With the Stars por Alex B
CapÃtulo 38
Destranquei a porta de casa e dei espaço para Camila passar. Pude escutar a TV ligada enquanto fechava a porta e colocava as chaves no lugar.
-- Vou cumprimentar seus pais.
-- Vai lá, amor. Me dê suas coisas que levo pro meu quarto.
Dei um selinho nela. Enquanto se dirigia para a sala eu subi as escadas. Antes de entrar no meu quarto vi meu irmão sair do dele todo arrumado.
-- Vai onde, Sean?
-- Sair com uns amigos. – Respondeu já indo em direção as escadas.
-- Assim tão tarde já?
-- Vou dormir na casa do Kevin. Amanhã to de volta. Falou, mana.
-- “Falou”? – Levantei uma sobrancelha, mas ele já tinha descido as escadas. – Falou, então.
Deixei as coisas de Camila na cama. Aprovei para recolher algumas peças de roupas minha que estavam espalhadas pelo quarto. Na pressa de me arrumar para o treino, acabo fazendo bagunça. Sempre.
Resolvi tomar um banho também. Peguei meu celular e coloquei em uma playlist qualquer.
Coloquei o volume na metade e entrei no banheiro. Tirei minha roupa e observei meu corpo. Se havia alguma consequência imediata dos meus treinos mais intensos, com certeza era que estavam deixando meu corpo mais definido. Sorri com isso, gostava de estar em forma.
Deixei meus pensamentos livres. Pensei nas muitas coisas que tinham acontecido neste ano que estava para se encerrar. Com certeza a melhor delas era ter conhecido Camila. Repassar os momentos pela memória me lembrou do acidente. E dos pesadelos também. Minha terapia continuava firme e forte e meus pesadelos quase inexistentes agora. Sorri com isso e agradeci por ter cedido as insistências de Camz e dos meus pais para procurar ajuda.
Permiti-me viajar para o futuro. Para Nova York. Em como será a vida em uma cidade grande. Em como será a universidade. E uma das possibilidades que andava pensando, o fato de que moraria com Camila. Era uma realidade bem próxima, já que íamos para a mesma cidade. O sorriso no meu rosto foi inevitável, e nem me atrevi a retirá-lo.
Terminei o banho calmamente. Como tinha levado roupa para o banheiro, me troquei ali mesmo. Uma calça de moletom cinza e uma regata branca. Sai do banheiro e ajustei o aquecedor do quarto. Olhei pela janela e observei a neve cair tranquilamente. Calcei os chinelos e resolvi descer, já que Camila estava demorando a subir.
Cheguei na sala e vi minha namorada envolvida em uma conversa com minha mãe e minha irmã. Ela estava sozinha no sofá menor. Cumprimentei minha família e me aproximei lentamente sentando ao seu lado. Elas estavam falando sobre algum diretor de cinema. Não me interessei pela conversa, então apenas me aconcheguei recostando minha cabeça no colo de Camz. Não demorou e ela começou a fazer um carinho suave. Fechei os olhos apreciando o momento.
-- Amor, sua mãe fez uma sobremesa. Estava esperando você para comermos.
-- Huum, ok. – Levantei-me sendo acompanhada por Camz e minha mãe.
-- Então para você o maior cineasta é Hitchcock, Camila? Nem mesmo Kubrick ou Fellini Superam? – Mamãe retomou o assunto que estavam discutindo.
-- É difícil dizer que um seja melhor que outro. Todos são excelentes. Mas a tensão que Hitchcock Coloca em seus filmes é magnífica. Assim como a precisão de Kubrick e como Fellini torna seus filmes poéticos. Partilho muito da crítica de Fellini em relação a sociedade.
Observei as duas mulheres a minha frente enquanto sentava na mesa. Mamãe e Camila eram muito parecidas. Sempre tinham assuntos em comum. Tudo relacionados as artes chamava atenção delas. Mamãe sempre gostou desses assuntos, muitas vezes me sentia perdida quando ela desatava a falar empolgada sobre um musical, algum cantor de ópera, sobre um pintor ou sobre qualquer outra pessoa importante desse meio. E isso se repetia quando ela falava com meus irmãos e meu pai também. Todos alheio a esse universo, então apenas concordávamos e fazíamos alguma pequena observação, quando era seguro o fazer. Por isso mamãe sentia-se no paraíso toda vez que Camila ia em casa, finalmente encontrará alguém com os mesmos interesses. Isso sempre resultava em longas
conversas, pois ela despejava todo o conteúdo acumulado em cima da minha namorada, como se fosse possível esgotar todo o conhecimento naquela única vez.
