Capítulo 16 Do céu ao inferno
CAPÍTULO 16: Do céu ao inferno.
-- Você? -- Júlia conseguiu dizer, juntando as sobrancelhas e de boca aberta em sinal de descrença e ignorando a pergunta de Amanda.
-- Eu -- a moça disse abrindo mais o sorriso. -- Senti sua falta Júlia.
-- Espera aí, vocês se conhecem? -- Amanda perguntou confusa, mas novamente foi ignorada.
-- So... -- respirou fundo tentando se manter consciente -- So-phia... o, que você... -- dizia entre respirações e apertando as vistas para ter certeza que aquilo era real -- O que faz aqui? -- disse por fim com um fio de voz.
Júlia engoliu em seco assim que seus olhos pousaram na morena a sua frente, não podia acreditar na peça que seus olhos lhe pregavam, se forçou a se manter de pé, tendo a sensação que desmaiaria a qualquer momento, o susto foi tão grande que não conseguia ouvir nada nem ninguém a sua volta.
-- Sophia? -- perguntou Amanda confusa, sem assimilar o nome a pessoa.
-- Eu precisava te ver e seu pai precisava de alguém para ajudar nas empresas de vinho, e como eu conheço essas coisas por causa do meu pai, resolvi unir o útil ao agradável -- sorriu se aproximando. -- estava com saudades amor.
Júlia deu um passo para trás se afastando, sentia pequenos tremores por seu corpo como se tivesse visto um fantasma, sua respiração estava descompassada.
-- Amor? – perguntou Amanda sem entender já irritada -- espera ai como assim? Sophi... -- ia dizendo quando sua mente deu um estalo e finalmente percebeu de quem se tratava -- não pode ser -- disse em um sussurro.
Sophia deu mais alguns passos para frente em direção a Júlia, mas a loirinha estava no automático e andava para trás se afastando, sua cabeça já girava e só conseguiu chamar sua ruivinha...
-- Amanda -- Júlia chamou em um sussurro.
Amanda se virou para a loira e a viu totalmente pálida, seus lábios estavam sem cor alguma, e se lembrou de quando ela passou mal assim que chegou a mansão. A viu andando para trás cambaleando então segurou guiando-a até o sofá.
-- Você está gelada -- disse segurando suas mãos.
-- Amor... -- Sophia falou indo em sua direção.
Amanda se levantou para encara-la, mas antes de falar qualquer coisa Júlia a interrompeu.
-- Não se aproxime de mim! -- esbravejou levando as mãos até a cabeça e apoiando os cotovelos nos joelhos.
-- Amor não fala assim... -- disse novamente tentando se aproximar, mas foi impedida por Amanda que segurou seu braço e quando ia falar algo Júlia interrompeu novamente.
-- Não me chama de amor! -- gritou quase sem voz -- eu não sou nada sua.
-- Júlia não fala assim, a gente precisa conversar meu amor, se entender, o que aconteceu foi um erro e...
-- Ela já falou para não se aproximar, e não a chame de amor. -- Amanda disse ainda a segurado com ódio no olhar.
-- Quem é você garota? Não se meta!
-- Eu sou a namorada dela, e você não é ninguém mais na vida dela entendeu? Ninguém mais que uma vadia -- falou frisando bem as palavras e aumentando o tom de voz -- eu só vou dizer uma vez... Não se aproxima da Júlia entendeu?.
Julia respirou fundo encostando a cabeça no encosto do sofá e soltou o ar dos pulmões com força, e se levantou.
-- Amanda, me ajuda por favor?
A ruiva soltou o braço da morena e se aproximou da loira envolvendo sua cintura.
-- Amor me ajuda? -- perguntou com os olhos marejados, sentindo sua cabeça pesar.
-- O que você está sentindo?
-- Só uma fraqueza, não é nada demais, me ajuda ir até o quarto.
-- Você está fria amor, não quer que eu te leve até um... -- antes de completar Júlia se agarrou mais a ela e disse em seu ouvido.
