With the Stars por Alex B
Capítulo 4
-- Ah qual é, ele não vale metade do que eu ofereci.
-- Regras são regras, acerte os sete tiros e ele é seu. – O homem estendeu a mão pra mim com as sete rolhas e um sorriso presunçoso no rosto. Eu tinha voltado para o parque, iria tentar conseguir aquele bendito pato pra Camila, acontece que eu já tinha tentado cinco vezes sem sucesso algum, até eu resolver apelar e oferecer dinheiro pelo pato, entretanto o homem percebeu o quanto eu queria e parecia estar se divertindo com meu desespero. Peguei as sete rolhas da mão dele a contragosto e me pus a concentrar no alvo. No sexto tiro eu errei, e com ele minha paciência foi embora.
-- Eu pago o que você pedir nesse pato, qualquer quantia, é só me dizer o valor. – joguei a arma no balcão e cruzei os braços.
-- Sinto muito, mas sem exceções. – Ele estendeu a mão novamente com as sete rolhas. Bufei e peguei novamente. Olhei ao redor do parque e como uma luz, Steve, um amigo policial do meu pai estava a alguns metros de mim com sua filha nas costas. Devolvi as rolhas pro homem e corri ate ele.
-- Hey Steve. – Gritei um pouco antes de chegar perto dele, ele acenou pra mim. – Como está? – cheguei perto dele e estendi minha mão para cumprimentá-lo.
-- Oi Laura, está bonita. – Agradeci com um sorriso. – Vou bem e você?
-- Vou bem também, hey lindinha, se divertindo muito? – perguntei para Emma, erguendo um pouco a cabeça pra olhar para ela, Steve era um cara muito alto. Ela apenas balançou a cabeça positivamente, toda tímida. – Que bom. – sorri e ela sorriu de volta me oferecendo seu pirulito. – Muito obrigada querida, mas pode ficar com você. – ela voltou a ch*par seu pirulito e um brinquedo luminoso chamou sua atenção.
-- Algum problema, Laura? – Steve perguntou me olhando.
-- Ah mais ou menos. – Eu dei uma risada meio sem graça. – É que preciso meio que de um favor seu.
-- Pode dizer. – Ele sorriu pra mim.
-- Então, ta vendo aquela barraca de tiro ao alvo? – ele balançou a cabeça positivamente. – Eu meio que quero aquele pato de pelúcia, ali em cima. – apontei para ele.
-- Huum, já entendi, você quer que eu acerte pra você?
-- Eu agradeceria muito.
-- Quantos tiros eu tenho que acertar?
-- Só sete.
-- E são quantas chances?
-- Então, são sete também. – respondi com um meio sorriso.
-- Tudo bem, desafio aceito, vamos lá. – Nos dirigimos novamente até a barraca, Steve desceu Emma de suas costas, paguei o homem e quando ele me entregou as rolhas quem tinha um sorriso presunçoso no rosto dessa vez era eu. Entreguei a Steve e peguei na mão de Emma.
-- Tenho certeza que vai acerta de primeira, Steve. Se quiser pode já ir descendo esse pato pra mim. – Disse para o homem que olhava sorrindo pra gente, descrente ainda. Steve colocou a rolha e ajeitou a arma. Pronto eu estava perto de conseguir aquele pato como jamais estive. Steve atirou e eu ainda olhava sorrindo para o homem, esperando o seu sorriso se desmanchar, mas ao invés disso ele aumentou mais. Olhei pra frente.
-- O QUÊ?? Serio mesmo, Steve? Sério?
-- Calma, Laura, eu só preciso entender a aerodinâmica disso. – Ele sorriu e coçou atrás da cabeça. Tinha errado o tiro. Isso poderia demorar mais do que eu imaginava. Paguei por mais sete tiros e dei a Steve. Dessa vez ele me garantiu que não erraria, e foi o que aconteceu. Eu já não podia me conter na felicidade que estava, finalmente tinha conseguido aquele pato desengonçado e estranho. – Eu disse que não erraria. – Steve sorriu pra mim.
