With the Stars por Alex B
Capítulo 3
Acordei cedo na manhã de domingo, mas me recusei a me levantar. Coloquei meus fones de ouvidos e me permiti ficar na cama escutando músicas, e claro, pensando em uma pessoa.
Conhecer Camila tinha realmente mexido comigo, e o fato dela ser linda não me ajudava muito a manter a razão. Sempre tive uma tendência para, digamos assim, curvas e maciez, entretanto não tive muitos relacionamentos do gênero. Minha família não sabia, ao menos nunca toquei no assunto diretamente, apesar de já ter levado alguns namorados para casa e apresentá-los, eu suspeitava que eles ao menos desconfiassem dessa minha outra preferência. Meus amigos mais próximos sabiam e isso incluía a Kate, no começo quando contei a ela sobre o assunto ela não pareceu aceitar bem, levou seu tempo para aceitar, mas como uma boa amiga ela me apoiou e disse que estaria ao meu lado sempre. Naquele dia eu chorei em seu colo, libertando toda a ansiedade de falar com ela sobre minha sexualidade e o conflito interno pelo qual eu passava, não era fácil lidar com isso, e eu já havia de todas as formas lutado contra, no entanto era mais forte que eu, não era uma escolha, apenas uma parte de mim e de muitas outras pessoas, uma parte que sempre seria julgada.
Ser de uma família inteiramente cristã não ajudava também, o medo de não ser aceita por eles ou que me tratassem como se fosse uma doença, como já vi acontecer em algumas famílias, me deixava realmente assustada. Com isso tinha tomado a decisão de adiar sempre ao máximo o momento em que conversaria com eles sobre o assunto. Quando estivesse terminando a faculdade, de preferência em alguma cidade grande, e com um emprego fixo me mantendo sem a ajuda financeira deles me parecia um bom momento para contar, já não teriam tanta influencia sobre mim. Apenas rezava para que me aceitassem, não conseguiria viver com algum tipo de desentendimento com minha família, os amava demais.
Levantei e fui até o guarda-roupa pegar mais uma coberta, o dia tinha realmente amanhecido frio. Quando meus pensamentos retornaram para Camila foi inevitável que um sorriso surgisse em meus lábios, não fazia nem um dia que eu a tinha conhecido e ela já me intrigara de tal forma que não parava de pensar nela. Fiquei pensando o que estaria fazendo agora, olhei para o relógio na cabeceira da minha cômoda e marcava nove horas e alguns minutos, ela devia estar dormindo ainda. Me permiti dessa vez tentar dormir mais um pouco, estava ansiosa para que a noite chegasse logo para estar novamente na companhia de Camila.
Acordei com Sean gritando na minha orelha e me chacoalhando dizendo que o almoço já estava pronto e que era pra eu descer logo, peguei o objeto mais próximo a mim e joguei com toda minha força nele. Para sua sorte era um pinguim de pelúcia pois acertou em cheio no seu rosto, o que o deixou irritado e me chamasse de ingrata. Os almoços de domingo eram quase que sagrados, sendo na maioria das vezes com todos a mesa. Uma tradição da família do meu pai que ele fez questão de manter. Levantei e fiz minha higiene matinal, coloquei uma roupa aceitável e desci para almoçar e passar a tarde na companhia da minha família.
Quando me dei por conta já estava na hora de me arrumar para ir ao parque, coloquei um short bordô, uma blusa branca, por cima uma jaqueta preta e meus tênis de costume. Ajeitei meus cabelos que iam até um pouco abaixo dos seios, tinham uma tonalidade castanho claro no sol, mas ele era escuro normalmente. Passei lápis nos meus olhos para destacá-los, tinham uma tonalidade diferente de verde, e Diana dizia que sempre mudavam de acordo com meu humor, segundo ela, meus olhos eram meu ponto forte.
