmo né, não vê que você é perua de fora? Acho bom você ir caindo fora se não a coisa vai ficar feia pro seu lado - estufou o peito pra cima de Pérola.
-- O que? Tá me ameaçando? Acha que eu tenho medo de você? - Deu uma gargalhada.
-- Tá dado o recado sua piranha, vagabunda - deu de dedo na cara da DJ.
Escutaram um grupinho que passava gritar: --"porr*da, porr*da...".
Esperaram as pessoas passarem para então continuar.
-- Você não sabe com quem está mexendo, entra antes que eu te meta a mão na cara - voltou a encostar-se no carro.
-- Mas bah tchê, tô morrendo de medo dessa papuda. Foi a gota d'água na paciência de Pérola. Deu um empurrão na loira que perdeu o equilíbrio e caiu pra trás, batendo com a bunda nas pedrinhas do chão. Pérola ainda pulou em cima de Sheila para bater mais. A loira para se defender puxava os cabelos da morena, que saíam aos montes. Pérola cravou a unha nos seios de Sheila que gritou de dor.
As pessoas que passavam pelo local e viam as duas rolando no chão, imediatamente paravam e faziam torcida.
Eduarda colocou o carro no estacionamento da Supra e estava caminhando em direção a entrada quando viu a rodinha que gritava - "dá-lhe loira e dá-lhe loira, olê, olê, olê, olêêê". Por curiosidade foi ver o que estava acontecendo.
-- Sheila? Pérola? - correu para separar as duas - Suas loucas - tentou puxar Pérola de cima de Sheila, mas ficou apenas com a blusa da DJ na mão.
Pérola percebendo que estava só de sutiã levantou rápido se cobrindo com as próprias mãos. A loira ria com gosto.
De repente o lugar esvaziou, a plateia sumiu como por encanto. As três se viraram e deram de cara com duas policiais.
-- Quem é a responsável por essa vergonheira? - olhou para as três.
-- É ela - as duas falaram juntas e apontaram para Eduarda.
-- EUUU? - Eduarda não se acreditava - Mas não fiz nada.
-- E essa blusa aí? - a policial apontou para a mão de Eduarda.
-- Ela arrancou de... -Pérola começou a chorar - Que vergonha - arrancou a blusa da mão de Eduarda e se cobriu.
-- Não fui eu. Sheila explica pra ela - Sheila olhava pra cima - Sheila fala que eu não tenho nada haver com a briga - Sheila olhando pras unhas.
-- Eduarda eu te conheço de outras confusões - falou a policial.
-- Eu posso explicar tudinho - quase chorando.
-- E vai, mas não pra mim, lá pra delegada de plantão. Vamos.
Antes de entrar no carro das policiais Eduarda ainda berrou para agora ex-amigas:
-- Torçam para eu pegar prisão perpétua ou pena de morte se não eu volto e acabo com vocês duas - entrou no carro e foi levada.
As duas ficara olhando o carro ir embora até desaparecer na curva.
-- Acho que a gente pegou pesado - Sheila estava arrependida.
-- Ela é rica daqui a umas horas estará solta. Se fosse a gente iriamos mofar lá, só Deus sabe até quando. Vamos, me ajuda a arrumar uma blusa pra vestir.
Na delegacia:
-- Eduarda Manteuffel Jeser - a delegada apenas confirmou, pois já conhecia a filha de Eduardo Jeser de outras ocorrências.
-- A própria - ainda não havia se conformado com a maldade das duas traíras.
-- Você já conhece os seus direitos não é? - a delegada perguntou de cabeça baixa fazendo algumas anotações.
-- Conheço. Preciso de um telefone e da minha bombinha que a policial pegou pensando que era uma bomba caseira.
-- Pode ligar daqui - empurrou o telefone para perto dela - Vou buscar a bombinha.
Pensou para quem ligaria aquela hora da noite. Tinha a disposição uns cinco advogados que cuidavam dos assuntos da família, mas não estava a fim de ouvir sermão de ninguém, muito menos de pessoas que sequer conhecia. Resolveu ligar para Jorge.
Depois de uns dez tipos de piti e umas três ameaças de desmaio, Jorge se prontificou a ajudar.
Jorge estava no apartamento de Rafaela. Tomavam vinho e conversavam tranquilamente sobre assuntos diversos quando o celular de Jorge tocou. Olhou no visor e viu "sapinha".
-- Preciso atender é a Duda - Rafaela ameaçou colocar o dedo na garganta pra vomitar. Jorge virou os olhos.