-- Você não sabe o quanto eu estou feliz por isso. – O homem da barraca pegou o pato e entregou diretamente a mim.
-- Aqui está seu pato, nem foi tão difícil, foi? – ele perguntou enquanto pegava todos os meus prêmios secundários, os quais dei todos a Emma que ficou radiante com os novos bichinhos de pelúcia.
-- Você poderia ter facilitado. – peguei meu pato desengonçado gigante.
-- Não teria tanta graça. – Ele riu e se apoiou no balcão.
-- Steve, muito obrigada, de verdade. – Agradeci a ele e logo em seguida me despedi deles, ainda tinha uma entrega a fazer.
Antes mesmo de entrar no carro já estava pegando meu celular e discando o número de Diana. Quando a ligação estava quase caindo ela atendeu.
-- Al... – ela tossiu limpando a garganta. – Alô?
-- Diana, eu preciso te perguntar uma coisa, perai, onde você ta?
-- É isso o que você tem que me perguntar?
-- Você está com uma voz mansa, o Henry esta ai com você?
-- Uhum
-- Já levaram a Camila pra casa?
-- Uhuum.
-- Eu interrompi alguma coisa?
-- Uhuuuuum.
-- AHH Meu Deus Diana então porque você atendeu o telefone? Agrh não quero nem imaginar o que vocês estavam fazendo. Estou constrangida.
-- Ah você está constrangida? Diga logo o que quer Carter, se não percebeu você está empatando minha noite.
-- Tudo bem, vou ser direta. Onde Camila esta dormindo?
-- Na minha casa? Der.
-- Der a senhora sua... Não vou ofender a tia Malika, ela não tem culpa da filha lesada. Eu quero saber em qual quarto.
-- Por que você quer saber em qual quarto minha prima está, Carter? Qual seu interesse nisso? – Podia imaginá-la erguendo a sobrancelha nesse momento e cruzando os braços.
-- Nenhum, é que ela esqueceu um negocio comigo e queria devolve-lo.
-- E não pode devolver outro dia?
-- Ela pode precisar.
-- E o que ela esqueceu de tão importante que não pode esperar?
-- Hansen, vai me dizer ou não? Achei que tinha algo mais interessante a fazer do que ficar conversando comigo.
-- Eu com certeza tenho, mas isso não fica assim Carter. Ela ta dormindo no meu quarto, você sabe onde fica.
-- Ok, obrigada e até mais sua pervertida.
Não a esperei dizer mais nada, encerrando a ligação logo em seguida. Ótimo, a janela do quarto de Diana ficava nos fundos da casa, poderia ir direto pra lá. Como já tinha feito diversas vezes, quando dávamos nossas escapadas de noite. Guardei o celular na bolsa e dei partida no carro. A casa de Diana não era muito longe do parque, na verdade nada nessa cidade era muito longe. Logo, já estava na frente da residência dos Hansen. Desliguei o carro e olhei para o pato do meu lado, no banco do passageiro.
-- Eu não gosto de você, pato. E você também não gostou de mim. Ótimo. O sentimento é recíproco. Mas estamos aqui pela mesma pessoa, então que haja uma trégua. – Ajeitei-lhe o pelo. Abri o porta luvas e lá tinha uma fita verde, peguei-a e dei uma volta no pescoço dele dando um pequeno laço na lateral para finalizar. – Muito bem, está mais apresentável agora.
Respirei fundo e tomei coragem, sai do carro e observei a casa, as luzes dos cômodos da frente estavam apagadas, dei a volta na casa e duas luzes estavam acesas, a do banheiro e do quarto de Diana. Sorri com isso, significava que Camila ainda estava acordada. Me aproximei da janela do quarto e dei três batidas. Nada. Olhei em volta, a rua estava deserta. Voltei a atenção para a janela e bati novamente. Dessa vez as cortinas foram abertas revelando a visão mais bela de todas. Camila com cara de quem não estava entendendo nada e de pijamas. Assim que me reconheceu ela abriu a janela.