-- Só me leva para o quarto por favor, eu vou ficar bem.
Amanda saiu escorando sua namorada até o quarto, quando chegou lá a deitou na cama e tirou seu tênis. Júlia ainda estava gelada.
-- Quer alguma coisa amor? Água? Suco? -- perguntou Amanda preocupada.
-- Não, só preciso descansar -- disse suspirando e fechando os olhos e encostou a cabeça na cabeceira da cama.
-- Está bem, qualquer coisa me chama, eu vou até a cozinha.
Amanda beijou a testa da loirinha e se retirou a deixando sozinha para pensar.
Se sentiu ameaçada com a chegada de Sophia aquela casa, ainda mais por ver Júlia ficar daquele jeito, estaria ela balançada? Não conseguia entender o que estava acontecendo, e nessas horas percebeu que não tinha nenhum amigo para conversar e desabafar, nesse momento sentiu uma leve falta de Rachel, já que a mesma antes de começar com a paranoia de gostar dela, era uma boa amiga e sempre a ouvia. Pegou seu celular e discou para a única pessoa que pensou poder lhe ouvir.
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Júlia ficou deitada com uma mão na cabeça tampando os olhos e procurando organizar suas ideias, não sabia o que pensar, aquilo tudo parecia um pesadelo, como Olávo pode trazer Sophia para ali? Por um momento pensou ser um complô contra si, pensou que seu pai fizera de propósito, mas então lembrou que ele não sabia de nada do que tinha acontecido entre elas, pelo menos era o que achava.
"Com tanta pessoa no mundo, tinha que ser justo ela para lhe ajudar Olavo?!" Indagou em seus pensamentos.
Ficou por um bom tempo com aquele sentimento e aqueles pensamentos dentro de si até que a imagem da ruivinha lhe veio a cabeça, percebeu que não era justo com ela essa situação, já que não foi capaz nem de lhe explicar o que estava acontecendo, e nem quem era Sophia, se levantou e foi em direção do quarto da ruivinha, a porta estava entreaberta então apenas empurrou um pouco e encontrou sua namorada sentada na beira da cama de costas para a porta, ela falava no celular, caminhou devagar e subiu na cama a abraçando por trás.
-- Amor -- sussurrou baixinho encostando a cabeça no ombro da ruiva.
-- Eu te ligo depois, a Júlia está aqui. -- Amanda disse encerrando a ligação.
-- Quem era? -- perguntou curiosa por ela ter mencionado sua chegada.
-- Ninguém, como você está?
-- Eu estou bem, me desculpa por ter agido daquela forma mais cedo, eu não te apresentei ela, mas é que eu fiquei em choque...
-- Eu sei -- disse interrompendo-a e se encostando ao corpo no da loirinha -- eu posso entender, não precisa se explicar.
-- Logico que eu preciso, eu gosto de você Amanda, eu quero ficar com você! Não quero que pense que fiquei mexida com a chegada de Sophia, porque isso não é verdade, eu só reagi daquele jeito porque parecia que tinha visto um fantasma. – tratou de se justificar por já ter percebido que a namorada era bem ciumenta
-- Está tudo bem Júlia... -- ia dizendo, mas foi interrompida pela loirinha que a fez se virar de frente para ela e a encarou nos olhos.
-- Eu gosto de você Amanda, e quero ficar com você, só com você entende? Acredita em mim?
-- Sim -- disse por ver sinceridade nas palavras e nos olhos de sua loirinha, se sentiu imensamente feliz.
-- Que bom -- disse sorrindo e beijando o ombro da ruivinha -- agora vai me dizer quem era no telefone?
-- Não.
-- Poxa amor, me conta vai.
-- Não -- falou sorrindo, se levantou ficou de frente para sua loira e sentou em seu colo pondo as duas pernas de um lado só, e enlaçando seu pescoço.
-- Estava falando com alguma garota? -- esperou ela responder, mas a mesma ficou calada -- Não vai me responder Amanda?