-- Fala sapinha o que lhe aflige? - perguntou com toda calma do mundo.
-- Estou na delegacia Jorge, fui detida - falou e ficou esperando o surto do amigo.
-- O que? - berrou e começou a andar pela sala com a mão na cabeça como se fosse desmaiar - Você matou alguém?
-- Ainda não, antes preciso sair daqui. Consegue um advogado pra mim?
-- Consigo, aguenta firme aí, seja forte, não deixa ninguém te tocar, se alguém tentar grita alto, nos filmes... - Rafaela pegou o celular da mão do amigo.
-- Eduarda o Jorge está em crise, mas fica tranquila que ele já, já... - deu um tapa na cabeça do amigo - vai se recuperar e resolve tudo. Ok?
-- Obrigada, vou esperar. Beijo - ficou esperando a resposta.
-- Beijo - Rafaela ficou pensativa por alguns segundos, parecia sentir o beijo.
-- O que eu faço agora mona? Estou nervoso - Jorge cortou os pensamentos de Rafaela.
-- Liga pra Claudia e a leve com você, ela é uma ótima advogada vai saber o que fazer.
-- Você é minha deusa sabia? - beijou a amiga e saiu correndo.
Eduarda estava aguardando Jorge sentada na sala da delegada. A mulher que aparentava ter aproximadamente uns quarenta anos era de pouca conversa e Eduarda já não aguentava mais ficar de boca fechada.
-- O cara está preso na delegacia. O advogado comparece para libertá-lo e pergunta o que havia acontecido. O cliente preso começa a explicar: - Bem, eu estava passando na rua e de repente vi um monte de gente correndo. Estavam socorrendo uma prostituta que acabava de dar a luz a um lindo menino. Então um PM se aproximou de mim e perguntou: - O que é isso? E eu respondi: - É a puta que pariu!
A delegada olhou séria para ela, depois voltou a atenção para os papéis a sua frente.
-- Ei você, não entendeu a piada? - perguntou irritada.
-- Entendi, mas não achei graça. Vou ligar para o seu pai Eduarda - puxou o telefone para mais próximo dela.
-- Ele está na França. Não vale a pena incomoda-lo - falou aliviada.
-- E seu avô?
-- Não seria correto chama-lo há essa hora. Olha Dra. Pamela, daqui a pouco meu advogado estará aqui e a gente resolve esse mal entendido. Das outras vezes tudo bem, eu era menor e a senhora tinha que chamar meu pai, mas agora não precisa eu posso resolver sozinha.
-- Eduarda, eu falei pra você ficar longe de confusões. Eu não quero te prejudicar, seu pai é um homem maravilhoso e não merece esses aborrecimentos.
Eduarda sentia náuseas cada vez que a delegada começava a dar sermões e a falar do seu pai. Só podia ser paixão recolhida. Deu graças quando viu Jorge parado na porta.
-- Com licença Doutora - Jorge entrou com Claudia ao seu lado - Essa é a Dra. Claudia advogada.
Eduarda quando viu Claudia até esqueceu que estava em uma delegacia. As pernas dela eram tão lindas, grossas e torneadas, bumbum grande e seios fartos. Aquelas coxonas saradas. Que tesão era aquela mulher.
-- Posso conversar com minha cliente em particular doutora?
-- Claro. Me chamem quando terminarem - Pamela saiu da sala rindo, era sempre assim as amiguinhas sempre aprontavam e Eduarda pagava sozinha.
-- Eduarda quero que me conte tudo desse o inicio e não minta porque aquele lugar está cheio de câmeras e já solicitei as filmagens.
-- Posso sentar aqui na sua frente? - a visão das pernas da advogada era tão maravilhosa que Eduarda fez questão de contar a história umas três vezes.
Decorrido os trâmites legais Eduarda foi liberada.
-- E não me apareça mais por aqui se não te prendo e você só sai com ordem do juiz - Pamela ameaçou.
.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Maria Flor
Em: 23/09/2015
Se eu fosse a Duda, dava na cara das duas traíras. Só acho, hahahahahaha.
Beijo, Vandinha. Até breve :)
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Sem cadastro
Em: 22/09/2015
Vandinha!
Ainda não havia lido esse seu romance, portanto ela é inédito para mim.
Estou adorando. Acho que a Rafa sentiu o beijo de verdade. Seta?
Ansiosa pelos próximos capítulos
beijos
Resposta do autor:
Olá Pietra. Espero que curta ler o romance da mesma forma que curti escrever. Bjã querida. Até.
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