-- Laura? O que faz aqui uma hora dessas? Diana ainda está com Henry. – cocei atrás da minha cabeça.
-- É... eu sei, mas eu queria falar com você mesmo. Desculpa, você estava dormindo?
-- Não, ainda não. Estava escovando os dentes pra ser mais exata,- fiz uma careta e ela logo completou. - mas depois ia ver um filme.
-- Desculpe se te atrapalhei. – Ela sorriu e passou a mão pelo cabelo, céus como estava linda.
-- Não atrapalhou, Laura.
-- Bem eu só vim trazer algo que você esqueceu. – Eu sorri pra ela, era inevitável estar na companhia dela e não sorrir.
-- Eu esqueci alguma coisa? – Agora sua cara era de confusa.
-- Mais ou menos, espere aqui, já volto. – Fui até o meu carro e peguei o pato fazendo o mínimo de barulho possível para não acordar ninguém da casa. Quando voltei Camila ainda estava na janela e no momento em que me viu com o pato seus olhos começaram a brilhar, sorri largamente com a cena. – Acho que isso é seu. – Levantei o pato até ela.
-- Laura!! – Ela pegou o pato e sorriu largamente. – Eu não acredito que você conseguiu. Você voltou lá só pra isso?
-- Aham. Desculpa, mas eu não ia sossegar até conseguir esse pato pra você, vi o quanto gostou dele.
-- Laura, muito obrigada! Você é muito gentil. Não sei nem como te agradecer, eu realmente amei.
-- Não foi nada. – Eu não conseguia parar de sorrir com a felicidade dela.
-- Vem cá, quero te agradecer devidamente. É o mínimo. – Ela fez menção de que iria sair do quarto.
-- Não, espera. Eu entro por aqui mesmo, já fiz isso várias vezes, acredite. Se eu entrar pela porta pode ser que alguém acorde.
-- Você vai pular a janela? – Perguntou com um sorriso brincando no rosto.
-- Sim, como já disse fiz isso em outras vezes. – A janela nem era tão alta já que a casa era no térreo, sem um segundo andar. E também não possuía grades, nesse quesito a cidade era realmente muito tranquila.
Coloquei minhas mãos na base da janela e me impulsionei. Acabei escorregando e tive que soltar da janela. Acho que os quilos a mais que ganhei nas férias estava começando a ter suas consequências. Me apoiei novamente e peguei impulso numa pequena muretinha com os pés. Dessas vez deu certo e Camila me ajudou a me puxar pra dentro. Ajudou de certa forma apenas, quando já estava quase dentro ela ainda contiunuou me puxando o que me fez perder o apoio do pé, nos fazendo cair. Eu por cima dela e totalmente sem fôlego pela queda e susto. Ao contrário de Camila que começou a gargalhar alto. Me pus em alerta rapidamente, alguém podia acordar, não era nem pela gente, já que eu praticamente morava na casa dos Hansen, mas sim por Diana que ainda estava fora de casa e tenho certeza que demoraria a voltar, e os Hansen costumavam ter regras. Tapei rapidamente a boca de Camila com minha mão. Não pude deixar de perceber o quanto os lábios dela eram macios. Aos poucos Camila foi se acalmando. Retirei minha mão de sua boca ainda olhando em seus olhos.
-- É... Me desculpe por isso, é que você estava rindo um pouco alto.
--Tudo bem. Eu me empolguei. – Camila sorria. Então percebi que ainda estava sobre ela, as minhas mão agora cada uma do lado de seu rosto, me apoiando, as mão dela uma estava descansando em minha cintura e a outra estava com um dedo dentro do meu bolso da frente. Estava confortável nessa posição, mas provavelmente Camila não. Me levantei e a ajudei a se levantar também.
-- Você se machucou? – perguntei enquanto ela ajeitava sua roupa.
-- Não, estou bem. Acho que tenho uma atração especial pelo chão, estou sempre caindo. E dessa vez te levei junto.
-- A primeira vez que pulei aqui, eu cai também.
-- Não quero nem imaginar o que você e minha prima aprontam quando precisam pular a janela. – Eu ri com seu comentário.