Durante a tarde o clima tinha esquentado, o que me fazia prever um resfriado se continuasse nessa mudança climática brusca. Eu passaria na casa de Kate, ela e Troy iriam comigo. Peguei meu celular e mandei uma mensagem pra Kate avisando que já estava saindo de Casa, ela respondeu a mensagem com um ‘Ok’. Fisicamente eles eram um casal engraçado, Troy com seus quase 1,90 e Kate mal chegando nos 1,60.
Peguei as chaves e desci as escadas, meus pais estavam na sala vendo TV, avisei que ia sair, fui até eles e me despedi. Não demorei muito e já estava na frente da Casa de Kate, eles já me esperavam na varanda. Kate usava um vestido Azul claro com um casaco por cima, Troy estava de bermudas e camisa larga, usando seu inseparável boné, ele e Henry tinham uma verdadeira coleção deles! Por mais que Kate declarasse seu desgosto quando o usava, nada o fazia deixar de usar. Eles me cumprimentaram e sentaram no Banco do carro.
-- Os dois vão aí atrás? Nada disso. Não to de motorista do casal. Vai, alguém vem aqui pra frente - Eles riram, mas eu continuei séria.
-- Ninguém mais vai com gente? - Troy perguntou.
-- Os outros vão no carro de Henry. - respondi os olhando, esperando alguma reação deles.
-- Ok então - Troy deu um selinho em Kate e olhou pra mim, balançando a cabeça, pulou para o banco da frente.
-- Muito bem, agora sim podemos ir. - Dei um sorriso e liguei o carro, dando partida logo em seguida.
Quando chegamos no parque o pessoal já estava lá. Inclusive Camila. Falei para Troy e Kate descerem e fui estacionar o carro. Antes de sair dele dei uma última retocada no batom. Sai do carro e me dirigi até eles que estavam na entrada do parque. Cumprimentei cada um com um beijo na bochecha, na vez de Camila eu dei meu melhor sorriso, e não era minha intenção até, foi natural.
Ela estava extremamente cheirosa e me segurei para não demorar mais do que devia. Tomei um pouco de ar e olhei para o lado, não era certo isso, além de ser prima de Diana ela provavelmente não ficaria muito tempo na cidade, só o tempo necessário para se restabelecem financeiramente e depois voltariam para Miami, não havia motivos para ficar nessa cidade perdida no mapa. E eles tinham uma vida toda por lá, era certo que voltariam para a cidade grande. Ok, eu tinha que para de divagar nos meus pensamentos.
Tentei prestar atenção na discussão que o grupo estava tento, e percebi que era para decidirem em qual brinquedo ir primeiro, uma discussão muito adulta, claro. Optaram para começar em estilo, na montanha russa, ela não era muito grande, até porque era um daqueles parques nômades e a cidade também não comportaria um grande. Mas era de um tamanho até bom considerando os fatores. Fomos comprar as pulseiras para entrar no parque, não era daqueles de ingresso, você tinha que comparar a pulseira para entrar no parque, e então poderia ir em qualquer brinquedo quantas vezes quisesse, eu até preferia esse sistema.
Quando cada um estava com sua respectiva pulseira entramos no parque e fomos até a fila da montanha russa, que por sinal era maior do que a dos outros brinquedos. Assim que chegou nossa vez Camila sentou do meu lado, já que os outros estavam de casal. Ela estava animada para ir naquele brinquedo, e tinha um sorriso contagiante no rosto, era impossível estar ao seu lado e não sorrir também. Entretanto quando o carrinho começou ir em direção a primeira descida, Camila segurou minha mão com força, e quando estava na descida ela gritava loucamente, ainda sem soltar minha mão. O carrinho começou a subir novamente e Camila estava mais branca que papel.
-- Camila, você está bem? Quer descer? – Perguntei olhando em seus olhos.
