With the Stars por Alex B
Capítulo 25
Acordei animada. Era uma quarta-feira. Eu e Camila viajaríamos na quinta de madrugada, ela dormiria em casa e meus pais nos levariam para a cidade vizinha no aeroporto.
Tomei um banho e me troquei ao som de Kings of Leon. Desci as escadas e encontrei meu pai e minha irmã tomando café da manhã. Desejei bom dia aos dois e me sentei, servindo um pouco de café e pegando panquecas para comer. Mandei uma mensagem para Camila avisando que logo passava em sua casa para busca-lá. Sean desceu as escadas, passando pela mesa apenas para pegar uma maça e se dirigir para a porta.
- Hey, você não vai comigo? – Perguntei confusa.
- Kevin já está aqui na frente, até mais. – Se despediu e fechou a porta.
- Na verdade eu também não vou com você, Paco está passando aqui daqui a pouco. – Minha irmã falou e meu pai que estava de costas pegando algo na geladeira resmungou.
- Nossa, ok então né? Fazer o quê. – Respondi tentando dar de ombros.
Ouvimos uma buzina e Alice pegou sua mochila e saiu apenas dando um tchau quando já estava na porta. Olhei para meu pai que sentou-se onde antes Alice estava, agora só nós dois na casa. Ele pegou o jornal e abriu no caderno de esportes.
- Não precisa ir para a loja hoje, Laura. Vá atrás das coisas para a viagem e deixe tudo em ordem.
- Ah sim, tudo bem. Obrigada. – Falei enquanto dava um meio sorriso. Não estava com ideia de ir trabalhar mesmo.
- Você remarcou sua sessão com a terapeuta?
- Sim, semana que vem vou lá duas vezes. Na segunda e no dia de sempre. – Eu ainda continuava com as sessões com a terapeuta nas quinta feiras. Apesar dos pesadelos serem bem esparsos agora, eles ainda aconteciam.
- Pegou roupas de frio, certo? Você sabe que está nevando lá.
- Pai, esta tudo pronto. Ontem mesmo eu revisei tudo na mala. Não se preocupe.
- Tudo bem. Hoje a noite eu acerto com você o tempo que trabalhou. Camila irá dormir aqui?
- Sim, depois do treino eu busco ela.
Terminamos de tomar café e o ajudei a retirar a mesa. Despedi-me com um beijo na bochecha dele e peguei minha mochila e as chaves do carro. Passei na casa de Camila e ela já me espera na porta. Não precisei descer do carro, ela entrou e me cumprimentou com um selinho.
- Bom dia, amor. – Ela me deu um sorriso, o mais lindo de todos.
- Bom dia, linda. Está animada? – Perguntei.
- Muito. – Ela olhou para trás. – Cadê seus irmãos?
- Alice foi com o namorado e Sean com um amigo.
- Então não teremos show ao vivo hoje? Sabe que seu irmão até que canta bem. – Dei risada.
- Sei. Mas hoje não, vai ter que ser o som mesmo.
- Tudo bem, mas eu escolho a música.
- Todo seu, linda.
Camila colocou uma música e pousou sua mão em minha coxa enquanto eu dirigia. Ela olhava pela janela da sua porta, totalmente distraída. Dirigi com calma apenas para passar mais tempo a sós com ela. Assim que chegamos a escola, estacionei o carro e quando saímos entrelacei nossas mãos. Apenas para no segundo seguinte desfazer o contato, lembrando que nosso namoro não era público ainda.
- Quero de dar um beijo antes de te deixar na aula. – Falei em seu ouvido.
- O sinal já vai bater.
- Não me importo. – Ela riu e me puxou para o banheiro do último andar, onde provavelmente estaria mais vazio.
Entramos e estava vazio. A puxei para um beijo. Camila correspondeu colocando as mãos envoltas do meu pescoço enquanto eu a prensava na porta de uma das cabines. Estava com saudades dela, já que no dia anterior não tínhamos nos vistos, apenas conversas e ligações por celular.
A porta do banheiro abriu de repente e eu me afastei na velocidade da luz de Camila. No meio do processo tropecei nos meus pés e cai de bunda no chão. Camila estava estática, exatamente do jeito que a deixei. Lábios vermelhos e entreabertos, com as mãos suspensas. Minhas respiração ficou pesada e tomando de coragem olhei para a porta pra identificar quem era.