-- Pra que você quer saber? Não vou dizer com quem eu estava falando.
Júlia fechou sua expressão formando um leve bico, respirou fundo e bateu de leve nas pernas da ruivinha para ela se levantar.
-- Levanta.
-- Por que?
-- Porque sim, vai levanta.
-- Você vai a onde? -- indagou levantando e vendo Júlia fazer o mesmo.
-- Sair.
-- Por que isso Júlia? Para de graça.
-- Vou sair só isso ok? Mais tarde nos falamos.
-- Espera -- disse a puxando pelo braço e aproximando seus corpos -- ficou brava porque eu não quis dizer quem era ao telefone? É ciúmes amor? – perguntou sorrindo.
-- Não é ciúmes, pode tirando esse sorriso do rosto.
-- E você pode desfazendo essa expressão fechada -- falou colando seus lábios de leve -- E não vai sair sozinha, ainda mais com essazinha por aqui.
Júlia não pode evitar de rir com o comentário, abraçou sua namorada e saíram juntas para dar uma volta pela cidade, precisavam se distrair.
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Sophia tinha sido deixada na sala sozinha e ficou observando as duas garotas subirem as escadas, não imaginava que "sua" loirinha estivesse namorando, as informações que obteve de conhecidos era que ela estava no Brasil, mas nenhum romance foi citado, ficou irritada com a ruiva, tanto por estar namorando Júlia, quanto por ter a chamado de vadia. Ela entendia bem o português por sua avó ter sido brasileira, e pelo xingamento, deduziu que a ruivinha já sabia da sua história com Júlia.
Quando Júlia descobriu tudo e terminou com Sophia, a mesma procurou se reaproximar da loira, mas sem sucesso, durante o tempo que ficaram separadas tinha notícias diárias da loira, soube quando fora revelado a verdade sobre a paternidade de Júlia, e logo começou a pesquisar mais sobre sua nova família.
Quando soube que as empresas da família Lancaster sofreram um desfalque, começou a procurar mais informações com o intuito de saber se estava tudo bem com Júlia, pensou que de algum modo saberia através disso como estava sua ex, então estudando sobre o caso percebeu que sabia como ajudar a família. Procurou a sede da empresa e conversou com Regina, lhe disse que aprendeu com o pai e que sabia que poderia ajudar, Olávo a entrevistou e viu uma luz no fim do túnel.
Se sentiu feliz pois assim conseguiria se reaproximar de Júlia, mas só não esperava encontra-la namorando, porem acreditou que conseguiria voltar com ela, afinal a loirinha ainda se lembrava dela e ficava mexida, a julgar a reação que teve mais cedo. Sorriu internamente ao perceber que ainda tinha esse poder sobre a loira.
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Amanda e Júlia chegaram um pouco mais tarde pois decidiram ir ao cinema, na volta passaram em um restaurante japonês que a loira viu, parecia uma criança insistindo para a ruiva ir jantar com ela lá, mas a mesma estava sendo irredutível dizendo que preferia ir para casa por estar com uma leve dor de cabeça, Júlia ficou desapontada mas concordou.
-- Amor que carinha é essa? -- Amanda disse entrelaçando os dedos na mão da loira.
-- Nada, vamos indo? Quer passar em uma farmácia?
-- Você quer mesmo ir jantar nesse restaurante, não é? -- perguntou parando de andar e erguendo uma sobrancelha analisando a loirinha.
-- Não amor, vamos? -- falou com um certo desânimo.
-- Não, nós vamos ir jantar no restaurante.
-- Não vamos não.
-- Anda amor, vamos entrar.
-- Não Amanda, você está com dor de cabeça, deixa isso pra outro dia. – falou entendendo que a namorada estaria cansada e com dor.
-- Júlia, estou com uma leve dor de cabeça, mas você está fazendo aumentar com essa sua teimosia -- respirou fundo e deu um selinho em sua namorada -- vamos bebê, a gente janta rapidinho.