-- Na maioria das vezes não são nada de mais, mas como seus tios têm muitas regras, fica difícil sair à noite com a permissão deles, ai acabamos dando nosso jeito.
-- Bom, deixa eu te agradecer certo pelo presente. – Camila me envolveu em um abraço apertado, que durou menos do que eu gostaria e me deu um beijo na bochecha antes de se afastar novamente de mim. – Hey, você não quer assistir o filme comigo?
-- Tudo bem, vou poder escolher o filme?
-- Não se acostume, só dessa vez. – Sorri pra ela e fui até a prateleira de filmes, alguns eram de locadora, Diana era viciada em filmes e seriados. Camila parecia gostar de filmes românticos, e como queria acertar na escolha, acabei optando por um desse gênero. Acabei escolhendo “A casa do lago”, apesar de não ser muito novo eu gostava dele. Perguntei e Camila ainda não havia assistido.
Fui até o DVD que havia no quarto e coloquei. Peguei o controle e Camila já estava deitada na cama. Me ajeitei na cama também do lado dela e ela nos cobriu com a coberta. Logo que começou o filme Camila já pediu parar dar pause e disse que já voltava. Ela trazia consigo um pote de nutella e duas colheres.
-- Ué você já não tinha escovados os dentes?
-- Mas eu abro uma exceção. – Ela piscou pra mim.
Ela se ajeitou novamente na cama e colocou o pote de nutella entre nós duas e me entregou uma colher. Comemos enquanto assistíamos o filme, de vez enquanto quando olhava de soslaio para Camila ela estava com os olhos lacrimejados. Minha vontade era de abraçá-la, mas ainda não tínhamos tanta intimidade assim. Acabei cochilando quase no final, não por ser chato, porque era um ótimo filme, mas sim porque estava cansada pelo dia que tive e já tinha visto o filme. Camila me chamava enquanto me balançava pelo ombro delicadamente. Não demorei muito a acordar, sempre tive o sono leve. Tentei limpar um pouco a garganta antes de falar, sabia que minha voz sairia mais rouca que o normal.
-- Já acabou filme? – perguntei levantando metade do meu corpo e me encostando na cabeceira da cama.
-- Aham. Você estava dormindo tão bem que fiquei em dúvida se devia te acordar. – Ela estava sentada sobre os joelhos e mordia o lábio inferior. Aquilo era golpe baixo comigo.
-- Não, fez bem em me acordar, tenho que voltar pra casa e se Diana chegasse aqui e eu estivesse na cama dela, certamente me chutaria pra fora, literalmente. – dei um riso baixo. Levantei meu olhar para ela. - Gostou do filme? – Ela balançou positivamente a cabeça. – Que bom, é um dos filmes que mais gosto.
-- Acabou de se tornar o meu também. – Sorri pra ela.
-- Camila, já vou indo, está tarde e desculpe se te incomodei.
-- Não me incomodou de jeito algum, apesar da casa não ser minha tenho certeza que você é sempre bem vinda por aqui. E obrigada pelo pato de pelúcia.
-- Não foi nada. – Me dirigi até a janela. – Até mais.
-- Até, Laura. – Me aproximei dela e dei um abraço e um beijo na bochecha, ela retribuiu e esperou eu descer. Antes de sair de seu campo de visão acenei novamente pra ela, sendo retribuída.
Quando já estava no meu carro virando a esquina para ir para minha casa, vi pelo retrovisor o carro de Henry chegando com os faróis apagados, olhei para o painel do carro para ver que horas eram. Dei risada, Camila teria outra pessoa pulando a janela do quarto esta noite.
Fim do capítulo
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Ana_Clara
Em: 04/11/2015
Esse momento é tão gostoso de ser vivido. Ainda não dá para saber se a Cam tbem tem interesse amoroso pela Laur, mas essa conquista, amizade que elas estão vivendo é sensacional. Adoro!
Resposta do autor:
Adoro essa fase também! de descobertas, de se conhecerem, a expectativa! Tudo muito gostoso!
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