Eu já era bem mais parecida com meu pai. Papai sempre foi uma pessoa simples, tranquila. Seus interesses se resumiam a carros, por causa de seu trabalho, esportes, que era seu hobby, e por último e não menos importante, minha mãe. Digo isso pois a paixão entre eles ainda era palpável, mesmo depois de muitos anos. Quando mamãe desenfreava em seus assuntos, os olhos de papai brilhavam apaixonados. De todos os filhos, mamãe dizia que eu era a mais parecida com meu pai, não fisicamente, mas na personalidade. Éramos o tipo de pessoa que não almejava o mundo, mas sim uma vida sossegada.
-- O que pensa sobre isso, Laura? – Mamãe perguntou.
Era hora de fazer o comentário seguro. Não conhecia Kubrick e muito menos Fellini, no entanto, Hitchcock eu conhecia.
-- Gosto muito do trabalho de Hitchcock, com certeza o melhor no gênero.
Vi minha mãe erguer uma sobrancelha, hábito que eu havia herdado, e minha namorada abrir um sorriso. Tinha conhecimento que meu comentário fora de senso comum, entretanto era melhor que nada.
-- Não pensa que Kubrick teve a mesma essência que Hitchcock quando adaptou ‘o iluminado’? – Continuou.
Então esse tal de Kucrick que dirigiu ‘o iluminado’? Bom, o livro eu tinha lido, no entanto não tinha visto o filme. Era minha deixa.
-- Ainda não tive a oportunidade de ver o filme, mamãe
Ela se aproximou com a travessa de doce da mesa. Aproveitei para mudar de assunto.
-- Torta holandesa? – Levantei a sobrancelha.
-- Sim, por quê? Fiz para minha nora. – Piscou para Camila.
-- Por nada. – Respondi enquanto pegava um pedaço.
-- Senti um pouco de ciúmes ai, amor? – Camila alfinetou.
-- Lógico que não. – Respondi com a boca cheia. Estava com ciúmes sim. Camila e minha mãe
riram.
-- Da próxima vez faço uma torta de maça pra você, querida. – Mamãe beijou minha bochecha e depois entregou um pedaço para Camz.
-- Onde está o papai? Quando cheguei ele tava em casa.
-- Foi levar seu irmão, já deve estar voltando.
Terminamos de comer e Camila ajudou mamãe com a louça. Nesse meio tempo papai chegou. Juntou-se a nós e se serviu de um pedaço de torta. Assim que Camila terminou, demos boa noite a eles e subimos para o meu quarto.
-- Amor, acho que vou tomar um banho. – Camz pegou sua mochila tirando sua roupa de dormir.
-- Tudo bem. Vou escolhendo um filme enquanto isso.
Camila entrou no banheiro e eu aproveitei para trancar a porta do quarto, não me importando com as regras dos meus pais. Sentei novamente na cama e me recostei na cabeceira. Peguei o notebook e optei por um episódio de série que eu e ela assistíamos, ao invés do filme.
Demorou tanto no banho que estava quase cochilando, mas como tudo relacionado a Camz valia a pena, a espera não foi diferente. Vestia uma camisola azul claro curta, seu cabelo estava preso em um coque e alguns fios estavam soltos, deixando-a com um ar totalmente sensual. Meu desejo logo se assanhou.
-- Já escolheu o filme? – Perguntou sentando-se ao meu lado e puxando a coberta para nos cobrir. Eu ainda a olhava. – Tudo bem?
-- Uhum. – coloquei o notebook do outro lado da cama sem desviar meu olhar dela. Baixei meu olhar para seus lábios e desfiz seu coque.
-- Camisola nova? Não conhecia essa. – Falei cheirando seu pescoço e colocando metade do meu corpo sobre ela.
-- Aham. – Respondeu com a voz fraca.
-- Ficou linda nela. – Beijei seu queixo e subi até seu lóbulo. Falei com a voz rouca. – E muito gostosa também.
Selei nossos lábios em um beijo cheio de volúpia enquanto apertava sua cintura. Camila colocou suas mãos envoltas do meu pescoço. Eu queria acelerar o ritmo das coisas, mas Camz não permitia. Levei minha mão para baixo, apalpando sua coxa e tentando subir levemente sua camisola, antes que eu obtivesse sucesso, sua mão parou a minha.