Júlia desistiu de convencer a ir embora, e também tinha perdido a vontade de ir jantar, ela era teimosa e Amanda também, para evitar brigas soltou a ruivinha e anunciou.
-- Olha eu vou indo embora, perdi a vontade de ir jantar, quero ir embora.
-- Vai me deixar aqui?
-- Não, eu vou te levar no colo se for preciso, então me diz, qual vai ser? Vem comigo ou vou ter que te carregar?
-- Aii amor como você é teimosa! -- disse brava -- vamos fazer o seguinte, pedimos a comida e levamos está bem? .... Ah podemos levar bastante para a Amélia e o Frederico jantar com a gente também, que tal?
-- Pode ser -- disse pensando a respeito -- acho que é uma boa ideia.
-- É claro que é uma boa ideia amor -- disse se aproximando e a abraçando beijando seus lábios -- eu sou muito esperta, bom agora vamos que minha dor de cabeça pode ser fome.
Compraram o jantar e foram para a mansão, assim que chegaram Amélia se assustou com a quantidade de comida que as meninas compraram, as duas separaram o que comeriam e levaram para o quarto, comeram entre carinhos e risadas, até a ruivinha ir tomar seu banho.
Júlia pegou a louça e levou até a cozinha, quando já se dirigia ao quarto foi parada por Sophia que a chamou.
-- O que você quer? -- perguntou seca.
-- Conversar, para nos entendermos, nós ainda nos gostamos...
-- Não temos o que conversar! -- disse aumentando um pouco o tom -- me esquece, some daqui, finja que eu não existo Sophia, assim como farei com você.
-- Impossível Júlia, eu ainda te amo -- disse se aproximando -- tudo que aconteceu foi um erro, um erro que eu pretendo concertar.
-- Concertar? Acha que tem concerto Sophia? -- disse se afastando já com a voz bem alterada -- Pois bem, deixe eu lhe dizer: NAO TEM CONCERTO! Você foi um erro na minha vida! E eu estava feliz até você aparecer aqui, então me faça o favor e suma daqui, você me deve isso, por ter feito aquela sujeira toda!.
-- Eu não vou desistir de você Júlia! Eu te amo, e sei que você está magoada comigo, mas ainda sente algo por mim...
-- Sim eu sinto, eu sinto asco, sinto nojo, sinto ódio!
-- Você sente magoa! Nada mais do que isso, e eu vou te provar isso.
-- Eu estou namorando garota, e estou feliz, se toca você perdeu. -- disse se virando em direção ao quarto.
-- Não perdi! -- rebateu segurando seu braço e a virando para si -- me responde com sinceridade, você a ama? Ama de verdade, mais do que já me amou, ou apenas gosta dela?
-- Não encosta em mim -- disse puxando o braço e a encarando -- E eu não te devo satisfação, entenda que você não é mais nada minha, e eu estou feliz com a Amanda e você não vai estragar isso.
-- Ainda não me respondeu, você a ama mais do que já me amou?
-- Isso não te interessa, me deixa em paz!
Dizendo isso se afastou e foi em direção ao quarto novamente, encontrando a ruivinha que estava penteando os cabelos distraída.
Sophia estava irritada com aquela situação, mas não desistiria fácil.
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No dia seguinte Amanda foi a primeira a despertar, observou Júlia que dormia com um braço envolta de sua cintura, se desvencilhou do contato retirando delicadamente o braço da loirinha de cima de si, não queria acorda-la já que estava cedo, sabia que a Júlia devia estar cansada devido a não ter conseguido dormir direito de noite.
Levantou-se e foi ao banheiro fazer sua higiene pessoal para ir tomar seu café.
Após um tempo já terminado de comer lembrou-se que Olávo tinha dito que viria hoje para ver como tudo estava, então se apressou de ir até o quarto acordar Júlia.
-- Júlia... Júlia acorda -- tentou acorda-la, mas a mesma estava em um sono pesado, foi até ela e puxou o lençol e empurrou de leve seus ombros para que acordasse -- Amor acorda.