-- Não, ta tudo bem! É que não esperava que ia ser tão... AAAH – ela não chegou a completar a frase, estavamos descendo novamente, e desta vez havia um curva, Diana também gritava loucamente, devia ser de familia isso. O carrinho estava em plano reto agora. - ...intenso. – Ela completou e olhou para mim com um sorriso sapeca no rosto. Já estávamos na última volta da montanha russa e eu já não aguentava mais segurar o riso, ver Camila e Diana gritando como se não houvesse o amanhã em cada descida estava impagável, e não pude deixar de reparar também que Camila não havia soltado minha mão ainda, sorri com isso.
Depois da montanha russa e de várias zoações com Diana e Camila por terem gritado a alma no brinquedo, fomos em diversos outros, alguns até repetimos. Estávamos comprando água quando Troy deu a idéia de ir na caverna do terror, que basicamente era um carrinho que fazia um tour dentro de uma caverna onde tinham muitos monstros e fantasmas.
-- Vamos lá gente vai ser legal! – Ele disse abraçando a cintura de Kate por trás e apoiando a cabeça no seu ombro, o que tornava a cena um tanto quanto engraçada já que ele tinha que se encurvar bem pra alcançar o ombro de Kate.
-- Eu topo, sem problemas. – Henry disse e olhou para Diana, que acabou confirmando com a cabeça.
-- Ah eu não faço questão de ir não, mas podem ir vocês. Eu espero aqui mesmo. – Camila disse olhando pra suas mãos, depois ergueu o olhar.
-- Vamos sim Mila, vai ser divertido. – Diana insistiu com Camila, mas ela apenas passou a mão pelo cabelo e negou.
-- Essa eu passo – Camila deu um meio sorriso. – E estou um pouco cansada além disso.
-- Eu fico aqui com a Camila, tô cansada também, descanso e aproveito pra fazer companhia. – Digo pra eles e lanço um sorriso, não seria nada mal fica na companhia de Camila. Kate tentou também nos fazer mudar de ideia, mas logo eles desistiram e foram para o brinquedo, nos deixando a sós.
Perguntei a ela se queria comer alguma coisa e ela aceitou, fomos até um carrinho de algodão doce e comprei dois pra gente. Sentamos numa mesinha que tinha ali perto e ficamos conversando. Pude perceber que Camila era uma pessoa muito inteligente e bem atenada com diversos assuntos. Ela me contou que apesar de ser apenas alguns dias ela já sentia falta do pai, era bem apegada a família.
No meio da conversa me perdi adimirando-a, ela era encantadora, tinha uma mania insistente em sempre estar mexendo no cabelo e mordendo os lábios quando pensava ou tentava se lembrar de algo, seu perfume me inebriava e fazia ir a um mundo paralelo onde apenas eu e ela existíamos. Eu simplesmente não conseguia evitar, é como se algo me chamasse pra ela, como se eu necessitasse estar ao seu lado, e eu mal a conhecia Meu Deus e ela já tinha esse poder todo sobre mim. Ela acenava diante de mim e sorria, provavelmente notando que eu a analisava, percebi que esperava alguma resposta minha, corei, não fazia ideia do que ela falava.
-- Desculpe, acho que viajei um pouco agora. – Dei uma risada tentando disfarçar a vergonha de ser pega em flagrante.
-- Tudo bem. Eu só perguntei se a gente não poderia dar uma volta.
-- Sim, sim. Vamos, já já o pessoal deve estar de volta também.
Levantamos-nos e fomos caminhando lentamente pelos brinquedos e barracas. O parque a essa hora já estava mais que lotado, as filas estavam bem maiores nos brinquedos do que na hora que chegamos. Paramos em uma barraca de tiro ao alvo,um grupo de adolescentes estava tentando a sorte, sem muito sucesso por sinal. Um garoto magro e alto da turma parece que foi o que se saiu melhor e conseguiu um ursinho médio, o qual ele deu para uma menina muito meiga que estava ao seu lado, acompanhado por um beijo na bochecha. Ela aceitou e entrelaçou a mão com a dele. Sorri com a cena e percebi que Camila também observava a mesma coisa que eu. Quando me dei conta Camila já estava falando com o cara da barraca.
