Assim que entramos no local, me impressionei com a decoração. O lugar era muito bem iluminado, uma prateleira de bebidas atrás do balcão ia de uma parede a outra. Tudo em uma estilo amadeirado, tinha mesas com cadeiras, bancos para sentar perto do balcão do bar e no outro extremo havia mesas com bancos estofados. Havia quadros de banda de rock pendurados, alguns autografados. O ambiente tocava uma música pop e em outra parte do bar havia um palco com alguns equipamentos, supus que teríamos música ao vivo mais tarde.

Entramos depois de pegarmos uma pequena fila na entrada, tivemos sorte e sentamos em uma das mesas com os bancos estofados. ‘Don’t you worry child’ começou a tocar. Me animei na hora, assim como algumas pessoas que gritaram quando os acordes da música preencheram no ambiente.

- Caraca, essa música é muito legal, Camila!

- Também acho.

- Você quer beber alguma coisa?

- Algo sem álcool, por favor.

- Tudo bem, vou pegar.

Me levantei e tentei passar pelo mar de gente. Assim que chegou no refrão, as pessoas começaram a erguer as bebidas no alto e a cantarem junto. Não consegui evitar e cantei também. Quando cheguei no bar efetivamente, demorei um pouco para ser atendida, em função da quantidade de pessoas. Pedi uma Pina Colada não alcoólica pra minha namorada e uma Tequila Sunrise pra mim. Dei minha comanda para o bartender marcar e voltei cortando a multidão de pessoas até a mesa.

- Aqui, amor. – Entreguei sua taça.

- O que é isso? – Apontou para meu copo.

- Experimenta, é um drink com tequila. – Camila tomou um gole do copo.

- Huum. – Percebi ela engolir com dificuldade e assentir positivamente tentando disfarçar.

- Não gostou, neh? – No segundo seguinte ela fez uma careta e tomou sua bebida por cima. Dei risada.

Depois de um tempo e da minha quinta bebida, eu já estava, no mínimo, alterada. Segurava um copo de White Russian e falava no ouvido de Camila. A banda começou a subir no palco e deram os primeiros acordes.

- Ahhhh meu deus, Camila!! Eles vão tocar ‘Levels’. A gente tem que ir lá dançar.

- Eu acho que está na hora de você parar de beber, isso sim. – Disse isso afastando meu copo de mim.

- Nãaaaao. – Choraminguei e peguei o copo de volta, bebi tudo em um gole só.– Pronto, vamos dançar agora.

Não esperei Camila responder e a puxei para o outro lado do bar, onde uma grande quantidade de pessoas se aglomeraram perto do pequeno palco. No começo Camz não estava muito a vontade, mas depois que a puxei para meu corpo e a guiei em alguns movimentos não demorou muito para ela estar pulando também e cantando junto. A banda cantava covers, mas eles definitivamente tinham talento. Eu pulava loucamente, totalmente envolvida na energia das músicas, e as pessoas envolta faziam o mesmo.

Com o tempo acabei cansando, bem diferentemente de Camila que ainda dançava a todo gás. Eu tinha criado um monstro. Harlem Shake começou a tocar e foi uma loucura total com as pessoas tentando fazer coreografia. Puxei minha namorada para um lugar com menos gente.

- Você empolgou dançando, hein.

- Não teve como ser diferente. – Respondeu sorrindo. Me encostei na parede e ela ficou colada em mim.

Comecei a beijar seu rosto e minhas mãos automaticamente já se encaminharam para suas pernas. O álcool no meu sangue me deixava alheia e eu estava sem vergonha nenhuma. Camila tirou minhas mãos e eu levei elas até seu cabelo, a puxei para um beijo. Sem calma nenhuma eu devorava sua boca, mordia seus lábios e ch*pava sua língua sem pudor algum. Quando as coisas começaram a esquentar e eu já levava minhas mãos até seus seios, Camila me cortou.

- Chega, Laura! Estamos em público.

Fechei meus olhos tentando encontrar qual seria o absurdo nisso. A puxei novamente para outro beijo.

- Laura, para! – Dessa vez foi mais energética e segurou minhas mãos. – Você está bêbada. Vem, vamos sentar.

Não encontramos mais mesas vazias e Camila estava determinada a me deixar longe do bar. Fomos andando até que um casal em uma mesa nos chamou.

- Estão procurando lugar pra sentar? Podem ficar aqui. – Apontou para duas cadeiras vazias na sua frente. O rapaz quem tinha dito. Era alto, loiro e seus olhos de um azul que nunca tinha visto antes. A mulher que estava ao seu lado também era loira. Camila olhou pra mim esperando resposta, dei de ombros me sentando.

- Olá, me chamo Daric e essa é minha namorada Ágatha .

Camila nos apresentou e nos cumprimentamos. O rapaz tinha um sotaque bem acentuado. Começamos a conversar e eu ainda tentava adivinhar da onde era o sotaque. Seria do norte do país? Não, as vogais são fechadas. Devem ser austríacos. Se não forem, só podem ser da polônia.

- Vocês são daqui mesmo? – Ágatha indagou.

- Não, estamos só passando alguns dias. E vocês? – Foi Camila quem respondeu.

- Somos da Irlanda. – Aaaah sabia que eram da Irlanda, estava na cara. – Estamos conhecendo a América. Depois daqui vamos pra Miami.

Pronto. Ágatha e Camila desataram a conversar sobre Miami, minha namorada fazendo propaganda da cidade. Daric puxou conversa sobre música comigo. O casal era bem simpático. Tinham por volta dos vinte e tantos anos.