-- Me deixa dormir -- resmungou puxando de volta o lençol e cobrindo sua cabeça.
-- Não amor, seu pai chega hoje, ele já deve estar chegando, levanta vai.
-- Ele não é meu pai e eu não quero vê-lo -- disse de mal humor deitando de bruços -- agora me deixa dormir, eu estou com sono!
-- Eu não acredito que você vai me deixar ficar sozinha com aquela víbora esperando seu pai, eu não gostei dela e se ela falar algum "A" pra mim eu vou acabar com ela -- disse com raiva se levantando da cama -- Esta avisada Júlia!
Júlia ouviu tudo, mas seus olhos estavam pesados demais para falar alguma coisa, tudo o que queria era dormir, ouviu a porta do quarto se bater com força e suspirou ainda de olhos fechados, seu subconsciente repetiu o que sua namorada acabará de lhe dizer então abriu os olhos se pondo de pé.
Após fazer sua higiene pessoal e se vestir desceu as escadas encontrando Amanda sentada sozinha na varanda de frente para o enorme jardim de gramado bem verde, observado o nada, se aproximou da ruiva sentando-se ao seu lado e assustando-a de leve por não ter percebido a chegada da loira.
-- No que está pensando? -- Júlia perguntou pegando sua mão.
-- Na vida -- disse em um suspiro.
-- Hmm... algo em especial?
-- Nada na verdade -- disse desviando o assunto -- resolveu levantar?
-- Sim, assim que você saiu eu pensei no que você falou e resolvi não correr o risco de ver você "acabar com ela" -- disse fazendo sinal de aspas com os dedos nas últimas palavras.
Amanda se virou para ela a encarando, Júlia percebendo uma possível interpretação errada da ruivinha se adiantou a se explicar.
-- Não quero ver minha namorada machucada, não sei se você percebeu, mas Sophia é maior que você, e ela é forte, não posso arriscar a ver minha ruivinha se machucar -- disse lhe dando um selinho.
-- Você acha que ela poderia me bater Júlia? -- Amanda perguntou seria -- está enganada, você ainda não me conhece por completo, e acredite sou forte e sei bater muito bem.
-- Eu não duvido disso amor, mas é sempre bom evitar, se lembra que eu já vi você batendo naquelas garotas do vôlei? -- disse fingindo seriedade -- deu para ver que você é realmente forte, bate muito bem, eu nem lembro o porquê eu entrei no meio daquela briga.
Amanda percebeu o deboche da loira, mas achou graça do modo que ela falou, realmente quando Júlia a ajudou estava apanhando feio.
-- Você é tão boba -- disse sorrindo, mas logo deu um suspiro, um tanto melancólico.
-- Sou boba, mas te amo muito.
Amanda sorriu ao ouvir essa declaração e beijou sua namorada a abraçando e se aninhado em seu corpo.
Durante o tempo que ficou sozinha na varanda, Amanda percebeu o quanto era sozinha, só tinha a Júlia, tinha também seus pais e sua avó, mas quando eles não estavam, se encontrava sozinha, novamente sentiu a falta de Rachel, se lembrou como era a amizade delas antes de ficarem, e antes da morena confundir os sentimentos.
Estava tristonha e precisava de carinho, Júlia pareceu perceber isso.
Após ficarem um tempo abraçadas e conversando bobagens se levantaram e foram para a cozinha pois a loirinha precisava tomar café devido ao ronco de seu estômago.
Quando chegaram na cozinha se depararam com Sophia que estava bem vestida esbanjando sua beleza, a morena tomava seu café e assim que viu Júlia entrar na cozinha deu um sorriso de canto de lábios, passou a fazer cada movimento com máxima sensualidade, desde levar a torrada a boca, como cruzar as pernas.