-- Moço, como faço pra ganhar o pato? – Ela apontou para um pato muito grande, ele ficava na fileira mais alta junto com outros ursinhos, os maiores. Quanto mais baixa a prateleira menor era o brinde.
-- Tanto bichinho bonito, ursinho fofo e você vai querer logo o pato? – Eu perguntei não aguentando segurar a risada, o pato era totalmente desengonçado.
-- Qual o problema do pato? Ele é muito bonito e charmoso! – Ela olhou pra mim e ergueu as sobrancelhas.
-- Ah ele ta longe de ser charmoso, mas se você acha isso não sou eu quem vai dizer o contrário.
-- Acho bom. – Ela se virou novamente para o cara da barraca, esperando a resposta ainda.
-- Pra você conseguir qualquer um dos ursinhos daquela prateleira, tem que acertar todos os tiros. São sete tiros.
-- Ok, vou tentar. – Ela o pagou, por que esse Gênero de brincadeira tinha que pagar a parte. O homem pegou a espingarda e deu sete rolhas para Camila. Ela ajeitou a arma e colocou a primeira rolha. Olhou para o alvo, mirou e atirou, me surpreendendo com o resultado.
-- Opa, foi um bom tiro, só faltam seis agora, mas sem pressão. – Ela me olhou com uma cara de poucos amigos, ri disso pois nem assim ela deixava de ser fofa. Ela voltou a sua atenção para o alvo e deu o segundo tiro, acertando novamente. – Até ai pode ser considerado sorte de principiante. – Dessa vez ela nem me deu atenção, apenas colocou a terceira rolha e deu o tiro, e como os dois outros, ela acertou de novo. – To começando a pensar que você é o tipo de pessoa que tenho que tomar cuidado, toda meiga e fofinha, mas com uma arma vira outra pessoa. – Ela riu, mas ainda sem tirar sua concentração do alvo, entretanto no quarto tiro ela errou. – Ah tudo bem, o pato nem é tão bonito assim, o sapo da fileira de baixo é mais simpático. – Incentivei, pois ela realmente se decepcionou por ter errado, no final ela acabou acertando cinco tiros dos setes e ela acabou escolhendo uma galinha. Uma galinha mais estranha que o pato. – Você gosta de coisas estranhas, não é possível, olha essa galinha parece aquele tipo de ursinho que espera você dormir pra fazer coisas maléficas.
-- Não fala assim da Jordana, só porque ela é diferente não significa que ela seja estranha. – Camila ergueu a galinha sobre sua cabeça e a balançou como se fosse uma criança.
-- A galinha é azul Camila, é uma galinha Smurf, então sim, ela é estranha.
-- Não dê ouvidos a ela Jordana, pura inveja! Pare de insultar minha galinha e vamos procurar o pessoal que já deve ter saído do brinquedo.
Fomos até o brinquedo e o pessoal já estava La fora, Troy e Diana concordaram comigo sobre a galinha ser muito estranha, os outros dois preferiram não opinar. Continuamos indo nos brinquedos, mas não tantos, apenas mais em dois devido a demora nas filas e então decidimos ir embora. Henry levaria Diana e Camila apesar deu desconfiar que depois de deixar Camila em casa eles iriam a outro lugar, como Troy e Kate estavam comigo os levei até suas respectivas casas. Depois que deixei Troy em sua casa em vez de fazer o caminho até a minha eu simplesmente peguei outra direção. Tinha algo a fazer ainda.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Ana_Clara
Em: 04/11/2015
Ah, então a Laurinha é gay! Adorei e muito a revelação. Aliás, assim como a Laura, já me apaixonei pela Camila. Ela é muito fofa, e consegue ser fofa ao extremo.
Resposta do autor:
Siim, Laur é gay hahahahah
Camila é encantadora, não tem como nao ama-lá kkkk Mas sou suspeita para falar!!
Entretanto concordo em relação a elas ser muito fofa msm!
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]