Pedi licença e disse a Camila que ia ao banheiro. Na ida aproveitei e pedi mais um drink no bar, bebi e tentei achar o banheiro. Havia uma pequena fila, me encostei na parede e esperei. Antes de voltar para a mesa de novo, pedi um Gim Tônica e virei de uma vez o copo. Quando voltei pra mesa, senti meu estômago embrulhar, resultado da mistura de bebidas que tinha feito. Olhei para Daric e percebi um olhar diferente dele pra Camila. Não gostei. Não gostei mesmo. Podia estar bêbada, mas conhecia esse tipo de olhar.

- Camila, vamos embora? Já está tarde.

- Mas já? Que isso! – Daric disse. - A noite acabou de começar. Vamos estender a noite e irmos a uma boate, Camila já até tinha topado.

Olhei para minha namorada e ela deu de ombros, confirmando que já tinha aceito o convite.

- Agradecemos, mas vamos recusar. – Peguei e entrelacei minha mão com a de Camila.

A cara de decepção do Daric foi mais que visível. A namorada dele não se importava com essa cena? Eu estava fervendo já em irritação.

- Enfim, temos que ir. Até mais.

Ainda ouvi ele dizer para esperarmos. Entretanto apenas peguei na mão de Camila e a puxei para sairmos dali. Fomos até a entrada e Camila pagou a comanda. Assim que entramos no Taxi percebi a cara emburrada de Camz.

- Por que está assim?

- Por que foi grossa com eles, Laura? Posso saber?

- Grossa? Eu não fui grossa. Apenas recusei o convite.

- Eles foram super simpáticos e você ainda deixou o Dah falando sozinho.

- Dah? Dah? Quem diabos é Dah?

- O Daric.

- Eu fui cinco minutos no banheiro e você já até deu apelido para o cara?

- Ele quem disse pra chama-lo assim.

- Camila, ele estava dando em cima de você. Descaradamente.

- Não viaja Laura, ele foi educado, além do mais ele estava com a namorada.

- Grande coisa. Eu vi como ele te olhava. Estava te despindo com os olhos.

- Caramba, Laura! Você é muito chata bêbada. – Se virou para a janela, não me olhando.

Passei as mãos pelos meus cabelos e respirei fundo. Como que Camila não conseguia enxergar que o cara estava dando em cima dela? Que menina teimosa. Olhei para ela, estava com um biquinho e os braços cruzados. Poxa, fazer bico era sacanagem comigo. Ela ficava extremamente fofa. Preferir deixar essa história de irlandês safado de lado. Estava em uma viagem com minha namorada e não iria perder tempo brigando.

- Olha, não vamos brigar, está bem? – Descruzei seus braços e segurei sua mão. – Já disse que está linda hoje? – Dei um beijo em sua bochecha. Ela ainda tentou ficar emburrada, mas não segurou sorriso.

- Eu te amo.

- Também te amo, linda.

Quando chegamos no hotel, Camila me ajudou a descer do taxi, só por precaução, porque eu tinha certeza que estava normal. No elevador brinquei apertando todos os botões, acabei caindo na gargalhada sozinha. Camila teve que segurar minhas mãos. Abriu a porta do apartamento e eu logo me joguei na nossa cama macia.

- Laura, pelo Amor levanta do chão!!

Chão? Eu estava na cama. Depois eu que bebo.

Camila me levantou e começou a tirar minha roupa. Boom, muito bom, gosto assim. Beijei seu pescoço.

- Pode ir parando, Laura! Você vai direto para o chuveiro.

Resmunguei frustrada. Ou nem tanto, se ela fosse comigo. Me deixou apenas de lingerie e me guiou com um pouco de dificuldade até o banheiro. Ligou o chuveiro e foi me puxando.

- Opa, pode parar. Se for fazer, faz certo, vai me dar banho de roupa? – Camila me olhou confusa. Fui tirando meu sutiã e calcinha sob seu olhar. Seu rosto ganhando dois tons a mais de vermelho.

- Meu deus, Laura! Você não tem nenhum pouco de vergonha?

- Não, nenhuma. – Dei risada.

Ela me colocou embaixo da água. Água fria. Recuperei minha consciência na hora. Ela era louca? Estava nevando lá fora. Não evitei dar um grito.

- Camila coloca isso no quente, por favor!

- Não, tem que ser no gelado.

- Gelado uma Ova. Muda isso.

- Não. – Deu risada. Ela estava brincando comigo?

Olhei incrédula pra ela e não pensei duas vezes antes de puxa-lá pra debaixo do chuveiro também. Camila não gritou. Nãaaao, minha namorada era muito fina pra isso. Ela berrou. Foi isso que fez. No desespero pra sair debaixo da água, ela acabou escorregando e como eu estava segurando seu braço, acabei indo pro chão junto.

- Camila! Camz! Está bem, amor? – Perguntei preocupada com a queda. Olhei pra ela e ela ria. Levantei uma sobrancelha. – Tá tudo bem?

- Está sim. – Ela sorriu passando a mão no meu rosto ainda rindo. Dei um beijo carinhoso nela.

- Vem, chega de banho por hoje. Eu molhei todo seu vestido.

Coloquei um roupão e Camila foi para o quarto trocar de roupa. Estava cansada. Ainda sentia o efeito do álcool e um sono tremendo tomou conta do meu corpo. Troquei de roupa e tomei um comprimido para não sentir tanto os efeitos no dia seguinte. Deitei na cama enquanto Camila fazia alguma coisa na cozinha. Suspirei e deixei enfim que o cansaço e o sono tomassem conta do meu corpo.

Fim do capítulo