Júlia percebeu o jogo da morena assim como Amanda que já estava ficando com seu rosto vermelho de raiva, e antes que pudesse fazer qualquer coisa, a loirinha se apressou em pegar seu suco de laranja e uma torrada, colocou a torrada na boca e com uma mão segurou o copo com o suco e com a outra pegou a mão de Amanda e saiu da cozinha a puxando para se sentarem ao sofá, e lá a loira começou a comer.
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Um pouco mais tarde Olávo chegou todo sorrisos, Amanda o recebeu com um abraço saudoso, repleto de carinho, o mesmo retribuía o afeto, logo após cumprimentou Sophia que também estava na sala esperando por sua chegada.
-- Cadê a Júlia? -- perguntou após os cumprimentos, e se sentou no sofá.
-- Em seu quarto -- Amanda respondeu sentando ao seu lado. Sentia-se incomodada pela presença de Sophia.
-- Por que ela não está aqui na sala com vocês? Ela sabia que eu chegava hoje.
Olávo não gostava de ser contrariado, e queria sua família o esperando, falou com a voz um pouco alterada, antes que Amanda pudesse falar alguma coisa Júlia se pronunciou já descendo as escadas.
-- Sim Olávo, sei que chegava hoje, mas não sou obrigada a estar aqui para presenciar a sua chegada, mas se isso te faz sentir-se melhor lá vai... Oi Olávo -- disse com deboche.
-- Olha o jeito que você fala comigo Júlia! -- exclamou já ficando vermelho de raiva e se pondo de pé.
Júlia parou a sua frente o encarando, hoje era um péssimo dia para que Olávo tentasse impor sua presença, ela ainda não tinha engolido essa contratação de Sophia.
-- Quer parar vocês dois! -- Amanda disse se pondo de pé próxima aos dois. -- isso não é hora.
-- Você tem razão -- Olávo concordou se controlando, respirou fundo e voltou a se sentar. -- Vejo que vocês já conheceram Sophia não é? -- disse com um sorriso largo.
-- Até demais -- respondeu Amanda desgostosa -- Infelizmente.
-- Não entendi
-- Não é nada pai.
-- Como nada? -- perguntou confuso.
-- A verdade é que já nos conhecemos Olávo -- respondeu Sophia que até então se encontrava calada -- na verdade eu conheço apenas a Júlia.
-- Por que não me disse antes? -- perguntou sorrindo -- Que bom que se conhecem.
-- Bom para quem? -- Júlia disse irritada.
-- Não estou entendendo...
-- Bom, para simplificar tudo você já foi meu sogro -- Sophia falou com um sorriso contido, não sabia qual seria a reação do seu agora chefe.
Júlia estava pasma com o descaramento de Sophia, sua ex dizia com naturalidade como se nada tivesse acontecido entre elas, como se ela não tivesse feito nada demais.
-- Quer dizer que vocês já namoraram? -- Olávo perguntou desacreditado.
-- Sim, algum problema para você? – Sophia perguntou naturalmente, mas sentia um leve medo da reação de Olávo.
-- Não... não, mas você poderia ter me avisado.
-- Sim, mas eu queria primeiro reencontrar a sua filha, e ver como ela estava -- Sophia disse encarando as duas garotas que a olhavam como se o olhar pudesse matá-la. -- Ainda amo sua filha, mas agora ela está namorando e...
-- Namorando? -- Olávo perguntou olhando para a filha.
Amanda suou frio ao ouvir seu pai repetir o que Sophia tinha dito, na hora pensou que ela diria que a pessoa que Júlia namorava era ela.
Júlia ao perceber o desespero de Amanda e o que Sophia estava fazendo com aquilo, e onde queria chegar com o que era dito.
-- Você não me ama, nunca amou e pare de falar besteiras Sophia, minha paciência com você está realmente esgotada.
-- Júlia isso não é verdade, eu realmente te amo, por isso estou aqui.
-- You joking with me! (Você está brincando comigo) -- disse irritada já vermelha de raiva cerrando seu maxilar tentando se controlar, sua mente já nem coordenava as palavras, acabou falando em inglês sem perceber.