-- Não, amor. Vamos assistir ao seriado. Seus pais estão em casa.
-- Eles já devem ter ido dormir a tempos. Vem cá, vem.
Puxei seu corpo ao encontro do meu e beijei seu pescoço.
-- Você está muito gostosa, linda. Como quer que eu não faça nada? – Uma mão minha estava em sua cintura apertando levemente enquanto a outra voltara para a coxa. Beijei seus lábios sensualmente. Aquela boca me tirava toda a razão.
Achei que tinha ganho o jogo quando ela levou sua mãos até meus ombros e dobrou levemente sua perna direita, fazendo com eu me encaixasse entre elas. Doce ilusão. Ela estava pegando impulso. Virou meu corpo rapidamente, fazendo com que eu caísse de costas na cama. Fiquei sem reação pelo susto.
-- Você... – respirou buscando fôlego. – É muito sem vergonha. – Sorriu pra mim e me deu um selinho.
-- Isso foi golpe baixo, eu nem sabia que você tinha forças para isso.
-- Nunca me subestime. – Seu sorriso cobria o rosto, e era contagiante. Sorri também. – Morar com Diana tem suas vantagens. Às vezes ‘brigamos’ pelo controle da TV do quarto. Ai aprendi alguns truques.
-- Eu nunca subestimo você. – Suas mãos seguravam meus braços. – Pode me soltar já.
-- Não sei se devo. Além do mais... – levou sua boca próxima a minha. – Gosto de ter você sob meu comando. – Levantei uma sobrancelha com o comentário e abri um sorriso.
-- Você sabe que está me provocando, certo?
-- Tenho uma noção disso.
-- Vai aguentar as consequências?
Ela sorriu e soltou minhas mãos. Levou seus lábios aos meus e me deu um beijo cheio de carinho e amor.
-- Vamos assistir ao seriado, sem-vergonha.
-- Você ama isso em mim.
-- Está tirando suas próprias conclusões. – Ela riu e pegou o notebook.
-- Eu sei que ama. – Falei convencida.
Camila colocou o notebook na cama e virou de costas para mim. Enlacei sua cintura e encaixei meu rosto em seu pescoço, ficando de conchinha. Ela estava demasiadamente cheirosa. Apertei play para o episódio começar.
Em certa altura, Camila colocou sua mãe sobre a minha e entrelaçou nossos dedos, repousando em sua cintura. Eu não tive a concentração necessária para entender o que estava se passando na série. Toda minha atenção estava em Camila. Em como nossos corpos estavam juntos, em como seu cheiro me perturbava e em como sua pele era macia. Seria uma noite longa para mim.
-- Eu amo seu abraço, me sinto segura nele. – Levei um segundo para perceber que falava comigo. Camila tinha mania de falar com os personagens. Apertei ainda mais o abraço.
-- E eu amo te abraçar. Viu? Somos o casal perfeito. – Ela deu uma leve risada.
-- Disso eu não tenho dúvidas. – Beijei sua bochecha.
-- E o que mais gosta em mim?
-- Amo seus olhos. Já lhe disse isso. São muito expressivos e possuem uma tonalidade de verde encantadora. – Falava com a voz suave e fazia carinho em minha mão.
-- A primeira vez que me disse isso foi quando me levou para conhecer sua casa, tinham acabado de comprar.
-- Você se lembra?
-- Eu me lembro de cada segundo ao seu lado, Camila.
Ela se virou, ficando de frente pra mim. Sorriu e levou as mãos até meu rosto, fazendo um suave carinho. Juntou nossos lábios e me deu um beijo demorado.
-- O que mais gosta em mim, senhorita Foster?
-- Amo o quanto você pode ser generosa e protetora. Como cuida de sua família, como se importa com os outros. Em como sempre vê o melhor das pessoas. Admiro sua força de vontade, sua determinação. Amo quando me olha apaixonada, quando me dá um sorriso sem motivo. O quanto é carinhosa comigo. Amo você por completo, Laura Carter.
Eu estava emocionada com suas palavras. A doçura em como falou, a sinceridade e o carinho com que disse foi demais pra mim.
Beijei-a calmamente. Passando pra ela todo meu amor e carinho.
-- Eu também te amo, Camz. De todo meu coração.
Fim do capítulo
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