Com uma mão segurando a porta e outra sobre a boca tentando segurar inutilmente o riso, estava Kate. No primeiro momento suspirei aliviada, apenas para depois a fuzilar com os olhos.
- Kate, que merd* foi essa?
- Eu... – Sua risada ficou mais intensa. – Meu Deus, Laura! Sua cara... seu tombo. – Agora ela já gargalhava.
- Você queria o que? Sua louca, eu quase morri do coração. – Camila veio me ajudar e levantar.
- Está tudo bem, amor? – Eu assenti e agora até ela começou a rir.
- Não achei a graça ainda, viu? – Falei para as duas.
- Desculpe, Laura. Eu vi vocês entrando aqui e queria falar com Camila, não imaginava que iam estar se pegando.
- Não imaginava? Sério? Duas garotas, namoradas, não assumidas, entram em um banheiro e isso não te supõe nada?
- Vocês foram desatentas também, ainda bem que fui eu. Tomem mais cuidado da próxima vez.
- Pode deixar, Kate. Com certeza aprendemos a lição agora. – Camila respondeu.
Camila me deu um selinho e saiu com Kate. O sinal havia batido. Tentei me recompor das emoções logo pela manhã. Olhei no espelho e aprovei. Desci até meu armário para pegar meu material. Chegaria atrasada na primeira aula.
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Estava no meu quarto, já era de noite e Camila estava no banheiro tomando banho. Mexia no meu notebook procurando mais informações sobre Bozeman. Ouvi alguém batendo na porta e meu pai aparecendo com a cabeça logo depois.
- Posso falar com você um minuto? – Perguntou.
- Claro. – Coloquei o note em cima da cama e calcei meus chinelos. Segui ele até a sala.
- Aqui tem o seu pagamento do tempo que ficou comigo na loja e eu e sua mãe estamos dando mais um pouco de dinheiro para ajudar na viagem.
Não me contive e o abracei. Enchi-o de beijos.
- Obrigada, pai. Obrigada mesmo. Vocês são os melhores.
- Ta, ta. Tudo bem. – Ele sorria. – Só tome cuidado, tudo bem? Você já tem dezoitos anos, mas Camila ainda não. E vocês estão viajando sozinhas...
Deixei que ele fizesse todo discurso sobre me cuidar, tomar cuidado com estranhos e essas coisas. Discurso esse que eu estava ouvindo a semana toda tanto da minha mãe, quanto dele. Assim que terminou subi de volta para o quarto. Encontrei Camila de pijamas, mexendo no meu note. Fui até ela e lhe dei um beijo. Guardei uma parte do dinheiro na bolsa e outra na mala. Meu pai havia me dado apenas metade do salário, a outra ele havia depositado no meu cartão.
Novamente alguém bateu na porta e eu mandei entrar. Meu pai pediu licença e abriu a porta.
- Meninas, boa noite. Durmam cedo porque acordaremos de madrugada.
- Boa noite, Sr. Carter.
- Pode me chamar de Michael, Camila. Sem essas formalidades. – Camila assentiu. – E Laura, se virou para mim. Porta destrancada, ouviu?
- Sim, senhor. Mamãe já me deixou ciente desta regra.
- Estou apenas relembrando.
Ele saiu, fechando a porta. Olhei para a cama e encontrei minha namorada totalmente corada. Acabei rindo.
- Ta vermelha, por quê? Tinha planos sórdidos para a noite?
- Laureeen, óbvio que não. – Cobriu seu rosto com as mãos. Me aproximei dela, sentando na cama.
- Mas que pena, porque eu tinha. – Ela arregalou os olhos e me deu um tapa no ombro. Segurei suas mãos. – Tô brincando com você, meu amor. – Eu ria. – Só porque você fica toda encabulada, e é uma gracinha assim. – Ela sorriu, balançando a cabeça.
- Eu desisto de você, Laura.
- Desiste não, vai. Vem cá, me dá um beijo. Vou te mostrar que valho a pena.
A puxei para cima do meu corpo e a beijei. Ficamos trocando caricias inocente até pegarmos no sono. Acabamos dormindo abraçadas.
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Já estávamos no aeroporto. Minha mãe assim que chegou do turno, nos acordou e mandou todo mundo se arrumar. Meu pai preparou o café e assim que terminamos de comer, pegamos estrada com meus pais. Ouvia pela milésima vez a lista de recomendação da minha mãe enquanto ela me enchia de beijos e abraços.