-- Se acalme Júlia -- Olávo pediu se pondo de pé novamente, caso precisasse segurar sua filha que parecia que iria voar em cima da morena. -- Por que não sentam e conversam como adultas e tentam se entender?
-- Não tenho o que conversar com ela! -- Júlia quase gritava as palavras.
-- Júlia você precisa me ouvir, eu vim para me desculpar, eu ainda te amo, e sei que você ainda me ama porque senão não estaria agindo assim.
-- CALA A BOCA SOPHIA! -- Julia disse perdendo a paciência e se aproximando -- SHUTUP!
-- Júlia -- Olávo e Amanda disseram juntos ao mesmo tempo, Olávo não entendia o que estava havendo, mas devido ao descontrole de sua filha achou que fosse algo grave.
Antes que Júlia chegasse perto o suficiente de Sophia e que pudesse fazer algo, sentiu a mão de Amanda tocar seu braço a segurando.
-- Júlia se acalme por favor.
-- Eu não quero te ver, não quero saber que você existe entendeu? -- Júlia dizia olhando dentro dos olhos de Sophia e tentando se controlar, dizendo isso soltou seu braço e saiu para fora da mansão.
Olávo não sabia o que fazer, assim como Amanda, já Sophia tinha a mesma expressão e nada do que Júlia tenha dito iria a fazer mudar de ideia para reconquista-la pois no fundo sentia que Júlia ainda sentia algo por ela.
-- Me desculpe por isso Olávo, sei que devia ter lhe dito antes que conhecia sua filha, mas não sabia como seria a sua reação, ainda mais saber que tivemos um envolvimento amoroso.
-- Posso entender seu receio Sophia, mas eu não estou entendendo a reação da minha filha, creio que algo de grave aconteceu entre vocês.
-- Acredite em mim Olávo, eu amo sua filha, e eu errei com ela, mas estou aqui para tentar me redimir, por esse motivo não te contei antes, porque eu queria ter essa chance de reaproximação.
-- Posso entender Sophia, mas espero que você não faça mal a minha filha, eu gostei de você e seria legal vocês se entenderem.
Amanda que ainda estava na sala, e escutava tudo o que era dito com um semblante nada amigável, achou extremamente irritante Olávo fazer gosto de que sua filha e Sophia se entendessem.
Sophia observou o desgosto de Amanda, e deu um sorriso vitorioso com o que seu ex sogro lhe falara, afinal agora já tinha o consentimento de seu sogro, era só reconquistar sua loirinha.
-- Iremos nos entender Olavo, lhe garanto.
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Júlia estava irritada, saiu da sala antes que pudesse fazer alguma besteira como bater em Sophia, sentia um rancor enorme da morena por tudo o que aconteceu, mas em sua sã consciência não queria machuca-la, não queria chegar ao extremo de agressão.
Um tempo depois Amanda foi ao seu encontro, não disseram nada. A ruivinha simplesmente chegou perto de onde ela estava sentada e a abraçou, esse ato fez a loirinha suspirar e a abraçar mais forte.
Durante um curto tempo ficaram nesse abraço até que Amanda quebrou o silencio.
-- Você está bem?
-- Sim, me desculpa por te fazer passar por isso.
-- Você não tem que se desculpar, sei que está sendo difícil.
-- É amor, mas eu realmente preciso me desculpar, eu não sei sabe... ela me tira do sério com esse cinismo, as vezes eu me pergunto como eu posso ter me enganado tanto com ela no passado, como eu não vi esse caráter dela?
-- Para com isso -- disse arrumando uma mecha de cabelo loiro atrás da orelha de sua namorada -- você não tem que se desculpar, essa garota é sínica, e na época você estava sensível devido aos acontecimentos.
-- Pode ser.
-- Não pode ser, é isso -- disse sorrindo e dando-lhe um selinho -- eu te amo Júlia.
-- Eu também te amo amor -- disse e logo após deu um suspiro pesado e se encostou ao corpo de sua ruiva.
Fim do capítulo
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