- Mãae, já chamaram pela segunda vez meu voo. A gente precisa embarcar.
- Tudo bem, tudo bem. Se cuidem. Boa viagem meninas.
Me despedi do meu pai enquanto minha mãe fazia o mesmo que fez comigo com Camila, está por sua vez ria. Depois de todas as despedidas, enfim embarcamos.
Seriam três horas e quarenta de voo. Camila ficou na janela e eu do seu lado. Ouvimos as recomendações e eu comecei a suar.
- Amor, está calor aqui ou sou só eu? – Perguntei enquanto me abanava. Camila pegou na minha mão.
- Laura, você está gelada. A temperatura aqui está 20 graus, não tem porquê de estar suando. Você está bem?
- Sim, sim. To bem, só um pouco nervosa, acho. – Passei a mão por minha testa.
- É a primeira vez que viaja de avião? – Apenas assenti, porque tinha a impressão que minha voz sumiu. – Vai ficar tudo bem, é super tranquilo. – Ela passou a mão por meu rosto fazendo um carinho.
Coloquei o cinto e esperamos decolar. Camila não soltando minha mão. Eu jurava que pude ver minha vida toda quando aquela geringonça decolou e tinha certeza que meu coração havia parado de bater assim que o avião parou de fazer barulho.
- Por que parou? Deu pau? A gente vai morrer? – Disparei mil perguntas para minha namorada.
- Calma, amor. Relaxa, isso é normal.
- Tem certeza? Certeza absoluta?
- Tenho, pode ficar tranquila. – Ela apertou minha mão e começou a me beijar. Isso me fez relaxar e até esquecer que estava em um avião.
Começou a passar um filme e tentei focar minha atenção nele. Camila conversava comigo o tempo todo, ou até metade do caminho, pois logo pegou no sono, toda desengonçada na poltrona. Separei nossas mãos e tentei deixa-la mais confortável possível.
O voo demorou um pouco mais, por causa do tempo em Bozeman. Mas conseguimos aterrissar sem problemas. Estava nevando e fazia muito frio. Tivemos que pegar mais um casaco. Pegamos nossas malas e fomos até um taxi, dei o endereço do hotel e em meia hora estávamos diante do edifício.
Achei o hotel muito charmoso. Tinha um ar de antiguidade e sua decoração era em madeira, trazendo um ambiente totalmente acolhedor. Camila se apaixonou a primeira vista. Fui com Camila até o balcão fazer o check-in. Assim que demos os dados a senhora que nos atendia olhou confusa para o monitor.
- Acredito que houve algum engano com a reserva de vocês, mas tenho como resolver.
- Algum problema? – Camila perguntou.
- Aqui consta que a cama é de casal, mas eu tenho outro quarto disponível com camas de solteiro se vocês não se importarem de mudar.
- Não, senhora. Não houve nenhum engano. O Quarto é com cama de casal mesmo e for possível agilizar eu agradeço, estamos cansadas da viagem. – Respondi até um pouco grossa com a mulher, o que não era minha intenção. Mas o fato de que poderíamos ter um tratamento diferente porque éramos um casal, me incomodou muito. Camila passou seu braço pelo meu, para me acalmar.
A senhora não conseguiu disfarçar seu espanto, mas logo se recompôs com profissionalismo.
- Desculpe o equívoco. James, por favor. – Chamou um funcionário. – Conduza essas moças até seu quarto.
Ele assentiu e nos aguardou. Guardei meus documentos e seguimos o rapaz. Ele trouxe nossas malas e nos indicou o quarto. 402. Camila deu-lhe uma gorjeta e ele se retirou. Ainda era cedo, oito e meia da manhã.
- Quer descansar um pouco? – Perguntei para Camila enquanto tirava meu cachecol.
- Estou com fome.
- Vou pedir o café da manhã, ainda estamos no horário e depois deitamos um pouco, pode ser?
- Claro. – Ela me beijou e dirigiu-se para o banheiro.
Liguei para a recepção e pedi o café da manhã, já que não estávamos com vontade de descer para tomar. Recebi o café no momento que Camila saia do banheiro. Fechei a porta e ela estava sorrindo.
Comemos e regulei a temperatura do quarto. Tirei meu casaco mais grosso e liguei a TV. Camila se ajeitou no meu corpo e logo dormiu. Fiquei vendo TV enquanto pensava no cronograma do dia.
Fim do capítulo
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